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Éramos Nove Nos Anos De Chumbo
Éramos Nove Nos Anos De Chumbo
Éramos Nove Nos Anos De Chumbo
E-book283 páginas3 horas

Éramos Nove Nos Anos De Chumbo

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Sobre este e-book

“Éramos Nove nos Anos de Chumbo é uma viagem emocionante e profunda ao coração de uma família brasileira que, como a nação, encontra-se imersa em um turbilhão de mudanças, lutas e esperanças durante os anos da ditadura militar. Este livro, mais do que uma história de resistência e resiliência, é um reflexo vibrante da diversidade e pluralidade do Brasil, contando a saga da família Silva, cujos membros, com suas distintas visões de mundo e escolhas de vida, representam um microcosmo da sociedade brasileira. Através do diálogo, do amor e da democracia, eles nos mostram que, apesar das divergências, é possível encontrar caminhos de união e compreensão. Éramos Nove nos Anos de Chumbo é um convite à reflexão sobre os valores que sustentam nossa identidade coletiva e a importância de respeitar a rica trama de vozes que compõem o Brasil. Uma obra que celebra a força do espírito humano e a incansável busca pela justiça e igualdade.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento5 de abr. de 2024
Éramos Nove Nos Anos De Chumbo

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    Éramos Nove Nos Anos De Chumbo - Edomberto Freitas Alves Rodrigues

    Éramos nove nos anos de chumbo

    Edomberto Freitas Alves Rodrigues

    Clube de Autores (Independente)

    O autor

    Edomberto Freitas Alves Rodrigues. Formado em História pela UFMG e Filosofia pela PUC-MG. Professor de história em BH e Betim. Pesquisador de espiritualidade e filosofia. Escreveu a coleção Religare e outros livros espiritualistas. Agora ele traz seu novo livro: ÉRAMOS NOVE NOS ANOS DE CHUMBO. Nele, o leitor encontrará várias questões filosóficas e de autoconhecimento. Essa obra não se desconecta das anteriores, pois ainda apresenta as buscas e pesquisas espiritualistas do autor.

    Capa: Edomberto Freitas

    Imagem de fundo: https://br.freepik.com/fotos-gratis/design-de-guarda-soldado_879705.htm#fromView=search&page=1&position=29&uuid=83cb7579-816e-41fb-b022-861b2ad72fbf>Imagem de kjpargeter no Freepik

    Sumário

    Introdução

    Despedida sob sombras

    Entre a tempestade e a calmaria

    Luz e sombra no lar Silva

    Um mar de vozes

    Encruzilhadas e convicções

    Reflexões e luz no lar Silva

    Reflexões na campanha do quilo

    Na sala de aula

    Reflexões em família

    A noite do golpe

    Formação ideológica

    Fé e política

    Beatriz e Gabriel na prisão

    Preces e presenças

    Desafios na escola

    Entre o dever e a família

    Mudanças na escola

    Entre a paixão e o perigo

    Na cela, a esperança

    Consolo nas sombras

    A passeata dos Cem Mil

    O conflito de João

    Mediunidade e política

    Convicções e contradições

    Conflitos e revelações

    A liberdade de Gabriel

    A jornada de Beatriz

    Reflexões em um culto

    Decisão pelo exílio

    Renovação no Chile

    Arte como resistência

    Lições de vidas passadas

    Reflexões entre irmãos

    O despertar de João

    Novos ventos, novas lutas

    A luta pela anistia

    Reconciliação e evolução

    Construindo a democracia

    Jornada além do véu

    A chama da democracia

    O legado perpetuado

    Celebração de luz e legado

    Ao abrir as páginas desta obra, o leitor se depara com a imagem da bandeira do Brasil, símbolo maior de nossa nação. Mais do que um estandarte de cores vivas e desenho singular, a bandeira representa a essência complexa e multifacetada do Brasil. Ela é um lembrete constante de que, em cada dobra de seu tecido, reside a história, a cultura, e os sonhos de um povo.

