December Revelação
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December Revelação - Rafael Deboni
December
Revelação
Rafael Deboni
Copyright © 2014 Rafael Deboni
All rights reserved.
ISBN-13: 978-1499505412
ISBN-10: 1499505418
Essa obra e o autor não têm nenhuma intenção de
desmoralizar, desvalorizar, ofender, rebaixar, incentivar
nenhum tipo de crença, religião, doutrinas, templos, centros,
etc. Muitos menos incentivar à desmoralização,
desvalorização, ofensas, rebaixamento de nenhum tipo de
crença, religião, doutrinas, templos, centros, etc.
Qualquer citação a respeito de qualquer tipo de crença,
religião, doutrinas, templos, centros e entre outras é
puramente fictícia e desconhecida sua real e verdadeira
pregação, concepção, pensamentos, estilos de vida, crenças
entre outras pelo autor deste livro que se julga imparcial em
assuntos religiosos.
Como já dito, a obra é puramente fictícia desconhecendo a
real e verdadeira concepção de qualquer religião.
Peço minhas sinceras e humildes desculpas para qualquer
leitor que se sentir ofendido com qualquer parte ou citação
do livro.
RAFAEL DEBONI
DEDICATÓRIA
Dedico essa segunda obra da trilogia a todas as pessoas
que compraram o meu primeiro livro e principalmente a
todos os amigos que não somente compraram, mas
também me apoiaram em continuar a escrever, aqueles
que me deram sugestões, críticas, indicações, sites e etc.
Também dedico essa ao meu grande amigo Neto Romão,
autor dessa capa do livro e novamente a Mariana Garofalo
sempre ao meu lado e me apoiando.
Novamente dedico a toda minha família e meus filhos.
SUMÁRIO
1 Solidariedade
Pg 01
2 Um dia a mais para viver em Março de 2013
Pg 06
3 Em busca de um lar seguro no Março infernal Pg 50
4 A quarentena para Abril
Pg 73
5 Escassez do inverno de Julho 2013
Pg 118
6 Primeiro Agosto sem Miguel
Pg 173
7 Eu sou um Ideali
Pg 207
8 As máscaras de Outubro
Pg 275
9 Chuvas de Novembro
Pg 311
10 Por trás das cortinas de Dezembro
Pg 341
"As Flores brotam, e morrem...
As estrelas Brilham, Mas um dia se apagarão...
Tudo morre...
A Terra, o Sol, a Via Láctea e até mesmo todo este
universo não é exceção!
Comparado a isto, a vida do homem é tão breve e fugidia
quanto um piscar de um olho...
Neste curto Instante, os homens nascem, riem, choram,
lutam, Sofrem,
Festejam, Lamentam,
odeiam pessoas e amam outras!
Tudo é transitório...
E em seguida,
Todos caem no sono eterno chamado morte..."
Shaka de Virgem – Saint Seiya – Saga de Hades –
Capítulo 09 – Além do Orgulho
CAPÍTULO 1 - SOLIDARIEDADE
Antes os homens tinham medo de morrer, por causa de
doenças como câncer, AIDS, hepatopatias, dengue e até
mesmo afogados ou carbonizados, mas tinham medo da
morte. Uns acreditam em vida após a morte, outros
acreditam que é uma continuidade só que em outro plano,
uns em paraísos e infernos e outros acreditam que é apenas
o fim.
Quando o fim começou, acharam que era uma doença,
disseram que era raiva, depois uma bactéria ou fungo que
causava esquizofrenia, até perceberam que não era uma
doença ou algo normal deste mundo.
Os homens só se reúnem por motivos fúteis. Torcer por um
time de algum esporte preferido de seu país, irem a um
templo para sofrerem lavagem cerebral, torcer por um
partido político claramente corrupto após sofrerem lavagem
cerebral com suas palavras denotativas. Somente se
reuniam por futilidades.
Agora se juntam por sobrevivência, coisa que dificilmente
acontecia por questões socioeconômicas que antes
mudariam a vida e o bem-estar de uma nação ou libertar
um inocente ou até mesmo resolver uma enchente de um
bairro.
