Diálogos entre defesa & discurso: teoria e prática interdisciplinar
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Sobre este e-book
A interface discursiva é o fio condutor que une os capítulos. Sob diversas perspectivas de análise, o livro aborda deslocamentos e permanências ligados à construção da identidade militar, assim como análises do viés dissuasório da linguagem. O livro também se debruça sobre reconfigurações discursivas e processos dialéticos dos documentos de defesa, e sobre as representações de mundo ou que constituem a marca de uma instituição militar.
Este livro permite uma ampliação das possibilidades teórico-epistêmicas de análise dos fenômenos ligados aos estudos de Defesa em sua interface com os estudos do Discurso. Torna-se, assim, material de incentivo para aqueles que pretendam realizar uma leitura crítica das realidades sociais a partir dos temas e objetos desse campo prolífico, embora ainda pouco explorado, que é o da relação entre Discurso e Defesa.
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Diálogos entre defesa & discurso - Claudia Maria Sousa Antunes
CAPÍTULO 1 BASES EPISTEMOLÓGICAS DE DEFESA NOS ESTUDOS DO NEICA
André da Costa Gonçalves⁵
RESUMO: O objetivo deste artigo é apresentar o processo epistemológico que norteia as ações do Núcleo de Estudos Interdisciplinares das Ciências Aeroespaciais (NEICA), grupo de pesquisa criado na Universidade da Força Aérea (UNIFA) e que contempla, principalmente, as interfaces possíveis entre os Estudos de Defesa, o Poder Aeroespacial e os Estudos do Discurso. A UNIFA, unidade de ensino que conta com cursos de Pós-formação, como o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais e o Curso de Comando e Estado-Maior, visa à formação de massa crítica no que diz respeito à condução da Força Aérea e à formação de pensadores do Poder Aeroespacial. O Programa de Pós-graduação em Ciências Aeroespaciais (PPGCA) foi criado na primeira década do século XXI, a partir da necessidade, frente aos novos cenários geopolíticos, de capacitar de forma mais aprofundada os recursos humanos ligados ao Poder Aeroespacial. O embrião de então deu origem a alguns grupos de professores que se debruçavam sobre temas afetos ao foco dos cursos: o Poder Aeroespacial. Dessa forma, nasce o NEICA.
Palavras-chave: epistemologia; defesa; poder aeroespacial; análise do discurso.
1. INTRODUÇÃO
O NEICA (Núcleo de Estudos Interdisciplinares em Ciências Aeroespaciais) nasce no ano de 2014, fruto da necessidade de se estabelecer uma corrente epistemológica que abarcasse o Poder Aeroespacial com a área de Ciências Humanas. Não se trata de definir uma doutrina, como a Doutrina Básica da FAB, que determina o modus operandi da atuação dos diversos segmentos operacionais da Força frente aos novos cenários que surgem no mundo, bem como as diretrizes contidas no Plano Estratégico da Aeronáutica (PEMAER). O desafio era, inicialmente, entender qual era o escopo das Ciências Aeroespaciais, dada a multiplicidade de interpretações e inserções nas mais diversas áreas que envolviam, principalmente, a Força Aérea Brasileira.
A Força Aérea Brasileira, dentre as três Forças, talvez seja a que mais dependa da tecnologia, dada a modernização e aquisição de novos vetores aéreos⁶. Dessa forma, para quem não tem familiaridade com o assunto, a ideia de Ciências Aeroespaciais pode denotar uma ciência que abarque assuntos relativos às engenharias, à tecnologia de satélites ou à concepção de armamentos voltados à defesa aérea. Este é o objetivo deste artigo, desmistificar que as Ciências Aeroespaciais estejam apenas ligadas a esses campos, e mostrar que a área de estudo do Programa de Pós-graduação em Ciências Aeroespaciais (PPGCA) da Universidade da Força Aérea (UNIFA) abrange outros campos.
Cabe salientar que, ao leitor, serão apresentados os conceitos básicos que envolvem a área de estudo do NEICA, fazendo-se a ressalva de que esses conceitos não são limitadores de nosso grupo de pesquisa, mas são os eixos primários que vêm norteando nossos estudos e discussões. Dada a dinamicidade dos Estudos de Defesa e do Poder Aeroespacial, diversas reflexões acerca do emprego da Defesa e dos recursos voltados ao Poder Aéreo podem ser desenvolvidas. Esse é o intuito deste trabalho, oferecer ao leitor a possibilidade de conhecer, aprofundar, criticar e dialogar acerca de temas ligados ao Poder Aeroespacial e aos Estudos de Defesa que são, por vezes, ainda pouco explorados.
