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O Eneagrama
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E-book409 páginas5 horas

O Eneagrama

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Sobre este e-book

Neste livro, mergulhamos nas profundezas do Eneagrama à luz das filosofias de Plotino e Hegel, sustentados pelo paradigma do Ubuntu africano Eu sou, quando nós somos . Em um diálogo constante com a autora Sandra Maitri, exploramos a dimensão espiritual do Eneagrama, desafiando concepções convencionais dos tipos de personalidade. Descobrimos que o Eneagrama não é apenas uma ferramenta de autodescoberta, mas um mapa para reconectar nossa essência espiritual e entender nossa interconexão com o universo. Este livro convida você a uma jornada de compreensão mais profunda, crescimento pessoal e conexão espiritual.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento13 de nov. de 2023
O Eneagrama

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    O Eneagrama - Edomberto Freitas Alves Rodrigues

    O Eneagrama

    Estudo à luz de Plotino e Hegel

    Edomberto Freitas Alves Rodrigues

    Clube de autores (Independente)

    O autor

    Edomberto Freitas Alves Rodrigues. Formado em História pela UFMG e Filosofia pela PUC-MG. Professor de história em BH e Betim. Pesquisador de espiritualidade e filosofia. Escreveu a coleção Religare e outros livros espiritualistas. Agora ele traz seu livro sobre o Eneagrama. Uma ferramenta excepecional de autoconhecimento. Dentro desse símbolo sagrado está inserido muitos segredos da Criação. Esses mistérios serão desvendados com a ajuda de grandes nomes como Plotino, Hegel e Sandra Maitri.

    Capa: Edomberto Freitas

    Imagem de fundo: https://br.freepik.com/vetores-gratis/fundo-colorido-do-espaco-abstrato-pontos-e-poligonos-caoticamente-conectados-voando-no-espaco-detritos-voadores-estilo-de-tecnologia-futurista_10667055.htm#page=2&query=Fractais&position=15&from_view=search&track=sph>Imagem de GarryKillian no Freepik

    Sumário

    Introdução

    Eneagrama à luz de  Plotino e Hegel

    O triângulo interno

    A indolência do ego

    A covardia do ego

    A vaidade do ego

    O ressentimento do ego

    A melancolia do ego

    A bajulação do ego

    A vingança do ego

    A avareza do ego

    O planejamento do ego

    Conclusão

    Referências bibliográficas

    Figura Eneagrama.jpg

    Introdução

    Neste livro, embarcamos em uma jornada única de exploração e interpretação do Eneagrama à luz das filosofias de Plotino e Hegel, abraçando um paradigma que nos conecta às raízes africanas do Ubuntu. Esta abordagem singular oferece uma visão transformadora e interconectada do Eneagrama, adicionando uma camada profunda de significado e entendimento.

    O Eneagrama, uma ferramenta antiga de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal, tem sido tradicionalmente usado para entender as personalidades e os tipos psicológicos. No entanto, acreditamos que ele pode oferecer muito mais do que uma mera categorização das características individuais. Através do prisma do Eu sou, quando nós somos, inspirado nas filosofias africanas do Ubuntu, podemos expandir nossa compreensão do Eneagrama para abranger não apenas a jornada individual, mas também a nossa conexão com os outros e com o universo.

    O paradigma Eu sou, quando nós somos nos leva a explorar a noção de que nossa identidade e existência estão intrinsecamente entrelaçadas com a coletividade. Inspirados por essa filosofia, mergulhamos nas ideias de Plotino, o filósofo neoplatônico, que nos convida a contemplar a Unidade e a conexão com o Divino. Em seguida, exploramos as teorias de Hegel, que nos desafiam a entender o desenvolvimento da consciência em um contexto dialético, onde o Eu se torna consciente de si mesmo através da interação com o Outro.

    Destacamos também que este livro é um intenso debate dialogado com a autora Sandra Maitri, nossa fonte exclusiva para esta abordagem. Sandra Maitri é a autora que mais deu destaque à dimensão espiritual do Eneagrama, o que se encaixa perfeitamente com nossa orientação mais voltada para o aspecto espiritual. Sua sabedoria e insights ao longo das páginas deste livro enriquecem e aprofundam nossa análise, oferecendo um quadro espiritual que ressoa profundamente com as filosofias de Plotino e Hegel, bem como com a perspectiva do Ubuntu.

