Ostentação: a motivação dos jovens de classe média alta na prática de atos infracionais análogos aos "crimes de rua"

De Walter de Lacerda Aguiar

Este livro apresenta a análise conceitual de bases e historicidade, que propõem a abordagem dos reflexos da sociedade de consumo no comportamento de jovens, em especial, jovens masculinos em conflito com a lei, em razão da complexidade das questões sociais da sociedade consumista. A análise enfatiza o jovem de classe média alta, numa reflexão sobre o comportamento em razão de motivadores de consumo, impactados pelo status e pela caracterização de necessidade de visibilidade e poder. Verifica a conduta delituosa para fins de Ostentação, num processo de desenvolvimento de sua personalidade com base no status social, e influenciado pelo desejo de reconhecimento, de visibilidade e de afirmação de poder diante dos principais eixos valorativos sociais: o domínio e poder na conquista do feminino, o poder de ostentar roupas, acessórios e artigos de luxo, como carro, e o reconhecimento e pertencimento a uma classe econômica admirada e explícita de valoração social.

• Idioma: Português
• Editora: Editora Dialética
• Data de lançamento: 4 de ago. de 2023
• ISBN: 9786525297514

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1- INTRODUÇÃO

Ter carros, motos e dirigir antes dos 18 anos de idade, usar roupas de grife, impressionar mulheres e estar sempre em evidência. Esse é o código de conduta de alguns adolescentes masculinos sul-americanos que vivem no mundo do crime, rejeitam trabalho e estudo para buscar nos delitos de rua,¹ o caminho mais rápido, para manter padrão de vida marcado pela ostentação.

Até então, se pensava que os delitos de rua eram cometidos exclusivamente por pessoas pobres, entretanto, no mundo contemporâneo, também são cometidos por jovens de classe média alta, que tiveram ou têm oportunidades, bons estudos e estruturação econômica.

De acordo com pesquisas recentes sobre jovens em conflito com a lei, realizados na Argentina e no Brasil, bem como último diagnóstico de investigação e prevenção de violência juvenil na América, elaborado pela Organização Panamericana de Saúde, percebe-se um aumento significativo de delitos de rua praticados por jovens de classe média alta.

O último diagnóstico do Conselho Nacional de Justiça do Brasil, através do Programa Justiça ao Jovem², reforça as pesquisas trazendo que a maioria dos jovens em cumprimento de medidas socioeducativas possuíam idade média de 16,7 anos de idade, sendo que pouco mais de 10% desses jovens declararam já ter