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Céus - Rituais Das Sombras, Livro 01
Céus - Rituais Das Sombras, Livro 01
Céus - Rituais Das Sombras, Livro 01
E-book401 páginas4 horas

Céus - Rituais Das Sombras, Livro 01

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Sobre este e-book

Como será que é a sensação de acordar em um dia e perceber que você é um ser mágico? Bem, essa foi uma das novas questões de Kaio, um jovem que, até o momento nunca tinha parado pra pensar em nada relacionado a magia, bom, pelo menos não fazendo parte. Depois de um encontro bem repentino, que dirás aleatório, com alguns amigos de sua amiga de infância, ele percebe que o mundo tem um pouco mais de segredos pra lidar, e agora, ele também faz parte desses segredos. Descobrir pouco a pouco quem é e ir aprendendo a viver essa vida, que embora não seja nova, tem um pouco mais de confusões pra lidar.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de fev. de 2022
Céus - Rituais Das Sombras, Livro 01

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    Céus - Rituais Das Sombras, Livro 01 - Maicon Lopes

    Maicon Lopes

    Rituais das Sombras

    Livro 01 – CÉUS

    SUMÁRIO

    I ~ ACHO QUE DEVERIA COMEÇAR A DORMIR MAIS CEDO ~ 007

    II ~ UM DIA DE AULA NADA NORMAL ~ 013

    III ~ UMA AULA SOBRE HABILIDADES E AFINIDADES ~ 022

    IV ~ VOU CONHECER O ABRIGO DOS FINITOS ~ 030

    V ~ AS COISAS COMEÇAM A DESANDAR ~ 039

    VI ~ UM DOMINGO DE VELHOS ~ 047

    VII ~ SÓ PRECISAMOS DAS PALAVRAS CERTAS ~ 054

    VIII ~ SONHOS FORAM FEITOS PARA ATERRORIZAR ~ 064

    IX ~ MATAR AULA PRA NINGUÉM MORRER ~ 071

    X ~ A MELHOR ESTRATÉGIA É SEMPRE UM PLANO B ~ 080

    XI ~ CONEXÕES ESTRANHAS ~ 090

    XII ~ ENFIM UM TREINAMENTO ~ 101

    XIII ~ MELANCOLIA DOS SONHOS ~ 111

    XIV ~ NA ENCRUZILHADA DO PESADELO ~ 120

    XV ~ NO MEIO DO TURBILHÃO ~ 129

    XVI ~ UM OUTRO LADO DA HISTÓRIA ~ 137

    XVII ~ DORES DE UM PASSADO CONTÍNUO ~ 145

    XVIII ~ PROCURO UMA COISA, ENCONTRO OUTRA ~ 154

    XIX ~ A EMPATA QUE SENTE DEMAIS ~ 163

    XX ~ CONHECENDO UM POUCO SOBRE FAMÍLIAS ~ 173

    XXI ~ MEU ESPÍRITO DE FOFOQUEIRO MÁGICO ~ 184

    XXII ~ PERGUNTAS SEM RESPOSTAS ~ 192

    XXIII ~ FALSAS AMIZADES ~ 202

    XXIV ~ UMA VASCULHADA EM ACONTECIMENTOS ANTIGOS ~ 212

    XXV ~ ENCURRALADO COMO APERITIVO DE MONSTRO ~ 220

    XXVI ~ DEVASTAÇÕES ~ 227

    XXVII ~ O DONO DO GUARDA-CHUVA E O INCENDIÁRIO ~ 236

    XXVIII ~ A EMPATA, O CARECA E ÁGUA PRA TODO LADO ~ 244

    XXIX ~ O JOVEM DE OURO E O IRRITANTE FLUTUANTE ~ 252

    XXX ~ ILUSÃO É A ARTE SUPREMA DE ILUDIR ~ 261

    XXXI ~ DESAVENÇAS PASSADAS E ESPADAS FUTURAS ~ 272

    XXXII ~ NAS RAÍZES DO PROBLEMA ~ 280

    XXXIII ~ PROBLEMA DE DEVASTAÇÃO ~ 288

    XXXIV ~ FAMÍLIA ~ 296

    XXXV ~ SER QUEM NÃO SE ESPERAVA ~ 307

    XXXVI ~ ENTREVISTA COM OS DES-ABRIGADOS (BÔNUS) ~ 315

    Agradecimentos

    Que melhores pessoinhas pra receberem esse agradecimento do que nossas queridas personagens que me ajudaram lendo, surtando, inspirando e aproveitando com tudo essa história?

