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Joseph Gleber
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E-book449 páginas5 horas

Joseph Gleber

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Sobre este e-book

Embarque em uma jornada extraordinária com Joseph Gleber, um espírito que atravessou épocas e desafiou regimes opressores. Neste livro revelador, Gleber narra sua vida como físico na Alemanha nazista, onde arriscou tudo para combater os horrores de Hitler, até sua atuação espiritual no Brasil, guiando médiuns e combatendo ideologias extremistas modernas. Com uma narrativa que entrelaça história, espiritualidade e esperança, este livro não é apenas uma crônica de eventos passados, mas um chamado à reflexão e ação no presente. Descubra como a luta de Gleber contra a intolerância e a opressão ecoa até hoje, inspirando uma nova geração a defender a justiça, a compaixão e a igualdade. Joseph Gleber: O Físico que Desafiou Hitler é mais do que uma história de vida; é um manifesto pela humanidade, uma lição de coragem e um convite para sermos agentes de mudança em um mundo que ainda enfrenta as sombras do passado.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento25 de fev. de 2024
Joseph Gleber

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    Joseph Gleber - Edomberto Freitas Alves Rodrigues

    Joseph Gleber

    O físico que desafiou Hitler

    Edomberto Freitas Alves Rodrigues

    Clube de Autores (Independente)

    O autor

    Edomberto Freitas Alves Rodrigues. Formado em História pela UFMG e Filosofia pela PUC-MG. Professor de história em BH e Betim. Pesquisador de espiritualidade e filosofia. Escreveu a coleção Religare e outros livros espiritualistas. Agora ele traz seu novo romance: JOSEPH GLEBER, O FÍSICO QUE DESAFIOU HITLER. Nele, o leitor encontrará várias questões filosóficas e de autoconhecimento. Essa obra não se desconecta das anteriores, pois ainda apresenta as buscas e pesquisas espiritualistas do autor.

    Capa: Edomberto Freitas

    Imagem de fundo:Imagem de https://br.freepik.com/fotos-gratis/paisagem-de-guerra-e-conflito-com-pessoas-lutando_32879550.htm#page=2&query=segunda%20Guerra%20Alemanha&position=27&from_view=search&track=ais&uuid=2fa520ca-33f1-4db2-ad07-77138bf48d60>Freepik

    Introdução dos capítulos: Imagem de https://br.freepik.com/fotos-gratis/paisagem-de-guerra-e-conflito-com-baixo-angulo-de-tanque_32879554.htm#page=2&query=Alemanha%20segunda%20Guerra&position=4&from_view=search&track=ais&uuid=22015b77-fd12-46ed-ab2f-b820ef370980>Freepik

    Sumário

    Introdução

    Raízes

    Minha vida dupla

    Crise, família e preconceito

    A sombra de Hitler

    A medicina da alma

    Quero um amor

    Minha paixão pela física

    A ascensão de Hitler

    Perseguição ao judeus

    Fisica: paixão e perigo

    Pesquisando para Hitler

    Jornadas astrais

    Encontro com Heisenberg

    A Solução Final

    A descoberta

    Trabalhando no astral

    Obervando do astral

    Entrevistando Marx

    Entrevistando Freud

    Entrevistando Gandhi

    Entrevistando Luther King

    Entrevista com Lévinas

    Entrevista com Vicktor Frankl

    Entrevista com Habermas

    Entrevista com Tesla

    Entrevista com Nietzshe

    Entrevista com Hegel

    Entrevista com Spencer

    A caminho do Brasil

    As distorções da mediunidade

    O perigo do fascismo

    Minha reencarnação

    Eu sou Joseph Gleber, um espírito conhecido por seu trabalho junto a diversos médiuns no Brasil. No entanto, antes de ser uma voz do além, eu fui um homem de carne e osso, com ambições, amores e desafios. Minha jornada terrena foi marcada por decisões difíceis, que repercutem até hoje nas lições que transmito.

