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Caçada Ao Menino Do Rio 2.
Caçada Ao Menino Do Rio 2.
Caçada Ao Menino Do Rio 2.
E-book435 páginas6 horas

Caçada Ao Menino Do Rio 2.

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Sobre este e-book

Sinopse: Neste livro, “Caçada ao Menino do Rio 2 - A minha história em quadrinhos”, eu transcrevo a minha história de vida, contada em 15 capítulos em Caçada ao Menino do Rio e escrevendo sobre alguns personagens que fazem parte da minha vida, tais como: Escadinha, Orlando Jogador, Michael Jackson, Ayrton Senna, Roberto Dinamite, Zico, Fernandinho Beira-mar, Meio-Quilo, Uê, etc. Também abro o bico sobre o Esquadrão da Morte (Mão Branca), o BOPE, Falange Vermelha, Comando Vermelho, eu falo a respeito de 50 chacinas ocorridas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, além de contar um pouco da história do (a): Flamengo, Fluminense, Vasco da Gama, Botafogo, Cristo Redentor, dos bairros da cidade do Rio de Janeiro, da Portela, Mangueira e Beija-flor de Nilópolis. Através de aplicativos que transformam fotos e vídeos em histórias em quadrinhos, eu selecionei mais de 30 imagens, de locais (lugares) e figuras públicas, que tem alguma relação com a minha história de vida, e assim, juntos tornaram-se uma história em quadrinhos.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento4 de jan. de 2024
Caçada Ao Menino Do Rio 2.

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    Caçada Ao Menino Do Rio 2. - Edmilson Pereira Da Silva

    Livro: Caçada ao Menino do Rio 2.

        (A minha história em quadrinhos).

            Autor: Edmilson Pereira da Silva. 

                Edição: 1. 

                  Mês: Janeiro. 

                    Ano: 2024.

                            Porto Alegre.

                                  Rio Grande do Sul.

                                        Brasil.

    Mais de palavras: 108.500

      I) Sinopse: Neste livro, Caçada ao Menino do Rio - A minha história em quadrinhos, eu transcrevo a minha história de vida, contada em 15 capítulos em Caçada ao Menino do Rio, num livro que foi lançado em Dezembro de 2023, e escrevo sobre alguns personagens que fazem parte da minha vida, tais como:  Escadinha, Orlando Jogador, Michael Jackson, Ayrton Senna, Roberto Dinamite, Zico, Fernandinho Beira-mar, Meio-Quilo, Uê, etc.

    Também abro o bico sobre o Esquadrão da Morte (Mão Branca), o BOPE, Falange Vermelha, Comando Vermelho, eu falo a respeito de 50 chacinas ocorridas

    na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, além de contar um pouco da história do (a): Flamengo, Fluminense, Vasco da Gama, Botafogo, Cristo Redentor, dos bairros da cidade do Rio de Janeiro, da Portela, Mangueira e Beija-flor de Nilópolis.

      Através de aplicativos que transformam fotos e vídeos em histórias em quadrinhos, eu selecionei mais de 30 imagens, de locais (lugares) e figuras públicas, que tem

    alguma relação com a minha história de vida, e assim, eles juntos tornaram-se uma história em quadrinhos.

    II) Índice:

    I) Sinopse.

    II) Índice.

    III) A minha história em quadrinhos.

    IV) Caçada ao Menino do Rio.

    Capítulo 1 - Terminou a caçada.

    Capítulo 2 - Vivi 23 anos no Rio de Janeiro…

    Capítulo 3 - Minha fuga para Minas Gerais.

    Capítulo 4 - Clarice Lispector e Mineirinho.

    Capítulo 5 - O famigerado Hotel Encantado.

    Capítulo 6 - A Turnê do Xou da Xuxa.

    Capítulo 7 - Réveillon na sede do  Atlético-MG.

    Capítulo 8 - Fiquei mocozado no Paraná.

    Capítulo 9 - Bairro Maracanã em Foz do Iguaçu.

    Capítulo 10 - A Creche Mamãe Carolina.

    Capítulo 11 - Você ainda tá vivo, tu não morreu?.

    Capítulo 12 - Trampando no Panorama II.

