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Diretrizes para o Ministério do Exorcismo à luz do Ritual vigente - Digital
Diretrizes para o Ministério do Exorcismo à luz do Ritual vigente - Digital
Diretrizes para o Ministério do Exorcismo à luz do Ritual vigente - Digital
E-book445 páginas5 horas

Diretrizes para o Ministério do Exorcismo à luz do Ritual vigente - Digital

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Sobre este e-book

A fim de oferecer um precioso e válido instrumento para o ministério do exorcista, a obra Diretrizes para o Ministério do Exorcismo à luz do Ritual vigente é um condensado acerca do ensinamento da Igreja sobre o Exorcismo e sua prática. Aprovado pela Congregação para a Doutrina da Fé, o livro sintetiza anos de experiência, estudos e trabalho de campo de muitos membros da Associação Internacional dos Exorcistas, fundados sobre a Sagrada Escritura, a Tradição, o Magistério e os mais autorizados autores. Aqui, o exorcista pode encontrar uma preparação específica, que, alinhada a uma prudência especial, reta intenção e boa vontade, auxiliará o desempenho de modo aquedado ao seu ofício.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento26 de mai. de 2024
ISBN9786559754069
Diretrizes para o Ministério do Exorcismo à luz do Ritual vigente - Digital

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    Diretrizes para o Ministério do Exorcismo à luz do Ritual vigente - Digital - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

    Capa de Diretrizes para o Ministério do Exorcismo à luz do Ritual vigente de Associação Internacional dos Exorcistas Secretaria Linguística Portuguesa

    Diretrizes para o Ministério do Exorcismo à luz do Ritual vigente

    Associação Internacional dos Exorcistas Secretaria Linguística Portuguesa

    1ª edição – 2024

    Direção-Geral:

    Mons. Jamil Alves de Souza

    Tradução:

    Mons. Dr. Rubens Miraglia Zani

    Título original:

    Linee guida per il ministero dell’esorcismo

    alla luce del rituale vigente

    Edição:

    João Vítor Gonzaga Moura

    Revisão:

    Vinicius Pereira Sales

    Capa:

    Samuel Ricardo Sales

    Imagens da capa:

    Ícone Antigo de São Miguel (séc. XVII)

    © Adobe Stock

    Projeto Gráfico:

    Keille Lorainne Dourado Silva

    Diagramação:

    Henrique Billygran Santos de Jesus

    978-65-5975-406-9

    Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão da CNBB. Todos os direitos reservados ©

    Edições CNBB

    SAAN Quadra 3, Lotes 590/600

    Zona Industrial – Brasília-DF

    CEP: 70.632-350

    Fone: 0800 940 3019 / (61) 2193-3019

    E-mail: vendas@edicoescnbb.com.br

    www.edicoescnbb.com.br

    SUMÁRIO

    ABREVIAÇÕES E SIGLAS

    Abreviações

    Siglas

    APRESENTAÇÃO

    NOTA DO TRADUTOR À EDIÇÃO BRASILEIRA

    PREFÁCIO

    APRESENTAÇÃO

    Utilidade das Diretrizes

    Valor das Diretrizes

    Introdução à leitura e ao estudo das Diretrizes

    A atividade exorcística de Jesus como parte essencial de seu ministério messiânico

    A atitude diferente de Jesus para com as pessoas doentes e aquelas possuídas

    A atitude diferente dos enfermos e dos possuídos em relação a Jesus

    Algumas diferenças entre os doentes e os possessos que os Evangelhos ressaltam

    A linguagem dos Evangelistas

    Algumas ênfases realizadas pelos Evangelhos relativas à presença e à atividade demoníaca

