Aninha em Coisas de Menina

De Luciana Pinheiro

Este é um livro para crianças e, também, para adultos. Esta história se passa entre final dos anos de 1970 e meados dos anos de 1980, quando não existia celular e internet. A única forma de divertimento era brincar.
Conta a história de Aninha, menina meiga, pele de índio, cabelo de seda e cheiro de princesa, que vivia com a sua avó, uma senhora baixinha, ótima em quitutes e excelente contadora de histórias, em um subúrbio paulistano.
Retrata conflitos na transição de menina a moça em uma época de ditadura.

• Idioma: Português
• Editora: Viseu
• Data de lançamento: 15 de dez. de 2023
• ISBN: 9786525459097

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Capítulo 1

O Quintal e Bili

Aninha, menina meiga, pele de índio, cabelo de seda e cheiro de princesa, vivia com a sua avó, uma senhora baixinha, ótima em quitutes e excelente contadora de estórias, principalmente as de terror. Quando as ouvia, Aninha corria para trás do sofá e fechava seus olhinhos pretinhos que pareciam jabuticabas maduras.

A menina passava o dia explorando o quintal. Em seu bolso, uma faquinha e um pouquinho de sal. Quando sentia fome, colhia uma folha de couve, espremia limão sobre ela e colocava uma pitadinha de sal; enrolava a couve, em formato de charuto, e comia-a de uma vez só. Comia limão com sal, mas a sua avó lhe alertava que muito limão afina o sangue.

No quintal, havia variedades de limoeiros, laranjeiras, videiras e hortaliças; no quintal do vizinho, um sargento aposentado, havia pé de mexerica, goiaba vermelha e jabuticaba. Já no quintal de outra vizinha, comadre de sua avó, carambola, abacate e amora.

Aprontava muito essa sapeca. Andava sobre os muros com seu cãozinho Bili no colo. Assim, ele aprendeu a façanha e, por cima do muro, provocava os cachorros que passavam em frente sua casa.

Uma vez, ele se deu mal. Com sua fúria canina, descuidou-se, caiu do lado de fora do muro e os cachorros da rua foram para cima dele. Logo, Aninha percebeu o desastre e o acudiu, trazendo-o para dentro de casa.

Bili seguia a menina por todos os cantos e, quando estava acompanhando Aninha até a padaria, foi atropelado. Foi preciso amputar sua patinha traseira. Sua recuperação foi rápida e Bili corria tanto que nem parecia que lhe faltava um membro.

Como Aninha vivia empoleirada em árvores e muros e correndo pelo quintal, machucava-se com frequência. Uma