Uma questão de interesse
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Sobre este e-book
Fazer-se passar por noiva de Jared Westmoreland não era, precisamente, a principal prioridade de Dana Rollins, mas devia-lhe um favor e Jared tinha um encanto muito persuasivo… isto para não falar dos seus beijos apaixonados. Por isso, não demorou muito a aceitar e a questionar-se sobre como iria sobreviver àquela farsa sem acabar com o coração destroçado.
Jared era um solteirão empedernido que não queria nem sequer ouvir falar de qualquer tipo de compromisso. Mas, quanto mais conhecia a sua falsa noiva, mais se interrogava se aquela farsa não seria o que realmente desejava.
Brenda Jackson
Brenda Jackson is a New York Times bestselling author of more than one hundred romance titles. Brenda lives in Jacksonville, Florida, and divides her time between family, writing and traveling. Email Brenda at authorbrendajackson@gmail.com or visit her on her website at brendajackson.net.
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Uma questão de interesse - Brenda Jackson
Prólogo
Jared Westmoreland levantou os olhos do documento que estivera a ler ao ouvir uma conversa mais exaltada do outro lado da porta do seu escritório.
Ouviu a sua secretária dizer:
– Espere um momento, senhora. Não pode entrar no escritório do senhor Westmoreland sem eu anunciá-la primeiro.
Depois, a porta abriu-se e surgiu uma mulher muito atraente mas muito irritada.
Os batimentos cardíacos de Jared aceleraram-se. Reprimiu o desejo que se apoderou dele ao vê-la contornar a sua secretária. Era uma mulher realmente deslumbrante. Nem a irritação lhe tirava a beleza. Jared lançou-lhe um olhar e reparou no seu cabelo castanho escuro encaracolado que lhe emoldurava o rosto com uma suave e perfeita pele cor de ébano. Tinha uns belos olhos castanhos, umas pestanas longas perfeitamente curvadas, uns lábios de fazerem crescer água na boca e umas maçãs do rosto redondas, com umas covinhas que a irritação não dissimulava. Um corpo brilhante, cheio de curvas, oculto por umas calças e uma camisa, rematava toda a sua beleza.
– Senhor Westmoreland, tentei detê-la, mas...
– Não há problema, Jeannie – disse Jared à sua secretária, que entrara a correr atrás daquela mulher.
– Quer que chame a segurança?
– Não, não me parece que seja necessário.
Jeannie Tillman, que trabalhava com ele há cinco anos, não pareceu lá muito convencida.
– Tem a certeza?
Jared olhou para a mulher que tinha à sua frente. Tinhas as mãos na cintura e observava-o.
– Sim, tenho a certeza.
Jeannie assentiu, com dúvidas, e voltou-se para sair, fechando a porta atrás de si.
Jared concentrou toda a sua atenção naquela bela desconhecida. Tinha a certeza de que não era uma cliente, ele jamais esquecia uma cara bonita. Na verdade, tinha a certeza de que nunca a tinha visto.
Dana Rollins deparou-se com o olhar de Jared Westmoreland e tentou dissimular a intensa reacção do seu corpo a ele. Tinha ouvido falar de Jared Westmoreland, o riquíssimo advogado de Atlanta. Mas agora que o via em pessoa, pela primeira vez, concluiu que tudo o que se dizia batia certo. Era, definitivamente, um homem de sonho tornado realidade: alto, elegante dos pés à cabeça, um corpo forte e sólido como uma rocha; a sua pele era da cor do café, tinha os olhos castanhos escuros, um queixo bem delineado, um nariz direito e o cabelo preto; as feições eram agradáveis e o seu rosto, no conjunto, era sensual.
Mas aquele não era o momento para prestar atenção à sensualidade do advogado. Estava ali por uma questão profissional e nada mais do que isso.
– Calculo que tenha um motivo para irromper desta maneira no meu escritório, menina...
– Rollins – disse ela. – E sim, tenho um motivo. Este! – exclamou, tirando um envelope da mala. Depois, estendeu-lho. – Recebi esta carta registada há menos de um hora, na qual o senhor pede que eu devolva o anel de noivado a Luther Cord. Tentei ligar-lhe, mas disseram-me que estava fora. Por isso, resolvi vir aqui pessoalmente para que mo possa explicar.
Jared pegou na carta e deu uma vista de olhos. Apercebeu-se, logo de seguida, do que se tratava.