    Nascido na Alemanha no início do século XX, minha vida foi um reflexo das turbulências da época. Filho de uma família judia em um país que logo seria consumido pelo ódio do nazismo, minhas primeiras lutas foram contra o preconceito e a exclusão. Desde jovem, apaixonei-me pela ciência, especialmente pela física, vendo nela uma forma de entender e, talvez, melhorar o mundo.

    No entanto, o mundo que eu ansiava melhorar logo mostrou sua face mais sombria. À medida que crescia em minha carreira, a Alemanha também mudava, e eu me vi em um dilema que testaria não apenas meu intelecto, mas também minha moral e minha alma. Como cientista, eu estava na vanguarda das pesquisas atômicas, mas como homem, eu testemunhava o abuso desse conhecimento em prol de uma guerra que eu não podia apoiar.

    Foi em meio a essa tempestade que tomei minha decisão mais desafiadora: retardar minhas pesquisas para evitar que o regime nazista construísse a bomba atômica. Eu sabia que, ao fazer isso, colocaria não só a mim, mas também à minha amada esposa Herta e aos nossos dois filhos, em perigo mortal. Mas a alternativa – o sucesso do Terceiro Reich em suas ambições nucleares – era algo que eu não podia permitir.

    Agora, do outro lado da vida, olho para trás não com arrependimento, mas com a convicção de que fiz a escolha certa. Meu sacrifício, e o de minha família, foi um pequeno preço a pagar pela humanidade. E é essa mensagem que eu trago hoje, através dos médiuns com quem trabalho, uma mensagem de coragem diante da adversidade, de lutar pelo que é certo, mesmo quando o custo é inimaginavelmente alto.

    Continuando minha jornada espiritual, dedico-me agora a ajudar aqueles que enfrentam seus próprios dilemas morais, inspirando-os a escolher o caminho da integridade e da verdade. E, talvez, através dessas palavras e dos ensinamentos que compartilho, eu possa continuar a fazer a diferença no mundo, de uma maneira que nunca imaginei enquanto estava vivo.

    Quero contar minha história, não para causar comiseração, mas para inspirar meus amigos humanos a sempre tomarem as decisões corretas, independente dos seus custos. É uma lição que aprendi com um custo pessoal muito alto, mas que carrego como um símbolo de honra e propósito.

    A Alemanha da minha juventude era um caldeirão de mudanças políticas e sociais. Crescer nesse ambiente me ensinou a importância da resiliência e da coragem. Vi o mal se erguer, vestido com a promessa de glória e poder, mas enraizado na intolerância e ódio. Naquela época, a ciência era minha paixão e refúgio, mas logo se tornou um campo de batalha ético.

    Como cientista, eu tinha o poder de influenciar o curso da guerra. Esta responsabilidade pesava sobre meus ombros todos os dias. Meu trabalho em energia nuclear, que começou com a promessa de avanço e descoberta, rapidamente se transformou em uma corrida armamentista mortal. A cada dia que passava no laboratório, eu sentia o peso de uma escolha iminente: continuar meu trabalho, sabendo que poderia levar à destruição em massa, ou atrasá-lo, arriscando tudo o que eu amava.

    Escolhi o caminho da resistência. Sabia que ao retardar minhas pesquisas, estava desafiando um dos regimes mais brutais da história. Mas dentro de mim, uma voz insistia que era o certo a fazer. Foi uma luta interna, entre meu dever como cientista e minha moral como ser humano.

    Minha decisão não veio sem um preço terrível. Eu e minha família pagamos com nossas vidas. Mas, olhando para trás, da perspectiva do mundo espiritual, vejo que minha escolha teve um impacto maior do que eu poderia imaginar. Não era apenas sobre a guerra; era sobre defender valores humanos universais - integridade, compaixão e a coragem de se opor ao mal.

    Assim, ao compartilhar minha história, desejo transmitir essa mensagem: as escolhas difíceis muitas vezes definem nosso verdadeiro caráter. Elas têm o poder de alterar não apenas o curso de nossas vidas, mas também o de muitos outros. Meu desejo é que, ao ouvir minha jornada, você encontre a coragem de enfrentar suas próprias batalhas, grandes ou pequenas, com a convicção de que o caminho certo, embora árduo, é sempre o mais gratificante.

