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Proposta Irrecusável
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E-book532 páginas7 horas

Proposta Irrecusável

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Sobre este e-book

O FENÓMENO INTERNACIONAL

A SÉRIE MAIS QUENTE DO ANO

Proposta Irrecusável é o segundo livro da série Miles High Club, de T L Swan. Uma história que vai do amor ao ódio em segundos e vice-versa. Mais um bestseller instantâneo que está a dar que falar.

Conheci o Tristan Miles numa reunião em que me fez uma proposta para comprar a empresa do meu falecido marido. Ele é poderoso, arrogante e irritantemente lindo. Representa tudo o que odeio no mundo dos negócios. E detestei-o com todas as células do meu corpo. Recusei firmemente a sua proposta.

Para grande surpresa minha, ligou novamente dias depois e convidou-me para jantar. Preferia morrer a aceitar sair com um homem como o Tristan – embora tenha de admitir que o convite foi ótimo para o meu ego. Recusá-lo acabou por ser o único ponto alto de um ano que estava a ser terrível.

Seis meses depois, encontrei-o numa conferência, em França. O Tristan era um dos oradores. Continuava arrogante e irritante – mas, desta vez, surpreendentemente encantador e espirituoso. Quando os nossos olhares se cruzaram, senti borboletas no meu interior. Mas, definitivamente, não vou por aí.

Já passei por muito, e não vou admitir que um sacana rico e mimado brinque comigo. O Tristan não passa de um jogador charmoso e arrogante, e eu não passo de uma viúva, com uma empresa em crise e três filhos rebeldes.

Só desejo que o raio desta conferência acabe. Sempre ouvi dizer que o Tristan Miles é persistente e consegue sempre aquilo que quer... e, agora, sou eu quem ele quer.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento12 de mar. de 2024
ISBN9789895702381
Proposta Irrecusável
Autor

T L Swan

T L Swan é uma autora bestseller do Wall Street Journal, do USA Today e da Amazon. Com milhões de exemplares vendidos, os seus livros foram traduzidos para mais de vinte idiomas e atingiram o primeiro lugar das listas de livros mais vendidos na Amazon nos EUA, Reino Unido, Canadá, Austrália e Alemanha. Atualmente, está a escrever guiões de vários dos seus títulos. Tee vive em Sydney, na Austrália, com o marido e os três filhos, onde vive o seu próprio «felizes para sempre» com o seu primeiro amor.

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    Proposta Irrecusável - T L Swan

    Capítulo Um

    O telefone toca na minha secretária.

    – Olá – respondo.

    – Olá, o Tristan Miles está na linha dois para falar contigo – responde a Marley.

    – Diz-lhe que estou ocupada.

    – Claire – faz uma pausa. – É a terceira vez que te telefona esta semana.

    – E então?

    – Em breve, vai parar de te ligar.

    – E… – pergunto.

    – O problema é que esta semana pedimos um empréstimo para pagar os salários. E eu sei que não queres admiti-lo, mas estamos com problemas, Claire. Tens de me ouvir.

    Expiro pesadamente e arrasto a mão pelo rosto. Sei que tem razão; a nossa empresa, Anderson Media, passa por dificuldades. Estamos reduzidos aos nossos últimos trezentos funcionários, depois de termos cortado o número de efetivos dos seiscentos iniciais. A Miles Media e todos os nossos concorrentes têm andado a rondar como lobos, durante meses, observando e aguardando o momento perfeito de avançar para a matança. Tristan Miles: o diretor de aquisições e o arqui-inimigo de todas as empresas em dificuldades do mundo. Como uma sanguessuga, apodera-se delas quando estão no seu ponto mais baixo, destrói-as e, depois, com os seus fundos intermináveis, transforma-as em grandes sucessos. É a maior víbora à face da Terra. Aproveita-se das fraquezas e recebe milhões de dólares anuais por esse privilégio. É um sacana rico e mimado, com a reputação de ser extremamente inteligente, duro como pedra e sem escrúpulos.

    Representa tudo o que odeio no mundo dos negócios.

    – Ouve o que ele tem para te dizer, só isso. Nunca se sabe o que pode oferecer – alega a Marley.

    – Oh, vá lá – brinco. – Ambas sabemos o que ele quer.

    – Claire, por favor. Não podes perder a casa da tua família. Não vou deixar que isso aconteça.

    A tristeza trespassa-me; odeio estar nesta situação.

    – Tudo bem, eu ouço-o. Mas é só isso – concedo. – Marca uma reunião.

    – Está bem, ótimo.

    – Não te entusiasmes – sorrio pretensiosamente. – Só estou a fazer isto para não ter de te ouvir, sabias?

    – Ótimo, boca fechada a partir de agora. Prometo.

    – Como se isso fosse possível – sorrio. – Vens comigo?

    – Sim, claro. Vamos enfiar o livro de cheques do Senhor Endinheirado num sítio que eu cá sei.