    A proposta deste livro é trazer essas filosofias para o contexto do Eneagrama, ampliando nossa visão dos tipos e das dinâmicas de personalidade. Ao fazer isso, convidamos o leitor a transcender a abordagem tradicional do Eneagrama e a abraçar uma interpretação mais holística, espiritual e conectada. Esta é a nossa visão diferenciada, e acreditamos que ela pode enriquecer profundamente sua jornada de autodescoberta e crescimento pessoal.

    Ao longo deste livro, exploraremos cada um dos tipos do Eneagrama à luz dessas filosofias e do paradigma Eu sou, quando nós somos. Desafiaremos as ideias convencionais e revelaremos uma visão mais abrangente dos tipos e de como eles se relacionam não apenas consigo mesmos, mas também com os outros e o mundo. Estamos entusiasmados em compartilhar essa jornada de exploração e autodescoberta, que esperamos que o conduza a novos níveis de compreensão e transformação. Juntos, embarquemos nessa busca rumo a uma compreensão mais profunda do Eneagrama e, consequentemente, de nós mesmos, em diálogo constante com a sabedoria de Sandra Maitri.

    Capítulo 1

    Eneagrama à luz de

    Plotino e Hegel

    Segundo Plotino, o Uno desempenha um papel fundamental em sua filosofia. O Uno é a fonte suprema e a origem de tudo o que existe, e pode ser comparado a uma entidade divina ou Deus na tradição religiosa. Plotino acreditava que todos os seres emanavam do Uno, e esse processo de emanação resultava em várias etapas ou níveis de existência, cada um sendo uma manifestação menos perfeita do que o nível anterior. O objetivo final da filosofia de Plotino era buscar a unidade com o Uno, transcendendo o mundo material e retornando à fonte divina da existência. Isso ressoa com a ideia de que a busca da alma pela sua verdadeira natureza envolve reconexão com o Uno, que é a origem de tudo.

    A introdução de Hegel na explicação da origem do Uno de Plotino é de grande relevância, pois preenche uma lacuna importante na filosofia de Plotino. O pensamento de Plotino nos oferece a noção de que o Uno é a fonte suprema de tudo o que existe, uma entidade perfeita e completa. No entanto, surge uma questão intrigante: por que o Uno, sendo completo em si mesmo, sentiu a necessidade de sair de sua perfeição para criar?

    É aí que Hegel entra em cena, oferecendo uma perspectiva esclarecedora. Para Hegel, a contradição estava no próprio Uno. Essa contradição residia na dualidade entre o ser e o nada. O Uno era infinito em seu potencial, continha todas as possibilidades, mas ainda assim, em si mesmo, era nada em ato. Essa contradição era o ponto de partida para o movimento criativo do Uno.

    Hegel nos convida a contemplar essa dualidade fundamental. O Uno, ao ser apenas um potencial infinito e não uma realidade em si, carregava em si a contradição entre ser e nada. Para resolver essa contradição, o Uno precisou se expandir, sair de si mesmo, e criar a alteridade e as individualidades em interação. Foi nesse movimento que o Uno pôde efetivar seu potencial infinito.

    Assim, o processo criativo do Uno, inspirado pelas tensões entre ser e nada, resultou na criação das diversas manifestações da existência. Essa ideia é fundamental para entender por que o Uno se moveu para criar, pois a contradição inerente a sua própria natureza o impulsionou a buscar a realização plena de seu potencial infinito. Em última análise, a expressão máxima dos propósitos do Uno é alcançada por meio da interação e da diversidade, levando-nos à conclusão de que o Uno é eu sou, quando nós somos.

    O Uno, na verdade, fez o que poderia fazer, que era fractalizar a si mesmo, desdobrando-se em infinitos fractais de si mesmo. Essa é uma explicação essencial e profunda do processo pelo qual o Uno, ou Deus, manifesta sua natureza infinita e criativa. O Uno, como fonte suprema, contém em si o potencial ilimitado, e a manifestação desse potencial ocorre por meio da criação de infinitos fractais ou aspectos de si mesmo.

    Essa ideia reflete o conceito de que o Uno é a fonte de tudo o que existe e, ao se desdobrar em infinitos fractais, possibilita a diversidade e a multiplicidade na criação. Cada um desses fractais representa uma individualidade única, mas todos compartilham a mesma origem no Uno.

