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Cemitério Dos Vivos
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E-book260 páginas3 horas

Cemitério Dos Vivos

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Sobre este e-book

Eliana sofre por ter perdido sua mãe, vítima de um câncer. Um dia, ela descobre um livro com um feitiço que pode trazer uma pessoa de volta à vida. A felicidade parece reencontrar Eliana quando sua mãe, Cássia, retorna à vida. O que a mocinho não imaginava é que Cássia, na verdade, se transformou num zumbi carniceiro. E a situação só piora quando outros moradores da cidade são ressuscitados também, levando a localidade a um verdadeiro caos.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento27 de abr. de 2021
Cemitério Dos Vivos

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    Cemitério Dos Vivos - Wagner Jales

    CEMITÉRIO DOS VIVOS

    Livro de Wagner Jales

    CEMITÉRIO DOS VIVOS

    Depois de um tempo depressiva por causa da morte de sua mãe, Eliana encontra um livro antigo que vai mudar sua vida: o livrinho contém um feitiço em latim que pode ressuscitar uma pessoa.

    Com o livro, eu quis mostrar que a gente não pode ter de volta as pessoas que já partiram. É a ordem natural das coisas, ninguém é imortal. Quando um ciclo se encerra, é normal haver dor e tristeza, mas esses maus sentimentos não duram para sempre.

    Wagner Jales, o autor

    Encontre-o nas redes sociais para conhecer mais obras dele.

    AVISO

    ESTE LIVRO POSSUI CONTEÚDO INADEQUADO PARA

    ALGUNS TIPOS DE LEITORES

    Esta obra traz conteúdo impróprio para pessoas sensíveis e/ou que se impressionam com facilidade. Aqui você encontrará momentos de horror, anarquia e escatologia que podem te fazer sentir mal. Esteja ciente do conteúdo delicado desse livro caso deseje seguir. Boa leitura!

    Eu corria, não parava de correr. A sensação de pânico me dominava, por isso eu simplesmente não conseguia parar de correr. Mal enxergava por onde eu passava, eu só corria. Sem parar. Acho que era uma floresta, mas a fumaça era tanta que eu mal via por onde pisava.

    De repente, fui ao chão, e nem assim pude me conter de fugir. Continuei, agora me arrastando, depois me pus sobre dois pés para prosseguir em disparada.

    Num susto, algo diante de mim apareceu. A fumaça era tanta que eu não enxergava, só tinha muito medo da criatura.

    Virei-me para correr na direção contrária. Corri pouco, pois logo apareceu outro ser naquela direção. Tentei fugir para um lado, e novas criaturas surgiram. Quando olhei em torno de mim, me encontrei cercada por algo que eu nem sabia o que era.

    — Não me ataquem, por favor – clamei, apavorada. – Não me ataca, não me ataca. Deixa eu ir embora, por favor.

    Uma voz bastante grave e rouca murmurou algo. A fumaça começou a se dissipar. Uma mão fria e nojenta tocou o meu rosto, e experimentei uma sensação de pavor tão gritante que eu não consegui gritar, apenas permaneci estática.

    Com a fumaça mais branda eu pude apertar os olhos para enxergar bem: o que me tocava era um cadáver. Foi quando tive voz para gritar.

    Tratava-se de um cadáver horroroso, pútrido, com a pele inteiramente apodrecida, escassos fios de cabelos, olhos inteiramente negros, além de uma larva asquerosa saltando de uma das narinas, o que me preencheu de náusea. A criatura vociferava algo, mas não era decifrável.

    — Eu te amo – consegui entender vindo do ser.

    Apavorada e paralisada, não reagi, apenas continuava gritando o máximo que podia.

    Acordei, de repente, num susto, com Rodrigo tocando o meu ombro. Meu irmão era muito bonito, mas, nessa posição, com cara de sono e cabelos bagunçados, a beleza foi ofuscada. A barba, o nariz fino e o rosto de neném não foram suficientes para revelar sua verdadeira beleza.