Mas agora que se juntam por sobrevivência, todos tem a
mesma conduta? O mesmo objetivo? Será que fazer acordos
para sobreviver, dando uma vida para sobrevivência de 60
pessoas é o certo? Lutar e tentar salvar toda a humanidade
com unhas e dentes é errado?
Salvar todos ou ignorar todos?
1
RAFAEL DEBONI
Ajudar qualquer um ou negar o que restou da nossa
solidariedade?
Solidariedade! Uma ação que garantia o lugar no paraíso,
no céu, onde quer que seja, porém os solidários estão
mortos ou estão possuídos. Lugar no céu é estar com
armas, água benta, pantáculo de Joshua e de Miguel, carro,
comida e um lugar para se esconder.
Nazaré Paulista, uma cidade do interior paulista,
tipicamente católica, ela era segura e a pessoa mais
religiosa, mais calma, solidária, bondosa e carinhosa, foi à
responsável pela queda de uma fortaleza e pela morte de
todas as pessoas e animais que viviam lá em segurança.
Essas pessoas confiavam nela de olhos fechados, mas tão
fechados, só porque era um representante de Deus na terra,
e hoje elas estão de olhos fechados para sempre.
São Tomé das Letras, a cidade misteriosa, mística! Boatos
diziam que ninguém foi possuído. Mas ela estava acabada,
deserta, porém havia um lugar seguro chamado Pousada
dos Anjos. Essa pousada era mais seguro que um tiro de
guerra. Era o refúgio mais seguro do país.
Possuídos não entravam e as pessoas nem eram
possuídas. Uma ditadura tão bondosa, tão cativante e
acolhedora que tinham momentos que deixam ser
democrática, ou melhor, pseudodemocrática
, igual à
liberdade de expressão e de imprensa no Brasil pós-
ditadura militar.
Era estranho no meio de tantos refugiados, terem poucas
crianças e adolescentes, mais ainda estranho o sumiço
deles durante a madrugada no meio do toque de recolher e
a desculpa era que foram possuídas e fugiram ou o ataque
silencioso de possuídos para sequestrarem elas. A comida,
roupas e armas e munições sempre fartas sem explicação.
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DECEMBER REVELAÇÃO
Ninguém sabia a hora que eles saíam ou voltavam. Sabia-
se apenas que eles saíam, às vezes quem saía. Mas o dia,
à hora, quem foi ou deixou de ir era um mistério.
Até que alguém entrou no único lugar que somente alguns
militares podiam entrar. Então por um descuido a verdade
foi revelando-se aos poucos.
Não era um lugar segurado e protegido por Deus como todos
acreditavam e todos os dias rezavam por Ele. Era uma
negociação diplomática
.
Apontavam e eles iam, o trabalho sujo dos possuídos de
capturar os jovens vivos, tornou-se dos militares que
prometiam proteção e comida para eles e sua família. Tudo
isso por um acordo imbecil e sem sentido de paz, entre a
pousada e os possuídos. Os militares entregavam as
crianças e adolescentes e os possuídos prometiam não
invadir para matar todos da pousada.
Porém por outro descuido, mataram um dos possuídos, e
como pedido de desculpas, foi exigido à humilhação e outra
vida. A filha do grande soberano foi exigida para ser
estuprada na sua frente e morta de forma cruel. Enquanto
isso eram diversão e pedido de desculpas para os
possuídos, isso eram um trauma, uma humilhação e uma
grande perda para um pai.
Mas a filha foi trocada pela mulher que descobriu todas as
falcatruas deles entrando naquele lugar proibido para os
que não eram militares de confiança do general. A
criminosa ia ser estuprada e morta pelas mãos dos
possuídos no lugar que deveria ser da filha dele. Nem os
possuídos sabiam que ela estaria no lugar da filha. Porém
essa mulher tinha um amigo e uma pessoa especial. Essa
pessoal especial que perdeu todas as pessoas que amava
de forma cruel e violenta e que agora depositava todo seu
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RAFAEL DEBONI
amor e confiança que estavam transbordando de seu
coração nessa mulher.
