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Retalhos de um mundo incoerente
Retalhos de um mundo incoerente
Retalhos de um mundo incoerente
E-book88 páginas1 hora

Retalhos de um mundo incoerente

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Sobre este e-book

Esses são os relatos de um Mundo INcoerente, mas também divertido. Muito humor de todas as cores
SINOPSE DE LOS RELATOS: DIVINO ABURRIMIENTO Deus, em sua eternidade, se aburre. Um pequeno e inocente querubín fez surgir uma idéia genial para contentar, entreter e alegrar seu senhor. O que aconteceu com Angelito?
O DETETIVE E A MULHER Um detetive em decadência recebe o encargo de seguir e vigiar uma mulher. Parece um trabalho mais, mas logo começará a ter dúvidas sobre a verdadeira intenção do cliente. Além disso, o encargo é obrigatório para falar com ela. A partir desse momento, a vida pessoal e profissional do detetive cobrará um giro inesperado. NO SOMOS TAN VIEJOS Quatro octogenários que viveram épocas deliciosas em sua juventude, apressados pela vacuidade de suas vidas atuais, planejaram o robô para um banco. Você conseguirá? Como você perpetrará o golpe?
TE CONCEDO UM DESEO Um escritor recebe a visita de um duende que lhe oferece a possibilidade de conceder um desejo. Entre dúvidas e vacilações, o escritor decide pedir-lhe algo inusitado e quase impossível: ¿Poderá o pequeno duende concedérselo?
UM INVENTO PARA O FUTURO Um cientista que trabalha para uma Fundação Sanitária recebe o encargo de apresentar um projeto no concurso “Construindo o Futuro” destinado a melhorar a vida futura no planeta. O cientista apresentará uma 'invenção' necessária para o futuro e quererá mudar a inércia da política correta, algo que poderá pagar caro.

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento13 de dez. de 2023
ISBN9781667467115
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    Retalhos de um mundo incoerente - Jose Carlos Bermejo

    Para o meu pai

    Caro leitor; querida leitora,

    Obrigado por se aproximar a estas histórias, a estes fragmentos.

    Na verdade, não sei por que os autores escrevem. E nem por que alguém lê.

    Faço as duas coisas porque algo me impulsiona. A lidar com a linguagem e a transformá-la em imagens. Isso mesmo. A desenhar paisagens e guardá-las em palavras além do pensamento. A surpreender. Quando se trata de escrever, devo confessar que às vezes tenho dificuldades. Sofro um sentimento frustrante de exigência, que me faz esquecer o prazer de contar uma história, a qual imagino apaixonada e apaixonante. E que nunca termina.

    Por um lado eu teria preferido ser jogador de futebol, mas por outro acho que fui um trovador ou algo semelhante em alguma das minhas vidas passadas. Quem sabe? A questão é que algo me leva a escrever. E se gosto de algo na vida, sinto-me na obrigação de compartilhá-lo.

    Meu pai, um filósofo infinito, sem estar ciente disso, como tantos outros, dizia: É dando que se recebe.

    Eu sigo o seu nobre exemplo... Sempre que posso. A partir deste momento, estes retalhos, em conjunto, são seus e das pessoas a quem os dedico por motivos específicos. Já é muito pouco o que posso oferecer ao meu pai: apenas uma lembrança sincera. Eu gostava de quando ele já estava aposentado e eu lhe dava romances, que ele lia ao sol da manhã, no parque. Parece clichê. ‘O Velho e o Mar’, ‘Pulp’, ‘O Carteiro de Pablo Neruda’, dentre outros. Ele não teve a oportunidade de conhecê-los antes, mas sei que gostou de lê-los porque depois foram motivo de conversa. Algo que nunca havia acontecido nesses termos antes. E o meu pai, sem fingir entusiasmo, dizia do que gostava, o que o surpreendia e o que o fazia rir. Foi uma alegria partilhada porque, logicamente, dei-lhe os romances de que gostei. Eu intuía que ele também ia gostar. Se não, que filho ruim eu seria, não é? Além disso, ele não me chamava mais de intelectual, como se fosse um leve insulto quando discutíamos. Isso era algo comum em tempos passados.

    Permita-me (com a aprovação paterna): essas histórias também são suas: Caro leitor, querida leitora.