    Eu estava suada. Meu irmão não aparentava estar muito satisfeito com a situação, pois me encarava bem sério. Logo vi que ele já usava o uniforme do seu trabalho.

    Assim que despertei, ele se afastou de mim. Precisei de alguns segundos para assimilar tudo o que acontecia. E o cadáver? E a floresta? Não passara de um sonho ruim. Um sonho terrível, na verdade. Um legítimo pesadelo.

    — Você tava muito inquieta, por isso resolvi te acordar – justificou Rodrigo.

    — Eu tive um pesadelo. Nossa, mas foi um sonho muito ruim. Parecia muito real, como se fosse de verdade. Acho melhor eu ir tomar um banho.

    — Não demora a se arrumar, você precisa sair para procurar um emprego.

    — Eu sei, não precisa me lembrar. Você tá mal humorado hoje, é?

    — To achando que o chefe vai mandar uma galera embora, só espero que a minha cabeça não role. Enfim, tô indo, não posso chegar atrasado. Mais tarde a gente se fala.

    Rodrigo foi embora.

    Sentei na cama.

    Após me espreguiçar, levantei para ir até um espelho. O meu reflexo não me agradou em nada, principalmente quando vi que eu tinha suado bastante. Minha testa encontrava-se empapada de suor, tanto que um pingo dele escorreu rente ao meu olho esquerdo.

    Saí do quarto e fui para o banheiro. Lá, fitei novamente o meu reflexo no espelho trincado da farmacinha. Não gostei nada da imagem que encarei. Os cabelos pretos bagunçados e com frizz, as olheiras, a aparência abatida, as sobrancelhas grossas precisando de aparo. Minhas sobrancelhas, na real, sempre foram grossas.

    Lembrei uma vez que minha mãe me contou que espelho quebrado traz sete anos de azar. Sorri, a princípio, mas a lembrança de mamãe me trouxe nostalgia.

    Escovei os dentes aos prantos, recordando minha mãe. O principal motivo do meu choro, porém, era por saber que ela não estava mais comigo. Depois de cuspir o creme dental, parei um pouco e baixei a cabeça.

    — Por que, mãe? – balbuciei.

    Voltei a encarar meu reflexo. Meu rosto estava molhado à lágrimas, e eu ainda tinha espuma de creme dental nos cantos da boca.

    Depois de jogar água no rosto, me encaminhei à sala.

    Joguei meu corpo no sofá, fazendo o traseiro colidir com uma espécie de caroço na almofada. Ignorei a pequena dor e voltei a me lembrar da minha mãe.

    A tristeza em relembrá-la tirou totalmente o meu – pouquíssimo – ânimo em enfrentar a vida, encarar a realidade e ir procurar por um emprego. Mesmo sabendo que era importante, não achei vontade nenhuma em continuar. Nada parecia valer a pena.

    Regressei ao meu quarto.

    Abri meu armário, peguei uma caixa de perfume e despejei o seu conteúdo em cima da minha cama – era onde eu guardava dinheiro, na tentativa de deixar praticamente escondido. Além de algumas moedas, encontrei apenas poucas notas, e todas de pequeno valor. Com o custo das passagens de ônibus e eventuais imprevistos, o valor duraria, no máximo, uma semana.

    Mesmo com pouca grana, decidi que visitaria minha mãe naquele dia. Visitaria o seu túmulo, na realidade.

    Reuni com a mão todo aquele dinheiro, coloquei dentro da minha carteira e depois a atirei dentro da bolsa. Após, devolvi a caixa de perfume para o armário.

    Abri outra porta para escolher o vestido. Na verdade, não escolhi, apenas selecionei um que combinasse exatamente com o meu momento.

    Eu queria aparecer como uma pessoa morta por dentro, que era como eu me sentia. Peguei o cabide com um vestido básico e preto. Já era tão velho e surrado que podia servir como camisola – e talvez esta fosse a melhor utilidade para a peça.

    Encarei o vestido.

    — É este mesmo. Mamãe adorava esse – pensei alto.

    Tive vontade de chorar novamente, mas segurei a vontade.