    Em síntese

    Considerações finais

    CAPÍTULO I

    DEUS E SUA PROVIDÊNCIA

    CAPÍTULO II

    O DIABO E SEUS ANJOS

    CAPÍTULO III

    A AÇÃO ORDINÁRIA DO MALIGNO

    CAPÍTULO IV

    A AÇÃO EXTRAORDINÁRIA DO MALIGNO

    Possessão diabólica

    Obsessão diabólica

    Vexação diabólica

    A infestação diabólica

    CAPÍTULO V

    CAUSAS DA AÇÃO EXTRAORDINÁRIA DO MALIGNO

    CAPÍTULO VI

    O MALEFÍCIO COMO POSSÍVEL CAUSA DA AÇÃO EXTRAORDINÁRIA DO MALIGNO

    Indicações práticas

    CAPÍTULO VII

    A SUPERSTIÇÃO

    CAPÍTULO VIII

    A LIBERTAÇÃO DA AÇÃO EXTRAORDINÁRIA DO MALIGNO: SUAS NOTAS ESSENCIAIS E POSSÍVEIS ERROS

    CAPÍTULO IX

    EXORCISMOS, ORAÇÕES DE LIBERTAÇÃO E DE CURA

    Noção genérica de exorcismo

    Exorcismo público e exorcismo privado

    Exorcismo público

    Exorcismo privado

    Orações de libertação

    Orações de cura

    CAPÍTULO X

    O MINISTRO DOS EXORCISMOS

    CAPÍTULO XI

    O INSTRUMENTUM DO SACERDOTE EXORCISTA

    CAPÍTULO XII

    O DISCERNIMENTO: CRITÉRIOS GERAIS

    Justificação doutrinal do disposto no DESQ, n. 16

    Certeza moral

    Critérios de caráter geral: fatos naturais e fatos preternaturais

    Critérios de caráter geral: atenção à relação entre os supostos sinais da ação diabólica extraordinária com a fé e o empenho espiritual na vida cristã

    Conclusão

    CAPÍTULO XIII

    O DISCERNIMENTO: CRITÉRIOS PARTICULARES

    Sinais evidentes e sinais prováveis

    Os sinais específicos da ação extraordinária do Maligno

    Os sinais indicados pelo DESQ: "ignoto sermone pluribus verbis loqui vel loquentem intellegere"

    (pronunciar numerosas palavras em idioma desconhecido ou compreender quem as fala)

    Os sinais indicados pelo DESQ: "distantia et occulta patefacere"

    (revelar coisas ocultas e distantes)

    Os sinais indicados pelo DESQ: "vires supra aetatis seu condicionis naturam ostendere"

    (manifestar forças incompatíveis com idade ou condição de uma pessoa)

    Os sinais indicados pelo DESQ: "attendere etiam oportet ad (...) aversionem vehementem a Deo, Sanctissimo Nomine Iesu, Beata Virgine Maria et Sanctis, Ecclesia, verbo Dei, rebus, ritibus, praesertim sacramentalibus, et imaginibus sacris"

    (é necessário também prestar atenção a … uma forte aversão a Deus, ao Santíssimo Nome de Jesus, da Beata Virgem Maria e dos Santos, à Igreja, à Palavra de Deus, às coisas, ritos, sobretudo sacramentais, e às imagens sacras)

    Os sinais da possessão diabólica

    Os sinais da obsessão diabólica

    Os sinais da vexação diabólica

    Conclusão

    CAPÍTULO XIV

    EFICÁCIA DO EXORCISMO

    CAPÍTULO XV

    INSTRUMENTOS PECULIARES DO DISCERNIMENTO DA AÇÃO DIABÓLICA EXTRAORDINÁRIA

    Oração, Palavra de Deus e Sacramentais como instrumentos peculiares do discernimento

    O exorcismo como instrumento peculiar de discernimento, na prática exorcística precedente ao RR

    O exorcismo como instrumento peculiar de discernimento,na prática exorcística sucessiva ao RR