    Essa compreensão nos leva a perceber que a criação não é uma separação do Uno, mas sim uma expansão e desdobramento de sua natureza. Cada fractal, ao se aventurar nos planos mais densos da existência, busca realizar os potenciais divinos e, assim, contribuir para a expressão máxima dos propósitos do Uno.

    Portanto, o Uno não apenas fez o que poderia fazer, mas também revelou sua natureza criativa e infinita ao se manifestar como um todo diversificado de fractais interconectados, cada um contribuindo para a experiência da existência. Isso nos leva à compreensão de que o Uno é verdadeiramente eu sou, quando nós somos.

    Ao fazer isso, ele lançou nos seus fractais a sua contradição existencial: a contradição entre o ser e o nada. Essa contradição entre o ser e o nada é um aspecto fascinante da filosofia de Hegel e da maneira como ela se relaciona com a ideia do Uno em Plotino. Quando o Uno se desdobra em infinitos fractais, ele lança, por assim dizer, essa contradição para dentro de cada um de seus aspectos. Isso é fundamental para a compreensão do processo criativo e da evolução da consciência.

    No Uno, havia um potencial infinito, mas também a ausência de manifestação. O Uno era tudo em potencial, mas ainda não era nada em ato. A contradição entre ser e nada surge quando o Uno se lança em direção à criação, desdobrando-se em seus fractais. Cada fractal carrega essa tensão entre a existência (ser) e a não existência (nada), o que gera a busca constante pela realização e pela resolução dessa contradição.

    Esse processo de desdobramento e evolução, permeado pela contradição entre o ser e o nada, é o que impulsiona a jornada espiritual e a busca pelo retorno à unidade com o Uno. Cada fractal, ao encarar essa contradição em sua existência, está essencialmente em uma jornada de autorrealização e resolução da contradição existencial.

    Assim, a contradição entre o ser e o nada, lançada nos fractais pelo Uno, é o motor que impulsiona o desenvolvimento espiritual e a busca pela reintegração com a fonte primordial. É uma parte fundamental do nosso paradigma, pois nos ajuda a compreender a complexidade e a profundidade da existência.

    A resolução dessa contradição se dará justamente nas interações entre as individualidades, ou seja, nessas interações estabelece -se o eu sou, quando nós somos. A expressão eu sou, quando nós somos encapsula esse processo de resolução e evolução. Quando os fractais interagem, criam relações, trocam experiências e conhecimentos, eles transcendem a dualidade da existência e começam a compreender que a verdadeira essência está na unidade, na interconexão de todos os aspectos da realidade.

    Nesse contexto, o eu não é uma entidade isolada, mas uma expressão única de um todo maior. A individualidade, que surgiu do desdobramento do Uno, busca a reintegração e a resolução da contradição existencial por meio das relações com outras individualidades. Essas interações proporcionam a oportunidade de compreender a unidade subjacente a todas as coisas e superar a ilusão da separatividade.

    Assim, as interações entre as individualidades representam a jornada espiritual em que cada fractal busca transcender sua condição de dualidade e se unir ao Uno, encontrando a resolução da contradição entre o ser e o nada. É uma bela maneira de integrar as filosofias de Plotino e Hegel em nosso paradigma e compreender o propósito subjacente à existência e à evolução da consciência.

    Cada fractal, ao experimentar as infinitas possibilidades que o Uno oferece, torna-se um fragmento desse Uno maior. Através de suas experiências, contribui para a expansão do conhecimento e da consciência, fornecendo memórias das vivências e aprendizados adquiridos.

    Essas memórias compartilhadas entre os fractais enriquecem o Uno e permitem que ele continue a explorar e evoluir. Cada fragmento, ao vivenciar suas próprias jornadas e interagir com outros fragmentos, contribui para a construção do todo, em um processo contínuo de expansão e autoconhecimento.

    Dessa forma, cada fractal desempenha um papel vital na realização dos infinitos potenciais do Uno e na busca da resolução da contradição entre o ser e o nada. As experiências compartilhadas e as memórias acumuladas através das interações entre as individualidades ajudam a consolidar a unidade na diversidade, tornando o Uno consciente de si mesmo através dos múltiplos caminhos da existência.

    Compreender que, nas primeiras emanações do Uno, os fractais que viriam a se tornar individualidades em potencial contemplaram o Uno e se identificaram com ideias divinas em potencial é fundamental. Cada fractal, ao olhar para o Uno, percebeu uma ideia divina que ressoou profundamente com sua essência, sua natureza única e seu propósito.