    Davyne, vulgo Demetria que praticamente queria me explodir por encher ela de spoilers antes que ela conseguisse ler. Helena, vulgo Ravena, que era a responsável pelas piadas e as ideias mais sentimentais. E claro, Mariana, vulgo Maya, que ameaçou tantas e tantas vezes de me jogar no mundo dos pesadelos por não levar meus personagens na terapia, eles realmente estão precisando.

    Amo vocês de coração, isso daqui foi feito pra vocês, saibam disso. ^-^

    Obs.: O Ícaro não conseguiu se proteger do ataque triplo de vocês.

    01 – Acho Que Deveria Começar A Dormir Mais Cedo

    Era uma tarde que já dava indícios de anoitecer, o laranja do céu já se apagava diante da majestosa lua que aclamava sua chegada, alguns morcegos pareciam sair de suas tocas para devorar os insetos e ao longe era possível já ouvir o barulho de uma coruja. Não fazia ideia de onde estava, que lugar era aquele ou mesmo como havia chegado ali, mas ele transmitia uma sensação boa, uma sensação vibrante e agradável de tranquilidade.

    Estava às margens de um pequeno riacho, o som da cascata caindo sobre as águas e algumas pedras também se misturavam a sensação de paz do lugar, o verde ao redor ocultava alguns poucos cavalos e bois que estavam por ali, não sei dizer se eram de alguém ou se apenas estavam ali por serem selvagens. Nesse meio tempo à noite já havia se alastrado pelo lugar, o frio que percorreu meus ossos foi quase como se o passar dos mortos estivesse próximo, como se alguma alma estivesse atravessando meu corpo e seguindo caminho.

    – Locus Impactus – Ouvi uma voz feminina seguida do barulho de madeira se rompendo um pouco ao longe.

    A voz se seguiu mais algumas duas, três, quatro vezes até que eu conseguisse identificar o local de onde vinha, pude ver uma garota no meio da vegetação segurando entre as mãos o que parecia ser um globo luminoso de cor azulada, a garota me parecia tão familiar, mas eu nunca tinha visto ela antes, já o globo não parecia ser de verdade, se eu olhasse bem conseguia ver que era quase transparente, sua cor tremeluzindo como se fosse fogo, mas não parecia queimar as mãos da garota.

    – Locus Impactus – Ela pronunciou mais uma vez e pude ver a energia se arremessar de suas mãos em direção de uma árvore, a esfera se chocou e explodiu um pequeno espaço, mantendo intacta o restante da árvore.

    Aquilo me deixou impressionado, mas ao mesmo tempo perplexo, como que alguém conseguia fazer algo assim, e onde era mesmo que eu estava para presenciar aquilo? Assim que ela fora pronunciar mais algumas palavras pude ouvir um barulho vindo de detrás de mim, o som do que deveriam ser passos, alguns galhos quebrados pelo chão também rangeram denunciando que eu estava certo, a garota a minha frente também notara os sons e olhou fixamente em minha direção, senti um calafrio profundo, como se estivesse cometendo o maior dos crimes por estar observando ela fazer o que estava fazendo, mas assim que pude ouvir os passos bem próximo às minhas costas eu entendi que não estava sendo visto.

    – Ora, ora, ora, o que temos aqui, uma desgarrada. – Um corpo volumoso passou através de mim como se eu sequer existisse, além da voz grave e medonha e do físico avantajado não havia mais nada que pudesse me descrever de quem se tratava pois vestia uma manta escura que cobria desde sua cabeça até a ponta dos pés, enquanto ela se arrastava pelo chão dava a impressão de que a pessoa ali dentro flutuava. – Você não está sozinha, está?

    A garota não respondeu, suas mãos haviam caído até suas pernas e pareciam tremer, a esfera luminosa havia a muito se dissipado, alguma coisa dentro de mim queria gritar, era quase como se a presença a minha frente me sufocasse, sentia uma profunda vontade de mandar que ela fugisse dali, corresse o máximo que pudesse, mas mesmo que essa vontade viesse tão forte as palavras não saíam, sequer meu corpo parecia sentir que eu estava ordenando que ele gritasse.

