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Cartas ao Vento
Cartas ao Vento
Cartas ao Vento
E-book98 páginas1 hora

Cartas ao Vento

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Sobre este e-book

Cartas ao vento trata-se de uma história real contada sob a perspectiva de uma mulher que acompanha durante 26 dias o marido na UTI de um hospital. Tal fato ocorre devido ao companheiro ter sido contaminado pelo vírus da covid-19, como tantos outros milhões de brasileiros. A autora discorre sua narrativa a partir das "cartas" que escrevia, no período delicado, endereçadas ao marido, para que ele lesse ao sair do quadro hospitalar no qual se encontrava.
A leitura é apresentada de maneira leve e simples, mesmo tratando-se de relatos pesados e difíceis. A universalização da obra está na capacidade de a autora transpor seus sentimentos mais íntimos ao público e, consequentemente, conseguir torná-los comuns a quem lê. Cartas ao vento vem mostrar, por meio da vivência particular de uma situação específica, a fragilidade do ser humano em lidar com seus medos e, simultaneamente, a necessidade de encará-los para continuar a caminhada da vida.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de jul. de 2023
ISBN9786525045276
Cartas ao Vento

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    Cartas ao Vento - Jucielma Lima

    Cartas ao Vento

    A história contada aqui está longe de ser uma narrativa fictícia. Conto uma história real e totalmente fiel àquilo que podemos denominar de experiência de vidaNão pretendo nesta obra propor juízo de valor ou até mesmo posicionar-me sobre uma perspectiva específica de como agir ou pensar sobre questões extremamente pessoais. Sinceramente, o que escrevi foi registrado em momento específico, sem pretensões ou objetivando comover quem irá ler. Porque quando escrevi as cartas, além de querer que meu marido as lesse depois e soubesse o quão difícil foi passar por tudo aquilo, sentia a necessidade de transcrever em palavras tudo o que acontecia.

    O Começo

    Estávamos reunidos, como de costume, na sala dos professores de nossa escola em horário de planejamento. Sempre tínhamos conversas interessantes sobre política, religião, família, sociedade. O assunto do dia era sobre um vírus que estava se alastrando rapidamente em diversos países e, consequentemente, tirando vidas em massa. Lembro-me perfeitamente daquela quinta-feira, 5 de março de 2020, presenciei colegas dizendo que o vírus era perigoso apenas para os idosos e pessoas com comorbidades. Me posicionei demonstrando certo receio por tratar-se de um vírus ainda desconhecido e tal fato deveria trazer forte preocupação para todos. O grupo parecia não acreditar ainda na verdadeira situação pela qual outros países estavam passando, mas dentro de mim sentia que as coisas aconteceriam diferentes. Estava certa!

    Na sexta-feira, dia 13 de março, semana seguinte àquela conversa, fomos notificados de que as aulas haviam sido suspensas por conta da pandemia do Sars-COV-2, a doença do coronavírus, ou a covid-19. A partir desse dia, passei a ficar extremamente preocupada com tudo, afinal poucas eram as informações consistentes e inúmeras suposições. O medo prevaleceu no lar e nas vidas de milhares de pessoas.

    Eu e as minhas filhas ficamos isoladas do mundo, não saíamos de casa para nada! Infelizmente meu marido, por trabalhar em uma empresa privada, permaneceu com a rotina diária. Apesar disso, todos os dias ao voltar do trabalho, entrava pela parte de trás da casa, deixava os sapatos e o uniforme, vestia outra roupa e subia para tomar banho. Só descia para jantar e conversar depois de executar todos os protocolos. Não recebíamos visitas, todas as compras eram realizadas pelo WhatsApp, qualquer produto ou alimento era lavado e esterilizado. O medo nos tornou reféns de algo invisível, mas que estava tirando muitas vidas. Qualquer espirro vinha acompanhado de preocupação. No meu caso, desespero mesmo!

    Depois de oito meses presa dentro de casa, comecei a ir ao mercado e à farmácia. Claro que com muito medo e tomando as medidas preventivas necessárias.

    No ano seguinte, em janeiro de 2021, viajamos em família para lugares mais isolados e comprando nossos alimentos para evitar frequentar restaurantes. Por várias vezes, algum de nós fez exame por pensar ter sido contaminado e dava sempre negativo. Eu era a mais neurótica!

    Não conseguia entender como as pessoas podiam ter atitudes contrárias à prevenção da Covid, com milhares de outras morrendo. Como sofria! Sofria por cada mãe que perdia um filho, por filhos que ficavam órfãos, pela perda de pessoas conhecidas, por pessoas desconhecidas… Vidas perdidas! Não dependia mais de quem tinha ou não plano de saúde, de quem tinha ou não poder aquisitivo melhor, não dependia de quem vivia no interior ou nas grandes metrópoles, não dependia de quem tinha ou não comorbidade.

    A cada dia eram milhares de pessoas morrendo, acompanhava os noticiários em vários horários e em diferentes emissoras, o índice era desesperador. Parecia que estava dentro de um filme apocalítico e que nunca acabava, mas apesar de tudo, ainda apareciam lunáticos afirmando que os relatos apresentados eram mentira e que estavam atrelados a posturas políticas divergentes do governo. Apesar de imensa revolta que me toma, prefiro apenas citar e perpassar por tamanha falta de conhecimento ou qualquer outra coisa do

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