    Deitei o vestido sobre a minha cama e retornei ao banheiro para tomar banho.

    Lá, não consegui evitar de romper em prantos. Era a única coisa que eu realmente tinha ânimo de fazer: chorar.

    Fazia um belíssimo dia ensolarado, pouquíssimas nuvens, mas, para mim, era como uma manhã cinzenta e melancólica. O sol forte ardia minha pele, principalmente as partes cobertas pelo meu escuro vestido.

    Caminhar pelo corredor principal de um cemitério nunca é uma boa experiência, né? Eu andava portando uma solitária flor, a única que pude comprar com o dinheiro que eu tinha.

    Veio uma sensação ruim quando passeei por aquele cemitério vendo as lápides, inscrições e flores que decoravam os jazigos das pessoas que estavam ali enterradas. Um sentimento mórbido, quase embrulhando o meu estômago; algo que eu nunca antes havia experimentado.

    O local possuía um cheiro forte de cravo de defunto, já que observei vários plantados ao redor. O odor dessa planta contribuía para a experiência soturna que eu vivia naquele momento.

    Finalmente cheguei ao túmulo de minha mãe. Um jazigo humilde, mais modesto que a maioria, porém mais bonito que muitos. Deixei a flor sobre o túmulo. Pensei em botar alguns cravos sobre o local, mas abdiquei da ideia. Seria ainda mais mórbido colocar cravo de defunto sobre o lugar onde minha mãe descansava.

    Uma fotografia em preto e branco dela estava impressa na sepultura. Eu sentia muita falta da minha mãe, e naquele momento me veio um forte ímpeto de chorar. Decidi não segurar as lágrimas.

    Lembrei-me do dia em que contei à minha mãe do primeiro emprego que eu arranjara, no passado. Foi um dos dias mais felizes da minha vida.

    — Mãe, preciso te contar uma coisa muito séria – falei enquanto entrava na cozinha da nossa antiga casa. Eu dissimulava usando um tom terno, como se estivesse prestes a dar uma má notícia. – Preciso dizer uma coisa muito importante.

    — O que foi? – disse ela virando-se para mim no momento em que cozinhava algo no fogão. – Que cara é essa? Aconteceu alguma coisa com seu irmão?

    — Não, mãe, é sobre mim mesma. É uma coisa muito importante.

    — Então fala, não me deixa curiosa. O que foi que aconteceu?

    — Não sei bem como te contar, então eu vou ser direta – pronunciei e parei pra fazer suspense, então respirei fundo para dar um clima mais pesado.

    — O que é, menina? Fala de uma vez antes que eu fique nervosa.

    — Eu fui contratada para trabalhar naquela loja que eu queria – disparei, mudando completamente o tom para mostrar como eu estava contente.

    — E você fez esse suspense todo pra dar essa notícia maravilhosa?

    Mamãe pegou o pano que tinha pendurado no ombro, usou-o para me agredir, mas foi de leve, apenas para extravasar a raiva do susto que lhe dei.

    Sorridente, ela veio me abraçar. Aquele foi um dos momentos mais felizes da minha vida, e acabou virando a memória recente mais alegre que eu possuía com minha mãe. Ela me abraçava com tanto carinho e calor que eu me sentia abençoada.

    — Você é uma pessoa incrível – sussurrou mamãe rente ao meu ouvido. – Eu tenho muito orgulho da mulher que você se tornou. Você merece tudo de bom, meu anjo.

    Era como se eu pudesse ouvir a voz da minha mãe, ao vivo, fora dessa lembrança.

    Quando voltei a mim, meu rosto se encontrava inteiramente úmido a lágrimas. Eu sentia muita falta da minha mãe. Às vezes, até um pouco culpa por sua morte tão rápida e precoce.

    Mamãe descobriu um câncer de mama, já estava avançado. Ela nunca gostou de médico, hospital, não gostava de fazer exames e coisas do gênero.