    Rio-me com a ideia.

    – Fica combinado.

    Desligo e volto ao meu relatório, desejando que fosse sexta-feira, e que não tivesse de me preocupar com a Anderson Media e as contas durante algum tempo.

    Só faltam quatro dias.

    Na quinta-feira de manhã, a Marley e eu descemos a rua a caminho da reunião.

    – Porque é que nos vamos encontrar aqui? – pergunto.

    – Ele queria encontrar-se connosco num sítio neutro. Reservou uma mesa no Bryant Park Grill.

    – Que estranho, isto não é um encontro – bufo.

    – Provavelmente, faz tudo parte do seu grande plano. – Põe as mãos no ar e desenha um arco-íris. – Solo neutro. – Arregala os olhos em tom de brincadeira. – Enquanto nos tenta comer por trás.

    – Com um sorriso no rosto – sorrio pretensiosamente. – Espero que ao menos saiba bem.

    A Marley ri-se e, depois, volta a focar-se no seu treino.

    – Lembra-te da estratégia – instrui-me, enquanto caminhamos.

    – Sim.

    – Diz-me novamente… para me lembrar – responde.

    Sorrio. A Marley é uma idiota. Mas uma idiota engraçada.

    – Manter-me calma; não deixar que ele me enerve – respondo. – Não digas logo que não, mantém-no guardado como um seguro.

    – Sim, é um ótimo plano.

    – Deve ser, pensaste em tudo.

    Chegamos ao restaurante e paramos na esquina. Agarro no meu espelho e reaplico batom. O meu cabelo escuro está torcido num nó solto. Visto um fato azul-marinho com uma blusa de seda creme, sapatos de salto alto fechados e os meus brincos de pérolas. Roupas sóbrias, quero ser levada a sério.

    – Estou bem? – pergunto.

    – Uma brasa.

    O meu rosto descai.

    – Não quero parecer uma boazona, Marley. Quero parecer forte.

    Ela faz uma careta ao entrar na personagem.

    – Muito forte. – Esmurra a mão com o punho. – Estilo Homem de Ferro.

    Sorrio para a minha amiga deslumbrante; o seu extravagante cabelo vermelho-vivo curto e punk e os seus óculos rosa olho de gato estão em pleno esplendor. Usa um vestido vermelho e uma camisa amarela brilhante por baixo, meias e sapatos vermelhos. Está tão na moda que chega a ser ousada. A Marley é a minha melhor amiga, a minha confidente e a trabalhadora mais esforçada da nossa empresa. Não saiu do meu lado nos últimos cinco anos; a sua amizade é uma dádiva e não faço ideia de onde estaria sem ela.

    – Estás pronta? – questiona.

    – Sim. Chegámos vinte minutos mais cedo, queria ser a primeira. Estar em vantagem.

    Os seus ombros descaem.

    – Quando pergunto se estás pronta, devias responder «Nasci pronta».

    Passo para a sua frente.

    – Vamos lá acabar com isto.

    Baixamos os ombros, preparamo-nos e seguimos para o hall de entrada.

    O funcionário sorri.

    – Olá, senhoras. Como posso ajudá-las?

    – Ah. – Olho para a Marley. – Viemos encontrar-nos com uma pessoa.

    – Tristan Miles? – pergunta.

    Franzo o sobrolho. Como é que ele sabe?

    – Sim… na verdade.

    – Ele tem a sala de jantar lá de cima reservada – gesticula na direção das escadas.

    – Claro que tem – resmungo baixinho.

    A Marley curva o lábio com aversão, e subimos. O piso superior está vazio. Olhamos em volta, e vejo um homem na varanda a falar ao telemóvel. Fato azul-marinho perfeitamente ajustado, camisa branca pura, alto e musculado. O seu cabelo é mais comprido em cima, castanho-escuro com caracóis. Parece que pertence a uma sessão fotográfica e não ao ninho de víboras.

    – Foda-se… é todo bom – sussurra a Marley.

    – Cala-te – balbucio, com medo de que ele a oiça. – Relaxa, porra. Consegues?

    – Eu sei – bate-me na coxa, e eu devolvo-lhe o gesto.

    Ele vira-se para nós, exibe um sorriso aberto e levanta um dedo, dando sinal de que é só um momento. Finjo um sorriso; vira-nos costas para terminar a chamada, e eu fico a olhar para ele enquanto a minha raiva aumenta. Como se atreve a fazer-nos esperar?

    – Não fales – sussurro.

    – Posso assobiar? – diz a Marley, entre dentes, enquanto o olha de cima a baixo.

    – Queria era assobiar-lhe para outra coisa. Cabrão ou não.

    Aperto a ponta do nariz – isto já é um desastre.

    – Por favor, não fales – relembro-lhe.

    – Sim, sim – fazendo o gesto de lábios fechados.

    Ele termina a chamada e caminha na nossa direção, a personificação da confiança. De sorriso aberto, estende-me a mão.