    – O que veio fazer aqui? Treinando feitiços às escondidas? Você sabe que isso não deveria acontecer.

    Ela continuava em silêncio, mas era exatamente esse ato que me deixava mais nervoso, por que não corria? Acho que ela poderia conseguir fugir facilmente daquela parede, ele não deveria ser tão rápido, ou então por que não o atacava com aquela esfera luminosa de antes? Tudo parecia cada vez mais fora do comum, e ainda havia o motivo que não me fazia sequer ser visto, eu não sabia dizer se agradecia por isso ou se me preocupava pela garota.

    – Vamos, responda, por que está aqui? – Pude ver quando ela contraiu todo seu corpo e gritou fortemente contra a pessoa à minha frente e a esfera de energia voar até o alvo enquanto ela corria para longe.

    – Impactus – A esfera de luz agiu diferente, ao invés de permanecer pequena, ela se expandiu como uma grande explosão de luz, por impulso, tentei me proteger do impacto, mas ele não aconteceu, e além disso, pude ouvir um riso baixo que logo depois se tornou uma gargalhada assustadora vindo da pessoa a minha frente, em um piscar de olhos o corpo a minha frente desapareceu e reapareceu a poucos metros à frente, pude vê-lo erguer a garota com apenas uma das mãos enquanto ela sequer se debatia pra tentar sair, corri até ele e tentei impedir que fizesse algo mais com a garota, mas simplesmente passei através de seus corpos e me choquei contra o solo, era estranho pensar que o chão era a única coisa que me mantinha estável ali, o que estava acontecendo?

    – Magias verbais, mas você é péssima em conjurar feitiços, deveria saber que só pronunciar algum feitiço visto em outro lugar não pode carregar todo o seu poder. – A voz de escárnio quase conseguiu me fazer sentir enjoo.

    Assim que ergui minha cabeça para ver o que acontecia a visão me deixou completamente apavorado, a garota estava sendo estrangulada, talvez por isso não aparentava reação, e aquele ser que fazia aquilo não tinha rosto, tudo que era possível ver era seu manto escuro cobrindo seu corpo, uma das mãos sobre o pescoço da garota e a outra caída, e no lugar que deveria estar seu rosto só havia o espaço vazio do capuz coberto de sombras. Mesmo sem um rosto, os sons que vinham daquele capuz eram de uma pessoa, uma risada quase maligna vinha diretamente aos meus ouvidos, me fazendo estremecer no mesmo lugar, sem conseguir me levantar, sem conseguir dizer alguma coisa ou mesmo sem conseguir fechar meus olhos para não ver aquela cena.

    – Da próxima vez – A voz falou assim que parou de rir – Tente aprender algo mais antes de tentar fugir de nós.

    Ouvi o som de ossos se partindo e todo o meu corpo tremeu, o barulho parecia percorrer meus próprios ossos e os fazendo se partir também, náusea, agonia, desespero, medo, tudo pareceu gritar diante de mim enquanto eu sentia meu corpo como se estivesse sendo arremessado para o céu, o espaço, a luz da lua, tudo ficando pra trás enquanto meu corpo subia para a imensidão sombria do nada, até que um outro estrondo ainda mais alto pareceu me jogar de volta pra terra, era como o barulho de trovões e dos ventos gritando no céu limpo, me dizendo para voltar para a terra, e eu descia rapidamente até me chocar de novo com o solo e desaparecer.

    – Aí – Meu braço doía, meu rosto doía, eu não conseguia raciocinar direito o que aconteceu, só consegui entender melhor quando tentei abri os olhos e reconheci onde estava. – Merda.

    Tinha sido um pesadelo, e embora aquilo me deixasse um pouco aliviado, não apagava realmente o espanto crescente que parecia ter despertado junto comigo, senti minha respiração acelerar e meu corpo tremer, não sei se era o frio ou o medo falando alto, mas me levantei e corri até a cozinha para beber um copo de água, voltei para meu quarto na mesma velocidade e me joguei nas cobertas, não que esse ato fosse resolver de alguma forma meu espanto, mas eu me sentia mais seguro ali.

    – Nunca mais eu jogo até tarde. – Vasculhei meu celular que deveria estar embaixo do travesseiro, e que felizmente não havia caído da cama comigo, olhei as horas e me senti ainda mais indignado, 5 e 30 da manhã, eu teria que estar na escola às 7, não conseguiria dormir de novo sabendo que teria que me levantar logo, acho que se meu lençol falasse, ele iria se sentir ofendido do tanto de pragas que eu proferi ali embaixo.