    Uma bandeira é, por natureza, um símbolo de unidade. Sob ela, pessoas de diferentes regiões, crenças e histórias de vida se reconhecem como parte de um todo maior. Contudo, a verdadeira beleza de uma bandeira, especialmente a do Brasil, reside em sua capacidade de simbolizar também a diversidade e a pluralidade. Nossa nação é um mosaico de culturas, etnias, línguas e ideias, cada qual contribuindo com suas cores únicas para o quadro geral que nos define.

    Neste contexto, respeitar a pluralidade de ideias é fundamental para a construção de uma nação forte e coesa. O diálogo e a democracia emergem, então, como pilares essenciais nesse processo, permitindo que as diversas vozes que compõem o Brasil sejam ouvidas e consideradas. É na confluência dessas vozes, no encontro dessas diferenças, que encontramos o caminho para o consenso e para o progresso compartilhado.

    A família Silva, protagonista desta obra, serve como um microcosmo do país. Cada membro, com suas crenças, aspirações e desafios, reflete a complexidade e a riqueza da sociedade brasileira. Através de suas histórias, exploramos temas de amor, perda, luta, redenção e esperança, sempre sob a égide da busca por justiça e igualdade. A jornada da família Silva é um testemunho da força que reside na união, no respeito pela diversidade e na crença inabalável na capacidade de diálogo e entendimento mútuo.

    Éramos Nove nos Anos de Chumbo é, portanto, mais do que uma narrativa familiar; é um convite à reflexão sobre o que significa ser brasileiro em toda a sua complexidade. Que a imagem da bandeira na abertura deste livro sirva não apenas como um símbolo de nossa identidade nacional, mas também como um lembrete da responsabilidade que compartilhamos na construção de um Brasil mais justo, inclusivo e democrático.

    Ao virar as páginas que se seguem, que os leitores se vejam inspirados pela história da família Silva a contribuir, cada um à sua maneira, para o fortalecimento de nossa democracia e para a celebração de nossa rica diversidade. Que a bandeira sob a qual nos reunimos nos inspire a valorizar cada voz, cada história, como parte essencial do tecido que nos une.

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    Despedida sob sombras

    Em 1960, o Brasil estava à beira de uma transformação profunda. Em São Paulo, a efervescência cultural, política e social refletia as tensões e as esperanças de uma nação dividida. Era um tempo de idealismo, de luta por direitos e reformas, mas também de medo e incerteza sobre o futuro. João Goulart, conhecido como Jango, ocupava a presidência, trazendo consigo promessas de mudanças substanciais com suas reformas de base, destinadas a corrigir desigualdades sociais e econômicas. No entanto, nem todos viam essas promessas com esperança; para muitos, elas sinalizavam a ameaça do comunismo e o risco de desestabilização. Nesse cenário, famílias em todo o país se encontravam divididas, espelhando a polarização da sociedade brasileira.

    Nenhuma família sentia mais profundamente essa divisão do que os Silva, que se reuniam não para debater política, mas para se despedir de um anjo que partira cedo demais. Aninha, a caçula de apenas dois anos, a alegria da família, havia sucumbido a uma gripe. O velório, realizado na modesta sala da casa dos Silva, era um mar de tristeza e saudade, onde as diferenças se diluíam diante da dor compartilhada.

    Marcelo, o patriarca, um artista de espírito livre e coração sensível, estava inconsolável. A perda de Aninha deixou um vazio imenso em seu coração, uma obra inacabada que nunca poderia ser completada. Eliana, sua esposa, sempre o pilar de força e conciliação, tentava, mesmo na dor, manter a família unida, oferecendo ombro e consolo.

    Beatriz, a professora universitária, encontrava-se num raro momento de silêncio, as palavras de conforto perdidas na imensidão do luto. João Pedro, por outro lado, vestia seu uniforme militar não por dever, mas por respeito à pequena Aninha, sentindo a perda tanto quanto questionava as próprias convicções.

    Renata, sempre prática e decidida, lutava para manter a compostura, seu habitual otimismo empresarial ofuscado pela tristeza. Rafael, o devoto, buscava nas escrituras algum consolo, uma explicação divina para a perda inimaginável.

