Banquete De Amor Volume 1
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Poesia para você
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Banquete De Amor Volume 1 - Francis Bezerra
AOS MEUS LEITORES
Algumas vezes me perguntaram o que é a POESIA, não sei responder, a não ser fazendo-a. Escrever poemas é produzir a vida. Escrevo porque é inevitável, SOU EU, UMA VICIADA DO AMOR! O primeiro poema foi inscrito num dia comum e desse dia, eu tirei o mistério, a magia, a verdade que meus olhos filtravam. Fiquei animada, fascinada com o texto e naquele dia minha cabeça, em dúvida começava a mudar. Dilacerava-se num parto violento e estranho. Tomando conta do meu ser, fazendo-me escravizada que nem eu mesmo sei por quê. E toda essa confusão significava um ato concreto, intenso, espontâneo e vivo, dentro, escrevendo sem nenhum compromisso com o mundo lá fora. Ato simples que desde pequena tomou-me todo o tempo, o amor e a vida.
A poesia é tudo o que o poeta ama, e dizem que é, e eu digo que é muito mais. Fazendo-me irreverente de mim mesma. Ela será pra mim o que o meu poema disser! Em cada verso, cada palavra, a poesia estará feita, existindo como as demais emoções dos seres e das coisas do mundo.
Francis Bezerra
São Paulo, 01/01/1988.
Poemas de Francis bezerra
A CANANÉIA
Cananéia nos seus 450 anos,
Tem uma beleza constante,
A todos os seus visitantes.
As ruas estreitas,
As calçadas largas,
Marcando assim uma data.
Martins Afonso,
Que por ali também passou.
Plantou a sua árvore,
Na sombra deste arvoredo,
Onde os marinheiros se encontram,
Fazendo uma prece.
Nossa Senhora dos navegantes,
Abençoando a todos,
Que por aqui vão passando.
O mar bem mais claro,
Talvez sinta saudades,
Ai que saudades tristes,
Dos negros na senzala,
É uma tristeza tão triste que deixa calada.
Mais uma volta ao mar,
A brisa assoviando,
Me deixa ficar sonhando.
Cananéia-SP, 27 de fevereiro de 1981.
Poemas de Francis Bezerra
A MÃE PRETA
Naquela tarde de inverno
No salão da casa grande
Lá estava de mãos dadas
E você era o pintor que
Tentava na tua tela
Tua imagem descrever
Tela que eu não conhecia
Ou fingia não conhecer
Quem sabes ignoravas
Sei lá por que
Era um desconhecido
Eu tinha meu marido
E você era apenas um pintor
Que por ali passava
E da paisagem
Se enamorava
Passa despercebida
De saia longa e de renda
A mãe preta da fazenda.
Um dia, muitos anos depois
Por acaso te encontrei
O pintor lá da fazenda
Hoje ele mora comigo
Num edifico de concreto
Bem perto do céu
E longe da saia de renda
Da mãe preta da fazenda.
São Paulo, 23 de fevereiro de 1976.
C:\Users\Administrador\Desktop\20210324_144709.jpgPoemas de Francis Bezerra
A TERRA
Você já perguntou a Deus porque a terra é redonda?...
Por que sujou suas mãos de terra
Para fazer seu primeiro filho? Sua obra-prima?...
E porque é redondo o
divino,
Onde existe a oferenda da eterna comunidade
de tudo que pelo Pai foi criado?
Sem ser vigiado e sem a segurança dos quartéis,
sem cercas de arame e sem fronteiras?
Sem nada para que o detenha por toda a eternidade?
Porque redondo é o ventre da mulher que gera os filhos,
que às vezes maltrata a terra
e blasfema contra ele e, sem saber pergunta por Deus,
sem sequer ter lido uma linha de sua misericórdia.
Sem sequer fazer uma oração e não ter amor à própria terra
que viu gerar criando-o.
De Deus, você não sabe nada, pois nunca se olhou na sua
própria sombra, e, se olhar, ali está Deus...
Daí então verá como é boa a vida, o viver.
As águas dos rios e o mar correm sempre buscando
o mesmo diálogo,
você já conversou com Deus? Lhe fez alguma pergunta?
Então lhe faça todos os pedidos, mas não esqueça de lhe
agradecer, já que tudo por Deus foi criado e nos foi dado
e nem sempre damos o devido valor à terra que pisamos...
Ame e será amado, perdoe e será perdoado, e assim sendo,
a terra se sentirá saudosa, em harmonia entre tudo que criou,
para o bem e para o mal,
pois os dois têm a mesma morada, e mesmo assim,
a Terra não lhes cobra nada...
São Paulo, 16 de maio de 1980.
C:\Users\Administrador\Desktop\20210324_144323.jpgPoemas de Francis Bezerra
A VOCÊ MAMÃE
À minha mãe, D. Cícera.
Sabe mamãe,
Queria fazer um poema,
Para agradecer.
Para te dizer
O quanto és para mim,
Pedi a Deus,
Para te dizer.
Muito obrigado,
Dando a você mãezinha,
Um mundo de paz
Saúde e amor.
E na distância,
Mãe querida,
Os filhos não esquecem,
Com carinho.
Lembra aquela,
Que nos braços embalou,
Fazendo-lhe a canção,
Em prece de ninar.
Que escondia
Do papai,
As minhas
Traquinagens.
Sabe mãezinha,
Queria dizer-te
Tantas coisas,
Mais só sei dizer-te, te amo demais!
São Paulo, 10/05/1981
C:\Users\Administrador\Desktop\20210324_150622.jpgPoemas de Francis Bezerra