    Capítulo 13 - Arapuca para pegar o X9.

    Capítulo 14 - Jamil Nakad, juiz e político.

    Capítulo 15 - Rio Grande do Sul e o meu fim.

    V) Rio de Janeiro, a Cidade Maravilhosa.

    1- São Sebastião do Rio de Janeiro.

    2- Escadinha.

    3- Comando Vermelho.

    4- Orlando Jogador.

    5- Fernandinho Beira-mar.

    6- Meio-Quilo.

    7- Uê.

    8- Esquadrão da Morte.

    9- O BOPE.

    10- Papa João Paulo II.

    11- Rock in Rio.

    12- Clube de Regatas do Flamengo.

    13- Fluminense Football Club.

    14- Club de Regatas Vasco da Gama.

    15- Botafogo de Futebol e Regatas.

    16- Estádio do Maracanã.

    17- Cristo Redentor.

    18- Os bairros da cidade do Rio de Janeiro.

    19- Portela.

    20- Mangueira.

    21- Beija-flor de Nilópolis.

    22-  50 chacinas na Região Metropolitana do RJ.

          III) A minha história em quadrinhos:

    Abaixo: A Chacina da Candelária.

      Teve um período da minha vida, que eu, Edmilson Pereira da Silva (Carioca), trabalhei em alguns cemitérios, na cidade de Joinville em Santa Catarina. Foram nos seguintes cemitérios municipais: São Sebastião, Cometa, Pirabeiraba, Cubatão, Dona Francisca, Nossa Senhora de Fátima e no Municipal de Joinville (Sede Administrativa). O meu trabalho de zelador, só me trouxe mais compreensão de pelo menos, tentar entender o sentido da vida, de que nós não somos ninguém, nessa nossa passagem por esse mundo, não importando a cor da pele, nível de estudo, situação  social ou  financeira.

      IV) Caçada ao Menino do Rio:             

    Capítulo 1- Terminou a caçada.

    Em meados de 1996, já tinha alguns meses, que eu não fazia  uma ligação telefônica para o meu irmão Edson, que morava lá na cidade do Rio de Janeiro, local onde eu nasci e fui criado, mais que em 1987, quando eu tinha vinte e quatro anos de idade, tive que botar sebo na canela e sair voando de lá, pois alguns policiais corruptos ligados ao tráfico de drogas, fizeram a cabeça do malandragem lá do Morro da Caixa D'água, envenenando a mente dos traficantes do Comando Vermelho, de que era eu o X9 que tinha dedurado as parcerias deles, que numa operação bem organizada, os traficantes de drogas do Morro do Urubu e alguns milicianos, seus cupinchas,  surpreenderam-os e passaram o rodo, bem no momento em que a galera lá do Morro da Caixa D'água, estava recebendo uma remessa grande de drogas e armas trazidas lá para o morro pelos seus parceiros da polícia.

    Durante a troca de tiros intensa entre as bandidagens, a rapaziada do tráfico do Morro do Urubu, deixaram dentro de um carro, uma mochila cheia de roupas minhas e lá dentro havia alguns boletins escolares meus de quando eu cursava a Sexta Série do Ginásio (Ensino Fundamental). Assim, de uma hora pra outra, meu irmão Edson, me avisou para sair o mais rápido da minha cidade natal, pois os policiais militares e a facção criminosa Comando Vermelho, estavam a minha caça, querendo me fazer comer capim pela raiz, sim, isso mesmo, me mandar pra terra dos pés juntos, só com a passagem de ida.

      Depois de quase dez anos, eu tive que ir morar em outros estados, ficando pulando de galho em galho, por várias cidades e sem poder assinar a minha carteira de trabalho. Finalmente, a justiça de Deus, foi feita com a descoberta das duas pessoas, que estavam há  anos, prejudicando os traficantes do Morro da Caixa D'água e os seus parceiros da polícia militar e civil. Ao ligar para o telefone residencial do Paulo, que era colega de trabalho e amigo do peito, do meu irmão Edinho, o Paulo me disse que, os traficantes de drogas do Morro da Caixa e os policiais corruptos, que vinham tomando bola, a um tempão, finalmente tinha descoberto, quem eram os verdadeiros caguetas ordinários.