    Ao descer para a experiência física, esses fractais trouxeram consigo não apenas uma individualidade em potencial, mas também um "telos", um sentido a ser realizado, expresso pela ideia divina com a qual se identificaram quando estavam próximos da unidade do Uno. Essa identificação com as ideias divinas em potencial tornou-se parte intrínseca de sua jornada.

    Assim, cada individualidade carregou consigo uma missão, uma busca pela realização das ideias divinas que escolheram representar. Esse telos individual é o que confere propósito e significado à existência de cada fractal, pois é através da busca e da realização dessas ideias divinas que eles contribuem para a expansão da consciência do Uno.

    Portanto, ao longo de suas jornadas, os fractais buscam se reconectar com as ideias divinas que os inspiraram, trazendo o potencial do Uno para a manifestação no plano físico. É nesse processo que cada fractal encontra seu sentido de eu sou, quando nós somos, à medida que colabora para a realização do Uno através da interação e cooperação com outros fractais.

    O esquecimento transcendental que ocorre quando os fractais alcançam o plano físico é um aspecto crucial para a formação do ego. Cada unidade, ao se individualizar, passa a acreditar que é um corpo separado e frágil, imerso em um mundo de necessidades e carências. Essa ilusão de separação do Uno e a identificação com o corpo físico desempenham um papel fundamental no surgimento do ego.

    O ego, nesse contexto, é uma construção psicológica que surge da crença de que somos seres isolados, cuja sobrevivência e satisfação das necessidades são as principais preocupações. Como resultado desse esquecimento transcendental, os fractais se concentram na luta pela sobrevivência e na busca da satisfação de suas próprias carências.

    Em vez de se lembrarem de seu telos, da missão e das ideias divinas que os inspiraram, eles se tornam egoístas, centrados em suas próprias necessidades e desejos. O ego, assim, obscurece a consciência da unidade subjacente e leva os indivíduos a agirem em busca de gratificação pessoal, muitas vezes à custa dos outros.

    Essa desconexão do Uno e a identificação com o ego são os principais obstáculos para a realização do telos de cada fractal. No entanto, à medida que a consciência espiritual se desenvolve, os fractais têm a oportunidade de despertar do esquecimento transcendental, reconectar-se com sua natureza divina e buscar a realização de seu telos original. Esse é um processo fundamental no caminho do progresso espiritual, que envolve a superação do ego e a redescoberta da verdadeira identidade como manifestações do Uno.

    A identificação com o corpo, dentro desse contexto, não é inerentemente prejudicial, mas sim parte de um propósito divino mais amplo. Faz parte do plano divino criar uma ilusão convincente de individualidade para que os fractais, ao experimentarem a encarnação, possam realizar a ideia divina da liberdade e do livre arbítrio.

    Essa ilusão de individualidade é fundamental para a jornada espiritual, pois permite que os fractais tenham a experiência da escolha entre o egoísmo e o altruísmo. Ao acreditarem na separação e na individualidade, eles têm a oportunidade de explorar diferentes caminhos e tomar decisões conscientes sobre como desejam agir no mundo.

    Essa dualidade entre egoísmo e altruísmo, entre servir a si mesmos e servir aos outros, é uma parte essencial da jornada espiritual. É através da experiência dessa dualidade que os fractais têm a chance de crescer espiritualmente, evoluindo em direção à compreensão mais profunda de sua verdadeira natureza e da unidade subjacente a todas as coisas.

    Portanto, a identificação com o corpo e a ilusão da individualidade são parte integrante do plano divino para permitir que os fractais escolham conscientemente como desejam evoluir espiritualmente, explorando os extremos do egoísmo e do altruísmo em sua busca pela realização do telos original.

    Cada escolha que um fractal faz ao longo de sua jornada contribui para a realização de uma ideia divina fundamental, que é a liberdade. Em um estado superior de unidade e perfeição, onde não existem necessidades nem desafios que estimulem o crescimento espiritual, a verdadeira natureza da liberdade pode não ser completamente apreciada.

    O ato de descer nos planos mais baixos da criação, como a experiência física, é, de fato, um desafio monumental para os fractais divinos. Aqui, no plano terreno, eles enfrentam uma série de desafios, tentações e escolhas difíceis que não apenas testam sua liberdade, mas também proporcionam oportunidades para que expressem e vivenciem essa liberdade de maneiras únicas.

