Coleção Religare: Um Novo Paradigma De Espiritualidade
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Coleção Religare - Edomberto Freitas Alves Rodrigues
Coleção Religare: um novo paradigma de espiritualidade
Volume V - Fora do autoconhecimento não há salvação
Edomberto Freitas Alves Rodrigues
Clube dos Autores (independente)
O autor
Edomberto Freitas Alves Rodrigues. Formado em História pela UFMG e Filosofia pela PUC-MG. Professor de história em BH e Betim. Pesquisador de espiritualidade e filosofia. Escreveu a coleção Religare, dialogando com várias áreas do conhecimento humano, entendendo que não devemos compartimentalizar o saber. Afinal, no universo tudo está integrado. Só uma visão holística do real poderá possibilitar uma maior aproximação da verdade, que todos dizem possuir, mas que nossa condição humana e limitada permite apenas aproximações. Assim, não há pretensão de verdade pelo autor, mas uma busca sincera e apaixonada pelo conhecimento.
Capa: Edomberto Freitas e Valéria Franco
Revisão: Kainara Brenda da Silva
Coleção em 5 volumes
Título da coleção: Religare: um novo paradigma de espiritualidade
Volume V: Fora do autoconhecimento não há salvação
1ª Edição: Janeiro de 2023
SUMÁRIO
SUMÁRIO
Introdução
Fora do autoconhecimento não há salvação
PARTE I
Metafísica da autoconsciência
Capítulo 1
Um estudo da autoconsciência
PARTE II
Técnicas para o autoconhecimento
Capítulo 2
A proposta espiritualista
Capítulo 3
Técnicas da psicologia
Capítulo 4
O fascinante Eneagrama
PARTE III
O que eu ouvi dizer
Autobiografias luminosas
Capítulo 5
Autobiografia do Gandhi
Capítulo 6
As cartas de Madre Teresa
Capítulo 7
Autobiografia de Martin Luther King
PARTE IV
O que eu vivi
Confissões de um ego Cinco
Capítulo 8
Minha infância
Capítulo 9
Minha adolescência
Capítulo 10
Vida adulta
CONCLUSÃO
CONCLUSÃO DA COLEÇÃO RELIGARE
Bibliografia
Introdução
Fora do autoconhecimento
não há salvação
Durante a escrita do volume I da Coleção Religare, pensei que seria interessante escolher um estudo de caso que pudesse exemplificar o processo de luta interior ligado à nossa religação com o divino. A ideia amadureceu ao longo da escrita da coleção e, após pensar em alguns personagens históricos relevantes, cheguei à conclusão de que o estudo de caso deveria contemplar uma visão a partir da interioridade da individualidade. Então, o personagem a ser escolhido deveria possuir uma autobiografia ou textos autobiográficos que pudessem dar margens a uma análise a partir da sua condição de luta interior, que configuraria uma luta por autotransformação.
Elenquei três personagens que possuíam notáveis conquistas interiores a partir de uma análise de seus feitos: Gandhi, Madre Teresa e Martin Luther King. Todos três possuem ou autobiografias ou textos de cunho pessoal que revelam muito de suas conquistas interiores. Sem contar que existem análises eneagramáticas a respeito desses personagens, o que poderia nortear uma análise do ponto de vista da conquista desses egos.
Por outro lado, o melhor exemplo que eu poderia estudar seria eu mesmo. Afinal, a única pessoa da qual eu poderia falar a partir do interior seria eu mesmo. Já há algum tempo eu mantinha diários de auto-observação, onde eu procurava o autoconhecimento, imprescindível a todos nós. O exercício de autoanálise é uma das melhores formas de se buscar o crescimento consciente. Obras como Confissões de Santo Agostinho, e os Ensaios de Michel de Montaigne, são exemplos notáveis do caminho do autodescobrimento por meio da escrita de textos autobiográficos.
Este livro tem também o objetivo de lançar luz sobre uma crítica sempre muito presente quando o assunto é o Eneagrama. Dizem que ele tem o defeito de padronizar e etiquetar os seres humanos, de forma determinista, ignorando a riqueza e a complexidade da experiência psicológica humana. Mas, neste livro, veremos que existem muitos egos Um, mas somente um Gandhi, existem muitos egos Dois, mas somente uma Madre Teresa, existem muitos egos Oito, mas somente um Martin Luther King, existem muitos egos Cinco, mas somente um Edomberto Freitas. Embora os egos tenham características comuns, cada um escreve sua própria história, única e irrepetível em todo o Universo, cada um com seu próprio manancial de experiências subjetivas e interativas peculiares e únicas. Ninguém poderá viver sua vida e possuir sua perspectiva existencial, só você. Cada ego dá um colorido especial e único para sua experiência, embora ela possa ter alguns parâmetros de repetição, que configura o que chamamos de ego.
