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A Felicidade precisa de loucura
A Felicidade precisa de loucura
A Felicidade precisa de loucura
E-book283 páginas3 horas

A Felicidade precisa de loucura

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Sobre este e-book

Estas crônicas de Odenildo Sena são palavras pintadas em cores vivas que a lembrança foi buscar nas mais profundas e finas camadas da memória. Uma escrita em fluxo, um jorrar de fatos, ideias e reflexões que se entrelaçam em uma bela dança textual conduzida pela criatividade do escritor, sob o olhar atento do linguista.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de out. de 2023
ISBN9786555852493
A Felicidade precisa de loucura

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    A Felicidade precisa de loucura - Odenildo Sena

    Livro, A felicidade precisa de loucura - uma sinfonia do meu tempo em 115 crônicas escolhida. Autores, Odenildo Sena. Editora VALER.Livro, A felicidade precisa de loucura - uma sinfonia do meu tempo em 115 crônicas escolhida. Autores, Odenildo Sena. Editora VALER.

    Para Garota,

    cúmplice na leitura e no amor.

    Para o filho Eric,

    fonte de aprendizagem e inspiração.

    Para os netos Victor & Ian,

    leitores do futuro.

    Para Jean,

    filho e mecenas dessa empreitada.

    Minha alma é uma orquestra oculta; não sei que instrumentos tangem e rangem, cordas e harpas, tímbales e tambores, dentro de mim. Só me conheço como sinfonia. (Fernando Pessoa, Livro do desassossego, p. 292)