Ele buscou em todos os cantos essa mulher e acabou
descobrindo tudo. Foi preso, torturado e quando estava
prestes a ser morto, conseguiu se salvar, conseguiu salvar
sua amada e ainda revelou toda a verdade. A maioria dos
militares tentaram evitar que a verdade fosse revelada,
mas os militares que não faziam parte da falcatrua do
ditador, rebelaram-se contra ele e seus subordinados e
ajudaram a verdade a ser revelada em meio à lavagem
cerebral que as pessoas da pousada passaram.
Em um duelo à moda antiga, o militarismo caiu, a
segurança caiu, a fé imposta caiu, o porto seguro caiu, amor
paternal caiu, a confiança caiu, amizade caiu e a
solidariedade caiu.
Mas a nova amizade surgiu, o novo líder surgiu, o novo
amor e o velho amor escondido surgiram. O velho medo
surgiu, o velho terror surgiu, o velho desespero surgiu e
velho e novo ataque surgiu.
Os que tinham medo da morte e tinham se esquecido dela
por causa da pousada segura e feliz, lembraram-se com a
invasão em massa dos possuídos.
A solidariedade que estava ressurgindo aos poucos através
de um falso ideal, morreu durante a fuga, durante o corre-
corre das pessoas para se salvarem. Mulheres indefesas
que tropeçaram foram pisoteadas, quando um possuído
estava atacando uma pessoa, a outra em vez de ajudá-la
aproveitava para correr, quando alguém se trancava no
quarto e não deixava nenhuma outra pessoa entrar, nem
aquela que passou a tarde toda ao lado dela conversando e
dando risada, nem se ela implorasse.
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DECEMBER REVELAÇÃO
O terror e o medo deveriam unir as pessoas, mas não
conseguiu mudar os instintos naturais dos homens de
sobrevivência e egoísmo. Em vez de salvar o próximo
preferiram correr, em vez de ajudar uma pessoa indefesa
levantar do chão, preferiram pisoteá-la para não ser pega,
em vez de se unirem para sobreviverem, preferiram fechar
os olhos e as portas e deixar que o outro fosse morto antes,
já que aquela porta não é nada comparada a força de um
possuído.
É, união é somente para futilidade, nem para sobrevivência
do próximo e de um grupo ela serve mais.
Porém vendo essa covardia e egoísmo das pessoas, eu
mudei, agora eu quero acreditar na solidariedade e na
união das pessoas, eu irei lutar, eu irei viver e irei
sobreviver para que isso aconteça e para que as pessoas
possam voltar ao normal e terem esses status e futilidades
de volta, não aguento mais ver mortes pelas mãos dos
possuídos e nem covardia pela própria sobrevivência.
Eu, Miguel Ideali, prometo lutar até o fim para que a
humanidade volte ao normal e todos os possuídos sumam,
em honra dos meus pais, em honra das minhas irmãs, em
honra do pessoal unido e carinhoso da Igreja de Nazaré
Paulista, em honra aquelas adolescentes trocada por
sobrevivência, em honra aquela mulher pisoteada, em
honra aquele cara que foi deixado para morrer, em honra ao
Leopoldo e principalmente pela honra de Sergio, que morreu
por causa dos possuídos e a covardia dos militares em lutar
para tudo voltar ao normal.
Foi isso que Miguel pensou enquanto via os possuídos
atacando a pousada e antes da porta se abrir com tudo e
assustar Maria, Alice, Marino e a ele mesmo.
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CAPÍTULO 2 – UM DIA A MAIS PARA VIVER
EM MARÇO DE 2013
Distraídos, assustados e abismados com o ataque em
massa dos possuídos na pousada, Miguel Maria, Alice e
Marino olham pela janela da enfermaria o horror. Os
possuídos não eram muitos, mas atacavam as pessoas de
uma forma tão rápida e letal que em poucos minutos o
número deles acabou ficando maior que as pessoas.
Miguel estava totalmente ferido, mal conseguia ficar em pé,
Maria ainda tossindo sem ar e abalada pela morte de
Sergio, Alice psicologicamente abalada e o único bem
fisicamente e psicologicamente era Marino, mas ele ficou
imóvel e sem palavras como se estivesse na mesma
situação que os três. Até que os quatro acordam quando a
porta da enfermaria se abre com toda força como se alguém
tivesse arrombado ela. Quando eles olham para a porta,
Alice se esconde atrás de Miguel enquanto Maria agarra
seu braço com todas as forças que possui e ele só olha,
como se estivesse se preparando para um luta corporal, já
que estava sem arma, Marino preparado, aponta a arma
para a porta. Porém quando eles olham para a pessoa ali,
reconhecem o Almirante Silva.