    Justificação doutrinal do exorcismo, como instrumento peculiar de discernimento

    O modo de proceder

    Notas conclusivas

    Apêndice: o que jamais deve ser feito para fins de discernimento

    CAPÍTULO XVI

    NECESSIDADE DE ADEQUADO ACOMPANHAMENTO DOS FIÉIS QUE PEDEM PARA SE LIBERTAREM DO MALIGNO

    CAPÍTULO XVII

    OS PRECEITOS DADOS AO DEMÔNIO

    Preceitos comuns

    Preceitos lenitivos

    Preceitos expulsivos

    Preceitos probativos

    CAPÍTULO XVIII

    AS PERGUNTAS AO DEMÔNIO

    CAPÍTULO XIX

    O RITO DO EXORCISMO EM GERAL

    Indicações gerais sobre o exorcista

    Indicações gerais sobre o lugar da celebração

    Indicações gerais sobre o fiel atribulado pelo Maligno

    Indicações gerais sobre a presença de outras pessoas diversas dos auxiliares

    A estrutura do rito do exorcismo maior segundo o DESQ

    Exorcismo e princípio de discricionariedade em geral

    O princípio de discricionariedade no DESQ

    Nota final

    CAPÍTULO XX

    OS AUXILIARES DO EXORCISTA

    As tarefas do auxiliar

    O perfil do auxiliar do sacerdote exorcista

    O relacionamento do exorcista com os próprios auxiliares

    Indicações práticas

    CAPÍTULO XXI

    MODO DE PROCEDER NOS CASOS DE SIMULAÇÃO

    CAPÍTULO XXII

    MODO DE PROCEDER NOS CASOS DE INFESTAÇÃO

    O que deve preceder o ato litúrgico de libertação de uma casa infestada

    O ato litúrgico de libertação da casa infestada

    CAPÍTULO XXIII

    CRITÉRIOS DE DISCERNIMENTO A OFERECER AOS PASTORES DE ALMAS PARA COMPREENDER SE UMA PESSOA DEVE SER SUBMETIDA À AVALIAÇÃO DE UM SACERDOTE EXORCISTA

    O que compete ao exorcista e o que compete ao pastor de almas

    Sobre a existência do mundo demoníaco e a sua atividade ordinária e extraordinária

    Sobre as formas da ação diabólica extraordinária

    A chamada parapsicologia

    A primeira fase do primeiro discernimento: a escuta

    A segunda fase do primeiro discernimento: a análise

    A terceira fase do primeiro discernimento: a oração

    Notas conclusivas sobre o primeiro discernimento

    O papel e a colaboração do sacerdote em cura de almas e do exorcista nos casos confirmados de ação extraordinária do demônio em um fiel

    ABREVIAÇÕES E SIGLAS

    Abreviações

    art. — artigo, artigos

    cân. — cânon, cânones¹

    cf. — conferir, comparar

    Ibid. ibidem, no mesmo lugar (para uma citação idêntica à da nota antecedente)

    Ivi. — no mesmo lugar (para uma citação idêntica à da nota antecedente, mas com números de página diversos)

    n. — número, números

    op. cit. opere citato, na obra citada

    p. — página, páginas

    Siglas

    IICan Institutiones Iuris Canonici ad usum utriusque Cleri et Scholarum

    RRCom Ad Rituale Romanum Commentaria

    RRDEO Ritualis Romani Documenta de Exorcizandis Obsessis a daemonio

    RRBPap Rituale Romanum Benedicti Papae XIV

    CIgC — Catecismo da Igreja Católica

    PNRdE Presentazione al Nuovo Rito degli Esorcismi

    CIC Codex Iuris Canonici: Código de Direito Canônico

    DESQ De Exorcismis et Supplicationibus Quibusdam²

    EG Evangelii gaudium

    EsAIE Estatuto da Associação Internacional dos Exorcistas

    FCD Fede cristiana e demonologia

    GeE Gaudete et exsultate

    GS Gaudium et spes

    DDpS Il dito di Dio e il potere di Satana

    RR: — Rituale Romanum³

    RSPS Rituale Sacramentorum ad praescriptum Sanctae Romanae Ecclesiae

    SsS Sacerdotale sive Sacerdotum

    RSR Rituale Sacramentorum Romanum

    SDo Salvifici doloris

    STh Summa Theologiae

    APRESENTAÇÃO

    A Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da CNBB, da qual faço parte, atendendo a uma solicitação, tratou do Exorcismo, com reflexões teológicas e orientações pastorais.⁴ Por isso, pediram-me para fazer esta apresentação após examinar a obra em suas mãos.

    Conforme renomado biblista, Jesus praticou exorcismos: O fato de haver, nos Sinóticos, sete amostras individuais de um tipo muito específico de milagre, ou seja, do exorcismo, favorece o ponto de vista de que este constitui maioria no ministério de Jesus. ⁵ Na Igreja primitiva, foi instituído o ministério de exorcista. Em nossos dias, a Congregação para o Clero reconheceu juridicamente a Associação Internacional dos Exorcistas (AIE), com o decreto de 13 de junho de 2014.

    A Igreja sempre reprovou a preocupação excessiva com Satanás e com os demônios, preferindo priorizar a pregação do Evangelho do Reino. Contudo não se pode fugir desse assunto. A luta espiritual contra os poderes escravizadores, o exorcismo de um mundo iludido por demônios, pertence inseparavelmente ao caminho espiritual de Jesus, e o centro da missão dele mesmo e de seus discípulos. ⁶ O Papa Francisco exorta: Por favor, não façamos negócios com o Diabo e levemos a sério os perigos que derivam da sua presença no mundo. ⁷

    Este livro é muito útil e há tempos se fazia necessário. São muitas e variadas as publicações sobre o assunto feitas por particulares e grupos diversos. Esta obra condensa, em forma de instrução, o ensinamento da Igreja sobre o Exorcismo e sua prática, oferecendo instruções precisas e seguras, dada sua aprovação pela Congregação para a Doutrina da Fé.