    Fiz o possível para cuidar dela. Estive sempre perto, gastei o que pude em remédios e no tratamento, até perdi o emprego na loja por precisar faltar constantemente para cuidar de mamãe. Nada adiantou.

    Menos de dois meses após a descoberta do câncer, descobriram outro, na coluna, e depois outro, esse na faringe. Não demorou muito tempo até que mamãe faleceu.

    Os dias pareciam eternidades enquanto eu os vivia, mas, passado essa fase, tive a sensação de que tudo foi extremamente ágil, como se o tempo tivesse passado mais depressa que o normal. De repente a descoberta do primeiro câncer, a quimioterapia, a revelação dos novos tumores e o óbito dela.

    — Não quero que você e seu irmão sofram quando eu partir. A vida é assim. Sei que cuidei bem de vocês, e vocês fizeram o que podiam por mim. Só quero que todo mundo fique bem – proferiu mamãe como suas últimas palavras, já bem afônica, depois apagou gradativamente por causa dos fortes medicamentos e não acordou mais.

    Eu sentia que podia ter feito mais, que podia ter mantido minha mãe viva, mas fiz tudo o que estava ao meu alcance. Era nisso que eu precisava focar. Remoer e me culpar só me faria mal, me deixaria pior.

    Relembrar essa etapa recente da minha vida me causava muita dor. Fazia pouco tempo que minha mãe tinha partido, por isso a ferida continuava sangrando.

    Decidi ir embora. Fiz todo o caminho de volta, ainda com os olhos marejados, tentando fingir a mim mesma que eu não transitava por um cemitério.

    Passei apressada pela entrada.

    Fui caminhando pela calçada do cemitério, rente ao muro, até a esquina, onde eu ia atravessar para alcançar a parada de ônibus. O semáforo estava verde para os automóveis.

    Tentei secar o rosto, mas eu continuava a chorar. Não consegui cessar o choro. Nem ao menos tentei. O sol quente fazia meus olhos arderem um pouco, por isso era impossível, naquele momento, estancar o pranto.

    A contagem do semáforo indicava que ele deixaria de prosseguir verde em 13 segundos. Mesmo assim, um carro parou, um pouco brusco, antes da faixa de pedestres, o que chamou minha atenção. Aquele mesmo veículo buzinou, chamando minha atenção.

    Era um carro bonito. Não sei se era de luxo, mas muito moderno e brilhoso. Eu não conhecia ninguém que possuía aquele tipo automóvel. Olhei ao meu redor e eu era a única pessoa, daquele lado da calçada, que aguardava o sinal ficar vermelho.

    O vidro do banco do carona começou a baixar. Um homem de cabelos brancos pôs a cabeça para fora, sorriu e acenou para mim. Levei alguns instantes para reconhecer aquela pessoa: era o orientador do colégio onde cursei o ensino médio, quase dez anos atrás.

    — Eliana?

    Mesmo intrigada, dei alguns passos para me aproximar dele. Ciro era seu nome. Lembro-me bem dele porque eu tinha a impressão que Ciro desejava ter algum tipo de relacionamento comigo. Ele sempre me olhou com olhos de lobo mau – embora jamais tenha faltado com o respeito ou investido em algo.

    Ciro parecia muito contente ao me reencontrar.

    — É você mesma?

    — Sim, sou eu. Ainda se lembra de mim?

    — Como eu poderia esquecer uma aluna tão dedicada como você? Você nunca me deu trabalho, e continua linda como sempre foi.

    Ciro me encarou de cima a baixo, aparentava estar me analisando por inteira. Durante um breve instante, fitei-o de volta. Não reparando nele, mas na sua posição como um todo: sua roupa, seu carro, o motorista. Quando voltei a encará-lo, Ciro prosseguia me olhando, embora não mais como se me analisasse.

    — Obrigada – agradeci, corada.

    — Está tudo bem? Sua cara não está muito boa.

    — São só alguns problemas. Bobagens. Coisas da vida adulta.

    — Adoraria conversar mais com você. Acho que agora não pode, né? Seria um prazer enorme te encontrar quando você puder parar pra conversar – pronunciou destilando charme com o mesmo olhar de lobo mau.