    Clara, cuja vida era dedicada ao cuidado dos outros, sentia-se impotente diante da dor de sua família, sua habitual energia substituída por uma quietude reflexiva. Gabriel, o estudioso, encontrava-se perdido em pensamentos, questionando o sentido da vida e da morte através de sua lente filosófica.

    E, finalmente, Sofia, a alma festiva da família, estava estranhamente silenciosa, seu espírito inabalavelmente positivo pela primeira vez abalado pela sombra da perda.

    Nesse momento de luto, as divergências políticas e ideológicas pareciam insignificantes diante da realidade do amor e da perda. A família Silva, reunida em torno do pequeno caixão branco, era um testemunho da complexidade da experiência humana, refletindo as tensões de uma nação no precipício da mudança, unida, apesar de tudo, pelo amor incondicional a Aninha.

    Neste momento de profunda dor e reflexão, Marcelo, embora devastado pela perda de sua filhinha, Aninha, encontra um vislumbre de conforto em sua capacidade mediúnica. Em meio ao silêncio pesaroso do velório, ele vê o espírito de Aninha, não mais limitado pelas amarras físicas da doença, mas radiante e sereno. Ela está acompanhada por Henrique, o mentor espiritual de Marcelo, uma presença constante em sua jornada mediúnica.

    Henrique, com sua sabedoria e compaixão acumuladas ao longo de muitas existências, oferece não apenas orientação a Marcelo em seus esforços para entender e aprimorar suas habilidades mediúnicas, mas também conforto nos momentos de maior necessidade. A presença de Henrique nesse momento crucial serve como um lembrete do amor eterno e da continuidade da vida além do plano físico.

    A visão de Aninha, envolvida pela luz e pela paz que Henrique emana, é um bálsamo para a alma ferida de Marcelo. Embora ciente de que o caminho do luto ainda seja longo e tortuoso, o conhecimento de que sua amada filha está segura e cuidada proporciona um consolo inestimável. Este momento íntimo também reforça a convicção de Marcelo na importância de sua própria jornada espiritual, não apenas como uma forma de se conectar com aqueles que partiram, mas também de trazer esperança e cura para os vivos.

    A figura de Henrique, portanto, não apenas enriquece a narrativa com uma dimensão espiritual mais profunda, mas também estabelece uma ponte entre o mundo físico e o espiritual, mostrando que, mesmo nas profundezas do desespero, existe luz, amor e a promessa de reencontro.

    Beatriz, compartilhando o dom mediúnico com o pai, aproxima-se delicadamente de Marcelo em um momento de profundo silêncio. Seus olhos encontram os dele, e em sua voz suave, mas firme, há um toque de assombro misturado com serenidade:

    — Você viu que Aninha está sob o amparo de Henrique?

    Marcelo olha para a filha, seus olhos carregando o peso da dor mesclada com a luz da compreensão. Ele acena, uma confirmação silenciosa, mas profunda.

    — Sim — ele responde, sua voz embargada pela emoção — Ele está cuidando dela agora.

    Este momento, breve mas significativo, é uma revelação para ambos. Para Beatriz, é a confirmação de que sua habilidade mediúnica é uma ponte entre os mundos, uma responsabilidade e um dom que ela compartilha com seu pai. Para Marcelo, é um lembrete de que não está sozinho em sua jornada espiritual; ele tem uma aliada em Beatriz, uma ligação inestimável que transcende o ordinário.

    A troca entre pai e filha no contexto do velório de Aninha traz uma camada adicional de consolo e conexão à família. Revela, também, a presença do espiritual como um elemento de suporte e conforto nas suas vidas. Mesmo diante da perda inimaginável, eles são lembrados de que o amor e os laços familiares não são limitados pela morte, mas continuam a existir e a oferecer apoio através das dimensões.

    Eliana, a mãe inconsolável, com o coração apertado pela dor da perda de Aninha, aproxima-se de Marcelo e Beatriz, notando a intensidade de sua conversa. Seus olhos, cheios de lágrimas, buscam nos deles alguma faísca de consolo, uma esperança a que se agarrar em meio à tempestade de luto que a envolve.