    – Olá, sou o Tristan Miles. – Todo ele é covinhas, maxilar quadrado, dentes brancos e…

    Aperto-lhe a mão. É forte e grande, e apercebo-me imediatamente da sua escaldante sexualidade. A vibração que ele me faz sentir obriga-me a dar um passo involuntário para trás. Não quero que saiba que o acho atraente.

    – Olá, sou a Claire Anderson. Prazer em conhecê-lo. – Aponto para a Marley. – Esta é a Marley Smithson, a minha assistente.

    – Olá, Marley – e sorri. – Prazer em conhecê-la – e aponta para a mesa. – Sentem-se, por favor.

    Sento-me com o coração na garganta. Que maravilha, como se já não estivesse irritada, ainda por cima é bonito.

    – Café? Chá? – gesticula para o tabuleiro. – Tomei a liberdade de nos encomendar o pequeno-almoço.

    – Café, por favor – respondo. – Só natas.

    – Para mim também – acrescenta a Marley.

    Serve-nos cuidadosamente os nossos cafés e passa-nos um prato com bolos.

    Aperto a mandíbula para me impedir de dizer algo sarcástico e, por fim, senta-se à nossa frente. Desaperta o casaco do fato com uma mão e recosta-se na cadeira. Os seus olhos pousam em mim.

    – É bom conhecê-la finalmente, Claire. Ouvi falar muito sobre si.

    Levanto a sobrancelha em sinal de aborrecimento; irrita-me o facto de ter uma voz rouca e sexual.

    – Igualmente – respondo.

    Olho de relance para baixo e reparo nos botões de punho em ouro e ónix preto e no esplêndido Rolex; tudo neste tipo grita dinheiro. O seu aftershave espalha-se entre nós. Tento, ao máximo, não o inalar – é de outro mundo. Olho de esguelha para a Marley, que está a sorrir de forma pateta enquanto o olha… totalmente enfeitiçada.

    Ótimo.

    Ele recosta-se, relaxado e confiante, sério e calculista.

    – Como corre a vossa semana?

    – Bem, obrigada – respondo, com a minha paciência a ser testada. – Vamos diretos ao assunto, Sr. Miles, pode ser?

    – Tristan – corrige-me.

    – Tristan – respondo. – Por que razão queria tanto encontrar-se comigo? O que poderia justificar que me ligasse cinco vezes por semana durante o último mês?

    Passa o dedo indicador sobre os seus grandes lábios, como se estivesse a divertir-se, e os seus olhos fixam os meus.

    – Tenho estado atento à Anderson Media há já algum tempo.

    Levanto novamente a sobrancelha.

    – E, diga-me… o que aprendeu?

    – Anda a despedir pessoal todos os meses.

    – Estou a fazer cortes.

    – Não por escolha própria.

    Há algo neste homem que me incomoda.

    – Não estou interessada no que tem para me oferecer, Sr. Miles – precipito-me. Sinto um pontapé certeiro no tornozelo, por baixo da mesa, e estremeço de dor. Au… aquilo doeu. Olho para a Marley, que arregala os olhos, num sinal para me calar.

    – Como sabe que pretendo fazer uma oferta? – responde ele, calmamente.

    Quantas vezes é que ele já teve uma conversa deste tipo?

    – Não quer?

    – Não – e sorve o seu café. – Gostava de comprar a sua empresa, mas não estou a oferecer um livre-trânsito.

    – Livre-trânsito – ridicularizo.

    A Marley acerta-me outro pontapé… merda, doeu. Lanço-lhe um esgar de dor, mas ela finge um sorriso.

    – Feliz, feliz – murmura.

    – E o que quer dizer com livre-trânsito, Sr. Miles?

    – Tristan – corrige-me.

    – Trato-o como me apetecer.

    Responde-me com um sorriso lento e sensual, como se estivesse a adorar cada minuto disto.

    – Dá para perceber que é uma mulher apaixonada, Claire, e isso é admirável… mas, vá lá. Vamos falar a sério.

    Cerro os lábios, forçando-me a ficar calada.

    – Nos últimos três anos, a vossa empresa teve um prejuízo enorme. Está a perder contas publicitárias a torto e a direito. – Põe a mão na têmpora e olha para mim. – Suponho que a contabilidade esteja um pesadelo.

    Engulo o nó na garganta enquanto olhamos um para o outro.

    – Posso tirar-lhe o peso de cima dos ombros, e pode aproveitar uma bem-merecida pausa.

    A raiva começa a correr-me no sangue.

    – Adoraria isso, não é? Passar-se por simpático e tirar-me tudo das mãos… vir no seu cavalo e salvar o dia, como um cavaleiro.

    Os seus olhos fixam-se nos meus, e um traço de sorriso atravessa-lhe o rosto.

