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Adeline
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E-book316 páginas4 horas

Adeline

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Sobre este e-book

QUANDO A BESTA COM UM CORAÇÃO DE OURO

Tudo mudou para Jasper Benedict, o Duque de Ailesbury, na noite em que sua família morreu em um incêndio trágico—o mesmo incêndio que o deixou desfigurado. Agora, as cicatrizes lhe tinham dado o nome de a Besta de Faversham. Mas quando ele se depara com uma carruagem danificada durante uma tempestade, a bela mulher lá dentro o lembra do homem que ele desejaria poder ser: livre de seu passado e capaz de amar.

DOMA UMA BELDADE COM UM PASSADO MALÉFICO

Quando sua carruagem estraga ao largo de Faversham Abbey, este é o momento mais recente de uma longa sériede desventuras para a Senhorita Adeline Price. Sua beleza esconde um defeito fatal: ela é rápida em julgar, e raramente observa a profundeza sob a superfície. Mas quanto mais tempo ela passa na companhia de Jasper, tanto mais ela começa a querer ser melhor—alguém que o mereça. 

Mas quando chega o momento de reunir Adeline com sua família em Londres, Jasper irá acreditar que ela não v^suas cicatrizes, mas o bom, honrado homem que ele é?

IdiomaPortuguês
Data de lançamento28 de out. de 2018
ISBN9781547513727
Adeline
Autor

Christina McKnight

USA Today Bestselling Author Christina McKnight writes emotionally intricate Regency Romance with strong women and maverick heroes.Christina enjoys a quiet life in Northern California with her family, her wine, and lots of coffee. Oh, and her books...don't forget her books! Most days she can be found writing, reading, or traveling the great state of California.Sign up for Christina's newsletter and receive a free book: eepurl.com/VP1rPFollow her on Twitter: @CMcKnightWriterKeep up to date on her releases: christinamcknight.comLike Christina's FB Author page: ChristinaMcKnightWriterJoin her private FB group for all her latest project updates and teasers! facebook.com/groups/634786203293673/

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    Adeline - Christina McKnight

    prefácio

    Canterbury, Inglaterra

    Fevereiro, 1818

    A SENHORITA ADELINE PRICE, filha mais velha do Visconde de Melton, fitou a meia dúzia de baús e malas de viagem que ela mandara trazer com ela a Canterbury. O cocheiro havia arremessado a bagagem de qualquer jeito do vagão dos correios por cima de um monte de sujeira congelada ao final da longa jornada.

    Nem pense que o senhor vai me despejar desta carruagem e me despachar aqui Adeline pisou firme com sua botina no chão e fuzilou o condutor com os olhos. Seus cachos castanho-claros acompanharam o movimento brusco por sobre seu ombro. Eu vou escrever para meu pai e mandar arrastar você pelas ruas e esquartejá-lo no momento em que chegar de volta a Londres.

    Eu tenho trabalho prá fazê moça o condutor disse rispidamente. E não sô pago prá fazê os capricho de donzelas mimada. Eu não tô aí prá posar de babá.

    Que atrevimento do— Suas palavras foram interrompidas pelo homem que tomou seu assento, pegou as rédeas dos cavalos, deixando Adeline para trás em meio a uma nuvem de poeira suja que a carruagem levantou. Maldito, estúpido animal pançudo!

    Aproximando-se de suas posses materiais – tudo o que ela chamava de seu—havia sido ataboalhadamente arrumado e entregue, com ela a reboque, na agência dos correios de Londres—Adeline desmoronou sobre seu baú mais antigo. O ar da noite fria lentamente se esgueirou através da lã grossa de seu capote infiltrando-se até suas roupas de baixo quando um tremor tomou conta dela. Ela apertou a mandíbula com força para que seus dentes não começassem a bater.