    Decidi pegar meu fone, que também estava jogado debaixo do travesseiro, e ouvir alguma coisa enquanto o tempo passava, era o mínimo que eu poderia fazer pra aguentar até lá, ainda assim, enquanto a música tocava meus pensamentos viajavam para o sonho, parecia tão real, mas agora, tão distante e tão sem sentido, e a garota, não sei o porquê, mas ela me parecia familiar, como se eu a conhecesse de alguma forma mesmo nunca tendo sequer a visto, eram tantas sensações esquisitas e eu ainda tinha que lidar com um dia de aula. Os barulhos de vento não haviam sido apenas meus sonhos, as luzes e os sons pareciam estourar do lado de fora, visíveis e audíveis pelas frestas da minha janela mesmo eu estando embaixo das cobertas, tudo aquilo só me fazia desanimar ainda mais para ter alguma aula, fechei meus olhos e me deixei viajar com a música enquanto me era possível, entre os sons das canções em meu fone e os barulhos lá fora, a voz da garota proferindo aquelas palavras estranhas ainda se mantinha firme em meus pensamentos.

    02 – Um Dia De Aula Nada Normal

    Minha cabeça não parava de doer desde a noite passada, minha mente em certos momentos parecia ter vultos de imagens que eu não conseguia sequer distinguir, acho que devia parar de ficar jogando todas as noites até tarde, isso estava acabando comigo, talvez os pesadelos fossem culpa disso também.

    – Kah! – Ouvi Maya me gritando enquanto caminhava em direção a escola, me virei em sua direção, ela vinha com suas famigeradas marias-chiquinhas e uma mochila de lado, ela detestava aquelas bolsas enormes, sua pele clara e sua estatura sempre me faziam querer compará-la com a Chiquinha de Chaves, mas não hoje. O grito dela ainda parecia rodar minha cabeça, acho que ela conseguia gritar em um timbre que parecia percorrer diretamente aos meus tímpanos e dar um soco no meu cérebro, não, não era uma voz feia, só parecia que era alta demais pra mim. – Você terminou a atividade de matemática?

    – Merda! – Sabia que estava esquecendo alguma coisa.

    – Nada de novo ao luar, no intervalo você pega na cantina.

    E esse era esse o objetivo, mas parecia que meu corpo não estava muito a disposição de obedecer às regras, sequer senti os horários passarem, acho que devo ter dormido em todas as 3 primeiras aulas, absolutamente todas elas, só dei por mim de que horas eram porque Maya já estava ali do meu lado puxando minha orelha.

    – Garoto, você ainda vai tomar uma suspensão por dormir na aula, não tem vergonha disso não?

    – Tenho muita, agora posso dormir até o quinto horário também? – Já voltava a pôr minha cabeça na carteira, mas infelizmente meu estômago também não seguia as regras que o próprio corpo empunha.

    – Se quiser ficar com fome e ainda aturar a professora Lucimara reclamando pelos próximos horários sobre você não ter entregue a atividade de novo, sinta-se à vontade.

    Dei de ombros e fomos para a cantina, estavam servindo o que deveria ser café com biscoitos, não dei assim tanta importância ao café, me contentei com os biscoitos, não sei se era meu estômago ou se era mesmo o café que parecia mais com uma sopa de óleo preto, não queria testar pra descobrir. Sentamos eu e Maya em uma das mesas brancas enormes, eu sempre achava aquelas mesas meio exageradas, antes que eu pudesse falar a respeito disso escuto um barulho de vento soprando sobre o telhado, Maya sequer parou pra olhar pro teto.

    – Você não acha que um furacão está passando, não?

    – Pra falar a verdade, está sim.

    – Como é? – Gente, que espécie de notícia era aquela? Eu dormi tanto assim?

    Ela não me respondeu, estava agora acenando a mão para alguém, me virei e vi as pessoas a quem ela chamava: Ravena vinha na frente com seus cabelos volumosos e pretos com algumas poucas mechas azuis, sua pele negra parecia estar tirando proveito do dia meio nublado, ela parecia brilhar enquanto andava, eu não sabia ao certo, mas sempre tinha uma sensação de que ela poderia simplesmente jogar alguém da escadaria do nosso pavilhão se dissessem um sobre ela.