    – Vou agarrar-me à minha empresa nem que seja a última coisa que faça. – Sinto novamente um pontapé rápido, e salto, perdendo o resto da paciência. – Para de me dar pontapés, Marley – gaguejo.

    O Tristan lança um largo sorriso enquanto nos observa.

    – Continue com os pontapés, Marley – diz. – Pode ser que lhe incuta algum juízo.

    Reviro os olhos, envergonhada por a minha assistente estar ao raio dos pontapés nos meus tornozelos.

    Ele inclina-se para a frente, com o objetivo renovado.

    – Claire, vamos esclarecer uma coisa. Consigo sempre aquilo que quero. E o que eu quero é a Anderson Media. Posso comprá-la agora, a um bom preço, o que a irá proteger. Ou… – encolhe os ombros casualmente – posso esperar seis meses até que os liquidatários entrem em cena e a comprem por quase nada, e poderá enfrentar a falência. – Apoia as mãos na mesa à sua frente. – Ambos sabemos que o fim está próximo.

    – Seu idiota convencido – sussurro.

    Inclina o queixo para o céu e sorri com orgulho.

    – As boas pessoas acabam em último, Claire.

    Sinto o coração a começar a bater mais depressa enquanto a minha raiva cresce.

    – Pense nisso. – Tira o seu cartão de visita e lança-o por cima da mesa.

    TRISTAN MILES

    212-555-4946

    – Sei que não é assim que quer vender a sua empresa. Mas tem de ser realista – continua.

    Encaro-o, ali sentado, frio e sem coração, e sinto as minhas emoções a borbulharem perigosamente perto da superfície.

    Os nossos olhares estão colados.

    – Aceite a oferta, Claire. Envio-lhe um número por e-mail esta tarde. Vou cuidar de si.

    O elástico da minha sanidade mental rebenta, e inclino-me para a frente.

    – E quem é que vai cuidar da memória do meu falecido marido, Sr. Miles? – escarneço. – A Miles Media não é de certeza.

    Torce os lábios, desconfortável pela primeira vez.

    – Sabe alguma coisa sobre mim e a minha empresa?

    – Sei.

    – Então, saberá que esta empresa foi a paixão do meu marido. Trabalhou durante dez anos para a construir do zero. O sonho dele era passá-la para os seus três filhos.

    Os olhos dele fitam-me.

    – Por isso… não se atreva – bato com a mão na mesa, enquanto os meus olhos se enchem de lágrimas – a sentar-se aí, com esse ar presunçoso e a ameaçar-me. Porque, acredite… Sr. Miles, o que quer que esteja a fazer não é tão mau como perdê-lo. – Levanto-me. – Já passei por muito, e não vou admitir que um sacana rico e mimado me faça sentir uma merda.

    Ele pressiona os lábios, sem se deixar impressionar.

    – Não volte a ligar-me – digo, enquanto empurro a cadeira para trás.

    – Pense no assunto, Claire.

    – Vá para o inferno – e saio disparada em direção à porta.

    – Ela só está a ter um dia mau. Vamos definitivamente pensar no assunto – a Marley gagueja de vergonha. – Obrigada pelo bolo, estava delicioso.

    Limpo furiosamente as lágrimas da cara, enquanto desço as escadas e saio pela porta da frente. Não acredito no quão pouco profissional fui. Os meus olhos voltam a encher-se de lágrimas. Ora, ao menos fiz-lhe frente, acho eu. A Marley corre para me apanhar. Mantém-se sabiamente em silêncio e, depois, olha para a rua.

    – Oh, que se lixe, Claire. Não vamos voltar para o trabalho. Em vez disso, vamos apanhar uma bebedeira.

    Tristan

    Estou de pé, junto da janela, e observo Nova Iorque. Tenho as mãos nos bolsos do fato e uma sensação estranha queima-me o estômago.

    Claire Anderson.

    Bonita, inteligente e orgulhosa.

    Não importa quantas vezes tentei apagá-la da minha mente nos últimos três dias desde o nosso encontro, não consigo.

    O seu aspeto, o seu aroma, a curva dos seus seios através da camisa de seda.

    O fogo nos seus olhos.

    Há muito tempo que não via uma mulher tão bonita, e ouço as suas palavras repetidamente na minha cabeça.

    Por isso… não se atreva a sentar-se aí, com esse ar presunçoso e a ameaçar-me. Porque acredite… Sr. Miles, o que quer que esteja a fazer não é tão mau como perdê-lo. Já passei por muito, e não vou admitir que um sacana rico e mimado me faça sentir uma merda.

    Sento-me na minha secretária e passo uma caneta por baixo dos meus dedos enquanto revejo mentalmente o que tenho de dizer. Preciso de lhe ligar no seguimento da nossa reunião e ando a evitá-lo. Expiro pesadamente e marco o número dela.

    – Escritório de Claire Anderson.

    – Olá, Marley. É o Tristan Miles.

    – Oh, olá, Tristan – responde, feliz. – Quer falar com a Claire?

