Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Coisas que vi, ouvi, aprendi...
Coisas que vi, ouvi, aprendi...
Coisas que vi, ouvi, aprendi...
E-book73 páginas17 minutos

Coisas que vi, ouvi, aprendi...

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Fragmentos, textos brevíssimos de timbre poético no limar de desaparecer. Neste livro, de tom melancólico e final, Agamben refaz a própria vida entrelaçando-a aos ensinamentos aprendidos dos amigos, livros, lugares e escritores. O passo é leve, a atmosfera frágil, a luz tem o lampejo da iluminação. Como um tomar de notas para um testamento impossível, como escrever o próprio nome depois de o ter esquecido: «Coisas que vi, ouvi, aprendi… » parece a tentativa de recordar esse nome, soletrá-lo em voz baixa, como se faz quando se aprende uma língua. Por isso, as palavras de Agamben ressoam últimas, ou penúltimas, assim como é a verdade; em busca da inocência da infância, do primeiro escrito que tinha em si tudo o que o adulto procurou em vão explicar, Agamben toma notas daquilo que resta dos mestres, e deles absorve a sabedoria manifestando-a) como um odor: amargo, meditativo, com frequência sereno, livre. Nenhum outro livro de Agamben se parece com este, nenhum tem o tom alto e cristalino de quem lutou até a última gota de sangue com a linguagem, e voltou para testemunhar.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento23 de fev. de 2024
ISBN9786559981373
Coisas que vi, ouvi, aprendi...

Leia mais títulos de Giorgio Agamben

Relacionado a Coisas que vi, ouvi, aprendi...

Ebooks relacionados

Filosofia para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Categorias relacionadas

Avaliações de Coisas que vi, ouvi, aprendi...

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Coisas que vi, ouvi, aprendi... - Giorgio Agamben

    Coisas que vi, ouvi, aprendi ...

    Em San Giacomo da l’Orio, ouvi os sinos. Das duas maneiras que os religiosos escolheram para convocar seu povo, a voz e os sinos, a última me é tão familiar que não consigo escutar e não sentir ternura. A voz é demasiado direta, e, quando me convoca, quase indiscreta. Já os sinos não proferem palavras que devem ser compreendidas, não convocam — muito menos a mim. Acompanham-me, enredam-me com aquela sua batida impetuosa que logo tão suavemente — sem motivo, como quando começou — extingue-se. Que é possível dizer algo sem a necessidade de falar — é isso que para mim são os sinos, foi o que ouvi em San Giacomo da l’Orio.

    Em Roma ouvi alguém dizer que a terra é o inferno de um outro planeta desconhecido e a nossa vida é o castigo que os condenados de lá padecem por seus pecados. Mas então para que o céu e as estrelas e o canto dos grilos? A não ser que se acredite que, para a pena ser ainda mais atroz e sutil, o inferno tenha sido posto justamente no paraíso.

    Em Grishneshwar, bem na entrada do templo, vi uma cabrita esbelta, hesitante, divina. Depois de me olhar por alguns segundos, questionadora, seguiu em frente, ligeira.

    Com Giovanni, aprendi que é possível se apaixonar pelos próprios erros ao ponto de torná-los uma razão de viver — mas que, no fim, isso significa que a verdade só poderá

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1