    — Por favor — ela implora com uma voz suave, carregada de angústia e amor maternal — me diz que ela está bem amparada.

    Marcelo, percebendo a profundidade da necessidade de Eliana por conforto, estende a mão, envolvendo-a com um abraço acolhedor.

    — Ela está — ele responde, com a certeza proporcionada pela visão compartilhada com Beatriz — Henrique está com ela. Aninha está em paz e protegida.

    Beatriz, juntando-se ao abraço, acrescenta sua voz ao coro de conforto, reforçando a mensagem de esperança:

    — Mãe, Aninha está cercada de amor, não está sozinha. Henrique está cuidando dela, assim como sempre cuidou de nós.

    Nesse momento, a família encontra um breve, mas significativo, alívio na partilha de sua fé e na certeza de que, apesar da separação física, os laços que os unem a Aninha permanecem intactos e fortes. A confirmação de que Aninha está sob cuidados amorosos no plano espiritual oferece um raio de luz no meio da escuridão, uma ponte de amor que transcende a barreira entre os mundos.

    Este diálogo não apenas traz um elemento de cura para Eliana, mas também sublinha a importância do suporte e da compreensão mútua na superação de momentos de profunda dor. A capacidade de Marcelo e Beatriz de compartilhar suas percepções espirituais torna-se um bálsamo para a alma de Eliana, reafirmando a presença de um amor que vai além da vida física, oferecendo a toda a família uma base de consolo e esperança para enfrentar o luto juntos.

    Rafael Barros, firme em suas crenças evangélicas, observa a troca de consolo baseada na mediunidade entre seu pai, sua irmã e sua mãe com uma crescente sensação de desconforto. Para ele, a prática da mediunidade contraria os ensinamentos de sua fé, interpretada como uma influência potencialmente perigosa ou até mesmo maligna. Apesar de seu amor e respeito pela família, Rafael sente-se compelido a expressar sua divergência e a oferecer conforto à sua maneira.

    Ele se aproxima delicadamente do grupo, seu semblante sério refletindo a profundidade de suas convicções.

    — Entendo a dor que estamos passando e o desejo de encontrar consolo — Rafael começa, escolhendo suas palavras com cuidado para não desmerecer a experiência de seus familiares, mas também para se manter fiel às suas crenças — Mas, na minha fé, acreditamos que a mediunidade não é o caminho. Os mortos serão julgados no tempo de Deus, na ressurreição.

    Percebendo os olhares confusos e até mesmo magoados direcionados a ele, Rafael suaviza sua voz, impulsionado pelo amor que sente por sua família.

    — Por isso, eu gostaria de oferecer uma oração não apenas por Aninha, que agora está aos cuidados do Senhor, mas por todos nós, vivos, para que encontremos força, conforto e guia nos ensinamentos de Jesus Cristo. Para que, juntos, possamos atravessar este momento com fé e esperança.

    Sem esperar uma objeção, Rafael inicia uma oração, sua voz firme ecoando no silêncio que se segue. Ele ora por conforto para os corações enlutados, por sabedoria para enfrentar os desafios vindouros e por união entre os membros da família, apesar das diferenças de crença.

    Esse gesto de Rafael, embora oriundo de uma discordância fundamental com as práticas e crenças espirituais de parte de sua família, é também um ato de amor e de cuidado. Ele busca oferecer suporte à sua maneira, ressaltando a complexidade das dinâmicas familiares em tempos de crise. Sua oração se torna um momento de reflexão para a família, um lembrete da multiplicidade de caminhos para encontrar consolo e força, e da importância da tolerância e do respeito mútuo diante da diversidade de fé e crença.

    Enquanto a família navega pelas águas turbulentas do luto e da diferença de crenças, Gabriel, o estudioso filosófico da família, encontra em Beatriz, sua irmã e companheira de questionamentos profundos, uma ouvinte atenta para suas reflexões. Percebendo a tensão entre as várias formas de buscar conforto e compreensão diante da perda, Gabriel decide compartilhar uma perspectiva diferente, baseada nos ensinamentos de alguns dos filósofos mais influentes da história.

