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O Alfa & Eu
O Alfa & Eu
O Alfa & Eu
E-book266 páginas2 horas

O Alfa & Eu

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Sobre este e-book

Ela não era sua primeira escolha.
Mas ele é o Alfa dela.
Eles não veem as coisas olho no olho.
Vinculados por um vínculo que ambos foram forçados
***
Rose Williams era uma Ômega fraca e foi odiada por todos ao seu redor por isso. Ela também é lembrada de que não vale nada, um brinquedo para os Alfas todos os dias. Sua única esperança era fazer vinte e um anos e se estabelecer com Zain, um Alfa que prometeu amá-la e cuidar dela.
Aiden Russo é um Rei Alpha - o mais cruel que a Moonlight Pack já viu. Diziam os rumores que ele é implacável, frio e não liga para ômegas. Para completar sua propriedade, ele precisa de uma Luna.
Por alguma infeliz reviravolta, Rose é casada com o Alpha Aiden, que não mostra nenhum interesse por ela.
Naquela noite, após a cerimônia de despedida,
"Você já se tocou antes?" Eu perguntei, hipnotizada pela imagem perfeita de inocência e luxúria diante de mim.
Rose chupou o lábio inferior entre os dentes antes de me olhar através de seus cílios e balançou a cabeça.
"E-eu vou te guiar", eu respirei.
Outro gemido escapou dela, e eu tive que morder minhas bochechas para evitar rosnar novamente.
"Tire suas calças."
A ômega choramingou, suas mãos trêmulas puxando hesitantemente suas calças para baixo.
"Molhe o dedo. Vamos começar com um."
***
A história contém temas sombrios e maduros, como violência e sexo, portanto, se você se sentir desconfortável com esse tópico, evite ler.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento30 de dez. de 2022
O Alfa & Eu

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    O Alfa & Eu - PopNovel

    ÍNDICE

    Capítulo 1 O mesmo sonho

    Capítulo 2 Tudo por ser uma Ômega

    Capítulo 3 Ela entrou no cio

    Capítulo 4 A marca

    Capítulo 5 Médica da matilha

    Capítulo 6 Pedimos desculpa

    Capítulo 7 Já me decidi

    Capítulo 8 A boa notícia

    Capítulo 9 Você não pode me abandonar

    Capítulo 10 Vou fugir do casamento

    Capítulo 11  A cerimônia

    Capítulo 12  A troca

    Capítulo 13  Nunca vou ligar para você

    Capítulo 14  E se ela me rejeitasse?

    Capítulo 15  Cerimônia de união

    Capítulo 16  Eu quero pertencer ao Alfa

    Capítulo 17  Acasalamento

    Capítulo 18  Conhecendo Caden e Ria

    Capítulo 19 A arena de luta

    Capítulo 20  Você não vai se sentar aí da próxima vez

    Capítulo 21 Sabe quanta responsabilidade tem uma Luna?

    Capítulo 22 Vou cozinhar para Aiden

    Capítulo 23  Enfeitiçado pela Ômega

    Capítulo 24  Preparando macarrão para o Alfa

    Capítulo 25  Experimentando o macarrão com lagosta

    Capítulo 26  Você envenenou ele com outra coisa?

    Capítulo 27  Presos na cabana?

    Capítulo 28  Você está bem?

    Capítulo 29  Uma xícara de chá

    Capítulo 30  Dormir com o Alfa ou congelar até a morte?

    Capítulo 31  Senta no meu colo!

    Capítulo 32  A hipotermia da Ômega

    Capítulo 33  Você não está facilitando as coisas para mim

    Capítulo 34  A caçada

    Capítulo 35  Lambendo a ferida

    Capítulo 36  Quem era o outro Alfa?

    Capítulo 37  Por que você liga, Alfa?

    Capítulo 38  Famintos na cozinha

    Capítulo 39  Me perdoa

    Capítulo 40 Por que vocês não se beijam?

    Capítulo 41 Indo fazer compras

    Capítulo 42  Pesadelos do passado

    Capítulo 43  Traumatizada no beco

    Capítulo 44  Por que você ficou para trás?

    Capítulo 45  Vulnerável

    Capítulo 46  Quando você vai voltar?