    Aos que elaboraram de modo competente estas Diretrizes, nosso apreço e gratidão pelos esclarecimentos pontuais que oferecem e o bem que certamente farão.

    + Dom Pedro Carlos Cipollini

    Bispo de Santo André – SP Presidente da CEPDF/CNBB

    NOTA DO TRADUTOR À EDIÇÃO BRASILEIRA

    Caros irmãos sacerdotes exorcistas e prezados auxiliares de língua portuguesa,

    É com grande alegria e profunda gratidão a Deus que apresentamos a tradução em língua portuguesa das Linee guida per il ministero dell’Esorcismo alla luce del rituale vigente, de autoria da Associação Internacional dos Exorcistas, que decidimos chamar de Diretrizes na presente tradução brasileira e que condensa anos de experiência, estudos e trabalho de campo de muitos membros da nossa Associação, coordenados e cuidados pela Presidência e seu Conselho.

    Aqui o leitor encontrará a genuína doutrina exorcística católica fundada sobre a Sagrada Escritura, a Tradição, o Magistério e os melhores e mais autorizados autores.

    Só por esses méritos já seria este um instrumento de trabalho precioso para o nosso ministério, seja como exorcistas seja como auxiliares.

    Entretanto, o texto – um vade-mécum de doutrina e praxe exorcística à luz do novo Ritual dos Exorcismos – se tornou ainda mais digno de autoridade após ser avaliado, corrigido e aprovado por três Congregações da Cúria Romana: Clero, Doutrina da Fé e Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, além do Imprimatur do Cardeal Vigário Geral para a Diocese de Roma. Esta tradução do original italiano traz consigo, inclusive, a avaliação e a aprovação da Congregação para o Clero.

    Oferecemos, assim, à Igreja no Brasil, em Portugal e nos demais países lusófonos, um precioso e válido instrumento que bem pode preencher os requisitos de um Diretório pastoral sobre o uso do exorcismo maior, segundo o auspício da Introdução Geral do DESQ, n. 38.

    Gostaria também de colher a ocasião para agradecer sentidamente o trabalho de revisão da tradução feito pelo Pe. Dr. Piermario Burgo, minucioso e impecável como sempre no seu labor, e pela Sr.ª Ivânia Paula Leite Barros.

    Abraçando-os fraternalmente, desejo que a paz e a bênção de Deus os alcance e acompanhe por toda a vida e ministério, sob o olhar materno da Imaculada.

    Mons. Dr. Rubens Miraglia Zani

    Delegado Coordenador da Secretaria de Língua Portuguesa

    Tradutor

    PREFÁCIO

    O ministério da libertação e da consolação que a Igreja confia aos sacerdotes exorcistas deve encontrar, nestes últimos, pessoas que vivem um seguimento convicto e radical de Jesus Cristo, Filho de Deus e Filho do Homem. Neles deve, de fato, transparecer a segurança de quem encontrou o tesouro no campo ou a pérola de grande valor e, juntamente, deve agir a força serena e prudente da caridade de Cristo, sendo esta, em última instância, a verdadeira potência que põe em fuga o Maligno.

    O ministério do exorcista é particularmente delicado. Exposto a múltiplos perigos, exige uma prudência especial, fruto não só de reta intenção e boa vontade, mas também de uma conveniente preparação específica, que o exorcista é obrigado a receber para desempenhar de modo adequado o seu ofício (DESQ, n. 13).

    A Igreja recomenda, em primeiro lugar, que se faça um discernimento atento antes de recorrer ao exorcismo (DESQ, n. 14-17) e isso exige que os exorcistas tenham bem presentes os princípios e as modalidades de implementá-lo. Uma vez apurada a realidade de uma ação diabólica extraordinária, ao exorcista se pede que saiba acompanhar os atribulados pelo Maligno num caminho de fé pois, se seu objetivo é justamente o da libertação da presença e do influxo demoníaco, não pode prescindir da necessária conversão. Como nos ensina a doutrina espiritual, o mistério do mal pode, de fato, irromper na nossa vida seja por causa da nossa negligência e infidelidade seja por uma especial permissão divina, querendo o próprio Deus realizar aquele processo de purificação que Ele pede a cada um e que, especialmente naqueles que buscam se assemelhar ao Filho com todas as suas forças, pode assumir aspectos particularmente fortes. Este último aspecto do ministério exorcístico comporta que o papel do exorcista não se reduza àquele de distribuidor de bênçãos. Ao contrário, o contexto de secularização e de neo paganismo, a diluição ou a perda da fé, o relativismo e a confusão geral devem impeli-lo a cuidar mais da vida espiritual de seus pacientes, para fazer-se realmente próximo de quem assiste. Caso contrário, é muito difícil que o fiel alcance a plena libertação do Maligno (Diretrizes, n. 364).