    Sumário

    CAPA

    FOLHA DE ROSTO

    CARTA AO MESTRE

    INTRODUÇÃO

    TEMPO DAS LIÇÕES DE CASA

    1. A amassadeira

    2. A doce ilusão do Natal

    3. A reinvenção dos brinquedos

    4. Adeus às ilusões

    5. Discurso de criança

    6. Lições de um mancebo

    7. O marujo & os brinquedos

    8. O menino que gostava de óculos

    9. Os filhos da gente

    10. Um gênio em minha casa

    TEMPO DE APRENDIZAGEM COM A VIDA

    1. A ciência do olhar

    2. A derradeira vida do padre Tiago

    3. A felicidade precisa de loucura

    4. Análise de conjuntura

    5. As metáforas da crise

    6. Confesso que escrevi cartas

    7. Da música e do ruído

    8. Discurso & fotografia

    9. Distante do mundo

    10. Entre os reinos de Jeová & Gutemberg

    11. Escutar menos, ouvir mais

    12. Esse mundo virtual

    13. Estrela da vida inteira

    14. Livro marcado pelo leitor

    15. Material vencido

    16. O primeiro fusca

    17. Primeiro desemprego

    18. Reencontro com Bandeira

    19. Ressonância

    20. Semântica & marcenaria

    21. Sobre filmes & manias

    22. Sobre o velho & a velhice

    23. Vida (curta) de repórter

    24. Vida útil

    TEMPO DAS MEMÓRIAS DE MENINO

    1. Acidente de percurso

    2. Banho de chuva

    3. Cartas & carteiros

    4. Coisas de Mãe

    5. Da lamparina ao candeeiro

    6. Da leitura à infância

    7. Dactilografia

    8. Dia de retrato

    9. Escambo

    10. Fome zero

    11. Frases de Mãe

    12. Lata d’água na cabeça

    13. Meu Cinema Paradiso

    14. Meu conto de Natal

    15. Na fila do cinema

    16. No tempo das boiadas

    17. No tempo dos arraiais

    18. O cerol do Calango

    19. O discurso do rei

    20. O empinador de papagaio

    21. O porteiro dos nossos sonhos

    22. O sagrado cafezinho de Mãe

    23. Oceano da infância

    24. Os cinemas de minha meninice

    25. Os ônibus de minha infância

    26. Os sem-cacimba

    27. Paixão & cinema

    28. Paris de eu menino

    29. Pescaria clandestina

    30. Sessões contínuas

    31. Sonhos de menino

    32. Tempos de arribação

    33. Tempos de luto

    34. Teoria de Lavoisier

    35. Trauma de infância

    36. Uma Santa Casa

    37. Voz da colina

    TEMPO DE UM OBSERVADOR À ESPREITA

    1. A cachaça do Acácio

    2. A devassidão do mercado

    3. A ditadura das barrinhas

    4. A gramática Sateré-Mawé

    5. A morte cruel dos cinemas

    6. A morte de um iPod. Pode?

    7. A mulher que beijou Saramago

    8. Armado até os dentes

    9. Carta à síndica

    10. Cinema à moda antiga

    11. Conversa sobre anjos

    12. Deus, Paris, Veríssimo & nós

    13. Diário de bordo

    14. Exames laboratoriais

    15. Maquiagem ortográfica

    16. Momento no café

    17. Nostalgia do trabalho

    18. O amargo sabor de um beijo

    19. O amor é lindo

    20. O milagre da Gol

    21. O mundo fraturado do cinema

    22. O perverso mundo da burocracia

    23. O poderoso lugar social do médico

    24. O preço da modernidade

    25. Olha essa do Renato

    26. Parâmetros de civilidade

    27. Um nobre e raro ofício

    28. Um pobre na primeira classe

    TEMPO DAS MEMÓRIAS DE SALA DE AULA

    1. A gramática do Milton Hatoum

    2. Meu nome é Criket

    3. No dia em que a ditadura confiscou Zorba, o grego

    4. Robin Hood didático

    5. Trocando figurinhas

    TEMPO DE PANDEMIA

    1. O começo do começo

    2. Sem direito de ir e vir

    3. A ressignificação dos gestos

    4. A reinvenção da vida

    5. Um trompete solitário

    6. A presença macabra do vírus

    7. A esperança em pequenas caixas

    8. O inimigo é invisível e implacável

    9. O reencontro com o mundo

    10. A ruazinha recupera o fôlego

    11. Desconfinamento

    NOTA BIOGRÁFICA

    Carta ao Mestre

    Escrever parece coisa de quem vive no embate com as águas – confrontando os banzeiros, ventos e, principalmente, a incerteza das distâncias e da chegada ao porto. Numa viagem, um capitão e seu barco vivem dias de boa navegação, outros nem tanto, e há aqueles de remanso, em que não saímos do lugar.

    Pensei nisso, velho Mestre, porque, em meio às procelas que tive de atravessar ao longo deste ano, fui dar num curso de águas remansosas e, como o comandante de Homero que quase foi vencido pelas sereias, também tive de me lançar à tarefa de escutar o silêncio e decifrar a fala das águas.

    Fui em busca do fio da imaginação, de um lampejo que me ajudasse na tessitura do texto prometido. Pois o encontrei por acaso. Conto ao Mestre, que me ensinou a magia e o estranho poder das palavras, como encontrei o mote e as palavras foram se tecendo e, juntos agora, acompanhamos essa teia/texto. Foi assim: li as crônicas de A felicidade precisa de loucura e não consegui iniciar o alinhavo... Fiquei ruminando, boi perdido no campo, pensando por onde começar. E assim o tempo foi ruminando as coisas e eu dentro dele...

    Dia desses, pensei, vou folhear alguns livros, quem sabe não estrala a centelha! Pois bem, navegando as páginas de uma biografia de Boccaccio, me deparei com recortes de suas cartas, uma em especial, em que rende homenagens ao seu mestre adorado, Francesco Petrarca, que o ajudava com suas obras a debelar as misérias da fortuna e com quem muito aprendeu sobre o ofício do verso. É bonita essa relação entre mestre e discípulos, como um vai se acrescendo do outro.