    Enquanto me preparo para embarcar em uma nova jornada, gostaria de compartilhar com vocês uma história que transcende o tempo e o espaço, entrelaçando as experiências do passado, as reflexões do presente e as esperanças para o futuro. Esta é uma história de luta, de amor e de aprendizado espiritual, contada não apenas através de palavras, mas também através das vibrações da alma.

    Nas páginas que se seguem, vocês encontrarão não apenas a narrativa da minha vida, mas também reflexões sobre os desafios e as belezas da existência humana. Desde os dias sombrios da Alemanha sob o jugo do nazismo até os momentos de esperança e renovação no Brasil, cada capítulo é um pedaço do mosaico da vida, repleto de lições e inspirações.

    Com a orientação do meu mentor espiritual, Elior, mergulhei em diálogos profundos e reveladores, explorando os aspectos filosóficos, sociais e espirituais que formaram a base e a distorção do nazismo. Cada entrevista é um passo em direção à luz da compreensão, em meio à escuridão de um período que manchou para sempre a história da humanidade.

    Este livro é um convite a todos vocês para refletirem comigo, para entendermos juntos as complexidades do ser humano e da sociedade, e para nos empenharmos em construir um mundo mais justo e consciente. Que as páginas a seguir iluminem não apenas a mente, mas também o coração.

    Este livro é um convite para vocês embarcarem comigo nesta jornada de descoberta e transformação. Juntos, exploraremos os recantos do coração humano, enfrentaremos as sombras do passado e acenderemos juntos a chama da esperança para um futuro mais brilhante.

    Que minha história seja um farol para todos aqueles que buscam a luz em tempos de escuridão, um lembrete de que, mesmo nas horas mais sombrias, a esperança e a verdade prevalecem. E que, em cada decisão que enfrentamos, temos a oportunidade de deixar um legado de coragem e integridade.

    Que estas palavras sirvam não apenas como um relato do passado, mas como um farol para o presente e um guia para o futuro. Que possamos aprender juntos, crescer juntos e, quem sabe, transformar juntos este mundo em um lugar de maior luz e amor.

    Joseph Gleber.

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    Raízes

    Nasci na cidade de Offenbach, Alemanha, no seio de uma família judia, no dia 15 de agosto de 1904. Offenbach, uma cidade ribeirinha pulsante com a energia da indústria e do comércio, era o cenário de minha infância. Mas, para mim e minha família, essa energia era frequentemente ofuscada pelas sombras do preconceito e da incerteza.

    Meus primeiros anos foram marcados por uma mistura de alegrias simples e desafios complexos. Enquanto brincava nas ruas de paralelepípedos de nossa vizinhança e explorava as margens do rio Meno, eu também testemunhava as tensões crescentes contra o povo judeu. Essas experiências iniciais com o antissemitismo foram confusas e assustadoras para uma criança, mas também me ensinaram a resiliência e a importância da comunidade e da família.

    Meus pais, embora frequentemente preocupados com o clima social e político, fizeram de tudo para proporcionar a mim e meus irmãos uma educação sólida e um lar cheio de amor e cultura. Nosso lar era frequentemente preenchido com música, debates intelectuais e histórias das tradições judaicas, que me fascinavam desde cedo.

    A escola, no entanto, era um mundo diferente. Lá, eu enfrentava olhares curiosos e comentários maldosos. Ainda assim, era um aluno ávido, apaixonado pelo aprendizado. A física, em particular, capturou minha imaginação. Era um campo onde eu via ordem e beleza em meio ao caos do mundo ao meu redor. Era também um refúgio, onde eu poderia escapar das realidades mais duras da minha existência.

    Apesar das dificuldades, minha infância foi repleta de momentos de felicidade genuína e amor incondicional. Esses momentos me deram força para enfrentar os desafios que estavam por vir. Foi em Offenbach que aprendi a valorizar o conhecimento, a compreender a importância da resistência moral e a nutrir um profundo senso de justiça - valores que guiariam o resto da minha vida.