    Foi quando os policiais milicianos em acordo com os traficantes de drogas do Morro da Caixa D'água, armaram uma cilada, para dar um flagra, nos dois Xis Nove, para depois botar tudo em pratos limpos, mostrando para todo mundo ver, quem eram aquelas duas serpentes do mal, que por tudo que aprontaram, não mereciam estar respirando o mesmo ar (oxigênio), que nós e que por isso, essas pessoas, iriam servir de adubos em algum buraco, feito por eles mesmos, porque quem é traíra, tem que cavar a própria sepultura rasa.

      Após ter conversado por muitos minutos com o Paulo, solicitei a ele, que fosse até o local onde ele e o meu irmão Edinho  trabalhavam, para dar o recado, para o meu mano, de que eu precisaria falar com ele com urgência naquele mesmo dia e foi o que o Paulo fez. Quando eu conversei com o meu irmão Edinho, ele me contou coisas surpreendentes, que deixaram uma boa parte dos moradores da cidade do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense, atordoados ao tomarem conhecimento de quem eram os verdadeiros X9.

      Os traficantes do Comando Vermelho não estavam a minha caça há um tempão, a maioria dos integrantes do tráfico de drogas, lá no Morro da Caixa D'água, foram criado junto comigo e meus irmãos, muitos desde o início duvidaram que eu havia feito uma sujeira daquela, pois eles sabiam que o meu negócio era jogar bola, trabalhar à noite e estudar. Eles não viam um motivo para mim fazer uma tremenda crocodilagem com eles e pra completar a limpeza da minha barra com o CV,  a minha irmã Virna casou com o Milton Escopeta, que além de ser muito amigo dos meus irmãos, também veio a assumir como gerente (chefe) das bocas de fumo lá no morro.

      No final do ano de 1999, já que, foi provado a minha inocência, eu estava me sentindo livre, leve e solto, eu queria informar ao meu mano querido, que eu não iria voltar para a Cidade Maravilhosa e sim, ir morar na capital do Rio Grande do Sul, a acolhedora cidade de Porto Alegre, cidade onde a minha companheira Regina nasceu. Eu a conheci há aproximadamente um ano e meio, na cidade de Foz do Iguaçu, namoramos um tempo e depois decidimos viver juntos. No final de 1998, ela ficou grávida do nosso primeiro filho, que veio nascer, no mês de Maio de 1999, um gurizão, que eu pensei, que ele no futuro iria desfilar pelas ruas de Porto Alegre, ostentando o manto sagrado alvinegro do Vascão ou a  camisa maravilhosa alvirrubra do colorado gaúcho, o S.C Internacional. Mais o meu piá, influenciado pelos seus parentes e os colegas de escola, que lhe fizeram a cabeça, quando ele ainda era um garotinho, escolheu vestir a camisa centenária do tricolor gaúcho, o Grêmio Football Porto Alegrense, o que também me deixou muito feliz, porque como dizia aquele torcedor gremista: O Grêmio é Grêmio, porque é Grêmio. E viva o tricolor gaúcho, tchê.

      De tarde, fui até uma cabine telefônica que ficava situada no bairro Centro em Foz do Iguaçu, para fazer um interurbano para o meu irmão Edinho. Havia dois números de telefone que eu entrava em contato com ele, o 1° era o telefone do Departamento Pessoal da Cervejaria Brahma, que fica até hoje no bairro de Vila Isabel. Meu irmão desde que deu baixa do quartel, foi trabalhar na fábrica de bebidas da Cervejaria Brahma Chopp. O 2° número era de um colega dele, o Paulo,  que morava bem na subida do Morro dos Macacos e era casado com uma das primas da esposa do meu irmão Edinho.  Foi o Edinho quem arrumou uma vaga para o Paulo trabalhar na Brahma e foi assim que esses dois cervejeiros ficaram amigos.