    À luz dessas considerações, só posso expressar minha satisfação pela feliz conclusão do iter de preparação do texto das Diretrizes para o ministério do exorcismo à luz do ritual vigente aprontado pela Presidência da Associação Internacional dos Exorcistas, cuja redação requereu muito tempo e tanta fadiga dada a vastidão e delicadeza da matéria tratada. Tal texto, submetido ao Dicastério da Congregação para o Clero, que o examinou e corrigiu valendo-se também do contributo da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos e da Congregação para a Doutrina da Fé com base nas respectivas competências, foi considerado, assim emendado, "um precioso e válido instrumento para uso interno desta Associação".

    Certamente as presentes Diretrizes ajudarão os sacerdotes exorcistas, membros da AIE, a evitar, no exercício de seu munus, práticas ou métodos não correspondentes às normas com as quais a Igreja regula o ministério do exorcistato. O exorcista, com efeito, não pode proceder segundo o próprio arbítrio, do momento que opera no quadro de uma missão oficial que o torna de algum modo representante de Cristo e da Igreja. No exercício do seu ministério ele deve, portanto, conhecer, entender e ater-se às normas estabelecidas pela Autoridade eclesiástica, que compreendem certamente o que diz respeito à correta celebração do sacramental do exorcismo, mas juntamente regulam muito mais do que apenas a ação litúrgica, como muito oportunamente as Diretrizes continuamente evidenciam e recordam.

    Uma segunda função que as Diretrizes poderão cumprir será contribuir para a formação inicial dos candidatos ao ministério de exorcista todas as vezes que seus Ordinários considerem por bem servirem-se da Associação Internacional dos Exorcistas para assegurar-lhes princípios fundados e linhas seguras de comportamento na atuação deste delicado e difícil serviço eclesial.

    Com tudo isso, é necessário precisar que as presentes Diretrizes da Associação Internacional dos Exorcistas não são um texto do Magistério autêntico da Igreja, nem têm a força de uma disposição disciplinar emanada pela Autoridade eclesiástica. Como está bem sublinhado na Apresentação que lhes faz o Presidente da AIE, Pe. Bamonte, e como foi recordado pelo Prefeito da Congregação para o Clero na carta já citada, as Diretrizes permanecem um documento privado, reservado para o uso interno dos associados à AIE, e "cedem em face de eventuais disposições, pelas quais Bispos individuais ou Conferências Episcopais pretendem regular o exercício do ministério dos exorcistas no âmbito do território de sua competência, com a consequência que o exorcista, membro da AIE, deverá ater-se a essas disposições, se elas diferirem das indicações das Diretrizes".

    Dito isto, julgo, como opinião pessoal, que o texto das presentes Diretrizes possa ser de ajuda não só aos membros da AIE no exercício de seu ministério, mas também às Conferências Episcopais individuais caso considerassem oportuno redigir e acrescentar, às Premissas gerais do DESQ, "um Diretório pastoral sobre o uso do exorcismo maior, pelo qual os exorcistas compreendam melhor a doutrina da Introdução Geral e aprendam o seu significado pleno", segundo as indicações que o novo Ritual oferece em matéria (cf. DESQ, n. 38).

    Ao conceder de bom grado o meu imprimatur ao texto das Diretrizes da Associação Internacional dos Exorcistas, não posso não recordar, neste momento, os saudosos Don Gabriele Amorth e o Servo de Deus Padre Cândido Amantini, ambos estimados exorcistas ao serviço da Igreja de Roma por muitos anos e sem os quais a Associação Internacional dos Exorcistas não teria nascido, nem as presentes Diretrizes teriam visto a luz. Possa a intercessão deles obter de Deus o dom de exorcistas ornados de piedade, prudência, ciência e integridade de vida, especificamente preparados para seu serviço eclesial e capazes de guiar os fiéis à santidade, porque eles primeiro a buscam e vivem.

