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Do Divã ao Aeroporto
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E-book132 páginas1 hora

Do Divã ao Aeroporto

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Sobre este e-book

Sim, viajar para Nelson Asnis é um hobby. Mas, como o próprio título do livro sugere, conhecer o mundo é, também, uma extensão de sua profissão, a Psiquiatria. Entender a origem de um povo e as razões de seu sucesso ou de seu fracasso, buscar explicações para a passividade de uma sociedade governada pela truculência de seus líderes eternizados no poder, descobrir que, apesar das adversidades de um país, historicamente atacado por forças externas, é possível conviver com a paz e a bondade. Tudo isso é o que moveu Nelson até hoje, nessas quase três décadas de andanças por mais de 60 países.Cada localidade escolhida por ele trazia embutida uma inquietação, só desfeita após um mergulho na história e nas peculiaridades de sua população. Do Vietnã budista, a constatação de que a religião, dependendo que como é exercida, pode ter efeitos positivos no destino de uma nação. Na imersão pela floresta amazônica, uma conclusão desconcertante: as políticas de proteção, apesar de louváveis, estão contribuindo gradativamente para a extinção da população indígena. Da África do Sul, uma aula sobre tolerância, por mais ódio e medo que existam por trás. De Londres, do Camboja, das Maldivas, do Japão, de Israel, do Srilanka… Enfim, descubra você mesmo o que Nelson trouxe de lá. Boa viagem.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de ago. de 2016
ISBN9788583382362
Do Divã ao Aeroporto

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    Do Divã ao Aeroporto - Nelson Asnis

    Não temas minha donzela/

    Nossa sorte nesta guerra/

    Eles são muitos/

    Mas não podem voar

    Ednardo, 1974

    Dedicatória

    Aos meus pais Júlio e Sarita,

    aos meus tesouros Yasmin e Gustavo e

    à minha esposa Tatiane pelo carinho

    que me dispensam dia após dia.

    À memória de meus queridos tios Paulo, Maurício e Jaime, exemplos de bondade e retidão.

    Agradecimentos

    Ao Dr. Gildo Katz pelo privilégio de

    aprender com sua sabedoria e bondade.

    APSF, meus amigos de meio século que

    com sua seriedade tornam a vida mais leve.

    Aos meus Professores do Israelita,

    pelo incentivo para escrever.

    Ao Diretor da Buqui, Gustavo Lima

    pela competência e dedicação.

    Ao meu irmão Zizo Asnis, fundador e

    editor-chefe do site O Viajante pelo estímulo.

    Apresentação

    Qualquer semelhança entre o inconsciente e as viagens não é mera coincidência.

    O inconsciente é atemporal, assim como as viagens.

    O inconsciente nos tira da rotina; as viagens, idem.

    O inconsciente nos coloca em contato com o desconhecido, assim como as viagens.

    O inconsciente torna nossa vida imprevisível; as viagens, idem.

    O sonho é a grande expressão do inconsciente... e das viagens.

    Por tudo isso, o inconsciente é pura viagem, e viajar é puro inconsciente.

    Nada sai como o planejado (felizmente) nas viagens e no inconsciente.

    O frio na barriga,

    o não sabido,

    o idioma que não dominamos,

    a gafe,

    o roteiro que não deu certo,

    os fusos,

    as insônias,

    aquelas pessoas e lugares que nunca mais veremos

    e que nunca mais deixaremos de ver.

    Viajar bagunça a vida.

    O inconsciente bagunça a vida.

    Por isso, talvez, ambos tornem a vida viva.

    Este livro é um pequeno encontro das viagens com o inconsciente, do divã com o aeroporto.

    Por isso, não há preocupação com grandes rigores acadêmicos ou literários.

    Foi escrito em associação livre.

    Sem cronologia.

    Quando penso no país que visitei, o que me vem à mente?

    Escrevi.

    Pequenos escritos para reflexões ou não.

    O divã e o aeroporto nos permitem viajar.

    Saímos diferentes do divã e do aeroporto.

    Na verdade, nunca mais seremos os mesmos depois do divã e do aeroporto.

    Felizmente.

    Boa viagem, quero dizer, boa leitura!

    Nelson Asnis

    África do Sul, Freud e Nelson Mandela

    Raros foram os lugares para os quais viajei em que senti mais tensão no ar do que na África do Sul pós-Apartheid, que visitei em 2005.

    A figura de Nelson Mandela segue muito viva em cada esquina. Nesse país conheci o real significado da palavra tolerância.

    Tolerância, um termo aparentemente politicamente correto, vem do latim tolerare, que significa suportar, uma atitude que somos obrigados a engolir.

    Ouvimos a todo momento que a tolerância é fundamental para vivermos em sociedade. A própria ONU preconiza a busca por um convívio harmônico entre pessoas de diferentes culturas e instituiu o Dia Internacional para a Tolerância em 16 de novembro.

    A África do Sul me pareceu uma verdadeira panela de pressão, com brancos e negros se suportando uns aos outros, ou seja, se tolerando.

    O meu entendimento desse fenômeno?

    Vejo quase um milagre. Nesse contexto descrito, o que se poderia esperar de melhor?

    O Apartheid proibia negros e brancos de se casarem, de serem amigos, de sentarem juntos em um banco de praça ou utilizar os mesmos banheiros. Os negros não podiam andar nos ônibus reservados aos brancos, nadar na mesma área do mar. As crianças brancas eram criadas para sentir medo dos negros.

    Os africâneres (termo utilizado para denominar os sul-africanos brancos) tinham certeza de que, em um país governado por negros, a vingança viria – e não seria pequena.

    Os brancos seriam assassinados, jogados no mar...

    Mandela foi libertado já com 71 anos de idade, após 27 anos de prisão. No dia 10 de maio de 1994, tomou posse como o primeiro presidente negro eleito democraticamente na África do Sul.

    Esperávamos que as pessoas negras que controlavam o país nos destituíssem dos serviços básicos, que atacassem lojas e criassem um caos absoluto, sabotando a água e a energia dos bairros brancos. As pessoas estocavam e juntavam garrafas de água, velas, comidas enlatadas e tudo o que pudesse durar e ser necessário.

    Esperávamos vingança, relata Zelda la Grange, secretária pessoal de Mandela e de origem africâner, em seu livro Bom dia, Sr. Mandela.

    Freud nos ensina, em O mal-estar na civilização (1930), que a questão fatídica para a espécie humana parece ser até que ponto seu desenvolvimento cultural conseguirá dominar os instintos humanos de agressão e destrutividade.

    Freud não subestimava a capacidade do ser humano para a barbárie. Para ele, todo indivíduo é virtualmente inimigo da civilização.

    Toda civilização tem de se erigir sobre a coerção e a renúncia ao instinto, enfatizava Freud em sua obra-prima O futuro de uma ilusão.

    Como se estivesse falando de Nelson Mandela, Freud afirmava que tudo correrá bem se esses líderes forem pessoas com uma compreensão interna superior das necessidades da vida e que se tenham erguido à altura de dominar seus próprios desejos instintivos.

    Voltemos a Mandela.

    De uma carta para Winnie Mandela, escrita

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