      Meu irmão me garantiu que nós podíamos conversar através do telefone do Paulo, que este era sangue bom e não iria dar com a língua nos dentes, me entregando aos meus carrascos de fardas. Dei pé quente na minha primeira tentativa ao ligar para o DP da Brahma, meu irmão estava de serviço naquele dia, a senhora que me atendeu pediu pra ligar dentro de vinte minutos que ela chamaria meu mano pra atender a ligação telefônica interestadual. Quando retornei a ligação telefônica para o Departamento Pessoal da fábrica da Brahma, meu irmão Edinho atendeu o telefone e de uma maneira rápida expliquei a ele que eu, a minha esposa Regina e nosso filho recém nascido, iríamos morar em Porto Alegre. Meu irmão desejou-me muita sorte e que eu conseguisse na capital dos gaúchos, arrumar um emprego de carteira assinada, pois ele tinha a noção das dificuldades financeiras, que eu tinha passado por ter que ficar sem trabalhar de carteira assinada.

      Finalmente eu poderia viver tranquilo, sem ficar a toda hora com receio (medo?), do policial Tavares me encontrar, pois com o passar dos anos, alguns policiais corruptos ligados ao tráfico de drogas desistiram de me caçar, mas esse policial cachorrento chamado Sargento Tavares,  por algum motivo, não desistia de ficar grudado na minha cola. Agora, depois que toda a verdade, tinha surgido há alguns anos, eu estava vivendo uma nova fase, parecia até o Baixinho Romário, era só escolher o canto, chutar e correr para o abraço.

    Poucos meses depois, eu estava morando em Porto Alegre, como a minha esposa nasceu nesta cidade, isso me ajudou bastante na minha adaptação de conhecer o mais rápido possível os bairros da cidade. Durante vários dias, eu havia acordado de manhã cedo e com muitas xerox do meu minguado Curriculum Vitae nas mãos, eu meti sebo nas canelas, entregando nas empresas que constavam, na lista que o Sindicato dos Vigilantes havia me fornecido. Eu nem telefone de referência tinha direito, pois as pessoas que estavam sendo citadas no meu currículo, na verdade eram pessoas que não conheciam e podiam referendar a minha esposa e não eu, porque elas me conheciam a pouco tempo, mais em compensação, as minhas referências oriundas de Foz do Iguaçu, simplesmente eram excelentes, vários empresários e figuras públicas importantes desta cidade paranaense, tinham seus telefones e endereços escrito no meu currículo.

      Eu saí como um cão danado a procura de emprego, a Regina ainda estava amamentando o nosso filhinho e eu sabia que nosso dinheiro estava meio curto, precisava com uma certa urgência arrumar um emprego de carteira assinada, pois além do dinheiro para o sustento da família, tinha que pagar o aluguel, água e luz. Eu tinha feito três cursos profissionalizantes, o de Porteiro, Zelador de Edifícios e o de Vigilante, com o meu bom nível escolar, o 2 ° ano do Ensino Médio, eu era Soldado Reservista de Primeira Categoria no Exército e com uma boa altura para trabalhar na área de segurança (um metro e noventa centímetros), eu tinha esperança de logo arranjar um serviço e foi dito e feito, na primeira semana entregando currículo, fui contratado para trabalhar à noite de vigilante, na Rudder Vigilância, mesmo faltando seis meses para vencer a minha próxima reciclagem de vigilante, essa empresa de vigilância e portaria  me contratou.

      A empresa Rudder Vigilância, era uma das maiores empresas na área de segurança, as pessoas chegavam a comentar comigo que eu tinha dado muita sorte, em ser admitido para trabalhar de vigilante noturno, nesta conceituada empresa, porque dificilmente alguém consegue ir trabalhar numa empresa de vigilância, como a Rudder, sem que tenha tido sido indicado por alguma pessoa ou então, você precisa ter um excelente currículo, como muitos anos de carteira assinada, e eu não me encaixava em nenhuma destas situações. Eu recém chegado da cidade de Foz do Iguaçu, tinha  entregue o meu currículo na portaria desta empresa, após eu ir no Sindicato dos Vigilantes na Avenida Voluntários da Pátria e solicitar a eles a lista em PDF, dos endereços das empresas de vigilância e segurança, no estado do Rio Grande do Sul.