    – Sim, quero. Ela está disponível?

    – Vou passar.

    – Obrigado.

    Espero e, depois, ela atende.

    – Olá, fala a Claire.

    Fecho os olhos ao ouvir o som da sua voz… sensual, rouca… sedutora.

    – Olá, Claire. É o Tristan.

    – Oh. – Ela fica em silêncio.

    Foda-se… a Marley não lhe disse que era eu.

    Um sentimento desconhecido começa a infiltrar-se nos meus ossos.

    – Só queria saber se estava bem depois da nossa reunião. Lamento se a perturbei. – Franzo o sobrolho… o que estás a fazer? Isto não está nos planos.

    – Os meus sentimentos não lhe dizem respeito, Sr. Miles.

    – Tristan – corrijo-a.

    – Como posso ajudá-lo? – pergunta impacientemente.

    Tenho uma branca…

    – Tristan? – incita-me.

    – Gostaria de perguntar-lhe se aceita jantar comigo no sábado à noite. – Os meus olhos fecham de horror… o que raio estou a fazer agora?

    Ela fica em silêncio por um momento e, depois, responde com surpresa:

    – Está a convidar-me para sair?

    Franzo o sobrolho.

    – Não gostei da forma como nos conhecemos. Gostava de recomeçar.

    Ela ri-se num tom condescendente.

    – Deve estar a brincar comigo. Não sairia consigo mesmo que fosse o último homem à face da Terra. – Depois, sussurra – O dinheiro e o aspeto não me impressionam, Sr. Miles.

    Mordo o meu lábio inferior… au.

    – A nossa reunião não foi pessoal, Claire.

    – Foi muito pessoal para mim. Vá encontrar uma bimba qualquer para jantar, Tristan. Não tenho nenhum interesse em sair com um sacana frio e sugador de almas como o senhor. – O telefone faz um clique no momento em que ela desliga.

    Olho fixamente para o meu telemóvel. Sinto a adrenalina no meu sistema com as suas palavras de ordem.

    Não sei se estou chocado ou impressionado.

    Talvez um pouco de ambos.

    Nunca fui rejeitado e, definitivamente, nunca me tinham falado desta forma.

    Viro-me para o computador e escrevo no Google: Quem é Claire Anderson?

    Capítulo Dois

    Seis meses depois

    Leio o convite à minha frente.

    DOMINE A SUA MENTE.

    Oh, meu Deus, que monte de balelas.

    Preciso de me livrar disto, não consigo, sinceramente, pensar em nada pior.

    – Acho que isto vai ser ótimo para ti – diz a Marley.

    Olho para a minha fiel e melhor amiga, enquanto ela faz o seu melhor discurso de vendas, tentando tirar-me da minha zona de conforto. Sei que o seu coração está no sítio certo, mas isto está a ir demasiado longe.

    – Marley, posso dizer-te sem rodeios, agora mesmo, que, se achas que uma conferência motivacional com todos aqueles malucos me vai ajudar, és mais louca do que aquilo que alguma vez pensei.

    – Para; vai ser fantástico. Afastas-te, reorganizas-te e concentras-te, e voltas revigorada, e a empresa, e a tua vida, e tudo o resto, vai entrar nos eixos.

    Reviro os olhos.

    –Vá lá, ao menos, podes concordar que precisas de mudar a tua perspetiva? – pergunta-me, enquanto se senta na minha secretária.

    – É possível – suspiro, desanimada.

    – A culpa não é tua. Passaste por muito: a morte inesperada do teu marido, cuidar de três rapazes e lutar para manter a empresa à tona. Tem sido um inferno. E, na realidade, a tua luta dura desde a morte do Wade, há cinco anos.

    – Tens de o dizer em voz alta? Soa ainda mais deprimente – suspiro novamente.

    Batem à porta do meu escritório.

    – Entre – digo.

    A porta abre-se, e surge o Gabriel, com um sorriso de orelha a orelha.

    – Pronta para o almoço, senhorita? – os seus olhos cintilam na direção da Marley. – Olá, Marls.

    – Olá – e sorri de forma pateta.

    Sorrio também.

    – Sr. Ferrara – olho para o meu relógio. – Vieste cedo. O almoço é só daqui a uma hora. Pensei que tinhas dito às duas.

    – A minha reunião terminou mais cedo e estou com fome. Vamos já.

    Olho para o italiano, elegante, alto, moreno e bonito, no seu fato de marca. Gabriel Ferrara é uma estrela em Nova Iorque, mas, para mim, é apenas um querido amigo. Conhecia o meu falecido marido e, embora nunca o tenha conhecido quando o Wade era vivo, entrou em contacto comigo pouco tempo depois da sua morte. É dono de uma das maiores empresas de comunicação do mundo, e o seu edifício não fica longe daqui. De quando em vez, dá-me conselhos, e almoçamos juntos sempre que podemos. Há algo completamente platónico entre nós – ele é uma rocha em que me apoio periodicamente.