    Tomara que você morra da peste, Alistair, ela vislumbrou o vazio das montanhas que se desenrolavam à sua volta.. Era culpa de seu irmão o fato dela ter sido enviada para longe de casa a título de educação. Adelaide e Amélia, suas irmãs mais novas, não haviam sido mantidas fora de Londres para terem uma educação adequada. Foi somente Adeline quem havia sido mandada embora para um internato para meninas na indômita Kent.Danação e o fogo do inferno.

    O fogo infernal de fato soava muito mais atraente do que o padecer no frio da noite.

    Adeline concentrou seu olhar na estrutura cavernosa aninhada entre uma grande floresta de bétulas no ponto final do longo caminho. Parecia estar a uma eternidade—e Adeline jamais conseguiria completar a tarefa de arrastar seus baús por toda aquela distância.

    A vontade de gritar, sapatear e bater em alguma coisa a consumiu. Se o irmão estivesse presente, ela jogaria a bolsa na sua cara, embora ela tivesse plena consciência de que sua tenra idade a colocaria em grave desvantagem física.

    Maldito, demônio desprezível

    Aos doze anos apenas, Adeline teria dito ou pensado em todo tipo de reclamação enfurecida que lhe viesse à mente e de que se lembrasse durante os anos em que convivera com os quatro irmãos.

    Ela analisou o velho prédio, apoiando o queixo em seus joelhos dobrados, reparando a porta da frente que se abria da qual saíam duas pessoas que vinham em sua direção. À medida em que se aproximavam dela, ficou claro que uma era uma criada trajando um uniforme. A outra era uma mulher alta com os cabelos castanhos presos firmemente na nuca e usando um vestido preto de décadas atrás em relação à moda atual. Ela aparentava ter certa autoridade neste lugar.

    Por um instante, Adeline decidiu não pensar e seguir o plano que seu irmão elaborara para ela...mas, então, os olhos apertados minuciosamente percorreram Adeline desde a cabeça, passando pelo imundo vestido, aos pés com suas botas embarradas, como se Adelaine fosse nada mais do que uma mendiga, uma criança que não pertencia àquela elegante, destacada instituição de ensino. Adeline enrijeceu com determinação.

    As dores em seu corpo mais que se intensificaram quando se levantou para cumprimentar a dupla. Tendo passado mais de um dia naquele vagão dos correios ela estava exausta, para se dizer o mínimo. Entretanto, ela se recusou a admitir que havia sido despejada à beira da estrada, seus pertences jogados, sem qualquer cerimônia, do bagageiro, sem ter sequer uma moeda para  dar à criada de uma Escola de Educaçã de Excelência em Qualidade para Damas de Miss Emmeline . Sequer um milímetro de Adeline sentia a tal excelência em qualidade não havia certamente qualquer chance das duas que a abordavam notarem sua opinião, considerando sua aparência desalinhada.

    A mulher mais velha parou diante de Adeline, seu olhar fixo ainda fitando seu rosto sem dúvida riscado de sujeira, porém esboçando um sorriso seco enquanto, com um gesto, ordenou que a criada juntasse os vários baús amontoados ao final da via de entrada.

    A senhorita deve ser Adeline Price. O tom da mulher não indicava se ela estava satisfeita em ver Adeline ou assoberbada por sua chegada mais do que imprópria. Eu sou a senhorita Emmeline, diretora geral aqui na escola. Siga-me.

    A mulher não esperou Adeline responder, tampouco esta verbalizou as redundantes palavras da diretora. Isso era bastante parecido com o que ocorria em sua casa em Londres—ninguém jamais esperava por suas respostas. Segurar a lingua não era uma coisa com que Adeline estivesse acostumada. Não importava a ocasião, ela adorava ser ouvida—talvez houvesse mesmo uma razão válida para seu exílio em Canterbury.

    Adeline seguiu a mulher, deixando para trás a criada que se atinha a juntar suas coisas.