    Capítulo 47 Ela veio se desculpar

    Capítulo 48  Pedido de desculpas

    Capítulo 49  Piquenique

    Capítulo 50  Presentes

    Capítulo 1 O mesmo sonho

    Eu conseguia ver a fronteira e o carvalho ancião. Enxugando o suor da testa, olhei por cima do ombro. As garras faziam barulho conforme eles me perseguiam e pisavam nas folhas e galhos secos. Não consegui evitar gemer de pânico. A matilha não atravessaria a fronteira, e eu sabia que a árvore seria meu abrigo se eu pudesse chegar a tempo.

    No momento em que um dos lobos estava me alcançando, dei uma guinada e pulei por cima de uma árvore caída.

    Meus perseguidores eram mais rápidos e fortes, já que eram Alfas e Betas, mas eu era ágil e experiente. O fato de ser pequena também era uma vantagem para mim. Eu sabia como me esquivar, fazer curvas fechadas e saltar obstáculos mais rápido que Alfas e Betas.

    Justo nesse momento, um lobo mais assustador quase mordeu minha perna e conseguiu afundar as garras na minha pele, o que me fez perder o equilíbrio.

    Ahh! Senti uma dor excruciante na perna.

    Vacilei por um momento e olhei para a panturrilha. O sangue jorrava do corte profundo, onde as garras haviam me dilacerado. O ferimento queimava, e meus olhos lacrimejavam. Eu conseguia sentir os lobos se aproximando sem a menor intenção de parar.

    Respirei fundo e fechei os olhos. Senti a adrenalina percorrer o corpo e a utilizei como que em um último esforço para sair correndo e alcançar meu destino.

    Eu mal consegui chegar lá.

    Depois de quase bater a cara no tronco enorme, me virei e parei de vez. Se os lobos cruzassem a fronteira, eu estaria morta em segundos. A dor na perna era grande demais para suportar, e meus pulmões pareciam estar em chamas.

    A estranha mistura de alegria, alívio e exaustão me deixou com vontade de chorar quando vi os lobos ameaçadores pararem de repente, a ponto de colidirem uns contra os outros e rolarem no chão, em meio a latidos confusos.

    Caí no chão e segurei a perna com as duas mãos, apoiando-me na árvore que me deu abrigo, enquanto tentava desesperadamente recuperar o fôlego. Os Alfas e Betas aos poucos se reorganizaram e deram passagem ao líder deles.

    Se eu te pegar rondando o nosso território mais uma vez, vou arrancar a sua cabeça, ouviu bem? A voz dele ecoou pelo ambiente e era tão grossa e intensa que senti o chão debaixo de mim vibrar.

    Acordei com um sobressalto e olhei em volta, mas percebi que estava em meu quarto. Meu peito arfava, e engoli em seco enquanto ofegava. Fechei os olhos e me permiti alguns segundos para respirar fundo e tomar o sol da manhã. Algumas mechas de cabelo estavam grudadas na minha testa suada.

    Tive aquele maldito sonho de novo.

    Nunca consegui entender por que continuo tendo esse mesmo sonho. Quem são essas pessoas? Por que elas sempre me perseguem?

    Nesse mundo, as pessoas são classificadas em três tipos: Alfas, Betas e Ômegas. Os Alfas são aqueles que mandam, além de serem considerados uma raça superior em todos os aspectos. Os Betas são o braço direito dos Alfas. Por fim, é a minha raça, a mais fraca: os Ômegas. Fazemos parte da sociedade, mas não temos voz, e os Alfas nos usam apenas para procriação, como se fôssemos escravas sexuais. Os únicos Ômegas respeitados são os da classe alta, a nata da nata. Um Alfa e um Ômega têm uma chance maior de produzir um Alfa Puro (alguém que herda todos os genes dominantes do Alfa). Portanto, Alfas costumam acasalar com Ômegas e se casar com Betas.

    Ninguém liga para um Ômega fraco e patético como eu. Não tenho culpa de ser assim, nem entendo qual é o problema disso.

    Pensar nisso me deixava deprimida, então suspirei.

    Era melhor deixar para lá. Saí debaixo dos lençóis e levantei da cama. Eu precisava arrumar o quarto, senão minha mãe me deixaria passar fome o dia todo.

    Após me certificar de que o quarto estava impecável, saí, fechei a porta atrás de mim e desci as escadas.

    Que tal esse aqui? Ouvi a voz do meu pai no momento em que cheguei ao último degrau. Prendi a respiração para não fazer nenhum barulho.

    Minha irmã tem vinte e um anos e vai precisar se casar, conforme a tradição.

    Não, ele tem quase trinta anos, Frank, argumentou a minha mãe, irritada. Ele é um pouco velho demais pra minha filha. A Cara precisa de um Alfa rico e bonito. Esse cara não se encaixa no perfil e parece ser bruto.