Posso dizer que estou mais apto para falar de mim mesmo, do meu próprio ego e das minhas experiências pessoais, sou mais íntimo de mim mesmo. Venho empreendendo esse esforço desde os meus 13 anos, quando comecei a estudar as ideias de Gurdjieff. Para esse pensador, a tarefa mais urgente a se empreender é a do autoconhecimento, sem o qual passamos uma vida em sono profundo, que dificulta o processo de autotransformação. Tal processo é evitado pela maioria das pessoas, afinal pode ser doloroso desconstruir nossas tentativas de passarmos por eternas vítimas, fugindo de colocar sobre nossos ombros o peso das nossas escolhas para colocá-las nos ombros alheios.
O grande convite que ficará para o amigo leitor é de que se sintam inspirados para fazer essa arqueologia interior, buscando no autoconhecimento uma ferramenta de autotransformação. Poderemos, então, celebrar a nossa liberdade de criação da nossa própria história e destino (telos), que, de certa forma, é um só para todos nós: experienciar para voltarmos para o Absoluto com as cores da nossa individualidade e vivências pessoais, para enriquecê-lo com nossa experiência única e nossa perspectiva pessoal.
Dividi essa obra em três partes. Na primeira, falo sobre orientações valiosas sobre como empreender a autodescoberta. Na segunda parte, avalio as autobiografias de grandes personagens históricas que deixaram textos autobiográficos e tento situá-las no campo das conquistas sobre si mesmo. E, na terceira parte, avalio os meus próprios esforços no sentido de uma autotransformação.
O título da obra
Coloquei o subtítulo Fora do autoconhecimento não há salvação
como uma provocação para refletirmos de forma crítica sobre a máxima de Alan Kardec Fora da caridade não há salvação
. A caridade sem autoconhecimento pode ocultar interesses escusos, não confessos, o que poderá colocar a pessoa incauta nos piores ambientes do mundo astral e não no desejado Céu
ou no Nosso Lar
. Muitas pessoas negociam na intimidade com o mundo Maior, ao manifestar algum gesto de solidariedade. Só o autoconhecimento sincero pode lançar luz sobre esses mecanismos mercenários que muitos ainda trazem em sua intimidade. Sem contar que os egos podem ter a atitude de caridade, que é uma atitude nobre, mas pelos motivos interiores errados, como, por exemplo, ajudar para despertar no outro uma obrigação calculada ou um retorno afetivo.
Já a palavra salvação está, aqui, em um sentido específico, ou seja, significa a nossa jornada de religação ao Uno. Processo longo e complexo e não uma entrada triunfal em um Céu
, que existe só na cabeça dos que ignoram a realidade espiritual. A jornada que, aqui, nos referimos compreende um processo de intensa luta contra o nosso egoísmo, que não se alcança em uma única vida, mas em muitas experiências no plano físico, em que vamos conquistando os degraus do Religare um a um, até estarmos aptos para vivenciar o altruísmo com espontaneidade e naturalidade. O que fará com que ingressemos na luz do Criador por afinidade e vibração.
Jesus, há muito, nos convidou ao autoconhecimento no episódio do apedrejamento da mulher adúltera. Momento sublime em que ele faz o convite de forma prática e indireta, usando a expressão quem estiver sem pecado que atire a primeira pedra
. Nesse momento, todos foram convocados ao exercício da autoanálise. Podemos imaginar a interiorização de cada um, resgatando em suas memórias atos ilícitos, desonestos, maldosos, egoístas… Suas memórias, assim convocadas, produziram a comparação e a constatação de que, diante deles, não estava uma inferior
, mas uma semelhante nos equívocos e fraquezas. Dissolveu-se, assim, a hierarquia do eu sou melhor, portanto posso apedrejar
. Hierarquia que estava somente no plano do autoengano, da falta de intimidade consigo mesmo, de ausência de autoconhecimento.
O evangelho nos diz que, lentamente, as mãos foram abandonando as pedras que caíam no chão, símbolo da intolerância, da ousadia da falsa superioridade. Esse é o efeito de toda autoanálise sincera e verdadeira, de jogar por terra nossos falsos autoconceitos, nossas falsas virtudes, nosso argueiro que cega a visão interior. Assim, naquele momento, as pedras não se sujaram com sangue da necessidade de evolução e esclarecimento. Ficamos imaginando quantas violências, intolerâncias, preconceitos, arrogâncias, arbitrariedades e injustiças poderiam ser lançadas por terra através do autoconhecimento, ao longo da história da humanidade, e de cada um de nós. Quantos equívocos foram construídos em torno de nossa auto-hipnose, do nosso autoengano, da carência do movimento dativo em nosso ser.