    As largas portas duplas permaneceram abertas, e a diretora conduziu Adeline para dentro, sem lhe dar tempo para tirar o capote mas, em vez disso, continuando a percorrer um longo corredor iluminado por tochas. As botas de Adeline ecoavam sonoramente à medida que prosseguiam, seu capote e saias farfalhando por entre suas pernas enquanto ela se esforçava para acompanhar o passo de Miss Emmeline.

    Adeline estava prestes a pedir que a mulher reduzisse o passo para um ritmo mais suave quando esta virou rapidamente para dentro de um grande salão, acenando novamente à sua mais nova pupila para segui-la. O salão necessitava demasiadamente de reformas—ou, possivelmente, uma rigorosa limpeza—e Adeline temia que as paredes fossem se esfacelar se ela se atrevesse a entrar.

    Não temos a noite toda senhorita  Adeline, a diretora bufou, afundando em sua poltrona atrás da mesa.Ou você toma seu assento ou volta para a beira da estrada e espera que um cavalheiro de branco venha resolver seus problemas.

    Ela não sabia que poderia partir se quisesse. Olhando de relance por sobre o ombro e pelo corredor, viu a criada arrastar seu primeiro baú para fora do frio, colocando-o sem muita delicadeza do lado de dentro da entrada, que era demasiado pequena para ser considerada um saguão.

    Com um profundo suspiro, Adeline entrou na sala e ficou de pé atrás da cadeira em frente à grande mesa de Miss Emmeline que servia como mesa de trabalho, suas pernas sinuosas e sua superfície parecendo tão frágeis que mesmo uma pena que ali pousasse a fizesse ruir. Não era de se admirar que ela não havia jamais ganho o estimado status de senhora devido a seu comportamento frio que provavelmente espantaria qualquer pretendente que se agradasse de sua aparência—a qual Adeline se atrevia a admitir necessitava de muito trabalho além de corrigir a voz monotônica e postura rígida.

    Sente. A diretora folheava uma pilha de pastas, finalmente encontrando uma e mostrando-a a Adeline. Ela se esforçou para manter os olhos fixos na mulher, sem olhar a pilha de papéis, enquanto esta agora diligentemente fazia a leitura. O olhar fixo de Miss Emmeline variava entre o papel e Adeline. Ela não esboçou qualquer reação facial quando viu a menina ainda de pé. Sua família escreve que você tem experimentado certos, digamos, problemas—sua sobrancelha se ergueu—em casa.

    O queixo de Adeline se retraiu várias vezes, mas ela ficou calada.

    Miss Emmeline deu um pequeno sorriso antes de prossseguir Eu certamente não imagino que você vá perturbar e distrair a escola. Pois veja, na minha escola, nos orgulhamos de proporcionar às alunas a oportunidade de se descobrirem, e lhes damos o tempo e os recursos para ajudá-las a se tornarem as mulheres que elas desejam ser. A diretora deu um longo suspiro após sua rebuscada e fantasiosa explanação dos ideais pouco realistas de sua escola A senhorita gostaria de se dedicar a isso?

    A única coisa a qual Adeline queria se dedicar naquele momento era esgoelar seu irmão por ter convencido seus pais a mandá-la para longe para receber uma educação apropriada.

    Em vez de manifstar sua opinião, Adeline esboçou à diretora seu olhar mais inocente e modesto. Não teria adiantado alertar aquela mulher a mais absoluta quantidade de comoção e distração que Adeline previa causar na Escola de Educação e Decoro de Excelência em Qualidade para Damas.

    Não me foi oferecida outra opção que a de me dedicar durante minha estada aqui, Diretora.

    Os olhos da mulher se fixaram em Adeline como se ela visse claramente através de seu sorriso forçado e palavras recatadas. Muito bem.Ela  colocou os papéis de lado e cruzou as mãos sobre a mesa diante dela. Vamos ver com quem você vai dividir o quarto.

    Dividir o quarto? Adeline perguntou irritada, cruzando os braços sobre o peito. Não creio sendo a filha de um grande senhor eu não vou dividir um quarto com uma sem berço qualquer, que eu mal conheço.