    Foi assim que voltei às crônicas para urdir essa apresentação, que na verdade é uma carta, em que entrelaço percepções e lampejos de coisas que me chamaram a atenção. Sobressai no seu livro a delicadeza dos textos: em A amassadeira, nos remete à infância, a um tempo em que as crianças inventavam seus objetos de divertimento. Na crônica, rememoras a experiência de ensinar ao filho Eric o prazer da criação desse mastodôntico veículo e o aprendizado e alegria... de ter construído o próprio brinquedo.

    Percebi no livro a presença de reminiscências e até certa nostalgia das paisagens da infância – coisa tão cara a todos nós. Pensei na minha tapeçaria da meninice quando relembras o igarapé do São Raimundo e Glória, que há muito vive mesmo somente no esforço da lembrança.

    Notei que o livro são instantâneos de momentos que expressam a sua jornada de vida, como menino de beira d’água, solto na rua, num tempo em que as ruas eram territórios livres; depois foi crescendo, estudando, até virar homem de ciência, preocupado com as coisas do mundo, e mestre da língua, além de ensinar meninos às vezes um pouco rudes a olhar o coração das palavras – decifrar a pulsação, a intensidade e falas que nelas estão contidas. Como missivista dos tempos da velha Remington, em que as palavras eram marteladas, aprendeste na munheca a inscrever as palavras e fixar a memória da inconstância do mundo.

    Pois foi com o senhor, Mestre querido, que aprendi que as palavras dizem muitos símiles, como relatam as musas no poema do lendário Hesíodo: contêm mistérios. Aprendi que elas gritam, ficam revoltadas, às vezes se guardam como mulheres caprichosas. Para conquistá-las, é preciso manha, adoçá-las. E foi dessa forma, com muita parcimônia e um pouco de atitude, que consegui conquistá-las e tresmalhar esta carta em que o celebro e registro essas impressões que testemunham meu apreço pelo seu trabalho e pela humanidade de suas crônicas. E, voltando a Boccaccio, que tanto esmero tinha com as palavras, concluo esta carta, que mais parece um capitão navegando águas raivosas: Companheiros, não vos assanheis comigo; o negócio foi bem diverso do que pensais. E assim concluo, com esse florilégio de lampejos sussurrantes.

    Seu velho aluno,

    Tenório Telles

    Introdução

    Quando menino, no bairro de São Raimundo, eu tinha uma inveja danada dos mais velhos. Na perspectiva da minha meninice, eles podiam fazer tudo o que a mim era proibido ou não cabia à minha idade de frangote.

    Apaixonado por cinema, lembro-me, por exemplo, de que era hábito meu ficar por um longo tempo me remoendo diante das cinco vitrines que mostravam os cartazes com os filmes a serem exibidos à noite, durante a semana, na imensa tela do cinema Ideal. No canto direito inferior de quase todos os cartazes, a plaquinha indesejável indicativa de que o filme era proibido para menores de dezoito anos. Isso me causava uma grande revolta! De calça curta e suspensório, via naquela proibição uma tremenda injustiça contra mim e meus colegas do mesmo tope.

    Em minha indignação de menino, tudo o que eu queria, então, era apressar o tempo. Tudo o que eu desejava era que as minhas noites de sono consumissem o tempo com velocidade, para eu crescer e me tornar dono das minhas ventas, como dizia Mãe. Mal eu sabia que, bem mais tarde, eu daria tudo o que tivesse para voltar a viver naquele tempo de menino.

    Hoje, aos 70 anos e bem distante daqueles tempos de menino, dou-me conta de que a implacabilidade do tempo e de seus efeitos irreversíveis na matéria perecível que sustenta a vida está na lentidão do corpo e da mente. A rapidez com que eu esticava o braço para pegar um livro no alto da estante já não é a mesma. Em lugar da firmeza e da cadência em uma caminhada, sobrevieram meus passos lentos e mediados com o auxílio de uma bengala. Os degraus e os desníveis, antes meros trampolins dos meus caprichos, agora representam duros obstáculos a serem transpostos. O sono, sempre fiel aliado em tempos passados e para quem hoje eu tremulo a bandeira branca em sinal de paz e convivência, desdenha ironicamente de mim e torna as minhas noites mais longas.