Almirante Silva – Vamos embora! Rápido!
Marino – Para onde?
Almirante Silva – Pelo túnel que fizemos para rota de fuga!
Vamos agora!
Miguel – Não confio nele! Ele estava a favor do general!
Marino – Não! Ele está conosco, só estava com medo.
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DECEMBER REVELAÇÃO
Almirante Silva – Vamos! Outros soldados já foram e
conseguiram levar algumas pessoas.
Marino – Vai Miguel!
Almirante Silva – Pega isto Miguel!
Almirante Silva joga para Miguel a arma que estava
pendurada em seu cinto. Eles começam a seguir Almirante
Silva até o túnel. Eles vão correndo o máximo que podem,
Miguel vai apoiado em Marino para não cair no meio do
caminho enquanto Maria fica atrás sendo protegida por
Alice enquanto Almirante Silva vai à frente.
Eles passam por alguns possuídos no caminho, mas não
hesitam em matá-los, não querem perder tempo e nem
correrem o risco de serem atacados. No caminho Miguel
observa os corpos das pessoas mutiladas e o sangue
jorrado no chão e paredes. Não foi difícil voltar a relembrar,
a cena que tinha esquecido da igreja de Nazaré Paulista, da
sua família inteira morta e também mutilada. À medida que
andava, vinha em sua mente o rosto de cada um deles,
como se fosse um filme, via o rosto deles vivos e depois
mortos e logo em seguida as últimas palavras que ele disse
para todos a respeito dos pais: "Foda-se, hoje eu não quero
ficar com eles, nem que seja a última vez que eles irão me
ver. Não merecem e nem ligam para a minha presença."
Essa frase fere seu coração como uma faca em chamas, ele
não consegue parar de pensar em sua família e amigos que
fez em Nazaré Paulista. Até que começa a chorar.
Marino – Calma Miguel! Estamos chegando, não precisa
ficar medo!
Maria – Está tudo bem Mi?
Miguel – Não estou com medo, só é bicholisse minha.
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RAFAEL DEBONI
Almirante Silva – Não vamos parar! Vamos logo! Falta
pouco, só precisamos entrar ali, naquela casinha!
Marino – Calma Almirante! Acabei de ver um possuído se
escondendo ali atrás! E deve ser mais que um.
Almirante Silva – Vamos matá-los então!
Marino – Não é assim! Precisamos de uma estratégia!
Miguel – Cala a boca vocês dois caralho! Deixa que eu vá
verificar!
Maria – Não Miguel, você está machucado!
Alice – Concordo. Deixa que eu vou.
Miguel – Não podemos ficar aqui parados! Se não formos
para cima é provável que venha mais deles atrás de nós.
Marino – Mas você não tem condição de lutar com um
deles!
Miguel – Eu sou o mais machucado aqui, eu estou só
atrasando vocês, pelo menos uns dois ou três eu consigo
matar, aí vocês correm!
Maria – Não Miguel, pelo amor de Deus! É uma missão
suicida!
Miguel – Uma missão suicida não! Uma missão para salvar
todos vocês e conseguir me vingar da morte da minha
família. Vou contar até três, então voc...
Nesse momento eles são interrompidos por algumas
pessoas que chegam até o local onde eles estão. Entre as
10 pessoas que chegaram ali, dois eram militares. Um deles
era alto, quase dois metros de altura, muito magro, porém
saudável, caucasiano de cabelo curto raspado do lado e
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DECEMBER REVELAÇÃO
arrepiado em cima, com a roupa de militar e segurando
uma mulher ferida em suas costas e segurando a
metralhadora, esse é o João, ele fazia parte da Marinha
Brasileira até tudo acontecer, era piloto de caça, e
conseguiu sobreviver aos ataques que teve na base naval,
fugiu com um avião até Belo Horizonte e de lá se uniu ao
grupo do General Marcondes.