    Olhando para trás, vejo agora como esses primeiros anos foram fundamentais na formação do homem que eu viria a ser. Foram anos que me ensinaram não apenas a sobreviver, mas a prosperar diante da adversidade, a buscar a verdade, e a lutar pelo que é justo.

    ***

    Quando a Primeira Guerra Mundial estourou, eu estava com dez anos. Era uma criança ainda, mas com uma percepção aguçada do mundo ao meu redor. Os anos entre 1914 e 1918 foram marcados por profundas mudanças, não só na Alemanha, mas em toda a Europa. Eu vi as ruas de Offenbach se transformarem. Onde antes havia alegria e comércio, agora havia tensão e medo.

    Durante esses anos, a guerra era um som de fundo constante em nossa vida. Notícias dos frontes chegavam diariamente, cada uma trazendo relatos de horror e desespero que eu mal conseguia compreender na época. Vi homens da nossa comunidade partirem para o front e muitos não retornaram. As histórias dos que voltaram eram sombrias, repletas de perda e sofrimento.

    Os horrores da guerra não se limitavam aos campos de batalha. Eles reverberavam em nosso cotidiano, na escassez de alimentos e na crescente pobreza. As dificuldades econômicas eram visíveis em cada esquina, e mesmo como criança, eu sentia o peso da incerteza que pairava sobre nossas cabeças.

    Minha família, embora tentasse me proteger das realidades mais cruéis, não podia esconder completamente os efeitos da guerra. Meu pai, que sempre foi um homem de fé e esperança, tornou-se mais silencioso, contemplativo. Minha mãe, uma fonte constante de carinho e apoio, lutava para manter a normalidade em nossa casa, apesar das crescentes dificuldades.

    À medida que a guerra avançava, eu crescia não só em idade, mas em compreensão. Aos catorze anos, quando a guerra finalmente acabou, eu já não era mais a criança inocente que fui quando ela começou. Os horrores que presenciei, as histórias de perda e sofrimento, moldaram profundamente minha visão de mundo.

    Esses anos de conflito me ensinaram sobre a fragilidade da vida humana e a importância da paz. Eles me fizeram questionar a natureza da humanidade e o sentido de justiça. Essas reflexões, que começaram na minha juventude durante a guerra, seriam fundamentais nos anos que se seguiram, guiando minhas escolhas e meu caminho na vida adulta.

    Ao olhar para trás, vejo esses anos sombrios como um período de crescimento acelerado, onde a inocência foi substituída por um entendimento precoce da complexidade do mundo. Foi durante a Primeira Guerra Mundial que comecei a forjar meu caráter e a moldar os valores que me definiriam nos anos mais desafiadores que ainda estavam por vir.

    ***

    Com o fim da Guerra, em vez de alívio e paz, veio uma nova onda de desafios. A Alemanha estava mergulhada em uma crise econômica profunda, e a instabilidade política se tornou a norma. Esses eram tempos de incerteza e medo, onde a esperança de dias melhores parecia um sonho distante.

    A hiperinflação devastou nossa economia. Vi o valor do dinheiro desaparecer quase da noite para o dia, enquanto os preços dos alimentos e necessidades básicas disparavam. Famílias, antes estáveis, lutavam para sobreviver. Nossa própria família não foi poupada; meu pai, que sempre trabalhou duro, encontrava cada vez mais dificuldades para manter as despesas da casa. Essa era uma realidade que muitos ao nosso redor enfrentavam, e a solidariedade tornou-se nosso recurso mais valioso.

    Nas ruas, a agitação política era palpável. Partidos de todos os espectros lutavam pelo poder, e com eles vieram ideologias extremas. Foi neste clima de caos que o nacionalismo começou a ganhar força, alimentado pela humilhação do Tratado de Versalhes e pelo desejo de uma Alemanha revigorada. Observava-se um crescente ressentimento contra os judeus, que muitos injustamente culpavam pela derrota na guerra e pelas dificuldades econômicas.