    Eu posso lhe assegurar que esta escola é reponsável pela educação de jovens muito bem relacionadas, desde filhas de comerciantes e transportadores bem sucedidos à filha de um príncipe italiano. Como filha de um visconde, você não sera mais importante ou relacionada com quaisquer outras donzelas sob meus cuidados e proteção.

    A resposta áspera não continha um pingo de raiva ou surpresa diante do comportamento de Adeline.

    E, se a senhorita pensa que é a primeira mulher a ser mandada para cá por ordem alheia, está errada Miss Emmeline se recostou confortavelmente na poltrona, e descansando a cabeça no espaldar ereto da cadeira disse. Agora, para determinar quais serão seus aposentos lhe será exigido demonstrar sua habilidade em três diferentes departamentos de aprendizagem: acadêmicos, artes e música, e um esporte físico.

    A postura adequada de uma mesa de jantar conta como esporte,? Adeline desafiou.

    Não—

    Isso é muito bom porque eu tenho criados encarregados disso.

    Miss Emmeline empurrou a cadeira, claramente tendo chegado a seu ponto de fervura e sua paciência com Adeline esgotara A senhorita vai aprender bem rápido que esta escola, enquanto instrui as pupilas nas artes do decoro e etiqueta, coloca muito mais ênfase na aritmética, nas ciências, geografia, música, e outras atividades externas. Você não vai passar seu tempo fazendo ponto-cruz, nem aprendendo a enrubescer quando for elogiada.

    Adeline ficou calada enquanto a diretora puxou a corda da campainha, junto à porta. ao que uma jovem apareceu na entrada da sala como se estivessse ali fora de prontidão.

    A mulher dirigiu a Adeline um cálido sorrriso e se voltou para Miss Emmeline. Está na hora da apresentação Miss Emmeline?

    Sim, reuna todas as jovens, Senhorita Dires.

    Com um aceno de cabeça, a Senhorita Dires deu a Adeline mais um rápido sorriso e então deixou a sala, as sapatilhas produzindo quase nenhum som.

    Antes, a senhorita vai apresentar um talento acadêmico, como recitar um poema ou uma equação matemática. Então, será o momento em que você tocará uma música ou fará uma apresentação artística. Você pode cantar, dançar, tocar um instrumento ou pintar. É você quem decide. Finalmente, iremos todas para for a, para assistirmos sua apresentação desportiva. Quando tudo estiver completo, irei selecionar um quarto que você vai dividir com uma de nossas jovens cujos talentos complementam os seus.

    A determinação de Adeline e confiança lhe escaparam quando pensou em apresentar uma performance diante de garotas que não conhecia. Se fosse o papel de Adeline observar uma aluna nova apresentando algo diante de toda a escola, ela provavelmente julgaria rigorosamente a menina.

    Eu tenho que fazer o que a senhora me pede? ela perguntou.

    A diretora lhe deu um aceno seco com a cabeça. Ou você não vai ter jantar nem cama para dormir.

    Sem dúvida, Alistair estaria morrendo de rir, contudo, ele ainda estava no seio da família, na casa deles em Londres, ou talvez tivessem retornado à sua residência nos campos de Melton. Não fazia a menor diferença. Adeline estava em Canterbury...sozinha.

    Seria um martírio jogar conforme as regras da diretora—pelo menos por enquanto.

    Está pronta, Senhorita Adeline?

    Sim.

    Há algum item em seus pertences que você precise buscar para algum de seus talentos?

    Adeline buscava qualquer pista ou coisa que a mantivesse ocupada na próxima hora. Uma idéia veio quando se lembrou do que havia roubado do gabinete de seu pai, antes de deixar Londres. Estava seguramente escondido em sua bolsa.

    Se eram talentos que a mulher queria ver em Adeline, esta nem de longe deixaria de lhe conceder este privilégio.

    Apalpando sua bolsa, Adeline sorriu para a mulher Tenho meu talnto acadêmico aqui comigo.