    – Gabe, diz à Claire que ela tem de ir a esta conferência – a Marley suspira de exasperação.

    Ele franze o sobrolho ao olhar para nós.

    – Tudo bem… Claire, tens de ir a esta conferência – repete sem entusiasmo. – Agora, vamos comer. O sushi aguarda.

    Os olhos da Marley encontram os meus.

    – Podes só tirar uma semana de férias e ir até Paris? Tira algum tempo para ti. Afasta-te dos miúdos. Posso tratar de tudo no escritório. Tivemos aquela injeção de dinheiro, as coisas estão bem por agora. Usa estes dias para recarregar.

    Expiro pesadamente. Sei que preciso de sair deste estado de espírito. A minha vida é tão aborrecida; perdi o entusiasmo por tudo. A minha vida, que outrora era selvagem e despreocupada, foi substituída por animosidade. Às vezes, fico tão furiosa com o Wade por me ter deixado nesta confusão que discuto com ele na minha cabeça, como se me pudesse ouvir, e, depois, sinto-me tão culpada, porque sei que teria dado tudo para ver os filhos crescerem e que deixar-me nunca teria sido a sua escolha.

    Por vezes, a vida não é justa, só isso.

    Dizem que só os bons morrem jovens – e os melhores?

    Porque é que ele também tinha de ir?

    – Vai à conferência – incita-me a Marley. – Não vais almoçar enquanto não concordares com isto.

    – Despacha-te, mulher. Sim. Ela concorda; ela vai.

    O Gabriel tenta terminar a conversa. Quando não me mexo, ele expira profundamente e cai no sofá.

    – Sabes bem que não sei como lidar com tangas motivacionais – levanto-me e começo a arrumar os ficheiros. – As tretas que eles fazem são de uma loucura sem precedentes.

    – Acho que precisas de um pouco de loucura, porque a fossa não é um lugar divertido para se visitar – a Marley suspira novamente.

    Sorrio com algum pretensiosismo.

    – Isso é verdade – o Gabriel sorri enquanto navega pelo seu telemóvel.

    Continuo a arrumar as coisas. Isso é verdade. A fossa não é um lugar que eu queira visitar de todo. Reclino-me na cadeira e olho para a minha esperançosa amiga.

    – Vai, recarrega. Ficas em Épernay, na Champanhe, em França, por amor de Deus. Não há nada mais bonito, Claire. É uma dedução fiscal; ou pagas isto ou pagas em impostos, a escolha é tua. Pelo menos, podes fazer uma massagem todas as tardes e, depois, beber dois litros de champanhe todas as noites com o teu jantar gourmet e cair na cama num estupor de felicidade.

    – Épernay é lindo – murmura o Gabriel, distraído. – Eu iria só pelo sítio.

    – Já lá estiveste? – pergunto-lhe.

    – Algumas vezes. Fui com a Sophia no verão passado – responde. – Ela adora.

    Imagino-me sozinha num luxuoso quarto de hotel. Já passou tanto tempo desde a última vez que viajei. Cinco anos, na verdade.

    – Agora, um jantar gourmet e champanhe… Isso é tentador.

    – Se a parte da conferência for aborrecida, esquece-a e aproveita uma semana só para ti em França. Precisas desta pausa – diz a Marley.

    O Gabriel levanta-se.

    – De acordo. Tu vais. Despacha-te; estou faminto.

    Expiro pesadamente.

    – Vais por mim? – a Marley agarra nas minhas mãos. – Por favor. – Sorri docemente e bate as pestanas enquanto tenta ser engraçada.

    Meu Deus, ela não vai esquecer isto.

    – Está bem – suspiro. – Eu vou.

    A Marley salta da minha secretária e bate palmas com entusiasmo.

    – Boa, isto vai ser tão bom para ti, Claire, exatamente o que precisas – apressa-se para a porta. – Vou reservar já os voos, antes que mudes de ideias.

    Reviro os olhos enquanto agarro na minha mala.

    – Já estou com medo.

    – Ena, estou tão entusiasmada. – A Marley bate com as mãos e sai a correr do escritório.

    – Vamos? – pergunta o Gabriel.

    – Sim. Mas não me apetece sushi.

    – Está bem. – O Gabriel aponta para a porta. – Tu escolhes, mas rápido. Estou prestes a desmaiar.

    – Vamos lá recapitular – diz a Marley, ao mesmo tempo que dá um gole na sua bebida.

    Aceno enquanto mastigo um pedaço de comida. Estamos a almoçar num restaurante. É a véspera de partir para a conferência.

    – As tuas malas estão feitas.

    Marley pega na agenda e começa a ler a sua lista.

    – Hum-hum.

    Assinala a primeira caixa de verificação.

    – O cabelo está arranjado – feito. – Continua a avançar pela lista. – Tudo desmarcado – murmura para si própria enquanto revê o documento.