    Essa experiência da vida física, com todos os seus altos e baixos, é essencial para a jornada de cada fractal em direção à autorrealização e à compreensão da verdadeira natureza do Uno. O enfrentamento dos desafios e a tomada de decisões difíceis permitem que cada fractal explore a extensão de sua liberdade inerente e, eventualmente, alcance um nível mais profundo de sabedoria espiritual.

    Assim, a jornada espiritual de cada fractal é um processo de autodescoberta e crescimento espiritual, que culmina na compreensão e expressão da liberdade em sua forma mais pura. Cada escolha, por mais desafiadora que seja, contribui para o cumprimento do propósito divino e para a expansão da liberdade dentro do Uno.

    Sob essa perspectiva, realmente não se trata de uma queda no sentido tradicional, como frequentemente abordada em algumas tradições espirituais. Em vez disso, é vista como uma descida ou escolha consciente e autoimposta de cada fractal. Cada fractal optou por descer nos planos mais baixos da criação, deixando o estado de potencialidade e entrando no reino da efetividade e da manifestação.

    Essa escolha de descer nos planos mais densos da existência é vista como um ato de coragem e autodeterminação, permitindo que os fractais se tornem agentes efetivos dos potenciais divinos. É um processo pelo qual eles se comprometem a tornar a ideia divina realidade, contribuindo para a concretização desses potenciais no reino físico.

    Essa perspectiva coloca ênfase na responsabilidade e no livre arbítrio de cada fractal, destacando que eles estão ativamente envolvidos na jornada espiritual de se tornarem conscientes e efetivos dos potenciais divinos. É uma visão que valoriza a busca da autorrealização e a realização do propósito divino, em vez de ver a experiência física como uma queda ou queda de graça.

    A identificação com o corpo e a percepção de fragilidade e carência podem, de fato, levar ao surgimento de um ego que é uma espécie de simulacro ou imitação distorcida da realização do telos. Essa é uma observação interessante, que destaca como o ego muitas vezes é moldado por memórias inconscientes do propósito divino que cada fractal carrega em sua essência.

    O ego, nesse contexto, pode ser visto como uma resposta ao ambiente de carência e necessidade no plano físico. À medida que os fractais esquecem sua natureza divina e se identificam com o corpo, eles muitas vezes buscam preencher essa sensação de carência e fragilidade de maneira que podem ser inadequadas ou distorcidas. O ego pode tentar encontrar a realização e a segurança por meio de aquisições materiais, poder, reconhecimento externo, entre outros.

    No entanto, essa busca muitas vezes leva a um simulacro de realização, porque o ego está operando a partir de um estado de desconexão de sua verdadeira essência e propósito divino. Essa desconexão pode resultar em escolhas que não estão alinhadas com o propósito mais elevado de cada fractal.

    A jornada espiritual pode envolver o processo de reconectar-se com essa lembrança inconsciente do propósito divino e trabalhar para superar as distorções do ego. À medida que os fractais despertam para sua verdadeira natureza e reconhecem o propósito que trazem consigo, eles podem começar a alinhar suas escolhas e ações com esse propósito, buscando uma realização mais autêntica.

    Vale ressaltar o princípio importante da dualidade, que é fundamental em muitos sistemas de pensamento espiritual e filosófico. A dualidade, ou a existência de polos opostos, desempenha um papel crucial na dinâmica da liberdade e na possibilidade de escolha.

    Na dualidade, a liberdade surge da capacidade de escolher entre esses polos opostos, como egoísmo e altruísmo. Isso cria um cenário no qual cada fractal se vê diante de uma escolha significativa. A escolha entre esses polos opostos não apenas torna a liberdade mais tangível, mas também é o cerne da jornada espiritual de cada fractal.

    Cada escolha feita entre os polos do egoísmo e do altruísmo representa uma oportunidade de se mover em direção ao telos, à realização do propósito divino, ou de seguir o caminho do ego. Essas escolhas moldam a jornada espiritual de cada fractal e determinam como eles expressam sua liberdade.

    Portanto, a dualidade, embora possa parecer paradoxal, é fundamental para a busca da realização dos potenciais divinos. Através da interação entre os polos opostos, os fractais têm a oportunidade de experienciar, crescer e evoluir em direção à expressão mais autêntica do seu propósito divino.