    Vamos nos juntar às outras alunas.

    Adeline seguiu a diretora de volta pelo corredor até uma porta aberta que se abria para um enorme salão de teto alto com tochas enfileiradas pelas paredes, enquanto o Sol se punha do lado de fora do parapeito das janelas.

    Jovens meninas variando entre mais ou menos onze e aquelas que já estavam praticamente  prontas para seu debut estavam sentadas empertigadas pela sala, suas cabeças inclinadas umas para as outras em silenciosas conversas. Uma série de instrutores se postavam junto às paredes prestando cuidadosa atenção a seus atos.

    Adeline rapidamente subiu no estrado em frente à sala quando Miss Emmeline acenou para que ela se aproximasse.

    Senhoritas, a voz da diretora retumbou altamente, apontando para cada uma que se aproximava e voltando-se para Adeline.É com grande prazer que lhes apresento nossa mais nova aluna, a Senhorita Adeline Price.

    Uma rodada de aplausos comedidos encheu a sala quando a senhorita Emmeline fez um gesto em direção à Adeline como se as meninas reunidas estivessem demasiado desinteressadas para repararem no que a mulher dizia da menina a seu lado.

    Adeline brevemente fitou o grupo, atendo seu olhar por não mais do que uma rápida olhada em cada uma. Havia pouca necessidade de se familiarizar com qualquer uma das meninas ali—ela já terá partido prematuramente o suficiente, fosse por sua temerosa atitude, fosse pela falta de dinheiro de sua família de financiar este grande investimento.

    Ela ficou surpresa de ver a diretora olhando para ela com solidariedade enquanto pousava sua mão suavemente no ombro de Adeline, se inclinando para ela e lhe sussurando, Não importa quão zangada você está com sua família, este lugar e estas meninas são um novo começo. Você pode ser quem você quiser enquanto estiver nesta escola. Eu realmente espero que você se dedique a isso e faça deste lugar o seu lar.

    Desvencilhando-se do toque da mulher, Adeline abriu a sacolinha fechada por um cordão. Ela não tinha tempo de refletir sobre as palavras da mulher, apesar destas serem um oferecimento simpático. Restava um simples fato, Adeline estava ali contra sua vontade, e ela não tinha a obrigação de gostar disso... Alistair iria se arrepender do dia em que se metera no futuro da irmã. Sua vida não se resumiria na brevidade de seus 12 anos de idade por muito tempo. O dia chegaria em que ele pediria desculpas a ela e buscaria seu perdão.

    Adeline enfiou a mão na bolsa e pegou o baralho de cartas que ela havia subtraído de casa e trazido consigo na carruagem.

    Por favor fale alto e claro, para que todas possam ouvir, senhorita Adeline, a diretora a cutucou. Com qual talento acadêmico você vai nos brindar?

    O melhor era que Adeline ficasse calada e deixasse sua habilidade falar por si própria, a menos que a Senhorita Emmeline a parasse antes mesmo de Adeline começar.

    Apressando-se ao piano colocado mais ao fundo do estrado, juntamente com outros vários instrumentos de todos os tipos, ela puxou a banqueta em sua direção, se postou atrás deste e, se ajoelhando, permitiu uma visão razoável de toda a audiência enquanto puxava o fio que prendia o baralho e passsou a embaralhar as cartas com extrema destreza.

    A diretora se aproximou para enxergar melhor, as sobrancelhas arqueadas, apesar do quê, Adeline prosseguiu.

    Com uma última embaralhada do gasto baralho cheio de orelhas de burro, Adeline se dirigiu a platéia com um sorriso afetado. Agora, é essencial que cada uma das jovens senhoritas possua meios de conseguir uma quantia aceitável, além de seus trocados As jovens todas concordaram com a cabeça. Há várias maneiras pelas quais uma mulher consegue suplementar sua receita, incluindo-se o concerto de roupas, a venda de trajes, e mesmo tornando-se governantas ou damas de companhia de jovens damas. Entretanto, conforme meu entendimento as alunas aqui na Escola de Miss Emmeline vêm de famílias que jamais permitiriam ações básicas como ganhar seu próprio dinheiro de um modo tão inescrupuloso."