Jesus disse para que vigiássemos para que nossa luz não seja trevas, mas esse vigiar só pode acontecer através da autoanálise, sendo ela mesma um movimento de interiorização, introspecção, em que um observador interior afere valores, intenções, motivação, objetivos, para concluir se estão conspurcados ou não pelo egoísmo. Se sim, então são trevas, se são limbados pelo altruísmo, então são luz. Portanto, atentemos para o real significado de vigiar
, com sua conotação de autoconhecimento.
Tomás de Aquino e o primado da interioridade
Para o filósofo medieval Tomás de Aquino, a virtude moral depende do autoconhecimento. Para ele,[1] a virtude moral não pode ser encarada como os antigos a concebiam, ou seja, como um ato exterior apenas, mas como um ato tendo duas dimensões: a exterior e a interior. O ato voluntário receberia, então, na dimensão exterior, a espécie do objeto acerca do qual versa, ou, em outras palavras, tem por objeto a matéria de ação exterior como o bem de outrem. Assim, nessa dimensão, temos contato com o ato exterior, o ato que percebemos imediatamente em uma ação qualquer. Mas, para Tomás, só essa dimensão daria uma percepção incompleta da espécie do ato como um todo. Para ele, para uma ação ser boa teríamos que levar em conta três dimensões: o objeto, ou ato exterior, o fim, ou ato interior da razão, e a circunstância em que se dá o ato concretamente.
Então, para chegar à conclusão de que um ato é bom teríamos que passar essas três dimensões pela análise. Primeiramente, analisaríamos o ato exterior: se é bom ou não. Em segundo lugar, analisaríamos o ato interior da vontade. Para Tomás, pertenceria ao fim ser o objeto do ato interior da vontade, atuando como forma do ato exterior. Trata-se do fim operante que o sujeito se propõe interiormente em sua intenção. A bondade ou maldade dada pelo fim é denominada específica, uma vez que funciona como forma do ato humano, no qual o objeto exterior constitui a matéria.
Finalmente, analisaríamos as circunstâncias. Assim, o lugar, por exemplo, é uma circunstância. Segundo Tomás, o lugar constitui o ato moral em alguma espécie de bem ou mal, por exemplo, roubar algo de um lugar sagrado é sacrilégio. A razão ordena que não se deve ultrajar um lugar sagrado. Por isso, tirar o alheio em lugar sagrado acrescenta uma especial contrariedade à ordem da razão.
Depois de analisarmos essas três dimensões e o ato for considerado bom nessas três instâncias, temos o ato realmente bom. Essa percepção do ato moral é interessante, principalmente porque muitas vezes, não podendo acessar o ato interior da vontade, concluímos o ato como bom, mas esquecemos que estamos só na superfície. Tomás, por outro lado, propõe o primado do ato interior, por isso ele vai dizer que alguém que roube para cometer adultério é mais adúltero que ladrão.
Como se relacionaria o ato exterior com o ato interior em sua espécie? Segundo Tomás, o objeto do ato exterior pode estar para o fim da vontade de dois modos: primeiro, com ordenado por si para ele, como, por exemplo, guerrear bem se ordena, por si, para a vitória. Segundo, acidentalmente, como tomar a coisa alheia, acidentalmente se ordena para dar esmola. A vontade, cujo objeto é o próprio fim, é movente universal de todas as potências da alma, cujos objetos próprios são os objetos dos atos particulares. Deve-se dizer que o fim é o último na execução, mas o primeiro na intenção da razão, segundo a qual se consideram as espécies dos atos morais. Assim, fica evidente o primado do ato interior na ética de Tomás de Aquino.
No ato interior encontramos, também, a influência das dimensões apetitivas e intelectivas da razão. Para Tomás de Aquino a virtude moral tem um sentido de inclinação natural para alguma ação. Para ele, é evidente que inclinação para o ato convém propriamente à virtude apetitiva, porque esta move todas as potências do agir. Assim, nem toda virtude se diz moral, mas só a que está na faculdade apetitiva. Todo ato virtuoso pode ser feito por escolha, mas só a virtude que está na parte apetitiva da alma faz uma escolha reta, pois escolher é ato da parte apetitiva.
Segundo Tomás de Aquino, o princípio primeiro de todas as obras humanas é a razão e qualquer outro princípio obedece à razão, embora de maneiras diversas. Alguns há que obedecem totalmente, como um poder despótico. Mas nem sempre é assim, pois, se assim fosse, bastaria, para agirmos bem, que a razão fosse perfeita e, como a virtude é um hábito que nos aperfeiçoa para agirmos corretamente, ela estaria apenas na razão e, portanto, toda virtude seria intelectual. A parte apetitiva obedece à razão, não ao menor aceno, mas com certa resistência, como se fosse um poder político. Por isso, Santo Agostinho teria dito que, às vezes, o intelecto toma a dianteira e os sentimentos tardam a segui-lo ou não seguem.