    — Beatriz — Gabriel começa, seu tom refletindo uma mistura de serenidade e profundidade — em momentos como este, eu não posso deixar de pensar nas ideias de Platão, Sócrates e Plotino sobre a alma e a eternidade. Platão falava da alma imortal, que apenas se separa do corpo físico para continuar sua jornada em busca da verdade e do bem. Sócrates, por sua vez, encarava a morte como uma libertação, uma passagem para um lugar onde a alma poderia alcançar um conhecimento mais puro, livre das limitações do corpo.

    Ele pausa, observando a reação de Beatriz, antes de continuar:

    — E Plotino, com sua ênfase na unidade de todas as coisas e na ascensão da alma ao Uno, onde não existe dor nem sofrimento, mas apenas a existência pura, bela e verdadeira. Essas ideias, embora possam parecer distantes ou abstratas, oferecem um tipo de consolo que transcende o físico, sugerindo que o que perdemos no plano material talvez encontre uma forma de continuidade e propósito em um nível mais elevado de existência.

    Beatriz, sempre reflexiva, acolhe as palavras de Gabriel com um aceno pensativo.

    — É uma perspectiva reconfortante — ela responde — pensar que Aninha, agora livre das limitações deste mundo, possa estar em um estado de conhecimento e existência que nós apenas podemos imaginar. Que, de alguma forma, ela está em sua própria jornada em busca da verdade e da beleza, daquilo que é bom e eterno.

    Essa troca entre Gabriel e Beatriz não só ilumina a diversidade de crenças e esperanças que coexistem dentro da família, mas também destaca a capacidade humana de encontrar significado e consolo em uma ampla gama de pensamentos e filosofias. Embora sua fé na mediunidade os conecte a uma compreensão espiritual do universo, o recurso à filosofia oferece uma camada adicional de conforto, sugerindo que, nas palavras e ideias dos filósofos, podem encontrar uma compreensão mais profunda do ciclo da vida, da morte e do que pode vir depois.

    Marcelo, envolto na névoa de dor e busca por compreensão que o velório de sua filha Aninha instilou, dirige-se em pensamento a Henrique, seu mentor espiritual. Com os olhos ainda fixos na visão serena de Aninha ao lado de Henrique, Marcelo questiona, sua mente tocada pela tristeza e pela urgência de encontrar algum sentido na partida precoce de sua filha:

    — Por que, querido mentor, Aninha teve que partir agora?

    Henrique, cuja presença é tão tranquilizadora quanto sábia, responde não com palavras, mas com uma onda de amor e compreensão que envolve Marcelo, uma comunicação silenciosa que transcende a linguagem humana. Ele transmite a Marcelo uma visão mais ampla da existência, uma perspectiva onde cada alma tem seu caminho, suas lições a aprender e ensinamentos a oferecer, tanto na vida física quanto no plano espiritual.

    Henrique compartilha com Marcelo a noção de que a partida de Aninha, embora profundamente dolorosa para aqueles que ficaram, faz parte de um desígnio maior, inacessível na totalidade pela compreensão humana limitada. Ele lembra a Marcelo que a vida e a morte são duas faces da mesma realidade espiritual, etapas de um ciclo contínuo de crescimento e evolução. Aninha, em sua pureza e brevidade de vida, trouxe lições de amor, vulnerabilidade e a beleza da existência efêmera, tocando profundamente as almas ao seu redor.

    Henrique enfatiza que, embora a dor da perda pareça insuperável, ela também abre portas para o crescimento espiritual, aprofundando a capacidade de amar, de sentir empatia e de se conectar com os outros de maneira mais significativa. Ele encoraja Marcelo a abraçar a dor, não como um fim, mas como parte de uma jornada maior de aprendizado e descoberta.

    Por fim, Henrique assegura a Marcelo que Aninha está em paz, envolta em amor e luz, e que as conexões de amor transcendem a

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