    Meu pai certamente gostaria delas. Principalmente porque quem escreveu foi um dos seus filhos, que no crepúsculo lhe dava romances para ter do que falar, proporcionando-lhe a viagem mais econômica que podia a outros Mundos para partilhar: Perfume, Crônica de uma Morte Anunciada, "Réquiem por un campesino español". Mas o que ele mais gostou foi Bukowski, e Hem também.

    Sempre grato.

    Para você e para Jose: com a memória desperta. Boa viagem para sempre.

    José Carlos Bermejo. Madri, Junho de 2020.

    Índice de conteúdos

    DIVINO TÉDIO

    O DETETIVE E A MULHER

    NÃO SOMOS TÃO VELHOS

    EU TE CONCEDO UM DESEJO

    UMA INVENÇÃO PARA O FUTURO

    OBRIGADO POR COMPRAR ESTE E-BOOK

    SOBRE O AUTOR

    DIVINO TÉDIO

    I

    DEUS ESTAVA LÁ, na verdade tinha passado uma eternidade inteira naquele ponto determinado. Para o homem, o eterno significa o perpétuo, sem começo, sucessão ou fim. Para Deus, significa o mesmo. E esse turbilhão dilatado sem começo nem fim, na verdade, não tem sentido se não se tiver um propósito, se não se fizer algo interessante. E Deus fez tudo. Inclusive, criou o homem e a mulher, mas isso foi há muito, muito tempo. Demasiada eternidade, embora esse possa parecer um conceito contraditório; algo que a compreensão imatura dos seres humanos não está preparada para assimilar.

    Seja como for, Deus estava cansado de descansar. Ele estava entediado de ver o vazio inerte do tempo inexistente passar diante de si. Deus estava farto...

    Com o seu olhar estrábico e cósmico, ele olhou para o universo abstrato que se movia como um pêndulo ao seu redor e não viu nada que fosse atraente o suficiente para fixar a vista. Então, soltou um leve suspiro de tédio que se chocou contra o céu e houve um cataclismo em alguma região da China, perto de um lugar que chamam de Wuham. Deus colocou as mãos na cabeça e lamentou a confusão, depois conseguiu se perdoar e, depois de um tempo, adormeceu tranquilamente.

    Ao acordar, sentiu um bem-estar especial. A vigília era um estado perfeito para dar fôlego ao descanso. Ele podia sentir a sua própria respiração, que se filtrava através da espessa barba branca. Ele sentiu o calor que o manto lhe proporcionava e o silêncio imperturbável que o rodeava. Mas, rapidamente, saiu do transe pacífico, para retornar à dura realidade. Recuperou a consciência e deixou um sorriso torcido e abatido aparecer em seu rosto.

    – Estou entediado – disse Deus.

    Era a primeira vez que ele o admitia e dizia em voz alta.

    As palavras de Deus têm a virtude de serem ouvidas por todos os filhos ao seu redor. Assim, centenas de querubins e serafins, todos os apóstolos, um grande número de santos que ganharam a companhia do Pai e até mesmo pessoas normais acudiram.

    Elas o cercaram, olhando para ele com expressões de surpresa e impaciência. Alguns estavam com a boca aberta. Outros tinham os olhos arregalados de surpresa, quase saindo das órbitas. Eles esperaram.

    Deus de repente ficou com as bochechas vermelhas, por toda a atenção que recebeu, abaixou a cabeça e perdeu o olhar, vagando da esquerda para a direita.

    Ninguém disse nada. Nenhum dos presentes se atreveu a dizer uma palavra porque nenhum deles conseguiu pensar em alguma frase inteligente para desfazer aquele silêncio e paz universalmente conhecidos.

    Deus olhou para cima. Os santos, os querubins, os serafins e até as pessoas normais deram um passo para trás, com a respiração suspensa. Mas Deus baixou o olhar novamente.

    – Estou entediado – ele repetiu num tom claramente abatido.

    Na plateia houve um breve murmúrio de vozes abafadas, cada um comentava o que achava.

    Deus levantou-se do trono e deu um enorme aplauso, que ecoou pelo firmamento. Um terremoto devastou várias cidades em alguma região do Cáucaso e um maremoto atingiu a costa do Pacífico.

    – Opa – disse Deus – Enfim... sinto muito.

    Não se sabe ao certo se passou muito ou pouco tempo, pois, como todos sabemos, o tempo no céu não tem um conceito claro e compreensível. O que se sabe é que, do meio da multidão que cercava o Pai na

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