    Logo atrás vinha o casal confusão, primeiro Ícaro: Ele era uma mistura de jogador de basquete com animador de torcida, alto, usava óculos meio quadrados e de cabelos encaracolados que, segundo ele mesmo, demorava uns 20 minutos pra deixá-los assim logo que acorda, com um porte físico magro, mas que possuía uma certa definição física e, aqui eu ponho foco total no e, completamente elétrico e espontâneo. Já a namorada dele, Daniela, era ruiva e com uma pose elegante, mas ao mesmo tempo tinha certeza que poderia fazer um massacre em qualquer lugar a qualquer momento, parecia tão violenta, mas, diferente de Ravena, ela parecia muito mais aberta a ser simpática. Eles pareciam tão opostos que chegava a ser engraçado estarem juntos.

    Não sei ao certo, mas acho que tinha uma queda pelos dois, mas isso não vem ao caso.

    Os três sentaram na mesa logo ao nosso lado, Ravena se sentou na parte do fundo e ficou mexendo no celular, parecia preocupada com algo, Daniela sentou ao seu lado e Ícaro se sentou na parte da frente, com as costas pras meninas e olhado para nós, me voltei para meus biscoitos.

    – Maya, você soube das últimas notícias? – Ícaro sequer deu tempo de alguém falar algo e já começava ele mesmo.

    – Eu até soube, mas bem capaz de você está falando de algo completamente diferente do que estou pensando. – Maya tomava um copo de seu café, pelo visto a impressão de que era sopa era só do meu estômago mesmo.

    – Não, não, tô falando sobre os casos dos assassinatos, eles realmente estão acontecendo.

    – É o quê? – Acho que ergui um pouco a voz, mas ninguém se importou. – Como assim assassinatos? Onde isso?

    – Não é nada do que você realmente deva se preocupar, Kah, mas sim, estão acontecendo alguns incidentes por aqui.

    – Como eu sequer soube dessas coisas? Isso é muito estranho. – Estava realmente perplexo, eu não era tão desinformado assim pra não saber sobre assassinatos na vizinhança.

    – Não, na verdade isso é muito normal pra mim, se fosse esse o caso você veria alguns por aqui perto. – Ícaro falou isso e olhou pra namorada com um risinho, ela sequer deu bola, minha cabeça ainda doía.

    – Maick, menos. – Maya falou olhando pra Ícaro e tomou outro copo de café – Além do mais, Kah, você só joga, não me surpreende não saber de nada, e vai copiar logo a atividade.

    – Espera, última coisa, porque você falou Maick? – Perguntei, acho que a falta de informações e a dor de cabeça me fizeram prestar atenção ao menos relevante.

    – Aahh isso eu digo – Ícaro se voltou pra mim e tocou na minha mão, senti um arrepio rápido quando ele o fez – Eu tenho 2 nomes, cortesia minha que não aguentava mais o Maicon puro e queria meu nome Ícaro e então deixei ambos.

    – Acho que agora eu não tenho mais nada a perguntar. – Falei, ainda sentindo aquele estranho arrepio vindo de seus dedos aos meus, algo parecia diferente.

    O que se seguiu foi uma cena assustadora, em menos de um instante eu pude ver Daniela surgir diante de Ícaro e, sim, arrancar sua cabeça em um passar de algo que parecia ser uma espada, o sangue jorrou para a esquerda na direção da lâmina, me virei para ela e parecia que havia fogo em seus olhos, senti meu corpo tremer e minha cabeça doer ainda mais, tentei pronunciar alguma coisa e então tudo piscou e tremeu como em uma tv sem sinal.

    – O único problema é a esquentadinha ali que não suporta quando alguém me chama pelo Ícaro carinhosamente, só Maya que ela deixa.

    – O... O que... Em? – Eu estava perdido, minha respiração estava acelerada e eu não conseguia entender o que acontecia. – Vocês... O que foi isso?

    Me virei pra Maya que havia colocado o copo de café sobre a mesa e me olhava com uma expressão de dúvida, olhei ao redor, tudo parecia a mesma coisa que antes, como se tudo fosse fruto da minha imaginação, nada havia mudado, só que, agora, tanto Maya quanto os outros estavam me olhando, cada um com uma expressão diferente.