    E tem mais. As habilidades domésticas de bombeiro, eletricista e marceneiro, que exigem flexibilidade do corpo e dos músculos, tornaram-se meus heterônimos do passado. A lembrança de certas ideias e palavras guardadas na memória de longo prazo exige de mim um tempo maior de espera, tal qual um computador cansado, cujos gigabytes que alimentam sua memória ram já não são suficientes para acessar com rapidez os arquivos desejados.

    Rebelar-se contra essas verdades? Claro que não! Seria insensato, além de inútil, maquiar-se para fazer desaparecer as rugas e fingir uma juventude que já ficou para trás, como disse Norberto Bobbio.

    A mais implacável das descobertas, nessas alturas da vida, entretanto, repousa em três certezas: a da existência de um estoque quase inesgotável de passado, a da evidente carência de futuro e a da irreversibilidade do tempo.

    A primeira certeza me leva a constatar que meu bem mais valioso é a memória, repositório das minhas lembranças. Das minhas convicções e tentações. Das minhas alegrias e sofrimentos. Dos meus acertos e erros. Dos meus sonhos e frustrações. Das minhas paixões e desatinos. Das minhas perdas e ganhos. Das minhas aprendizagens e negligências. Das estradas que percorri e das que preferi evitar.

    Se, aos 70 anos, o meu passado se tornou longo, a segunda certeza me acorda para o fato de que o meu futuro encolheu e me aponta para a mais inevitável ocorrência da natureza humana: a finitude da vida. Isso me faz lembrar um trecho da canção do Nelson Cavaquinho, que diz assim: Por isso é que eu penso assim, se alguém quiser fazer por mim, que faça agora.

    Por fim, e esta é uma descoberta que me coloca entre a alegria e a dor, a irreversibilidade do tempo me joga na cara que o que eu fiz de bem aos meus e à Humanidade ficou sacramentado em nossa história particular. Já o que eu deixei de fazer jamais poderá acontecer, porque aquele espaço de tempo já não existe mais. Foi tragado por um pedaço consumido da vida.

    De qualquer modo, se, nos arroubos dos tempos de menino em São Raimundo, eu tanto apressava o tempo, hoje, tendo chegado aos 70 anos, quero andar devagar, porque já tive muita pressa. E tudo o que eu mais anseio é que o tempo deslize como a mansidão dos rios, que, apesar da certeza inabalável de seu destino, não tenha pressa alguma em se encontrar com o abraço do oceano.

    Para terminar esta crônica em forma de introdução a este meu novo livro, volto a dizer que, hoje, meu bem mais valioso é a memória. E a memória me faz lembrar que todos os acontecimentos que nela descansam tiveram seu tempo e sua hora debaixo dos céus. As 115 crônicas escolhidas e reunidas nesta Sinfonia do tempo, portanto, representam um pouco de cada recorte desse tempo.

    Boa leitura.

    Páginas de A felicidade precisa de loucura2_Página_1

    A amassadeira

    Sabia que com isso não se brinca. Mãe sempre nos alertava. Não prometa nada a uma criança sem cumprir.

    Claro, fiz com a melhor das intenções. No meio de uma produtiva conversa sobre brincadeiras de minha infância, cravei o compromisso. Tão logo sobrasse um tempinho, construiria uma amassadeira para ele brincar. De pronto, a natural curiosidade dos seis anos se instalou. Queria saber o que era. Fi-lo lembrar da patriótica operação tapa-buracos da prefeitura, que havia premiado a nossa sofrida rua, alguns dias atrás.

    – Aquela máquina que tem um rolo de ferro pesado na frente, que passa em cima para ajeitar a rua?

    Sim, isso mesmo! – Respondi sem lhe dar trégua.