    Continuo a almoçar, nada entusiasmada com a semana que aí vem.

    – Oh – a Marley franze o sobrolho e olha para mim. – Foste fazer o laser?

    Reviro os olhos.

    – Há muitas oportunidades apetitosas neste tipo de conferências, Claire.

    – Estás a gozar comigo? – olho para ela sem expressão. – Queres que vá a esta conferência para me deitar com alguém?

    – Bem – encolhe os ombros. – Porque não?

    – Marley – largo os meus talheres com um tinido. – Sexo é a última coisa que quero. Ainda me sinto bem casada com um homem.

    Deixa descair o rosto, enquanto pousa a caneta e o papel.

    – Mas não estás, Claire – pega na minha mão por cima da mesa. – O Wade morreu, querida. Há cinco anos… e sei que ele não quereria que vivesses sozinha para sempre.

    Baixo o olhar para o prato de comida que tenho à minha frente.

    – Ele ia querer que vivesses a vida ao máximo… pelos dois.

    Sinto que se está a formar um nó na minha garganta.

    – Ele ia querer que fosses feliz e que cuidassem de ti… que te amassem.

    Torço os dedos no meu colo.

    – Só que… – a minha voz descarrila.

    – Só que o quê?

    – Acho que nunca vou conseguir seguir em frente, Marl – digo com tristeza. – Como é que um homem pode estar à altura de Wade Anderson?

    – Nunca ninguém o vai substituir, Claire. Ele é o teu marido. – E sorri delicadamente. – Só estou a dizer para teres alguns encontros. Diverte-te… apenas isso.

    – Talvez – minto.

    – Tens de tirar as tuas alianças e colocá-las na outra mão.

    As lágrimas ameaçam surgir instantaneamente só de pensar nisso.

    – Nenhum homem se vai aproximar de ti, porque pensa que és casada.

    – Estou bem com isso.

    – Mas o Wade não. E, quando encontrar alguém que considere digno de ti, vai enviá-lo. Mas tens de estar preparada.

    Olho para a minha bela amiga através das lágrimas.

    – Ele ainda está contigo. Vai estar sempre contigo. Confia nele para te proteger. Tens de o deixar ir, Claire.

    Os meus olhos fixam-se nos dela.

    – Tu não morreste com ele no acidente. Vive enquanto podes.

    Deixo cair a cabeça e fico a olhar para o meu prato em cima da mesa, com o apetite subitamente diminuído.

    – Vou marcar uma sessão de laser para esta tarde.

    Pego novamente nos talheres.

    – Vão precisar de uma catana. Tenho seguido a tendência do arbusto.

    A Marley ri-se.

    – Sim, essa confusão tem de desaparecer.

    Encosto o carro e fico a olhar para a casa à minha frente.

    A nossa casa.

    Aquela que eu e o Wade construímos juntos – aquela em que planeámos envelhecer.

    O nosso pequeno pedaço de paraíso em Long Island. Wade era inflexível quanto ao facto de os seus filhos serem criados numa zona semirrural. Cresceu em Nova Iorque e tudo o que sempre quis para os filhos foi um grande pedaço de terra onde pudessem brincar livremente sempre que quisessem.

    Comprámos um lote de terreno e construímos a nossa casa. Não é vistosa, nem sofisticada. É feita de tábuas de madeira e tem uma grande varanda à volta, uma garagem enorme e um caminho de acesso com um cesto de basquetebol. Quatro quartos, duas salas e uma grande cozinha rústica.

    É a cara do Wade. Na altura, conseguíamos pagar por muito mais, mas, no fim de contas, ele queria uma casa de campo cheia de risos e crianças.

    E foi isso que tivemos.

    A minha mente volta àquela manhã em que a polícia bateu à porta.

    É a Sra. Claire Anderson?

    Sim.

    Lamento muito, houve um acidente.

    As horas que se seguiram foram monumentais e dolorosas. São tão claras na minha mente – a forma como me senti, as palavras que disse, o que tinha vestido.

    A forma como o meu coração se partia.

    Vejo-me, na morgue, a chorar sobre ele e a sussurrar ao seu corpo sem vida, oferecendo-lhe uma promessa eterna enquanto lhe afastava o cabelo do rosto.

    Vou educar os nossos filhos como querias. Vou continuar o que começámos. Vou manter os teus sonhos vivos… tens a minha palavra. Amo-te, meu querido.

    O meu rosto enruga-se em lágrimas, e volto a pensar no presente. Não me faz bem deixar essa memória prolongar-se. Quando me permito voltar a esse lugar, é como se o perdesse novamente.

    A dor nunca desaparece, mas há alguns dias em que sinto que me vai matar. Sou uma concha vazia. O meu corpo funciona corretamente, mas quase não respiro.

    Estou a sufocar num mundo de responsabilidades.

    As promessas que fiz ao meu marido nas horas que se seguiram à sua morte tiveram um custo pesado.