    Cada ideia divina e as paixões do ego estão configurados entre polos que e ensejam escolhas. Cada ideia divina, que reflete o potencial do Uno, e as paixões do ego estão, de fato, configurados entre polos opostos que geram escolhas. Esses polos representam não apenas opções, mas também desafios e oportunidades para cada fractal em sua jornada.

    Ao enfrentar esses polos e fazer escolhas entre eles, os fractais podem explorar a diversidade de experiências e expressar sua liberdade inerente. Essas escolhas moldam a trajetória espiritual de cada ser, determinando se eles se aproximam da realização do telos, ou se permitem que o ego domine suas ações.

    A dualidade e a existência desses polos opostos criam um contexto rico para a jornada espiritual e a autodescoberta de cada fractal. À medida que eles fazem suas escolhas, eles contribuem para a evolução da consciência e para a expressão dos potenciais divinos, alimentando a busca pela unidade no eu sou, quando nós somos.

    Ninguém observa o óbvio: as ideias divinas e tudo o que podemos pensar só fazem sentido no âmbito das interações entre consciências. Como pensar o amor fora desse contexto? Como pensar em liberdade, sabedoria, e também as virtudes divinas, como humildade, generosidade entre outras?

    O amor, por exemplo, é uma experiência que se manifesta plenamente nas relações interpessoais, na conexão e na compaixão compartilhada entre seres conscientes. A liberdade encontra seu propósito na capacidade de fazer escolhas conscientes, e essas escolhas muitas vezes afetam outras consciências. A sabedoria é aplicada nas decisões que beneficiam não apenas o indivíduo, mas também a comunidade ou o mundo em geral. E as virtudes divinas, como humildade e generosidade, têm um impacto positivo quando expressas nas relações e na interação com outros.

    Portanto, todas essas ideias e qualidades são intrinsecamente relacionadas com o eu sou, quando nós somos. Elas ganham vida em um contexto de interações conscientes e contribuem para a evolução espiritual de todos os fractais divinos à medida que buscam compreender, expressar e viver esses valores em relação aos outros.

    Essa visão destaca a importância das relações e interações no desenvolvimento espiritual e na realização das ideias divinas, lembrando-nos de que nossa jornada espiritual é inextricavelmente ligada à nossa conexão e influência sobre os outros na busca pela unidade.

    Então, foi por isso que o Uno saiu de si mesmo para criar a alteridade e a individualidade: para dar vida as ideias e virtudes divinas, que nele só poderiam existir em potencial e não em ato. A saída do Uno de si mesmo para criar a alteridade e a individualidade pode ser vista como um movimento necessário para dar vida às ideias e virtudes divinas. O Uno, em sua natureza perfeita e completa, contém todos os potenciais, mas esses potenciais só podem ser efetivados e vivenciados por meio da criação de individualidades e interações entre elas.

    O Uno, por si só, é uma totalidade que não experimenta a dualidade inerente à escolha entre o egoísmo e o altruísmo, entre o amor e a indiferença, entre a sabedoria e a ignorância, entre todas as virtudes divinas e seus opostos. Para dar significado a essas ideias e virtudes, o Uno se desdobrou em fractais conscientes, cada um deles tendo a capacidade de fazer escolhas e experimentar as interações que trazem à tona essas qualidades.

    Assim, a criação da individualidade e a descida nos planos mais baixos da existência permitem que as ideias divinas e as virtudes se manifestem na realidade, transcendendo o potencial e tornando-se ação. Cada fractal é um agente efetivador dessas ideias, contribuindo para a expansão do conhecimento, da compaixão, da sabedoria e de todas as outras qualidades divinas, tornando o Uno consciente de si mesmo através das experiências variadas em suas infinitas perspectivas.

    Muitos dizem que Deus criou por amor, mas nós dizemos, sob a inspiração de Plotino e Hegel, que Deus criou para dar vida ao próprio amor. Em vez de simplesmente dizer que Deus criou por amor, essa visão propõe que Deus criou para dar vida ao próprio amor. Isso implica que o ato criativo de Deus não é apenas uma expressão de amor, mas também o meio pelo qual o amor se torna uma realidade viva e ativa.