      Depois de entregar meus documentos ao Departamento Pessoal da Rudder Vigilância, eu fui admitido para trabalhar à noite como vigilante patrimonial. A minha vida continuava agitada como sempre, em casa ajudando um pouco, no que podia a minha amada Regina cuidar do nosso filho querido. No trabalho eu passei no contrato de experiência na empresa de vigilância e como eu fazia a escala 12x36, uma  noite sim, outra era folga, decidi pedir ao meu fiscal de posto, pra mim, em alguns dias que eu estivesse de folga, fazer umas horas extras, como a empresa precisava de vigilantes para fazer uns bicos extras, o supervisor da empresa em conjunto com o meu fiscal de posto, vira e mexe, me chamava para trabalhar em outros postos nos meus dias de folga. 

      Certo dia, durante a minha jornada de trabalho, trabalhei com um irmão da igreja, o Josué nos seus intervalos para descanso sempre estava lendo a Bíblia Sagrada e escrevendo alguma coisa. Conversando com ele, descobri que ele estava escrevendo um livro com vários poemas e poesias cristãs. Isso é muito massa, irmão! Que Deus te ilumine. disse eu a ele. Com muita satisfação no coração, ao ver alguém que conhece a Bíblia (e a segue, praticando os seus mandamentos), querendo mostrar seus conhecimentos evangélicos para o próximo, através dos livros.

      Numa noite chuvosa eu estava no trabalho dentro de uma guarita, foi quando no meio de raios e trovões, me deu um clic na cabeça. {Porque eu não escrevo um livro contando tudo sobre a perseguição implacável que eu sofri por muitos anos e que mudou bruscamente o rumo da minha life}. Eureka! Vou procurar uma editora para saber como faço para lançar um livro com eles, Yahoo! Vai ser um livro do Peru, ou melhor ainda, um livro do baralho. Naquela mesma noite, dentro da guarita, comecei a escrever as primeiras linhas do meu livro, começaria pelo início, contando como foi a minha infância, junto com minha mãe, o meu pai que faleceu quando eu tinha cinco  anos de idade, sobre o meu irmão Edinho, a minha irmãzinha Virna e o meu irmão adotivo Jorge. Também escreveria sobre a minha infância, a adolescência que foi  jogando futebol, a escola, o trabalho com carteira assinada aos dezesseis anos de idade, o um ano que fiquei no Exército, o falecimento da minha mãe e a minha fuga desesperada da cidade do Rio de Janeiro, quando meu irmão Edinho me avisou. Foge, foge daqui do Rio, os policiais e os traficantes querem te passar o cerol.

      Em poucas semanas, eu já tinha escrito mais da metade do que imaginava ser a minha obra literária. Em algumas guaritas de edifícios ou condomínios que eu trabalhei, havia as famosas e excelentes listas telefônicas, nelas além do mapa com as ruas, avenidas, bairros e etc, nas páginas amarelas haviam vários anúncios de serviços profissionais dos assinantes. Fui anotando numa folha de caderno, o endereço e telefone das editoras de livros, principalmente  das empresas mais próximas da minha residência ou do meu atual local de serviço. Depois de conversar com algumas pessoas sobre como é escrever e publicar um livro por uma editora, decidi ir a luta e numa terça-feira que eu estava de folga do trabalho, fui até uma editora de livros que ficava no bairro Centro em Porto Alegre, bairro este onde atualmente, eu vinha frequentemente trabalhar, assim eu à princípio não gastaria dinheiro com a passagem de ônibus, porque, a editora de livros, ficava num edifício comercial localizado na Avenida Borges de Medeiros.

      De manhã, rumei em direção a bendita editora, lá chegando, após conversar com a recepcionista, ela me disse, pra mim preencher uma ficha, para responder algumas perguntas em relação, ao que eu queria fazer a respeito de lançar um livro: Do formato, de quantas páginas, se colorido, a quantidade de livros que seriam impressos pra mim e uma série de detalhes que eles precisavam saber. Como eu havia chegado bem cedo na editora, tomei um belo chá de banco, ainda bem que naquele dia eu não estava morto de sono. Minutos depois, a recepcionista me avisou que o Sr. Bráulio é quem iria me atender, ele trabalhava como supervisor no Departamento de Vendas daquela editora.