    Não saio à noite, já não socializo, mato-me a trabalhar… tanto em casa como no escritório.

    Dedicada a manter vivos os sonhos do Wade, a manter os seus filhos amados e protegidos. A manter a sua empresa à tona. É difícil e é solitário, e, raios, só queria que ele entrasse pela maldita porta e me salvasse.

    Volto a lembrar-me da Marley e das suas palavras de hoje.

    Ele ainda está contigo. Vai estar sempre contigo. Confia nele para te proteger. Tens de o deixar ir, Claire.

    No fundo do meu âmago, sei que a Marley tem razão. Como uma canção suspensa no vento, as suas palavras permanecem em mim. A lascar a minha sensibilidade.

    Olho para o vazio e sou invadida por uma tristeza oca… ele não vai voltar.

    Ele nunca mais vai voltar.

    Está na hora; sei que está na hora.

    Mas isso não o torna menos doloroso.

    Não conseguia imaginar-me a viver sem ele. Não sei como o estou a fazer.

    Não quero ter de aprender a fazê-lo.

    Olho para as minhas alianças de casamento e agarro-as com os dedos enquanto me preparo para fazer o impensável.

    Pestanejo por entre as lágrimas; sinto um peso sufocante no peito e tiro-as lentamente. Ficam presas no nó do dedo e, finalmente, soltam-se.

    Cerro a mão num punho. Sinto-a leve, sem o peso dos meus anéis, e olho para a faixa branca deixada no meu dedo nu. O sol recorda-me o que perdi.

    Odeio a minha mão sem a sua aliança.

    Odeio a minha vida sem o seu amor.

    Com a emoção à flor da pele, encosto a cabeça no volante… e, pela primeira vez em muito tempo, permito-me chorar.

    Atiro o último par de sapatos para a mala. Parto amanhã para a conferência.

    – Acho que já está.

    – Puseste a escova de dentes? – pergunta o Patrick, deitado de barriga para baixo na minha cama, ao lado da minha mala. O meu filho mais novo é também o mais sensato. Nunca se esquece de nada.

    – Ainda não. Ainda vou usá-la. Coloco-a de manhã.

    – Perfeito.

    – Então, a avó vai cá estar quando chegares da escola – relembro-lhe.

    – Sim, sim, já sei – diz a revirar os olhos. – E tenho de te ligar quando o Harry fizer asneiras ou o Fletcher se zangar – suspira, enquanto recita as minhas ordens.

    – Sim, exatamente.

    Os seus irmãos não sabem, mas o Patrick também é o meu informador. Sei o que fizeram antes mesmo de o acabarem.

    Tenho três filhos. O Fletcher tem dezassete anos e assumiu o cargo não oficial de meu guarda-costas pessoal. O Harry tem treze anos, e juro por Deus que ou vai acabar como um génio vencedor de um Nobel ou na prisão. É o ser humano mais traquinas que conheço, e está sempre a meter-se em sarilhos, sobretudo na escola.

    E depois há o meu bebé, o Patrick, com apenas nove anos. É doce, gentil, sensível e tudo o resto que os seus irmãos não são. É também a minha maior preocupação. Só tinha quatro anos quando o Wade morreu e foi o que mais perdeu.

    Nem se lembra do pai.

    Tem fotografias dele espalhadas por todo o quarto. Venera-o. Quer dizer, todos nós o veneramos, mas a obsessão do Patrick é quase exagerada. Pelo menos duas vezes por dia, pede-me para lhe contar uma história sobre o pai. Sorri e ouve atentamente enquanto relato acontecimentos passados relacionados com ele. Nos restaurantes, conhece todos os pratos preferidos do pai e quer sempre pedir o mesmo. Dorme com uma das t-shirts velhas dele. Eu também, mas nunca o admitiria.

    Para ser honesta, temo a hora da história. Todos nós rimos e fazemos piadas sobre a memória. Depois, as crianças vão para a cama e caem num sono feliz, e a minha mente repete a cena vezes sem conta.

    Desejando que o pudéssemos voltar a fazer.

    O Wade ainda vive aqui, connosco, mas não em carne e osso.

    Está morto o suficiente para eu me sentir só… mas vivo o bastante para que eu não consiga pensar em seguir em frente.

    Estou presa no meio, entre o céu e o inferno. Loucamente apaixonada pelo fantasma do meu marido.

    – Pronto, lê a minha lista – continuo.

    – Traba… – Patrick franze o sobrolho enquanto lê. – Trabalho.

    – Roupas de trabalho.

    – Sim – sorri com orgulho por quase ter conseguido.

    Despenteio-lhe o cabelo escuro, a encaracolar nas pontas.

    – Confirmado – risca as palavras. – Ca… – franze o sobrolho, encalhado.

    – Roupas casuais? – pergunto. Ele acena com a cabeça.

    – Confirmado.

    – Pijama – encolhe os ombros de excitação. – Eu sabia

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