    – Maya, você não disse que ele... – Ícaro questionou sem soltar minha mão.

    – Mas eu achei que não, eu não sabia. – Eu não entendia absolutamente nada do que estava acontecendo.

    – Espera, espera, o que tá rolando?

    – Kaio. – Ícaro ainda não soltara minha mão. – O que exatamente você viu?

    Seus olhos pareciam brilhar enquanto olhava pra mim, eu não conseguia descrever direito o que havia acontecido, mas tentei dizer o que pude, tudo parecia, agora, um borrão e não um acontecimento, assim que terminei, Ícaro se voltou pra namorada com uma expressão brava e depois novamente pra mim.

    – Kaio, me dê um beijo.

    – Em? – Meu rosto esquentou no mesmo instante, o que estava acontecendo ali? – Eu não vou beijar você Íca... Maick... Como for.

    – Não se preocupe, cê vai gostar da sensação, ou você ainda é BV?

    – Isso não interessa! – Meu rosto estava ainda mais vermelho – E sua namorada? E se mais alguém prestar atenção aqui?

    – Ah, o problema é esse? Ela não vai te matar por isso, já o público as meninas resolvem. Ravena, deixe todos sonolentos, Maya, nos esconda, por favor.

    Pude ver Ravena estalar os dedos, mas o som foi completamente diferente, era quase como se eu pudesse sentir paz com aquele simples barulho, como se uma gota caísse sobre as águas de um lago límpido no meio de uma floresta. Já Maya, eu pude ver seus olhos brilharem e parecia que eu não estava mais ali, era um ambiente completamente estranho e esquisito, em um piscar de olhos ela estava sentada em uma poltrona ainda tomando seu café flutuando no meio de uma imensidão de cores e imagens diversas, antes que pudesse falar algo percebi que Ícaro ainda me encarava.

    – Palco pronto, ninguém vai te ver ou ouvir, agora vamos ao beijo.

    – Eu... – Minha cabeça se mantinha confusa com tudo aquilo, não conseguia realmente entender o que mais me deixava assim, se era todo o ambiente que nos cercava, Maya ao longe como se não existíssemos ou se era Ícaro com aquilo.

    – Respire fundo, se for pra se sentir melhor pode ser na testa, você vai entender tudo logo depois, não se preocupe, eu tenho um motivo muito plausível pra isso.

    Parecia que eu estava entorpecido, desistir, apenas concordei e fechei os olhos, esperando o que tivesse que acontecer, assim que senti seus lábios em próximo ao meu cabelo parecia que havia passado uma eletricidade por todo meu corpo, minha cabeça pareceu estourar e tudo se apagou, meus olhos arderam e meus ouvidos pareciam escutar até mesmo as batidas do coração de Ícaro, o som da respiração dele, o cheiro do café ao longe, tudo pareceu se intensificar de uma maneira que eu não conseguia descrever, quando tudo passou e abri os olhos estávamos de volta a cantina, Maya sentada do outro lado tomando seu café, Ravena mexendo no celular, Daniela olhando pro teto e Ícaro me fuzilando com os olhos.

    – E então, como se sente?

    Meus sentidos ainda estavam completamente loucos, tanto que não conseguia sequer raciocinar o que eu deveria fazer ou dizer, foi aí que eu realmente dei por mim que o havia beijado e meu rosto voltou a esquentar.

    – Sabia que iria gostar, eu me garanto!

    – Você é um ridículo, sabia? – Daniela agora o encarava com fúria.

    – Eu também te amo, quer um beijo também? – Ele respondeu cínico, senti uma leve vontade de rir.

    – Diz alguma coisa criatura.

    Maya me cutucou e confesso que levei um susto, com isso acabei abrindo a boca e o que se seguiu foi ainda mais assustador, se eu já não tivesse completamente confuso eu poderia jurar que, ao pronunciar um simples aí, os ventos, que antes estavam lá fora, haviam vindo diretamente através de mim e saído por entre meus lábios, a lufada foi tão forte que senti meu corpo ir pra trás e tirar todo meu equilíbrio, eu vi lentamente o mundo girar e só entendi que realmente tinha caído quando senti as mãos de Ícaro me puxarem de volta pra posição antes que eu batesse com minha cabeça no chão. Seu sorriso quase poderia criar vida quando ele disse o que eu jamais

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