    Concluo estas linhas de apresentação, agradecendo ao Pe. Francesco Bamonte por ter-me pedido de escrevê-las e referindo-me ao que eu disse na homilia de 28 de setembro de 2018, no contexto da Convenção Internacional da AIE:

    Caros exorcistas que irão ler estas minhas palavras, recordo-vos que o ministério que vos foi confiado vos torna colaboradores particulares do vosso Bispo e torna atual a missão própria dos Apóstolos. As situações que se vos apresentam, em muitos casos, vos oferecem a oportunidade de anunciar Cristo a quem busca salvação e de chamar à conversão quem se perdera. A vós abrem o coração as pessoas e as famílias, a vós são reveladas chagas profundas e dolorosas, e no vosso ministério verdadeiramente revive o de Jesus. A vossa acolhida e a delicadeza, com que sabereis curar os corações despedaçados, são a Boa Notícia que continua a ressoar no mundo, e a sua força saneante aparece ainda mais evidente onde a nossa incapacidade de criaturas aparece mais desoladora. Vós, muito mais do que tantos Sacerdotes, sois testemunhas da potência do Senhor, que age através da Sua Palavra e da imposição das vossas mãos: cultivai o dom na maior humildade e, quanto mais possais, no escondimento. Confio o vosso precioso ministério à Virgem Imaculada: que a sua celeste proteção vos acompanhe, vos obtenha do Senhor a verdadeira sabedoria e confirme o vosso coração na fé serena dos amigos do Senhor.

    img20180703_09151805.jpg

    Angelo Card. De Donatis

    Vigário-Geral de Sua Santidade

    para a Diocese de Roma

    APRESENTAÇÃO

    Caríssimos sócios da Associação Internacional dos Exorcistas, com sentimentos de alegria e vivo reconhecimento ao Senhor Jesus Cristo e à Virgem Imaculada, sua e nossa Mãe, transmito-lhes as Diretrizes para o Ministério do Exorcismo, fruto de um estudo acurado que, por diversos anos, engajou a Presidência da nossa Associação.

    A constante escuta que em todo este tempo a Presidência da AIE manteve com vocês, anotando dificuldades, problemas, necessidades e pedidos, juntamente com a atenção reservada a tudo aquilo que, nos vários países do mundo e nas diversas realidades eclesiais, diz respeito ao ministério dos exorcistas, influiu bastante no projeto inicial das Diretrizes, orientando sua elaboração e dando a elas a ordem considerada mais idônea, a fim de satisfazer as exigências do serviço prestado por vocês à Igreja.

    Utilidade das Diretrizes

    a. O resultado obtido é, em primeiro lugar, aquele de um instrumento considerado idôneo por nós para que os sacerdotes exorcistas de nossa Associação evitem, no exercício de seu munus, práticas ou métodos não correspondentes às normas com que a Igreja regula o ministério do exorcistado. O exorcista não pode proceder segundo o próprio arbítrio, uma vez que opera no quadro de uma missão oficial, a qual o torna, de algum modo, representante de Cristo e da Igreja. No desempenho de seu ministério, ele deve, portanto, conhecer e cumprir as normas estabelecidas pela Autoridade eclesiástica, as quais certamente incluem o que diz respeito à correta celebração do sacramental do exorcismo e, ao mesmo tempo, regulam muito mais do que apenas a ação litúrgica.

    b. Uma segunda função, que as Diretrizes poderão cumprir, será contribuir para a formação inicial dos candidatos ao ministério de exorcista, sempre que seus Ordinários considerem apropriado servir-se da nossa Associação para assegurar-lhes princípios bem fundados e orientações seguras de comportamento na implementação deste delicado e difícil serviço eclesial.

    c. Uma vez que há uma demanda crescente, por parte de Conferências Episcopais, Dioceses ou outras realidades eclesiais, de encontros formativos que visem facilitar o primeiro discernimento nos casos de fiéis que se consideram necessitados do ministério dos exorcistas, as Diretrizes poderão ser, ademais, um útil instrumento para os membros de nossa Associação, chamados a falar sobre este argumento aos pastores de almas em geral ou aos sacerdotes, religiosos ou leigos encarregados, pelos respectivos Bispos, para servir de filtro entre os fiéis e os próprios exorcistas.

    d. Por fim, as Diretrizes poderão ser úteis para os membros de nossa Associação na escolha e formação de seus possíveis colaboradores (auxiliares), graças às indicações pontuais que dão acerca dos requisitos e tarefas de quem se oferece para ajudar os sacerdotes exorcistas no exercício de seu ministério.