      Fiquei meio bolado, mas a atenciosa recepcionista me avisou que pelo que leu na minha ficha e conversou comigo, ele era a pessoa ideal para tirar as minhas dúvidas e também com sua larga experiência em publicar livros, iria ser uma mão na roda pra mim. Quando entrei na sala do Sr. Bráulio, ele disse pra mim que ele também escrevia livros e me mostrou em cima da sua mesa alguns exemplares -Esses são alguns dos meus filhotes disse pegando alguns livros e pondo-os nas minhas mãos. Naquela manhã ele estava com um bom tempo livre, por isso conversamos bastante, como eu imaginava teria que contratar o serviço completo para produção do livro, como revisão de texto, diagramação, e blá blá, ti ti, có có.

      A única coisa que não fechou bem, foi a quantidade de livros que seriam impressas para mim levar, tentei explicar a ele que eu não tinha nenhum parente ou amigos  para poderem comprar os exemplares do meu livro, mais não teve arrego, tive que sentar na graxa, fiquei de pagar o valor em três vezes, 50% na entrada, 25% um mês depois da entrada e os outros 25% em até sessenta dias após a assinatura do contrato. Fiquei de voltar dentro de uns dois dias, o Sr. Bráulio, me solicitou que eu trouxesse o caderno universitário onde eu tinha escrito os primeiros capítulos do livro, para que ele pudesse digitar, fazer as correções ortográficas necessárias e arquivar tudo num pen drive. Expliquei a ele que havia passado a limpo, os primeiros capítulos da minha história de vida e que a cada semana eu traria um caderno, para ele ir montando o meu livro.

      Ficamos acertado que o primeiro dos três cadernos com os meus manuscritos, eu lhe entregaria quando eu viesse trazer a minha documentação que eles haviam me solicitado, para assinar o contrato para edição do livro e pagar a entrada do serviço para confecção, publicação e venda do livro nas livrarias, as quais eles tinham convênios para distribuição e vendas. Antes de eu sair, vi numa das paredes, o pôster do Flamengo campeão do mundial de clubes de 1981 e perguntei ao Sr. Bráulio se ele era torcedor do rubro-negro carioca, foi quando ele, com um sorriso maior do que o do vilão Coringa, chegando quase a sua boca a morder as orelhas, me falou.

      Sou flamenguista fanático e apaixonado pelo Mengão. Eu sou catarinense e tenho muito  orgulho de ter sido jogador de  basquetebol profissional pelo Flamengo. Falou aquele homem, que era mais um torcedor do rubro-negro carioca, que se atravessava na minha frente, para me dar uma ajuda em alguma empreitada.

      Foi quando eu disse a ele,  que eu era vascaíno, igual ao meu falecido pai e que o restante da minha família na sua maioria são torcedores do Flamengo. Despedi dele e fui pegar o busão em direção ao bairro Partenon, pois eu queria chegar o mais rápido possível na minha baia. No outro dia, eu liguei para a casa do Paulo, o grande amigo do meu irmão Edson (Edinho), deixei um recado pra ele depois passar para o meu mano rubro-negro, de que, eu estava escrevendo um livro, contando todos os bastidores da sacanagem, que alguns policiais pilantras com apoio de outras pessoas mais safadas ainda, quase destruíram a minha vida.

      Após escrever o recado para o meu irmão num papel, o Paulo me perguntou se eu iria dar nomes aos bois, eu falei que sim, aí ele com um jeitinho muito educado, falou que seria melhor eu não mexer nisso, que o negócio poderia feder pro lado dos meus parentes que moravam lá, no Rio de Janeiro. Ao desligar o telefone e ir rumando em direção ao meu trabalho, fiquei pensando naquilo que o Paulo havia me dito. Fiquei casgueteando na minha cachola, aquele assunto a noite inteira e decidi omitir os nomes da galera lá da Cidade Maravilhosa, mais os primeiros nomes das pessoas com quem eu convivi, nesses mais de dez anos em algumas cidades no Estado de Minas Gerais e no Paraná, eu iria manter.