2. RUMOS DO NEICA: O PENSAMENTO EPISTEMOLÓGICO EM CONSTRUÇÃO
O primeiro passo para se compreender o cerne do NEICA, o estudo interdisciplinar das Ciências Aeroespaciais, campo ainda em construção, é entender qual é sua epistemologia. Para que cheguemos à conceituação que se adeque a essa nova área, faz-se necessário, inicialmente, entender o que é epistemologia, para que se compreenda qual é ou quais são as epistemologias que atravessam as linhas do NEICA, considerando as diversas interfaces que fazem parte de nossos estudos. Autores como Japiassu e Bachelard, que são bases do pensamento epistemológico atual, nos apresentam caminhos para a construção desse novo campo, as Ciências Aeroespaciais, mas, principalmente, o pensamento de Boaventura de Sousa Santos (1989), discute o que chama de epistemologia crítica. Também consideramos, em nosso grupo de estudos, o trabalho da Professora Maria José de Almeida (2010), à época, professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Aeroespaciais da Universidade da Força Aérea (PPGCA), que, em sua tese, apresenta a primeira proposta do que pode ser considerada uma epistemologia voltada ao campo das Ciências Aeroespaciais.
2.1 Considerações sobre epistemologia
Conceituar epistemologia requer a revisão de alguns conceitos e autores de suas épocas. Isso se faz necessário, uma vez que, como sabemos, o conhecimento não é estático, cristalizado, e considerar um conceito
de epistemologia é criar um nó epistemológico
a partir desse próprio pensamento. Se há dinamismo na construção do conhecimento, então os conceitos também são dinâmicos, mudam ou evoluem a partir de novos contextos, de novos autores, de novas épocas. Sendo as Ciências Aeroespaciais uma área relativamente nova, é necessário considerar que não há o conceito
ou a epistemologia
que a defina. Dessa forma, torna-se necessário estabelecer esse pequeno percurso para se chegar ao mais razoável e considerável ponto de vista acerca de nossa área de estudo.
Etimologicamente, epistemologia
vem da noção de discurso (logos) e de epistéme (ciência, conhecimento), logo é uma área do conhecimento que trata do próprio conhecimento. Visa a reconhecer o escopo, os limites e o discurso de uma área de conhecimento. Formalmente, surgiu a partir do século XIX como vocabulário filosófico, apesar de sua base de pensamento se constituir desde os pré-socráticos, quando transitam da visão da teogonia do mundo para a visão da cosmogonia do mundo.
Como dissemos, o conceito de epistemologia não é único, sofrendo mudanças a partir do olhar de diversos autores. Blanché (1975), por exemplo, considera que a epistemologia é, literalmente, a teoria da ciência, uma reflexão sobre a ciência; Japiasssu (1992) apresenta um estudo mais metódico, dividindo a epistemologia em três: a epistemologia global (trata do saber globalmente considerado), a epistemologia particular (leva em conta um campo particular do saber, sendo as crenças ou o saber científico) e a epistemologia específica (trata do saber de uma disciplina intelectualmente constituída em uma unidade do saber).
Esses são exemplos de como o pensamento epistemológico vem sofrendo mudanças ao longo do tempo. Da mesma forma, as ciências, ou campos do saber, também sofrem mudanças. Na contemporaneidade, podemos observar, basicamente, três correntes epistemológicas: a epistemologia lógica, que adota exemplos a partir do positivismo e do empirismo; a epistemologia genética, proposta por Piaget, que aprofunda o pensamento estruturalista genético e construtivista da psicologia e da inteligência; e a epistemologia histórico-crítica, que visa à análise da própria história da ciência. A partir dessas correntes, também surgem outras epistemologias, como a epistemologia crítica que, dentro do contexto da racionalização, reflete sobre o alcance e a significação da ciência, da sociedade e das culturas
(Japiassu, 1992, p. 38). Também surgem as chamadas Epistemologias do Sul (Boaventura, 2007), entendidas como a metáfora do sofrimento humano, sistematicamente causada pelo capitalismo
(Boaventura, 2007, p. 4).
Percebe-se, como apontado anteriormente, o dinamismo, a evolução e o surgimento de novos conceitos acerca da epistemologia. Dessa forma, olhar para um novo campo de saber, como as Ciências Aeroespaciais, requer um olhar cuidadoso e de construção, mais do que de delimitação, uma vez que considera aspectos que vão além do que se considera a ciência propriamente dita. É preciso entender os aspectos culturais, geopolíticos, tecnológicos, discursivos, dentre outros que compõem o campo. Façamos um breve olhar sobre os conceitos dos principais autores em que nos apoiamos em nosso grupo.
2.1.1 Hilton Japiassu
Para Japiassu (1992), a epistemologia é um campo complexo que se debruça sobre a natureza do conhecimento humano. Para este autor, a epistemologia não se limita apenas à análise das teorias científicas, mas também considera as condições socioculturais, históricas e individuais que influenciam a produção do conhecimento. Em sua visão, a epistemologia é um processo dinâmico, permeado por elementos sociais e culturais que moldam nossas percepções e interpretações do mundo. Nesse contexto, a epistemologia não é apenas uma disciplina teórica, mas uma investigação contínua e interdisciplinar que busca compreender como o conhecimento é construído, validado e transmitido ao longo do tempo, levando em conta a diversidade de perspectivas e contextos que moldam nossas concepções do