    – Mas, como a gente vai fazer?

    Percebi, então, a sutil matreirice do discurso infantil, já se incluindo como parceiro naquela empreitada. A gente. Tolice mesmo acharmos que, dentro das limitações de sua linguagem, uma criança não saiba se valer das inúmeras artimanhas discursivas de seu mundo. Ledíssimo engano.

    Pois bem, a carga de cobrança foi tão cerrada nos dias seguintes, que me vi na contingência de juntar ações às palavras. A gente se sentou solenemente no chão da sala para reunir a matéria-prima necessária à fabricação da tal amassadeira. Diferentemente do tempo de minha meninice, quando o quintal da casa era o repositório de tudo aquilo de que precisávamos para nossas brincadeiras, dei-me conta da absoluta carência de componentes para esse fim no apartamento. Arame e barbante. Tive que comprar na loja de ferragens mais próxima. Lata vazia do velho e bom leite Ninho. Havia, mas o progresso plastificara a tampa, inviabilizando a obra. Fomos obrigados a sacrificar outro produto similar, cuja tampa era de lata.

    Iniciamos a linha de produção. Com um parafuso encontrado no fundo de uma gaveta e o amassador de carne fazendo a vez de martelo, furamos um pequeno orifício no centro das laterais da lata, por onde fizemos passar um pedaço de arame, de um lado a outro. E o pequeno fazia questão de colocar a mão na massa! Em seguida, unimos as duas pontas de arame, onde amarramos o barbante que nos permitiria arrastar o veículo.

    A inauguração foi solene. Passei-lhe o comando do equipamento e, com a expressão plena de felicidade, Eric começou a circular entre a cozinha e os quartos, com ar de quem havia acabado de conseguir um extraordinário feito tecnológico. Aos olhos de muitos, pode até parecer bobagem, mas a alegria estava no fato de ter construído o próprio brinquedo. Dei minha missão e minha promessa por cumpridas.

    A doce ilusão do Natal

    Não sabia, ainda, qual surpresa o aguardava naquela caixa diligentemente coberta por um colorido papel de presente. Acabara de acordar e curtia um misto de ansiedade e controle. Não tinha certeza se corresponderia ou não ao pedido detalhado em sua cartinha deixada ao pé da minúscula árvore de Natal, mas se segurava, dando vida longa à espera que o separava da emoção de conferir o que escondia aquele embrulho.

    Abraçou a caixa contra o peito, como quem não pretende correr qualquer risco de perder um bem precioso. Encarou com firmeza o olhar da mãe. E, do alto dos seus experimentados cinco anos de idade, cravou com maestria e objetividade:

    – Mãe, você acredita no Papai Noel?

    Tentando dissimular a surpresa com a inesperada atitude, ela buscou cumplicidade no meu olhar e lhe respondeu à altura da firmeza da pergunta:

    – Claro que acredito!

    Antes da pergunta, refeita para mim, antecipei-me e bati firme na tecla:

    – Claro que eu também acredito!

    Seus olhinhos traduziram alívio e segurança. Estava dada a garantia para que iniciasse o lento ritual de abertura do pacote e resgatasse do interior da caixa de papelão a primeira das peças que compunham o presente. É um Tiranossauro Rex! A exata classificação denunciava o precoce espírito investigador de paleontólogo, que o faz trazer na ponta da língua os nomes mais esquisitos como Cryolophosaurus, Carnotaurus, Velociraptor, Oviraptor, Styracosaurus, Trigonosaurus, Iguanadon e por aí vai.

    Mas as dúvidas existenciais que o perseguiam naquela manhã de Natal não estavam todas resolvidas. Súbito, interrompeu a concentração, voltou-se para o nosso olhar de espectadores e nos conduziu até a sala, onde as luzes da árvore de Natal ainda piscavam multicoloridamente. Queria saber agora como o Papai Noel havia atendido ao seu pedido, se a carta a ele endereçada, posta há alguns dias sob a

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