João – O que está acontecendo aqui? Porque estão
parados!
Marino – Eu vi um possuído se escondendo, se irmos nós
vamos cair em uma armadilha.
João – Merda! Pior que matamos uns cinco lá atrás e vem
mais vindo. Fechamos as portas, mas não será difícil para
eles quebrarem.
Marino – Você viu se tinha mais gente viva!
João – Não! O Cabo e eu estávamos no meio do ataque e
conseguimos fugir e no caminho para cá conseguimos
salvar essas pessoas, mas se ficarmos parado aqui por
muito tempo, nós seremos pego!
Miguel – Já falei! Deixa-meeu ir primeiro! Depois vocês
atiram naqueles que vierem!
Marino – Não dá!
Miguel se solta de Marino e vai correndo para o fim do
corredor que dá acesso ao um quintal aberto, e no fundo
desse quintal tem uma pequena casa que dá acesso ao
túnel. Marino e Almirante Silva tenta segurá-lo, mas não
consegue. Maria grita junto Alice o seu nome, mas em vão,
porque ele não vai parar por nada. Ele quer salvar essas
pessoas, ele quer vingar a morte de seus pais e espera ter
uma morte sem peso na consciência pela discussão que
9
RAFAEL DEBONI
teve com sua família.
Os poucos passos dali onde estão até o quintal pareceu
uma distância muito longa para ele, não pela dor, mas
porque tudo ficou em câmera lenta novamente, ele escutava
aquela mesma voz dos seus sonhos em sua cabeça e
começam a conversar:
Luz – O que está fazendo Miguel?
Miguel – Estou salvando 13 pessoas da morte certa!
Luz – Mas assim você irá se matar. Pense bem! Não vá
sozinho!
Miguel – Vou sozinho para dar oportunidade a eles
matarem os que vierem para cima de mim.
Luz – E se eles não vieram?
Miguel – Aí dará tempo para eles correrem até aquele
túnel.
Luz – Se você morrer quem protegerá Maria?
Miguel – Os militares.
Luz – Mas você prometeu para ela e para si mesmo que
iria protegê-la.
Miguel – É o que estou fazendo. Protegendo-a!
Luz – Não, você está querendo vingança, e para isso você
está sacrificando a sua vida e a dela!
Miguel – Somente a minha!
Luz – Ela te ama! Se você morrer ela ficará perdida, e
poderá se matar ou até pior! Tentar vingar a sua morte e
10
DECEMBER REVELAÇÃO
morrer de forma trágica, ou até mesmo ser estuprada
antes de morrer.
Miguel – Então, que o Deus dela a proteja e que você vá se
foder antes que eu me esqueça!
Maria e Alice se desesperam ao ver a cena de dois
possuídos atacarem Miguel no momento que chega ao
quintal, um possuído pula em cima dele pelas costas e outro
aparece na sua frente, o possuído nas costas aperta sua
cabeça enquanto o da frente dá um soco em sua barriga, o
fazendoele cair de joelhos no chão. Marino de onde estava
dá um tiro no possuído que está nas costas de Miguel, mas
nada adianta, só faz o possuído olhar para trás e dar um
sinal com a cabeça para que os outros que estão ali entrem
no corredor. Miguel consegue olhar e contar. São cinco
possuídos indo em direção ao corredor e em volta não vê
mais nenhum. Ele pega a faca que estava em seu bolso,
enfia na cabeça do possuído em suas costas e com a arma
dá um tiro na cabeça do que está na sua frente. Levanta-se
rapidamente e dá outro tiro na nuca do possuído que está à
frente dos outros entrando no corredor. Marino e Almirante
Silva começam atirar nos outros, mas conseguem matar
somente um, os outros três que sobraram foram tão
rápidos, desviaram de alguns tiros e empurram Almirante
Silva em cima de Marino, e outro pula em cima de Maria
derrubando não somente ela, mas também a Alice, e outro
dá uma voadora no militar que estava à frente do grupo e
do João. Miguel volta correndo e a primeira coisa que faz é
descarregar a arma no possuído em cima de Maria e depois
que a arma estava vazia, ele ataca na cabeça do mesmo,
que solta Maria e vai na direção dele. Ambos gritam
enquanto um vai na direção do outro. O grito do possuído é
tão alto que chega a doer os ouvidos de todos. Eles batem
de frente, mas pela força sobrenatural do possuído, faz
Miguel voar alguns metros para trás com ele abaixo do
11
RAFAEL DEBONI
possuído. O possuído dá um soco na direção do rosto de
Miguel que consegue desviar fazendo ele socar o chão e
quebrar a própria mão, estilhaçando os carpos e os ossos
do punho. Ele para e olha para a sua mão toda torta e
esmigalhada, Maria então pega a arma de Alice que estava
no chão próxima a ela, e sem querer, quando atira consegue
acertar a cabeça do possuído em cima de Miguel. Uma das
pessoas que estavam mais ao fundo, pega a metralhadora
do militar que foi morto por ter sido atingido pela voadora e
consegue matar esse possuído que deu a voadora.