Assim, para agir bem, é necessário que não só a razão esteja bem-disposta pelo hábito da virtude intelectual, mas a potência apetitiva também esteja pelo hábito da virtude moral. Portanto, tal como o apetite se distingue da razão, assim também a virtude moral se distingue da intelectual.
Para Tomás de Aquino, então, analisar o ato moral humano não é uma tarefa unidimensional. Temos que levar em conta o objeto do ato exterior, mas também todos os processos que se dão na intimidade. Teríamos, assim, a tarefa de analisar as implicações do ato exterior, inclusive as circunstâncias e as implicações do ato interior, lembrando que, para Tomás, o ato interior, onde acontecem as escolhas e se definem as intenções e finalidades, é onde acontece o ato moral em sua excelência, pois o ato interior vai moldar o ato exterior, por isso o primado do ato interior.
PARTE I
Metafísica da autoconsciência
Capítulo 1
Um estudo da autoconsciência
Oobjetivo deste capítulo é demonstrar como o estudo da consciência e, consequentemente, do autoconhecimento, é complexo e transcendental, como vimos no volume II, no capítulo que disserta sobre o mistério da consciência. Veremos neste volume que esse mistério se deve ao fato de toda consciência emanar do transcendente Uno. Todas as consciências se conectam no âmbito do transcendente, a multiplicidade é uma ilusão, só possível no nível da matéria densa. Toda consciência tem sua fonte nesse manancial infinito que é o Todo.
Como temos visto nesta coleção, essa consciência infinita desce para os níveis densos da matéria para tornar a alteridade em ato. O objetivo é que a multiplicidade inaugure o Eu
e o Outro
, que temos chamado muitas vezes aqui de vesica piscis. Essa alteridade é uma explosão de sentido, parecido com o Big Bang da física, que inaugura todas as leis físicas. No outro caso, temos o surgimento de todos os sentidos e ideias. Nos dois casos temos uma singularidade antes da explosão, pois não podemos conceber nada em uma consciência solitária, assim como não existe lei física antes da singularidade que precede o Big Bang.
Neste capítulo vamos trabalhar a jornada da descida vibratória da consciência do Uno para inaugurar a experiência criativa do Espírito. Essa jornada faz parte do processo do autoconhecimento que nos cabe realizar. Um dia descobriremos quem somos nós: uma perspectiva inteligente e experimentadora do Um. Compomos um mosaico de fractais que são emanações do Absoluto, formamos o todo da grande experimentação de Deus. Como o Eneagrama, na perspectiva de Sandra Maitri, que vimos no volume I, nos mostra que perdemos a consciência dessa natureza essencial. No lugar, construímos um ego simulacro que espelha de forma invertida os potenciais das ideias divinas em nós. Conectarmos com nossa verdadeira natureza faz parte da nossa jornada de autodescoberta que nos reconciliará conosco, ou seja, com Deus que habita em nós.
Origens
Vimos representado no volume I o diagrama da criação na forma de uma estrela radiante que emana todos os planos, ou dimensões da criação. Vamos reproduzi-lo novamente a seguir para traçarmos mais considerações sobre a nossa origem.
Baseados em Annie Besant[2], podemos dizer que os dois primeiros planos da Criação já existiam antes de todos os outros serem formados. É o que chamamos de Uno, logos, Maraparanirvânico e Paranirvânico. Para construir todo o plano o Uno operou a fractalização de si mesmo de duas formas, como vida e forma, que representamos simbolicamente como os Eneagramas de Gurjieff e Marko Rodin.
Figura 1
Figura 2
O primeiro fractal é responsável por manifestar a vida e o segundo, a forma. No primeiro triângulo interno, representa os três aspectos: vontade, sabedoria e ação do Uno; no segundo fractal temos o triplo aspecto da matéria: inércia, mobilidade e ritmo. Esses dois tipos de fractais formam tudo o que pode existir em qualquer plano. Enquanto um dá a consciência, o outro dá a forma. Da interação dos dois, ou seja, vida e forma, os aspectos sabedoria, ação e vontade do Uno, tornam-se ato. Caso não aja essa interação os aspectos permanecem em potencial.
Cada aspecto do fractal vida impõe uma resposta no fractal forma. Assim, o aspecto vontade impõe as qualidades de inércia, o poder da resistência, estabilidade e quietude. O aspecto atividade provoca a resposta ação, mobilidade. O aspecto sabedoria confere ao fractal forma as respostas da vibração, ritmo, harmonia.
É assim que a vontade do Uno provocará seis níveis de vibração nos fractais forma, conferindo sete planos de manifestação da consciência, conforme vemos na figura abaixo.
O fractal mônada
As mônadas são os fractais divinos que se tornarão as futuras individualidades no plano físico. Na figura acima, podemos vê-las no plano Mahaparanirvânico. Segundo a teosofia elas se manifestam mesmo é no Paranirvânico, em que há