      Dois dias depois, eu retornei ao edifício onde ficava a editora de livros, trazendo um caderno universitário com as primeiras páginas do meu livro. Eu tinha relido com bastante atenção  os textos que eu havia escrito e com o auxílio de um dicionário da língua portuguesa, tentei corrigir o máximo possível os erros de português, mas senti que eu iria pagar um vale, pois a escrita nunca foi o meu forte.

      Deu tudo certo, foi 100% suave, assinei o contrato, entreguei a material para eles começarem a digitar o meu livro. Eu havia falado com o Sr. Bráulio, que eu iria omitir por motivo de segurança, os nomes de todas as pessoas, com quem eu havia convidado lá no Rio de Janeiro, substituindo os nomes de todos os personagens cariocas daquele livro, no qual eu mesmo seria denominado pelo apelido, que as pessoas lá na cidade mineira de Belo Horizonte, gostavam de me chamar e que me acompanha até hoje, aonde quer que eu vá: Menino do Rio.

      O livro deu muito trabalho para ficar pronto, principalmente por eu não ter nenhuma experiência em escrever qualquer coisa em grande escala, o Sr. Bráulio, foi um verdadeiro anjo da guarda pra mim, com uma paciência de Jó, ele conduziu com maestria toda a produção daquela obra literária, a única coisinha que ele reclamou, foi de que o livro não tinha muitos lances de sangue. Pô o meu, do meu sangue escorrendo no asfalto? será disso que aquele flamenguista  estava falando.

      "Sr. Bráulio, no livro não tem mais sangue jorrando, porque os policiais milicianos e alguns traficantes de drogas do Comando Vermelho, não me pegaram dando mole na parada, senão no mínimo, eles iam em pleno verão carioca me por num 'microondas' de pneus e eu que sou mulato, ia ficar bem torradinho, igual carvão. Foi quando ele deu um sorriso amarelado e disse-me que no meu próximo livro, eu poderia contar o que eu sei sobre o início da Falange Vermelha, algo sobre o Comando Vermelho, os policiais militares e civis, que estão misturados e abastecendo com drogas, os morros e favelas da cidade do Rio de Janeiro, os políticos canalhas que roubam mais do que o juiz Nicolau, o Lalau.

      Aí nesse ponto, o Sr. Bráulio estava certo, se eu falasse desses assuntos que ele havia  citado, com certeza iria jorrar sangue e inundar toda a Baía de Guanabara. Foi quando eu, puxando da minha memória, contei para o Sr. Bráulio, dois fatos que ocorreram no estado do Rio de Janeiro e que tiveram uma grande repercussão nacional, que foi a execução do marginal conhecido como Cara de Cavalo e os 101 policiais militares do estado do Rio de Janeiro, que foram mortos no ano de 1997.

      Primeiro - A execução do Cara de Cavalo em 1964: Manoel Moreira, mais conhecido pelo apelido de  Cara de Cavalo, nasceu em 22 de abril de 1941, e faleceu em 3 de outubro de 1964, ele foi um criminoso brasileiro. Acusado do assassinato do detetive Milton Le Cocq, foi a primeira vítima da Scuderie Le Cocq (Esquadrão da Morte), uma organização policial clandestina criada para vingar a morte deste detetive. Morador da Favela do Esqueleto, Cara de Cavalo iniciou-se na criminalidade ainda garoto, vendendo maconha na Central do Brasil. Tornou-se pouco depois cafetão, e ligou-se ao jogo do bicho. Diariamente, cumpria a rotina de percorrer de táxi os pontos de jogo da Vila Isabel, acompanhado de uma amante, a quem designou a tarefa de recolher o pagamento compulsório do dia. Ocasionalmente, tornou-se amigo do artista plástico Hélio Oiticica que, passista da Mangueira e frequentador de favelas, era fascinado pela marginalidade. Insatisfeito com os pagamentos, um bicheiro procurou o detetive Le Cocq, que organizara um grupo clandestino de policiais para caçar criminosos (Esquadrão da Morte).