    Eu, ainda um jovem, assistia a essas transformações com um misto de confusão e preocupação. A instabilidade do meu país tornou-se o pano de fundo da minha adolescência, influenciando minhas perspectivas e aspirações. Comecei a entender que o mundo era muito mais complexo e perturbado do que eu imaginava. Essa compreensão me fez buscar refúgio no estudo, onde encontrava um sentido de ordem e propósito.

    Foi durante essa época turbulenta que decidi dedicar minha vida à ciência, na esperança de que, de alguma forma, pudesse contribuir para um mundo melhor. Eu não sabia então, mas os anos de crise que seguiram o fim da guerra me preparavam para os desafios ainda maiores que eu enfrentaria no futuro.

    Olhando para trás, percebo que a adversidade que vivi nesses anos formativos foi essencial para moldar minha determinação e força de caráter. Ensinou-me a importância da resiliência, da compaixão e da busca incansável pela verdade, valores que seriam meus guias nas décadas que se seguiram.

    ***

    Foi nesse cenário turbulento e incerto que minha paixão pela física e pela medicina surgiu. Em um mundo que parecia desmoronar sob o peso do caos, a física me oferecia a beleza da ordem e da lógica. Ela era uma janela para um universo regido por leis imutáveis, um contraponto à desordem que me cercava. Cada equação que aprendia, cada conceito que desvendava, era um passo em direção a um entendimento mais profundo do mundo, uma fuga temporária das dificuldades do cotidiano.

    A medicina, por outro lado, representava a compaixão humana e a luta contra as adversidades da vida. Era a ciência que lidava diretamente com a fragilidade e a resiliência do ser humano. Nos hospitais e clínicas que visitei, vi a dor, mas também vi a esperança e a força do espírito humano. A medicina era uma forma tangível de fazer a diferença, de aliviar sofrimentos e salvar vidas.

    Esses dois campos, tão diferentes e ainda tão profundamente interligados, tornaram-se os pilares sobre os quais construí minha vida acadêmica e profissional. Eles me ofereceram não apenas um caminho de carreira, mas uma missão: entender os mistérios do universo e usar esse conhecimento para melhorar a condição humana.

    Neste período de minha vida, dediquei-me intensamente aos estudos. A biblioteca tornou-se meu refúgio, e os livros, meus mais valiosos companheiros. No silêncio das noites de estudo, eu sentia que estava construindo os alicerces para um futuro no qual eu poderia, de alguma forma, contribuir para um mundo mais justo e pacífico.

    Meus pais, percebendo minha dedicação e paixão, apoiaram-me da melhor forma que podiam, apesar das nossas limitações financeiras. Eles viam na educação não apenas uma oportunidade de ascensão pessoal, mas também uma forma de resistência, um ato de afirmar nossa humanidade e nosso direito a um futuro melhor.

    A paixão pela física e pela medicina tornou-se, assim, a luz que me guiava através da escuridão dos tempos difíceis. Ela me dava propósito e direção, ajudando-me a navegar pelas águas turbulentas da minha juventude e a emergir como um homem pronto para enfrentar os desafios que o destino reservava para mim.

    ***

    Nada me incomodava mais do que as injustiças com os mais fracos. Crescendo em uma época e lugar onde a desigualdade e o preconceito eram prevalentes, testemunhei inúmeras vezes o sofrimento daqueles que não tinham voz. Essas experiências moldaram profundamente minhas convicções e meu senso de responsabilidade para com os outros.

    Desde cedo, eu sentia um impulso incontrolável de agir contra as injustiças que via ao meu redor. Essa indignação não se limitava apenas aos maus-tratos sofridos pela comunidade judaica, mas se estendia a qualquer forma de opressão e desumanização. Era como se cada história de sofrimento que eu ouvia, cada rosto marcado pela dor, deixasse uma cicatriz em minha própria alma.

    Essa sensibilidade para com as injustiças se tornou um dos principais motores da minha vida. Na escola, eu era frequentemente o aluno que defendia colegas mais fracos quando eles eram alvo de intimidações. Essas ações, embora pequenas, eram a minha forma de resistir ao que via como errado e injusto.