Levantou o olhar e disse:
– Vejo que tem alguns problemas em devolver o anel, menina Rollins, não é verdade?
– Absolutamente. O Luther decidiu que não estava disposto a abandonar o estado civil de solteiro e resolveu cancelar o casamento com uma semana de antecedência. Para além da situação incómoda em que me deixou, com a humilhação que isso implica, tendo de explicar aos nossos amigos e devolver os presentes que tinham enviado, deixou-me com todas as despesas do casamento para pagar. E, como se não bastasse, ainda recebo esta carta do seu advogado!
Jared respirou fundo. Era evidente que aquela mulher ainda não se tinha apercebido de que Luther Cord lhe tinha feito um grande favor.
– Menina Rolins, aconselho-a a falar com o seu advogado para confirmar o que lhe vou dizer, mas o meu cliente tem todo o direito a pedir-lhe que devolva o anel de noivado. Um anel de noivado é um presente com uma condição. A condição é que o noivado conduza ao casamento. Portanto, se o noivado, e o compromisso que implica, é rompido, seja qual for a razão, é suposto que o anel seja devolvido, da mesma forma que são devolvidos os presentes de casamento – disse Jared.
Viu-a cruzar os braços e a sua irritação aumentar.
– Recuso-me a devolvê-lo. Por uma questão de princípio.
Jared abanou a cabeça, pensando que os princípios não tinham nada a ver com o que estava ali em causa.
– Lamentavelmente, menina Rollins, vai enfrentar uma batalha perdida a qual lhe pode custar muito dinheiro se resolver meter-se nela. Quer acrescentar mais umas quantas custas judiciais às despesas que já tem?
Sabia que a referência aos custos a faria reconsiderar. E como sabia que estava a reflectir na questão, arriscou a pressionar mais um pouco.
– Compreendo que esteja a passar por uma situação difícil, mas o meu conselho é que esqueça este assunto e siga em frente. É uma mulher bonita e tenho a certeza de que encontrará um homem digno de estar ao seu lado. É óbvio que Luther Cord não é esse homem. Talvez seja até uma sorte tê-lo descoberto a tempo.
Jared sabia que aquelas não eram as palavras que ela queria ouvir, mas queria ser o mais sincero que a sua posição lhe permitisse ser. Uma vez que Luther Cord era seu cliente, não podia dizer mais nada. De facto, já tinha dito mais do que deveria. Mas, por alguma razão, tinha vontade de a ajudar a deixar aquele sofrimento o mais rapidamente possível.
Passaram uns instantes e Dana não disse nada. Mas parecia estar a pensar no que lhe acabava de dizer.
De repente, viu-a tirar da mala uma pequena caixa cor de marfim, estendendo-lha depois.
Olhou para ele e disse:
– Agradeço-lhe o conselho. Mesmo sendo uma questão muito difícil de digerir, devolvo-lhe o anel.
Jared abriu a caixa e viu o deslumbrante anel de diamantes.
– Está a fazer o que é correcto, menina Rollins.
Ela assentiu e estendeu-lhe a mão para o cumprimentar.
– A última coisa de que preciso é endividar-me ainda mais. O Luther não o merece.
Ele estendeu-lhe a mão e agradou-lhe a forma como se encaixava na sua.
– Espero que tudo lhe corra bem – disse Jared, com sinceridade.
Dana sorriu, agradecida. Mesmo que não tenha gostado de ouvir o que ele lhe dissera, não podia deixar de estar agradecida pela sua sinceridade. Para ela, a compaixão e a amabilidade não eram duas características típicas dos advogados.
– Vai correr tudo bem. Sei que interrompi o seu trabalho, irrompendo desta maneira no seu escritório, e peço-lhe desculpa...
– Não me interrompeu – disse Jared, com suavidade. – E quanto ao meu conselho, considere-o um favor.
Dana sorriu.
– Obrigada. Talvez algum dia lho possa devolver.
Ao vê-la dar meia volta para abandonar o seu escritório, Jared pensou no quão sensual e feminina era aquela mulher.
Capítulo Um
Um mês depois...
Jared estava a ter uma manhã horrorosa.
Começara, na noite anterior, com um telefonema da sua mãe, que lhe deixara uma mensagem no atendedor de chamadas lembrando-o do aniversário do pai e do tio, no domingo de Páscoa, e pedia-lhe que desse o exemplo aos seus cinco irmãos levando uma rapariga à festa que ela e a sua tia Evelyn tinham organizado para os seus respectivos maridos gémeos.