      Em 27 de agosto de 1964, o detetive, acompanhado dos colegas Jacaré, Cartola e Hélio Vígio, armou o cerco a Cavalo em um dos pontos de jogo. Percebendo a armadilha, o bandido tentou fugir, mas teve seu táxi cercado pelo Fusca de Le Cocq. Após um breve tiroteio, o detetive caiu morto com um tiro da Colt 45 de Cara de Cavalo. O incidente decretou a sentença de morte de Cavalo; de relés marginal, passou a ser um dos criminosos mais procurados do Rio de Janeiro. Armou-se então uma grande operação à sua caça, mobilizando dois mil policiais, em quatro estados. Um mês e sete dias depois, Cavalo foi finalmente encontrado em Cabo Frio. Em 3 de outubro, o criminoso foi cercado em seu esconderijo pela denominada turma da pesada (formada pelos policiais Sivuca, Euclides Nascimento, Guaíba, Cartola, Jacaré e Hélio Vígio, entre outros) e sumariamente executado com mais de cem disparos, cinqüenta e dois dos quais o atingiram, vinte e cinco apenas na região do estômago.

      Segundo - A presença das chacinas no cotidiano da vida da população brasileira é um indicativo assustador da presença da violência de estado contra segmentos sociais específicos. No verbete A chacina sem capuz e a estatização das mortes pode-se compreender melhor a situação.

    A chacina da Candelária, como ficou conhecido o episódio, foi uma chacina que ocorreu na noite de 23 de julho de 1993, próximo à Igreja da Candelária, localizada no centro da cidade do Rio de Janeiro. Neste crime, oito jovens foram assassinados. O caso foi listado pelo portal Brasil Online (BOL, 2015) e pela Superinteressante (2015) ao lado de outros crimes que chocaram o Brasil. Na noite de 23 de julho de 1993, pouco antes da meia-noite, um Táxi e um Chevette com placas cobertas pararam em frente à Igreja da Candelária. Em seguida, os ocupantes atiraram contra dezenas de pessoas, a maioria adolescentes, que estavam dormindo nas proximidades da Igreja.

      Posteriormente, nas investigações, descobriu-se que os autores dos disparos eram milicianos. Como resultado, seis menores e dois maiores morreram e várias crianças e adolescentes ficaram feridos. Segundo estudos realizados por associações ligadas à organização Anistia Internacional, quarenta e quatro das setenta pessoas que dormiam nas ruas daquela região perderam a vida de forma violenta. A maioria das vítimas eram pobres e negras.

      Quando terminei de contar esses dois fatos, para servirem de exemplos, de como é que a banda toca lá no Rio de Janeiro, o Sr. Bráulio, se fez mais ainda de rogado e disse. Viu como você sabe de muitas coisas que aconteceram, no mundo da criminalidade, na disputa pelo poder entre bandidos e policiais, dos litros de sangue derramados, durante o dia a dia, de confrontos na cidade do Rio de Janeiro, pra vocês cariocas, é rotina. Falou com ar de Conde Drácula,  o catarinense, que pelo visto, sabia muito bem, por ter morado alguns anos, na cidade do Rio de Janeiro, de que nós, especialmente os moradores da cidade do Rio de Janeiro e da Baixada Fluminense,  quando chegava à segunda-feira, a população do estado do Rio de Janeiro, ao ligar o rádio e a televisão ou ler os jornais, nós ficávamos cientes de que, no final de semana no nosso estado, haviam sido assassinados menos de dez pessoas, dizíamos então. O final de semana foi tranquilo, só foram assassinadas, dez pessoas.

    Os meus conterrâneos cariocas, comentavam que  o Jornal O Dia, adorava quando havia uma chacina no estado do Rio de Janeiro, porque eles estampavam nas suas páginas policiais, esses fatos e as vendas deste jornal, batiam recordes. E o povão criou o seguinte bordão, sobre aquele excelente jornal diário. Neste jornal O Dia, tem tantas mortes violentas, que se pegar as suas páginas policiais e torcer, torcer e torcer, sai até sangue.

      Me despedi do Sr. Bráulio, indo embora para a minha casa, porque eu precisava dormir um pouco. Fui mais seis vezes, lá na editora levar a segunda e terceira (última) parte do livro e resolver outras coisas pendentes relativas ao contrato de edição e publicação do livro. O Sr. Bráulio realmente era um profissional de

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