    Na medicina, essa paixão por justiça encontrou um campo fértil. Eu via a profissão médica não apenas como uma maneira de curar doenças físicas, mas também como uma oportunidade de aliviar o sofrimento humano em um sentido mais amplo. Queria usar meus conhecimentos para ajudar aqueles que eram frequentemente esquecidos e negligenciados pela sociedade.

    Em minha jornada através da física, também encontrei maneiras de combater injustiças. Acreditava que a ciência tinha o poder de nivelar campos desiguais, oferecendo compreensão e soluções que poderiam melhorar a vida de todos, não apenas de uma elite privilegiada. Para mim, cada descoberta científica era uma chance de fazer do mundo um lugar mais justo e equilibrado.

    Ao refletir sobre essa fase da minha vida, vejo como a aversão às injustiças foi fundamental para me guiar em meus estudos e na minha carreira. Foi essa paixão por justiça que, em última análise, definiu o curso da minha vida, impulsionando-me a tomar decisões difíceis e a enfrentar desafios formidáveis, tanto pessoais quanto profissionais.

    Na minha luta contra as injustiças, encontrei tanto propósito quanto dor. Mas, apesar dos desafios, eu jamais poderia ignorar esse chamado interno. Era uma parte inextricável de quem eu era - e de quem eu continuaria a ser, através das várias fases da minha vida.

    Abertura capítulo 02.jpg

    Minha vida dupla

    Como todo ser humano, eu tinha uma vida dupla que só descobri após desencarnar. À noite, enquanto meu corpo físico repousava, eu me desdobrava no corpo astral, embarcando em jornadas que transcendiam o mundo material. Nessas jornadas, eu era orientado por um mentor espiritual, uma presença sábia e iluminada que eu vim a conhecer como Elior.

    Elior, cujo nome significa Meu Deus é Luz, foi mais do que um guia; ele foi um professor, um protetor, e uma fonte de sabedoria profunda. Sob sua tutela, eu explorava dimensões espirituais que ampliavam meu entendimento da realidade. Ele me ensinou sobre as leis universais, sobre o carma e a importância do crescimento espiritual.

    Nessas viagens astrais, Elior mostrava-me a interconexão de todas as coisas e como cada ação no plano físico reverbera no espiritual. Ele me ajudou a entender que a vida não é um conjunto de experiências isoladas, mas um contínuo de aprendizados que se estende além da existência física.

    Com Elior, aprendi a olhar para minhas lutas e desafios sob uma perspectiva mais elevada. Ele me ensinou a encontrar significado e propósito mesmo nas experiências mais dolorosas, mostrando como cada dificuldade era uma oportunidade de fortalecer minha alma.

    Essas experiências noturnas com Elior equilibravam minha vida diurna, fornecendo-me uma fonte de força interior e uma perspectiva mais ampla sobre minha jornada terrena. Mesmo sem a consciência plena dessas viagens enquanto estava encarnado, elas influenciavam minhas decisões e ações, guiando-me de maneiras que só vim a compreender plenamente depois de deixar o plano físico.

    Ao revelar essas jornadas astrais e a influência de Elior, busco compartilhar uma dimensão mais profunda da minha existência. Uma dimensão que, embora oculta aos olhos físicos, foi fundamental na formação do homem que eu fui, e do espírito que eu sou agora.

    Quando eu acordava após essas viagens astrais, não me lembrava conscientemente das lições aprendidas com Elior. No entanto, no fundo do meu ser, essas experiências reverberavam, influenciando meus dias de maneira sutil, mas profunda. Pensamentos e intuições que eu acreditava serem exclusivamente meus, na realidade, eram ecos das orientações de Elior que se manifestavam no meu inconsciente.

    Essas ideias surgiam frequentemente nos momentos mais inesperados: durante um experimento no laboratório, em uma conversa casual, ou mesmo em momentos de reflexão silenciosa. Eram como sussurros da alma, guiando-me suavemente, mas com firmeza, ao longo do caminho que eu deveria seguir.