    Valor das Diretrizes

    Para evitar equívocos, desejo fazer imediatamente alguns esclarecimentos importantes.

    e. O primeiro é que as Diretrizes não são uma "Summa" de todo o saber relativo ao nosso ministério de exorcistas. Ademais, no que diz respeito a cada um dos pontos tratados, não pretendem expô-los de modo exaustivo; mas, espera-se, apenas suficiente.

    f. O segundo é que as Diretrizes são e permanecem um documento privado, destinado ao uso interno da nossa Associação. Não constituem uma interpretação autêntica da disciplina da Igreja em matéria de exorcismos, sendo essa reservada apenas à Autoridade eclesiástica competente. Às Diretrizes só deve ser atribuído um valor doutrinal, aberto a possíveis correções, melhorias e integrações.

    g. O terceiro, consequência do acima exposto, é que as Diretrizes cedem em face de eventuais disposições, pelas quais Bispos individuais ou Conferências Episcopais pretendam regular o exercício do ministério dos exorcistas no âmbito do território de sua competência. Isso significa, concretamente, que o exorcista, membro da nossa Associação, deverá ater-se a essas disposições se elas diferirem das indicações das Diretrizes.

    Introdução à leitura e ao estudo das Diretrizes

    Dito isso, caríssimos sócios, desejo oferecer-lhes algumas reflexões pessoais que possam servir de introdução à leitura e ao estudo destas Diretrizes.

    Nos últimos decênios, deu-se, em todo o mundo ocidental, um notável aumento de interesse sobre alguns aspectos ligados ao nosso ministério, particularmente no que diz respeito ao fenômeno da possessão diabólica e ao consequente papel que os exorcistas católicos desempenham na árdua tarefa de libertar dela.

    Sobre tal interesse – que, devido à influência dos meios de comunicação social, tem envolvido não só o mundo acadêmico, mas também vastos setores da população –, não tenciono deter-me nesta sede, apresentando dados e exprimindo avaliações. Limito-me, ao invés, a sublinhar que, em alguns ambientes culturais, continua uma peremptória descrição do exorcismo católico como se fosse uma realidade escabrosa, violenta, obscura, quase como a prática de magia, à qual se quer contrapô-lo, mas que acaba, em última instância, colocando-o no mesmo plano das práticas ocultas.

    Na verdade, nós, exorcistas católicos, sabemos bem que as coisas são muito diferentes. O exorcismo não é fruto de um saber esotérico; ao contrário, corresponde plenamente ao ditado da autêntica Tradição. Quando é feito em situações de real possessão diabólica e segundo as normas estabelecidas pela Igreja – inspiradas na fé genuína e na necessária prudência –, manifesta o seu caráter salvífico, positivo, caracterizado por uma experiência viva de pureza, luz e paz. A tônica, poderíamos dizer, é constituída pela alegria, fruto do Espírito Santo, prometida por Jesus àqueles que acolhem com confiança a sua Palavra.

    Ora, quem apresenta o exorcismo católico nos termos apresentados anteriormente é evidente que não o conhece e, sobretudo, que não aceita seus pressupostos. Além disso, exigir compreender o exorcismo católico sem ter uma fé viva em Cristo e no que Ele, na Revelação entregue à Igreja, nos ensina sobre Satanás e sobre o mundo demoníaco é como querer afrontar equações de segundo grau sem conhecer as quatro operações fundamentais da matemática e suas propriedades. Que compreensão se pode ter da ação exorcística realizada pela Igreja, por meio de seus ministros, se se recusa, a priori, a estabelecer se tem razão quem crê na presença concreta de Satanás nos endemoniados, ou quem, ao invés, a nega? Que cientificidade pode haver em semelhante tomada de posição, embora apenas em nível metodológico?

    Considerando essas coisas, caríssimos sócios, parece-me necessário, da nossa parte, voltar sempre às fontes do nosso ministério, que não nasce absolutamente do medo das bruxas, do desejo de se opor à magia ou da vontade de impor uma determinada visão religiosa em detrimento de outras diferentes concepções sobre Deus e o mundo, mas apenas do que Jesus disse e do que Ele, por primeiro, fez, dando aos Apóstolos e aos seus sucessores a missão de continuar sua mesma obra.