    Bom, ele é um Alfa, querida. Nós somos todos um pouco brutos. Ela ouviu o pai suspirar, cansado.

    Fazia alguns meses que eles estavam tentando encontrar um Alfa adequado para minha irmã.

    Ah, por favor! Você não machucaria uma mosca, bufou a minha mãe. As pessoas acreditam que você é muito mais durão do que é na realidade. A Cara é um pouco sensível, então não quero que ela se assuste com algum Alfa violento. Ela precisa de alguém um pouco mais gentil.

    E a nossa Rose? Ela precisa se casar com alguém tambem.

    Minhas bochechas coraram quando ouvi falarem sobre encontrar um companheiro para mim. Como eu poderia lhes contar que já o encontrei? Aquela pessoa, que me trata bem e me distrai de todas as tristezas e dores da minha vida. Antes que eu terminasse de descer as escadas, a voz aguda da minha mãe rompeu o silêncio.

    Você tinha que me deixar de mau-humor! Não quero saber dela, bufou a mulher. Além do mais, se ela casar com alguém, quem vai cuidar da casa? Usa a cabeça!

    Meus olhos ficaram marejados de lágrimas. Por que ela era tão cruel? E eu estava quase considerando compartilhar as boas novas com eles...

    Mary, chega! Ela também é a nossa filha. A gente precisa começar a pensar nela; afinal, ela só é um ano mais nova que a Cara.

    Limpei com raiva as lágrimas que escorreram pelo meu rosto e funguei baixinho. Piscando para não chorar mais, pisei com força antes de descer e tossi, de forma que me ouvissem. Os dois olharam para mim assim que entrei na cozinha. Como eu estava com um nó na garganta, não os cumprimentei.

    Bom dia, Rose. Parei ao ouvir a voz rouca do meu pai.

    Olhei por cima do ombro e acenei com a cabeça para ele.

    Minha mãe contorceu a boca. Olha a atitude dela! Essa menina nem se dá mais o trabalho de dizer 'bom dia'.

    Mary, você pode não começar, por favor? Tá muito cedo, e ela acabou de acordar.

    Que seja. Minha mãe revirou os olhos e desviou a atenção para os papéis sobre a mesa.

    Eles continuaram conversando, e eu me aproximei da pia. 

    Após me debruçar sobre o balcão, lavei o rosto com água fria e respirei fundo. Eu não iria chorar de novo. Pensando nisso, continuei com minha rotina: preparar o café da manhã para todos.

    ***

    Assim que tive certeza de que meus pais haviam saído para tomar o chá da tarde com os vizinhos, saí de fininho. Minha irmã ainda não tinha voltado para casa. Nesse momento, Cara estava cursando Economia na universidade mais prestigiada da cidade. As aulas dela iam até tarde e acabavam às sete da noite. Eu não fazia ideia de como o ensino superior funcionava, porque meus pais acharam que o ensino médio já era bom o suficiente para mim.

    Rose!, gritaram o meu nome ao longe.

    Ao virar-me e vê-lo, dei um grande sorriso. Era meu Alfa: Zain. Ele acenou para mim, e os olhos radiantes dele brilhavam, iluminados pelas luzes da rua. Nós não podíamos nos encontrar em casa porque meus pais não gostavam dele. Eles detestavam a família de Zain quando nós dois éramos amigos no colegial.

    Tornou-se um desafio nos encontrarmos depois de descobrirmos como eles se sentiam, mas ele encontrou uma maneira. Fazia quatro anos que nos encontrávamos no mesmo lugar e sentávamos no mesmo banco até os dois precisarem ir embora.

    Oi, cumprimentei ele, sorrindo com timidez e me sentando no banco.

    Ele pousou o olhar no meu rosto, apertou os olhos e suspirou: Você chorou de novo?

    Abri a boca na mesma hora e coloquei as mãos no rosto. Como ele descobriu? Eu fiz questão de lavar os olhos...

    Consigo ver a verdade nos seus olhos. Ele lambeu os lábios. Mesmo quando você tenta esconder ela de mim.

    Desviei o olhar para baixo e fiquei olhando para meus velhos tênis. Às vezes, eu odiava quando ele fazia isso. Mas, no final das contas, Zain me conhecia bem demais, e era impossível esconder qualquer coisa dele.

    Ele inclinou minha cabeça para cima e acariciou minha bochecha com o polegar. Um dia, vou te tirar dessa vida.