    Essa influência inconsciente se manifestava de várias formas. Às vezes, era uma súbita compreensão ou um lampejo de inspiração que resolvia um problema complexo. Em outras ocasiões, era uma sensação profunda de paz e aceitação diante de uma situação difícil. Ou poderia ser uma onda de compaixão por alguém em sofrimento, impelindo-me a agir e ajudar.

    Gradualmente, comecei a perceber um padrão nesses pensamentos e intuições. Eles sempre me encorajavam a olhar além do óbvio, a buscar soluções criativas e a agir com integridade e empatia. Sempre me lembravam da importância de fazer escolhas que não apenas beneficiassem a mim, mas que tivessem um impacto positivo no mundo ao meu redor.

    Agora, do lado espiritual da vida, reconheço o quão significativas essas influências foram. Elior, mesmo que à distância, estava constantemente me moldando, me ajudando a desenvolver não apenas como cientista, mas como ser humano. Seu ensino sutil me preparou para enfrentar os desafios mais difíceis da minha vida, incluindo aqueles que exigiriam o maior sacrifício.

    Ao compartilhar essas experiências, espero iluminar a compreensão de que muitas vezes somos guiados de maneiras que não percebemos. As lições mais profundas podem não vir em forma de memórias claras, mas como sementes plantadas no nosso inconsciente, crescendo e florescendo quando mais precisamos delas.

    No plano espiritual, após minha passagem deste mundo, fui abençoado com a clareza de recordar inúmeros diálogos que tive com Elior durante minhas jornadas astrais. Essas conversas, repletas de sabedoria e orientação, foram um farol de luz em minha jornada, tanto na vida terrena quanto agora no plano espiritual.

    Esses diálogos, que outrora influenciavam meu subconsciente, agora se apresentam a mim com uma vividez impressionante. As palavras de Elior, ricas em conhecimento e compreensão, são tesouros que desejo compartilhar ao longo desta obra. Elas são mais do que meras lembranças; são lições eternas sobre a vida, o espírito e a interconexão de todas as coisas.

    Cada capítulo desta narrativa será permeado por esses diálogos esclarecedores. Eles revelarão não apenas o conhecimento que Elior me transmitiu, mas também como esses ensinamentos se entrelaçaram e moldaram os eventos da minha vida. Desde reflexões sobre a natureza da realidade até orientações sobre dilemas morais e éticos, essas conversas são janelas para uma compreensão mais profunda do universo e da jornada da alma.

    Por exemplo, lembro-me de uma conversa particularmente impactante que tivemos sobre a natureza do sofrimento e da resiliência humana. Elior disse-me algo que ressoou profundamente comigo, tanto naquela época quanto agora:

    — O sofrimento, Joseph, não é um fim em si mesmo, mas um caminho para a compreensão. Cada desafio que enfrentas é uma lição disfarçada, uma oportunidade para o crescimento da alma. A verdadeira resiliência não vem da evitação do sofrimento, mas do aprendizado e da transformação que ele possibilita.

    Essas palavras se tornaram um mantra para mim em momentos de dificuldade e dúvida. Ao compartilhar esses diálogos, espero proporcionar aos leitores uma fonte de inspiração e orientação, assim como Elior fez por mim. Eles são um convite para olhar além da superfície da existência física e reconhecer a profunda sabedoria que reside dentro de cada um de nós e em nossas experiências de vida.

    — Elior, meu coração está pesado com o sofrimento do meu povo. A injustiça e a crueldade contra os judeus são insuportáveis. Como posso encontrar paz sabendo que aqueles que amo enfrentam tamanha dor?

    — Joseph, é natural que teu coração sangre diante de tais atrocidades. A dor que sentes é um reflexo da tua empatia e humanidade. No entanto, lembra-te que cada alma trilha seu próprio caminho de aprendizado e evolução.

    — Mas como posso ficar parado enquanto a injustiça prevalece? Sinto-me impotente diante de tamanha adversidade.

    — A tua luta não é em vão, Joseph. Cada ação que realizas em nome da justiça e da compaixão reverbera através do universo. Tuas escolhas têm o poder de iluminar as sombras da ignorância e do ódio.