    — É... Agora eu não posso – desconversei.

    — Pegue um cartão meu pra você ter o meu contato. Meu motorista sempre anda com alguns no carro.

    Pelo vidro, vi quando o motorista mexeu em algum compartimento do carro, depois entregou um cartãozinho a Ciro. O mesmo cartão que ele veio me entregar, e eu recebi. Forcei um sorriso, forjando uma simpatia que era impossível de eu exercer naquele momento de luto.

    Assim que peguei, li que Ciro trabalhava como psicólogo particular e podia atender a domicílio.

    — Na verdade, eu não estou mais trabalhando. Estou aposentado, então você pode me ligar a qualquer hora – explicou ele.

    — Ligo assim que eu puder – falei forçando um sorriso. – O sinal fechou, eu preciso ir. Até mais.

    — Não demore a ligar. Vou esperar impacientemente.

    — Claro.

    Tive o instinto de abaixar a saia, tal qual minha mãe falava para eu fazer durante a escola. Era uma ordem natural dela, pois eu nunca confidenciei o assédio que sofria – até porque eu não tinha mentalidade suficiente para compreender o que acontecia.

    Só que, quando tive a reação de abaixar minha saia, eu estava de calça; foi puro instinto das vezes em que notei o olhar guloso de Ciro durante o ensino médio. Ele sorria para mim.

    Andei apressada para atravessar a rua, meio desconcertada. Eu seria facilmente atropelada se não tivesse visto que o sinal estava vermelho, porque não olhei para nenhum dos lados. Olhei só para frente, revezando o olhar para o carro de Ciro.

    Assim que cheguei à parada de ônibus, me pus atrás da construção de concreto para impedir a visão do meu antigo orientador escolar. Nesse momento, agradeci mentalmente a todos os deuses por alguém ter planejado aquela rua como mão única, assim Ciro não passaria por ali, a menos que invadisse a contramão.

    De repente, tomei um susto quando senti uma mão tocando o meu ombro. Era seu Nino, pai da minha melhor amiga. Tinha os cabelos bastante bagunçados por conta do vento. Na real, ele sempre andava assim.

    Após o susto por ele ter tocado o meu ombro, tentei demonstrar naturalidade.

    — Oi, seu Nino – sorri, ainda com a voz um pouco trêmula.

    — Olá. Você está bem?

    — Estou, sim.

    — Achei que você estivesse um pouco nervosa.

    — Não... Eu tava voltando do cemitério agora – mudei de tom. – Deve ser o sol forte, só isso.

    — Você ainda sente muita falta da sua mãe, não é? Lari me contou um pouco como você tem passado.

    Não tinha como negar, por isso assenti. Mesmo vulnerável, tentei mostrar para ele que eu estava bem – mesmo sem estar.

    Olhei para trás, à procura de Ciro, só que os carros e motos corriam normalmente. O sinal já tinha reaberto, e Ciro com certeza já tinha ido para longe em seu carro.

    — Eu vim comprar um material, só que não encontrei – informou seu Nino. – Você não gostaria de uma carona?

    — Não quero incomodar.

    — Que nada. Eu te deixo em casa, vai ser mais confortável pra ti. Podemos conversar um pouco, se quiser.

    — Se não for incômodo, eu aceito.

    — Vamos, deixei o carro aqui perto.

    Seu Nino apontou na direção do carro, então fomos até ele.

    Segui-o para adentrar o veículo. Seu Nino foi bastante simpático, entretanto eu não tinha clima para ser também. Todas as vezes que ele dizia alguma coisa, eu respondia apenas por educação. Imagino que a intenção dele era me ajudar, só que eu não queria conversar sobre nada no momento.

    O lado bom é que, além da carona, àquela altura eu já tinha esquecido do meu infeliz encontro com Ciro.

    Quando cheguei em casa, já tinha me esquecido completamente do meu reencontro com Ciro. Seu Nino nem entrou, preferiu ir logo para casa. Ainda bem.

    Encontrei

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