A Gestão escolar na iniciativa privada: análises de escolas do Ensino Médio de Niterói – RJ
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A Gestão escolar na iniciativa privada - Leonardo Mariscal Pinheiro
CAPÍTULO I
ASPECTOS DA GESTÃO ESCOLAR
Neste capítulo serão apresentados os conceitos de gestão e administração escolar brasileiros e sua evolução ao longo dos períodos históricos. Destacaremos autores e obras que se tornaram fundamentais para a compreensão da gestão da educação.
1.1. A BUSCA DE UMA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR EFICAZ
Antônio Carneiro Leão (1939) redigiu uma das primeiras obras produzidas em território nacional acerca da administração escolar. A edição apresentada nessa pesquisa é a terceira, de 1953. É uma obra de significativa importância não somente por ter sido a primeira tentativa de sistematização na área, mas devido ao fato de que foi uma das mais citadas referências para o estudo da administração escolar e da educação comparada, áreas que atuaram próximas uma da outra.
O objetivo da obra é apresentar uma sistematização de um modelo de ensino, onde as funções, deveres e hierarquia são nítidas. Desse modo, a obra compreende os diretores de educação, os superintendentes de escola até chegar nos diretores de escola, que, segundo Leão (1953), devem ser professores.
A ideia de diretor como mantenedor da política educacional é correspondente ao pensamento hegemônico do período, que afirma que os dirigentes escolares, antes de educadores, são representantes oficiais do Estado, mediante seus papéis de chefia de uma repartição oficial, que é a escola pública e, sendo assim, deveria ter um comprometimento com as diretrizes políticas da administração governamental a qual, provavelmente, fora o encarregado por indicá-lo para o cargo. Isso gera diversos efeitos em diversos enfoques relacionados à visão relativa às metas da própria escola. Contudo, isso não é uma peculiaridade desse autor. Mais adiante, pode-se observar que os autores do período se utilizavam de ideias semelhantes.
Na época na qual o autor redige sua obra, existia uma notória demanda por profissionalização e cientificidade e essa era a questão com maior presença na fala dos principais pensadores, ou seja, a escola tradicional que dominava no início do século XX precisava, segundo esses pensadores, ser ultrapassada e os meios para realizá-lo estabelecia a expansão do atendimento educacional para as pessoas com a profissionalização dos quadros docentes, sob proteção do estado. Diante da perspectiva da escola ideal, existia a necessidade de intervenção direta para conduzi-la; sendo assim, nota-se que o papel do diretor escolar nessa incumbência é apropriado para tal demanda.
A obra de Leão (1953) é muito dedicada à praticidade didática, voltando-se a apresentação de opções no ensino do campo da administração escolar aos leitores. Segundo o autor: A primeira necessidade de um diretor é saber prever, planejar e organizar. Depois do planejamento vêm os problemas de organização, avaliação de funções, terminação de plano, execução de plano
(LEÃO, 1953, p. 135).
Nessa concepção, parece que o processo e o agente se tornam um só. E essa concepção é reforçada com o destaque dado ao indivíduo responsável pela direção da escola: o diretor é a alma da escola. Diz-me quem é o diretor que te direi do que vale a escola
(LEÃO, 1953, p. 134). O diretor seria responsável por todos os processos que são necessários para o bom funcionamento da escola. Porém, a perspectiva de natureza puramente pedagógica parece ter pouca importância de acordo com o pensamento do autor. Todavia, ele põe o ofício do diretor como um desenvolvimento histórico do ofício de educar e, ademais, exibe a aparente contradição entre funções administrativas e funções pedagógicas, que fica evidente quando expõe as metas da administração escolar, que seriam
estabelecer uma finalidade precisa ao professor; traçar condições seguras e justas para admissão, promoção e graduação dos programas; tornar possível a construção de objetivos definidos; assegurar melhor classificação de alunos; assegurar melhor coordenação entre os professores; estabelecer um uso mais econômico de tempo do professor e do aluno; buscar condições para realizar uma educação mais econômica e mais eficiente (LEÃO, 1953, p. 138).
Essa lista de metas da administração escolar expõe a preocupação constante no trabalho de Leão (1953), quanto à imperatividade do diretor se por a serviço do professor, do aluno, portanto, do processo educativo e que surgirá outra vez em Anísio Teixeira (1968).
Sendo assim, ocorre um reforço daquela aparente contradição, visto que Leão (1953) assume que a razão de ser da escola e de sua administração é o processo educacional que se dá no âmbito de discentes e docentes, mas, contudo, o papel administrativo do diretor é muito forte na visão dele. Faz-se notar, então, uma certa contradição pois, enquanto reconhece a razão pedagógica da origem e constituição da função, o autor trata a administração como prioridade. Uma possível explicação é que o autor considera que o ofício do diretor é pedagógico, assim como a meta de seu trabalho, contudo, a fim de atingir tal meta, o diretor atua na área administrativa e de representação política do poder instaurado. Leão (1953) considera que a incumbência pedagógica do diretor é exatamente executar práticas administrativas desenvolvidas para assegurar as condições para o exercício da atividade