Almirante Silva com o rosto desconfigurado pelos socos que
tomou do possuído, quase desmaiando consegue pegar a
sua arma e matar o possuído em cima dele.
Marino – Estão todos bem?
Alice – Ai meu Deus!
Maria – Almirante! Você está bem?
João – Merda! Merda! Merda! Ele matou o cabo!
Marino – Viu o que sua burrice fez seu idiota!
Miguel – Pelo menos conseguimos matar sete deles, e eu
consegui ver que não tem mais nenhum lá fora!
João – Aqui tem que ser organizado seu puto! Tem que
receber e obedecer ordens!
Miguel – Não sou um militar filha da puta igual você que
vendiam crianças para esses merdas!
Alice – Pare vocês três! Temos que ajudar o Almirante!
Maria – Ela está certa! Ele está muito mal! Olha como está
o rosto dele, parece que um ônibus passou por cima da
sua cara!
12
DECEMBER REVELAÇÃO
Almirante Silva- Eu estou bem! Agora vamos!
João – Porra! Os que estão atrás de nós estão vindo!
Almirante Silva – Vão! Me deixem aqui!
Marino – Não! Ninguém fica para trás no meu turno!
Ninguém! Entendeu seu idiota!
Miguel – Vem eu te carrego!
Almirante Silva – Eu não irei sobreviver! Então vão
embora! Eu cuido desses daqui, rápido antes que eles
cheguem!
João – Toma meu irmão! Essas granadas irão te ajudar a
atrasá-los! Saiba que seu nome será sempre lembrado
como herói!
Almirante Silva – Vão!
Miguel e os outros correm na direção da casinha, mesmo
aparecendo um possuído à frente deles, Marino não
desperdiça a munição e acerta logo um tiro no meio dos
olhos dele, conseguindo abrir passagem para a casa.
Marino o primeiro a chegar abre a porta e grita para todos
entrarem logo. Miguel é o último a entrar, antes deles
fecharem a porta, Marino e Miguel assistem os últimos
segundos de vida do Almirante Silva.
O Almirante Silva, mesmo desconfigurado e quase
morrendo de um grande trauma na cabeça, ele consegue
atrasar os possuídos, segundos antes de agarrar o primeiro
possuído, ele tira os pinos das 6 granadas que João lhe
deu. Ele segura o possuído pela cintura que soca as suas
costas até ele soltar, os outros que vem atrás só desvia dos
dois.
13
RAFAEL DEBONI
Possuído – Nunca via alguém dar risada antes de morrer!
Com a voz bem baixinha, com sangue saindo pela boca
entre os dentes quebrados e o maxilar quebrado e
deslocado, Almirante consegue responder com muita
dificuldade.
Almirante Silva – Estou sorrindo para a morte! Porque irei
levar comigo pelo menos mais cinco de vocês!
Possuído – O quê?