    A esperança floresceu no meu coração. A única razão pela qual não havíamos contado a ninguém a respeito da nossa relação era por conta da minha idade. Aos vinte e um anos, eu descobriria se Zain era mesmo meu Alfa ou não. Às vezes, as pessoas tinham sorte e acabavam ficando com os próprios namorados. Mas, outras vezes, tinham que seguir em frente com o novo companheiro.

    Zain estava esperando por esse momento também. Decidimos que, mesmo que não fôssemos os companheiros um do outro, ficaríamos juntos. Era por isso que ele estava trabalhando em dois empregos, para ter meios de me tirar da minha família.

    Conto com isso.

    ***

    Capítulo 2 Tudo por ser uma Ômega

    A gotas pesadas de chuva batiam com persistência nas janelas de vidro do vagão do trem. Eu estava olhando para fora da janela, e o frio da manhã era de rachar. Vi as colinas envoltas em névoa e os cercados com gado. Assim que entramos no compartimento do trem, sentei no canto do assento. Tomei um gole da xícara fumegante de chá que que estava segurando e observei o vapor subir, embaçando meus óculos.

    Deixei um suspiro escapar. Isso acontece todos os dias. Talvez eu devesse falar com meu pai sobre a cirurgia a laser da qual Zain me contou. Ele queria que eu não usasse óculos. Pessoalmente, não ligo de usá-los, mas ele prefere me ver sem eles.

    Nossa bagagem, com tudo que era necessário para sobreviver por um dia, chacoalhou quando o trem parou para permitir que mais passageiros entrassem. Logo em seguida, dirigi meus olhos à porta e vi uma mulher Alfa, que tinha um forte cheiro de chá de ervas, entrar com pressa. Dois homens entraram atrás dela, e cheiravam exatamente como ela. Eles deviam ser parentes.

    Eu sorri para ela quando notei o cheiro de ervas vindo em minha direção. A Alfa empinou o nariz, sacudiu a cabeça e sentou-se na outra ponta da cadeira. Então, tirou de dentro da bolsa um grosso romance e escondeu o rosto atrás dele.

    Fiquei triste ao ver isso. Alfas, em especial mulheres Alfas, desprezavam minha espécie porque os homens Alfas se sentiam atraídos por nós com facilidade. Se tivessem escolha, sempre escolheriam Ômegas em vez delas, e era por isso que elas não gostavam de Ômegas.

    Pelo canto do olho, notei que minha mãe tinha um sorriso ansioso estampado no rosto, como se estivesse tentando se acalmar.

    Por outro lado, Cara, minha irmã, estava digitando mensagens no celular como se a vida dela dependesse disso. Ela não tinha o menor interesse em nos fazer companhia, embora estivéssemos fazendo essa viagem por ela. O Alfa da Matilha, Aiden, estava interessado em ver minha irmã para possivelmente pedir a mão dela em casamento se tudo corresse bem.

    Meu pai esfregou as mãos. Não consigo acreditar que eles concordaram em ver a gente.

    Por que não?, bufou minha mãe. A Cara é a Beta mais linda de todas. É claro que os Alfas querem ficar com ela.

    Cara revirou os olhos e continuou a não prestar atenção em nossos pais. Ela não costumava ser mal-educada, mas não concordava com eles nesse assunto. Minha irmã queria continuar estudando por mais um tempo, ou pelo menos foi o que ela me disse na noite anterior enquanto eu arrumava nossas malas.

    É verdade, concordou meu pai.

    Todos nos concentramos na janela, e então o compartimento ficou em silêncio. Ainda faltava uma hora de viagem até chegarmos à Moonlight Pack. Eles moravam longe das áreas principais, por isso tivemos que pegar um trem.

    Ao contrário das outras matilhas, a Moonlight Pack não era progressista e não havia se adaptado à tecnologia humana. Minha mãe estava incomodada com esse fato, mas eles eram a matilha mais rica de todas. O pai do líder da matilha costumava ser um dos chefe do conselho.

    Rose. Uma voz aguda interrompeu os meus pensamentos.

    Eu me virei. Sim, mãe?

    Espero que você tenha trazido bastantes supressores. A gente não quer nenhum escândalo.

    Minhas bochechas coraram, e todos em volta olharam para mim. Ela não poderia ter me perguntado isso quando estivéssemos sozinhas? Os dois homens olharam de soslaio para mim e riram com desprezo antes de desviar o olhar. Eu suspirei e assenti.