    — Mas por que tanta dor? Por que nosso povo deve sofrer assim?

    — O sofrimento, embora difícil, é muitas vezes um catalisador para a transformação profunda. Não é o sofrimento em si que importa, mas como ele é enfrentado. Em meio à escuridão, cada ato de bondade e resistência é uma centelha de luz que pode incendiar a alma para o crescimento e a mudança.

    — Então, o que devo fazer? Como posso usar minha dor para ajudar os outros?

    — Usa tua dor como uma fonte de força. Deixa que ela te motive a agir com coragem e compaixão. Lembra-te de que tuas habilidades, teu conhecimento e tua voz são ferramentas poderosas na luta contra a injustiça. Em tuas ações, sejam elas grandes ou pequenas, estás a pavimentar o caminho para um futuro mais luminoso.

    — Eu entendo, Elior. Vou usar minha dor não como um fardo, mas como um chamado para a ação. Farei tudo que estiver ao meu alcance para aliviar o sofrimento do meu povo e lutar contra a injustiça.

    — Joseph, é importante que entendas que, embora o sofrimento seja profundo e às vezes pareça insuportável, ele não é o fim da história. Todo esse sofrimento que testemunhas, toda essa injustiça que te dilacera por dentro, vai inspirar a criação de algo grandioso e duradouro: os direitos humanos. Esses princípios emergirão como um farol para guiar a humanidade em seu caminho para um futuro mais justo e compassivo.

    — Direitos humanos? Como isso pode surgir de tanta escuridão e dor?

    — A escuridão muitas vezes serve para nos lembrar da necessidade da luz. As atrocidades e as injustiças que vês agora estão despertando em muitos corações a necessidade urgente de proteção universal dos direitos e dignidades de todos os seres humanos, independentemente de sua raça, credo ou nacionalidade.

    — Isso significa que o sofrimento do meu povo não será em vão?

    — Exatamente. Este período sombrio da história servirá como um lembrete poderoso para as gerações futuras. As lições aprendidas com essas tragédias impulsionarão os povos e nações a se unirem em defesa da igualdade, da liberdade e da justiça. Os direitos humanos se tornarão um marco, um conjunto de princípios que guiará a humanidade em direção a uma convivência mais harmoniosa e respeitosa.

    — É uma visão reconfortante, mas ainda é difícil ver além da dor do presente.

    — É um desafio para todos os seres humanos olhar além da dor imediata. Mas lembra-te, Joseph, que a esperança é um elemento crucial na trama da história humana. Mantém essa visão de um futuro mais brilhante em teu coração, pois ela te dará força para continuar tua luta e fé para acreditar em um mundo melhor.

    No outro dia, após essas jornadas noturnas que eu mal recordava, despertava com as forças renovadas, embora estivesse incerto sobre a origem dessa energia revigorada. Era como se, durante o sono, algo profundo e misterioso ocorresse, infundindo em mim uma nova vitalidade e um sense de propósito.

    Essa sensação de rejuvenescimento não era meramente física; era uma renovação mental e espiritual. Sentia-me mais claro em meus pensamentos, mais resoluto em minhas decisões e, de alguma forma, mais alinhado com um propósito maior que parecia orientar minhas ações.

    Mesmo sem a lembrança consciente dos conselhos de Elior e das lições aprendidas no plano astral, essas experiências noturnas me deixavam com um sentimento de paz interior e uma perspectiva equilibrada sobre os desafios do dia. Era como se uma mão invisível me guiasse, ajudando-me a navegar pelas complexidades da vida com uma sabedoria que eu não sabia que possuía.

    À medida que os dias passavam, comecei a perceber um padrão: os dias após essas experiências inexplicáveis eram frequentemente marcados por avanços significativos, seja em minha pesquisa científica, no meu trabalho como médico, ou até mesmo nas interações pessoais. Parecia haver uma correlação direta entre esses amanheceres cheios de energia e os momentos de maior impacto e eficácia em minhas atividades

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