Beijo do Acaso
De Keithe Lopes
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Beijo do Acaso - Keithe Lopes
Atração Inversa
Eu era filho dos ares!
O vento disputava comigo a corrida veloz
Pela estrada empoeirada.
Pés descalços, cabelos soltos,
Saltando, voando, de braços abertos.
Valente! Destemido!
Derrubava os fracotes no braço.
Nem percebi quando as mãos leves do tempo
Tocaram meu corpo,
Bem devagar, como um oleiro,
Me deram forma e relevo.
Sempre cercado pelos companheiros,
Me surpreendi quando um dia, quiseram me beijar.
Me olhavam diferente…
Como se eu fosse uma menina.
Eu era uma menina?
Sim.
Eu era uma menina.
Inveja
Cercada de homens,
Me atraía pela liberdade deles
Mas não por eles.
O mundo estava em suas mãos.
Tinham um poder natural,
Instigados a serem fortes,
Invencíveis!
Tomaram grandes decisões sobre nós
E dirigiram os rumos do mundo.
Napoleão Bonaparte,
Átila, o Huno,
Alexandre, O Grande,
Apaixonei-me por suas histórias.
Foram os meus heróis.
Vingança
A fraqueza notória,
Do mais moço ao mais sábio homem
É e sempre foi a mulher.
O contraste tão marcante,
A delicadeza contra a robustez.
Ela sempre os vence!
No íntimo, escondido,
Os domina.
Desencaixe
Observava ao meu redor,
As outras meninas
Flutuavam como bailarinas,
Até seus pés exalavam perfumes.
Usando vestidos floridos,
Dançavam ao vento...
Cabelos limpos, alinhados,
Cheirando a rosas,
Mãos macias e vozes doces,
Mas com uma pitada de veneno:
Fofoquinhas, invejazinhas, ciúmes.
Não fazia sentido para mim.
O espelho me dizia que eu deveria ser uma delas.
Mas eu era tão solta,
Tão amiga da terra e inimiga dos pentes.
Fases
A natureza pôs um relógio
No corpo de cada um.
Pequenos sinais começam a surgir
Marcando o tempo,
A melhor fase.
Tudo é multicolor!
Tudo é uma mistura de sabores
Que queremos ávidos,
Levar ao paladar.
Não gostamos de nos privar!
Queremos ver o mundo,
O mar, as pessoas do outro lado...
É o tempo de começar a soltar
As ataduras do seio familiar,
Desapegar de si e buscar o outro,
Lá fora.
Meninas
Meninas são graciosas,
Nunca passam despercebidas.
Todos olham, todos sabem
Que são alvo de cobiça.
A minha volta um burburinho
Em coro se fazia:
— Você precisa beijar, está passando da hora!
E os candidatos ao ato forçado,
Tão desinteressantes!
Todos simples, emotivos e normaizinhos.
Pobres meninos!
O tal beijo nunca aconteceria.
Afirmava convicta.
Hipnólogos
Me avisaram com urgência,
Em alerta: Proteja-se!
Do poder de convencimento dos homens,
Nenhuma mulher resiste.
Eu ri, depois me irritei.
Me avisaram com urgência,
Em alerta: Proteja-se!
Das doces