As granadas explodem matando não somente a ele mas
também os possuídos que estavam prestes a entrar no
quintal. A explosão foi forte e foi grande, fazendo os
pedaços dos corpos dos possuídos voarem até perto da
porta da casa onde está o túnel. Parte do prédio de três
andares começa a desmoronar por causa da explosão,
aquela poeira atravessa a pousada inteira escurecendo
tudo. O silêncio toma conta da pousada, os gritos e
gargalhadas dos possuídos pararam, e os gritos de dores e
o desespero das pessoas que ainda ficaram lá também
foram silenciados com a explosão e principalmente com a
poeira que tomou conta do terreno. Quem estava ali ainda,
não enxergava mais nada, nem mesmo os possuídos, até
que o silêncio é quebrado com uma segunda explosão ainda
maior. Essa segunda explosão foi causada por causa dos
botijões de gás que tinha na parte que ainda estava em pé
do prédio, desmoronando tudo e os estilhaços e pare do
prédio atingindo os prédios do lado, matando todos os
possuídos que estavam ali perto e também as pessoas.
Marino e Miguel antes mesmo da primeira explosão já tinha
fechado a porta e já estavam correndo pelo túnel, mas com
a segunda explosão, todo o chão e o túnel tremeu, todos que
estavam dentro do túnel só não caíram no chão porque se
seguraram na parede. Mesmo assim começaram a correr
14
DECEMBER REVELAÇÃO
ainda mais com medo de que o túnel caísse, que é uma
verdade, porque ele começou a desmoronar aos poucos.
Tudo tremendo, terra caindo na cabeça deles, pedaços de
pedra e a fiação da luz no chão atrapalhavam a fuga deles.
Quando chegam na metade do túnel, com sorte, ninguém foi
soterrado, porque a parte que ficava perto da pousada
desmoronou por inteiro. Eles só tinham uma saída agora, e
ninguém sabia ao certo qual distância e muito menos
conseguiam enxergar um palmo à frente.
João – Estão todos bem? Ninguém se machucou?
Marino – Acho que estão todos bem sim!
Miguel – Cadê a Maria!
Maria – To aqui Mi! Você está bem?
Miguel – Estou sim, só dolorido ainda, querendo um pouco
de trégua!
João – Trégua o caralho seu filho da puta! Depois que
subirmos naquele avião você terá que me convencer o
porque não te jogar lá de cima!
Alice – Avião?
Marino – Sim, avião! Seu pai planejou essa rota de fuga
que nos leva a um sítio enorme que possui uma pista.
Alice – Mas como vocês conseguiram um avião?
João – Eu fugi com ele da base naval, é um cargueiro,
cabe bastante gente, pousei em Belo Horizonte onde
encontrei seu pai, depois que acharam o sítio, seu pai e eu
voltamos para pegar o avião e mais gasolina para ele.
Alice – Quando isso?
15
RAFAEL DEBONI
João – Logo depois que encontramos a pousada, depois
que trouxe o avião seu pai mandou fazer esse túnel.
Miguel – Pelo menos aquele velho era esperto.
João – Olha como você fala dele!
Miguel – Por quê? Você era a favor dele?
João – Era sim! Eu estava ali no meio da arena quando
vocês nos deixaram para os possuídos nos matarem!
Miguel – Ata, foi mal!
João – Mal? Graças a você e a sua vagabunda morreu
mais gente em menos de meia hora do que meses que
construímos essa porra!
Miguel – Repete o que você falou dela! Só mais uma vez
por favor, eu imploro!
João – E por acaso você vai fazer o que?
Marino e Alice – Para!
Maria – Chega Miguel, depois discutimos isso! Temos que
ir até esse avião!
Marino – Maria está certa, vamos!
Alice – Meu Deus, porque eu nunca soube disso?
João – Porque seu pai era um ditador, ele não queria que
ninguém soubesse das coisas que ele fazia, nem metade
dos militares que estavam com ele sabiam um quarto das
coisas que ele fazia, e ele te achava uma mimada idiota, e
eu te acho uma cretina, na hora que você atirou nele eu só
não te matei porque me renderam primeiro, e veja só,
agora estou salvando a vida de vocês!
16
DECEMBER REVELAÇÃO
Miguel – Isto não seria problema para mim.
João – Você é muito abusado seu moleque! Estou
perdendo a paciência com você!
Miguel – Vai para puta que te pariu seu merda, vamos
resolver isso agora!
Marino – Parem os dois! Ou juro que darei um tiro no pé
de cada