    A atividade exorcística de Jesus como parte essencial de seu ministério messiânico

    Os Evangelhos nos dizem, sem sombra de dúvida, que Jesus, em sua vida terrena, se confrontou e lutou contra as duas formas de ação do mundo demoníaco: a ordinária e a extraordinária.

    A ordinária, enfrentou-a não só ensinando às pessoas o modo de vencer as seduções de Satanás, mas sofrendo-as pessoalmente, como quando o Maligno o tentou por quarenta dias no deserto (Mt 4,1-11; Mc 1,12-13; Lc 4,1-13).

    A ação extraordinária, por sua vez, enfrentou-a socorrendo pessoas que eram vítimas, mediante os exorcismos.

    Nos assim chamados sumários dos Evangelhos sinóticos, a obra exorcística de Jesus, destinada a libertar pessoas possuídas ou atormentadas por espíritos malignos, é apresentada como parte essencial de seu ministério messiânico, distinguindo-a nitidamente da igualmente importante atividade taumatúrgica, imediatamente destinada à cura de pessoas afligidas por várias doenças e enfermidades (Mt 4,24 e Mc 1,39; cf. também Mt 8,16; Mc 1,32-34; Lc 4,40-41).

    No Evangelho de São Lucas, é o próprio Jesus que dá testemunho deste seu obrar enquanto agir messiânico orientado ao mistério pascal: Naquela hora, alguns fariseus aproximaram-se e disseram a Jesus: ‘Sai e parte daqui, pois Herodes quer matar-te’. Ele disse: ‘Ide dizer a essa raposa: eu expulso demônios e faço curas hoje e amanhã, e no terceiro dia se completará a minha obra’ (Lc 13,31-32).

    São Lucas informa também que algumas mulheres, libertas de espíritos maus e de enfermidades, se puseram a seguir Jesus, detendo-se em particular na pessoa de Maria Madalena, dada a relevância de seu caso e a importância atribuída a ela pela comunidade eclesial: Depois disso, Jesus percorria cidades e povoados, proclamando e anunciando o evangelho do Reino de Deus. Estavam com ele os Doze, e também algumas mulheres que tinham sido curadas de maus espíritos e de doenças: Maria, chamada Madalena, de quem haviam saído sete demônios; Joana, mulher de Cuza, alto funcionário de Herodes; Susana, e muitas outras mulheres, que os ajudavam com seus bens (Lc 8,1-3).

    Dos muitos exorcismos realizados por Jesus – a maior parte em território palestino, mas alguns também em território pagão – os Evangelhos sinóticos transmitem uma narração mais ou menos detalhada de alguns desses:

    1) A libertação do endemoniado na sinagoga de Cafarnaum (Mc 1,21-28; Lc 4,31-37);

    2) A libertação do endemoniado – ou dos endemoniados – no território dos Gerasenos – ou dos Gadarenos (Mt 8,28-34; Mc 5,1-20; Lc 8,26-39);

    3) A libertação do jovem lunático (Mt 17,14-21; Mc 9,14-29; Lc 9,37-43);

    4) A libertação da filha da Cananeia (Mt 15,21-28; Mc 7,24-30);

    5) A libertação e a cura de um endemoniado cego e mudo (Mt 12,22);

    6) A libertação e a cura de um endemoniado mudo (Mt 9,32-34; Lc 11,14);

    7) A libertação e cura de uma mulher encurvada há dezoito anos (Lc 13,10-17).

    A atitude diferente de Jesus para com as pessoas doentes e aquelas possuídas

    Do que os Evangelistas relatam mais detalhadamente, emerge uma atitude diferente de Jesus para com as pessoas possessas pelo demônio em comparação com aquelas simplesmente doentes.

    Quando a pessoa está doente, Jesus estabelece um relacionamento imediato com o doente e o cura. As palavras que nessas circunstâncias Jesus pronuncia às vezes evidenciam a importância que a fé nele teve para a obtenção da cura (Mt 9,22; Mc 5,34; Lc 8,48); às vezes são comandos dirigidos ao doente para fazer algo;¹⁰ às vezes são expressões com as quais declara sua vontade.¹¹

    Se, pelo contrário, se depara com uma pessoa cujo corpo está possesso pelo demônio, Jesus volta-se decididamente para alguém outro – distinguindo-o da pessoa do possesso – e, com um comando imperativo, ordena-lhe que abandone aquele corpo e não atormente mais aquela criatura.¹²

    A atitude diferente dos enfermos e dos possuídos em relação a Jesus

    Nos Evangelhos, porém, a distinção entre a condição de

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