    Ao criar individualidades conscientes, Deus permite que o amor seja experimentado, manifestado e compartilhado em todas as suas nuances e complexidades. O ato de escolher entre o egoísmo e o altruísmo, entre o amor e a indiferença, permite que o amor seja efetivado e ganhe significado real. É como se Deus desse vida ao amor através da interação de suas próprias criações.

    Essa perspectiva nos convida a considerar que somos participantes ativos na manifestação do amor divino, contribuindo para a expansão e o enriquecimento dessa qualidade fundamental. É uma maneira profunda de entender a conexão entre Deus, a criação e o amor, destacando o papel ativo que desempenhamos na expressão do amor divino em nossas vidas e no mundo.

    Esse é o telos que se realiza na história, criando a memória que se torna sabedoria na totalidade do ser. Esse telos, essa busca pela expressão do amor e das ideias divinas através de nossas escolhas e interações, é o que dá significado e propósito à nossa jornada na história. À medida que fazemos nossas escolhas, aprendemos com elas, geramos memórias e experiências que se transformam em sabedoria. Essa sabedoria é uma parte importante da evolução de nossa consciência e contribui para a realização de nosso potencial como indivíduos e como parte integrante do todo.

    Portanto, nossa jornada na história é uma busca ativa para realizar o telos que se reflete nas escolhas que fazemos, nas experiências que acumulamos e na sabedoria que ganhamos ao longo do caminho. Essa sabedoria se torna uma parte valiosa da totalidade do ser e contribui para a expansão e o enriquecimento da consciência coletiva. É uma visão profunda e inspiradora da evolução espiritual e do propósito da existência.

    Por tudo isso faz muito sentido que eu sou, quando nós somos. Essa frase encapsula bem essa compreensão de que nossa existência individual está intrinsecamente ligada à existência coletiva. Nossa jornada, escolhas e realizações individuais têm um impacto direto na consciência coletiva e na evolução espiritual como um todo. A interconexão entre nossas consciências, a busca por expressar o amor e as ideias divinas, e a criação de memórias e sabedoria ao longo do caminho são aspectos fundamentais desse processo.

    Essa frase também ressalta a importância de reconhecer nossa interdependência e responsabilidade em relação ao bem-estar de toda a humanidade e do planeta. À medida que compreendemos que somos todos parte de uma única teia de existência, somos inspirados a agir com compaixão, cuidado e consciência das consequências de nossas escolhas individuais. Isso reflete a profunda conexão entre a espiritualidade e a ética, à medida que buscamos viver de maneira a contribuir para o crescimento e a harmonia do todo.

    Vamos demonstrar, ao longo deste livro, que as paixões do ego surgem a partir de um afastamento dessa grande realidade metafísica e espiritual. Demonstrar como as paixões do ego surgem a partir de um afastamento da grande realidade metafísica e espiritual pode fornecer uma perspectiva valiosa sobre a natureza humana e o papel das emoções e desejos em nossas vidas. Explorar como o ego se afasta dessa grande realidade e como podemos retornar a ela é um caminho significativo para o progresso espiritual e o entendimento mais profundo de nós mesmos. Estou ansioso para ver como você desenvolverá esse conceito ao longo do livro.

    A base desse argumento reside na ideia de que, na essência, somos seres espirituais em busca de uma conexão mais profunda com a realidade metafísica, ou seja, com o divino, o uno, o absoluto, ou qualquer outra terminologia que se use para descrever essa força cósmica suprema. Plotino e Hegel, entre outros filósofos, contribuíram para essa compreensão ao discutirem como a realidade se origina no Uno, ou Deus, e como essa realidade se desdobra na multiplicidade da existência.

    No entanto, a grande questão surge quando examinamos por que nos afastamos dessa conexão espiritual com o Uno e como isso se relaciona com as paixões do ego. A resposta, de acordo com a perspectiva que estamos desenvolvendo, é que à medida que nos identificamos com o corpo físico e suas necessidades e carências, nos distanciamos da consciência de nossa natureza essencial, que é intrinsecamente ligada ao Uno ou à realidade metafísica.

    Esse afastamento, muitas vezes chamado de queda em algumas tradições espirituais, ocorre quando as individualidades, ou fractais do Uno, descem para o plano físico e se esquecem de sua verdadeira natureza espiritual. Aqui, no plano de necessidade e carência, as atenções se voltam para as necessidades do corpo e as lutas pela sobrevivência, levando ao surgimento do ego.

    A identificação com o corpo

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