    Pelo amor da lua, você não quer nem falar comigo?

    Meu pai foi rápido em interrompê-la: Mary, você pode parar? Ela já respondeu.

    Pois eu não ouvi nada, Frank. Ela podia falar aguma coisa, mas não!

    A mulher ainda acrescentou. Ela adora agir feito uma pirralha.

    Eu olhei pela janela e ignorei a voz dos dois. Cara me lançou um sorriso solidário, mas não correspondi. Se eu olhasse nos olhos dela, acabaria chorando. Por que minha mãe me odiava tanto? Ela fazia isso desde sempre: me provocava e me xingava por tudo que eu fazia. Cara nunca recebeu esse tipo de tratamento dela. Minha irmã era tratada como se fosse uma boneca de porcelana enquanto eu era tratada como uma boneca de pano. Tudo por ser uma Ômega?

    ***

    Ei... Rose, acorda. Vai, a gente tem que descer, chamou uma voz familiar, sacudindo-me e dando tapinhas no meu ombro.

    Foi aí que despertei. Acordei com um sobressalto e me sentei, alarmada e tensa. Nesse momento, encontrei os olhos de meu pai, que parecia bastante apreensivo.

    Desculpa! Já tô acordando.

    Tá tudo bem. Vamos. A sua mãe e a sua irmã já desceram do trem.

    É claro que desceram, pensei comigo mesma.

    Fomos recebidos por dois Alfas altos de uniforme, que apertaram os olhos. Meu pai apressadamente deu um passo adiante, cumprimentou-os e nos apresentou.

    Eu sou o John, soldado da matilha, disse o de cabelo castanho, curvando-se para nós antes de cutucar o companheiro. E esse aqui é o Leo. Ele é o meu irmão e também é soldado da matilha.

    Olá. Prazer em conhecê-los.

    Vamos levar vocês à nossa matilha.

    Oh!, exclamou minha mãe. Que fantástico! A gente mal pode esperar pra ver o nosso futuro genro.

    Os soldados se entreolharam de um jeito estranho, mas ainda nos levaram para a casa da matilha. Quase perdi a calma quando minha mãe me olhou feio, mas respirei fundo algumas vezes e os segui mesmo assim.

    Quanto mais adentrávamos na aldeia, mais nos encaravam. Eu havia decidido ignorar os membros da matilha, mas isso não funcionou por muito tempo, pois a curiosidade foi mais forte. Ergui os olhos e me encolhi quando vi os lobos largarem o que quer que estivessem fazendo para sussurrar com entusiasmo uns aos outros.

    Isso me deixou incrivelmente constrangida, mas, em vez de dar atenção aos olhares cautelosos e hostis, fiz questão de olhar para a aldeia de tirar o fôlego. Várias tendas estavam alinhadas à casa da matilha, vendendo tudo o que fosse necessário para sobreviver. Minha mãe não conseguia parar de elogiar a cor das frutas e dos vegetais recém-colhidos.

    A nossa Cara é tão sortuda, comentou Mary.

    Guarde os elogios pra quando a gente encontrar o Alfa, querida.

    Ao ouvir isso, paramos de sorrir.

    Leo conversou com os guardas do lado de fora da casa da matilha e fomos autorizados a entrar. No momento em que pisei ali dentro, meu coração acelerou, as mãos começaram a suar e eu fiquei ofegante. Meu estômago parecia estar se revirando. O que estava acontecendo?

    O Alfa, Aiden, está esperando lá dentro.

    ***

    Capítulo 3 Ela entrou no cio

    Fechei os olhos até entrar na casa, mas, quando senti o calor do ambiente e a cotovelada da minha mãe, abri um olho e depois o outro. Fiquei pasma com o que vi.

    A sala era exatamente como nos filmes: tinha tudo que eu amava e muito mais. O interior era elegante e ao mesmo tempo modesto. Era impossível reparar em tudo de uma só vez, mas tentei. O chão estava coberto com o que eu concluí serem as peles mais macias da existência. Fiz questão de mexer os dedos, já que não estava acostumada a tanto luxo. As paredes estavam pintadas com um requintado tom de azul, adornado com fios de ouro que faziam curvas angulares. Eu estava prestes a estender a mão e tocar a parede ao meu lado quando ouvi a voz masculina.

    Bem-vindos à minha aldeia.

    Ao ouvir a voz grossa e rouca, virei minha cabeça na direção dela. Senti arrepios por todo o

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