O recente casamento do seu primo Storm tinha feito com que a sua mãe, Sarah, tivesse começado a fazer balanços sobre a vida dos filhos, acabando por descobrir que nenhum deles tinha um interesse sério por qualquer mulher. E, por certo, ela achava que ele tinha de ser o primeiro e fazia intenções de o lançar no caminho certo. O facto dele e dos seus irmãos lidarem muito bem com o seu celibato não interessava nada. Ela achava que a felicidade dos filhos estava seguramente ao lado de uma mulher. O único que a tinha tranquilizado tinha sido o seu irmão Spencer, cuja namorada, Lynette, morrera afogada num acidente há três anos.
Jared levantou-se da poltrona e aproximou-se da janela. Para além da chamada da sua mãe, tinha chegado com uma hora de atraso ao escritório por causa de um engarrafamento. Como se não bastasse, acabara de receber uma chamada do actor Sylvester Brewster, anunciando-lhe que se queria divorciar da sua terceira mulher. Sylvester era bom no seu trabalho, mas envolvia-se sempre em relações que acabavam por não durar tempo nenhum.
Quando Jared ouviu o som do intercomunicador da sua secretária, voltou-se e suspirou, questionando-se sobre o que é que poderia piorar as coisas ainda mais.
Cruzou o escritório e levantou o auscultador.
– Sim, Jeannie?
– Senhor Westmoreland, tem uma chamada da sua mãe.
Jared abanou a cabeça. Sim, aquela manhã ainda poderia correr pior, pensou.
– Passa a chamada... – respondeu. – Olá, mãe...
– Ouviste a minha mensagem, Jared?
Jared revirou os olhos e disse:
– Sim, ouvi.
– Bom. Então colocarei mais um lugar na mesa do jantar do próximo domingo.
Jared quis dizer-lhe, de uma forma amável e respeitosa, que esse lugar na mesa iria ficar vazio. Mas antes que fosse capaz de lho dizer, a sua mãe acrescentou:
– Lembra-te que és o mais velho e que tens de dar o exemplo. Não és assim tão novo...
Disse-lho como se ele tivesse setenta e sete anos e não trinta e sete. Além disso, a sua mãe sabia o que ele pensava da instituição casamento. Era um advogado especializado em divórcios, por amor de Deus! A sua função era que um casamento acabasse e não o contrário! Também sabia que o casamento não era o que era esperado que fosse. As pessoas casavam-se e depois muitas delas divorciavam-se. Era um ciclo vicioso; um ciclo que lhe dava dinheiro a ganhar mas que, ao mesmo tempo, odiava. Mesmo havendo muitos casamentos de longa duração entre os Westmoreland, ele considerava-os a excepção e não a regra. Por ventura, ele teria a má sorte de ter o primeiro fracasso matrimonial da família.
– Jared, estás a ouvir-me?
Jared suspirou. Quando a sua mãe usava esse tom, não lhe restava outra opção senão ouvir.
– Sim, mas não te ocorreu pensar que talvez o Durango, o Ian, o Spencer, o Quade, o Reggie e eu gostamos de estar solteiros? – perguntou respeitosamente.
– E não vos ocorreu que o teu pai e eu estamos a ficar velhos e que gostaríamos de ter netos enquanto ainda podemos desfrutar deles?
Jared abanou a cabeça. Era demasiado. Primeiro empurrava-os para o casamento e agora atirava-lhe com a indirecta dos netos, pensou Jared.
Mas a última coisa que queria era discutir com a cabeça dura de Sarah Westmoreland. Preferia enfrentar um juiz terrível num tribunal a opor-se à sua mãe. Era uma batalha para a qual precisava de uma energia que naquele momento não tinha.
– Vou ver o que posso fazer – disse Jared, finalmente.
– Obrigada, filho. É tudo o que te peço.
– A sério, Dana. Eu gostaria imenso que viesses connosco.
Dana Rollins olhou para Cybil Franklin que estava de pé no meio do seu escritório franzindo o sobrolho com determinação.
Cybil era a melhor amiga de Dana no secundário e a razão pela qual Dana se tinha mudado, há três anos, do Tennessee para Atlanta, para ir trabalhar para as Indústrias Kessler como arquitecta paisagista.
–