    Adeline fez uma pausa para permitir que suas palavras tomassem pleno efeito.

    É importante lembrar—Adeline ergueu uma carta de modo que todas a vissem—cada carta tem um valor. Ela colocou a carta virada para cima sobre a banqueta e virou a carta seguinte. Um valete de copas. Por exemplo—

    Miss Adeline, a diretora disse, num pigarro. A senhorita se importaria de nos informar sobre seu talento antes de efetivamente apresentá-lo?

    Droga!

    Era mínima a chance da mulher descobrir o que Adeline pretendia fazer.

    Por favor, fale alto para que todas possam ouvir.

    Bem, consertar roupas ou se dispor como dama de companhia consome bastante tempo, Adeline balbuciou antes de pausar para fazer uma longa inspiração. Às vezes, não é opção para jovens senhoritas de certa nobreza. Contudo, isso não diminui de forma alguma a necessidade de uma jovem de ter uma fonte constante de fundos.

    Como a senhorita já disse, Senhorita Adeline.

    Existe uma maneira mais simples, menos trabalhosa de suplementar os trocados de uma jovem.

    E que acarretariam...

    Contar cartas em um inferno lúdico, Diretora.

    Os estreitos olhos da mulher intumesceram, e sua boca embasbacou, mas ela rapidamente controlou seu choque enquanto as outras alunas caíram em risadas e aplausos.

    Senhorita Adeline, isto é altamente inapropriado—

    Mas um talento muito notável e útil, Adeline a cortou. Um talento que uma mulher de pouco dinheiro acharia benéfico. E, me atrevo a dizer, um modo de salvar sua vida.

    As jovens explodiram em nova rodada de euforia e desordem. A diretora bateu palmas fortemente e pediu ordem no recinto.

    Senhoritas! ela gritavas mais alto que o rumor, sua voz não mais aquela monótona e afetada de anteriormente. "Senhoritas, silêncio, ou estarão subindo as escadas com um pesado volume de Robinson Crusoe sobre a cabeça até conseguirem subir e descer dez vezes sem deixá-lo cair.."

    Adeline teve de respeitar a senhora uma vez que as as meninas se calaram imediatamente e cruzaram as mãos empertigadamente sobre o colo.

    Posso presumir que a senhorita tem algum talento musical ou artístico, Senhorita Adeline?

    Certamente, Adeline disse acenando com a cabeça. Eu sou bastante habilidosa no curtal.

    Miss Emmeline passou os dedos pelos cabelos antes de esfregar a face. O o quê?

    É um antigo fagote, Adeline respondeu. Ela sabia muito bem que haviam apenas três destes instrumentos, estando um exposto no Museu de Londres.Eu teria o maior prazer de apresentar meus talentos se a senhora me indicar onde está guardado o seu curtal.

    Sinto dizer que não temos um curtal nesta escola, talvez algum outro instrument de sopro—

    Não adiantaria de forma alguma, Adeline disse balançando a cabeça. Talvez a senhora tenha uma kantele.

    Miss Emmeline negou com o movimento da cabeça.

    Um salpinx?

    Não dispomos de quaisquer um destes instrumentos.

    Adeline fez de tudo o possível para conter seu sarcástico sorriso de vitória. Então, suponho que não poderei apresentar qualquer habilidade musical hoje.

    Uma chuva de risadas soou no recinto. Não foi tão sonoro como quando ela anunciou sua habilidade de contar cartas, mas ainda assim recebeu um olhar severo de sua diretora.

    Vamos, então, prosseguir à atividade desportiva. A diretora levantou a mão mandando as meninas levantarem enquanto a senhorita Dires escancarou um conjunto de portas fora das quais se via um gramado ao fundo. Vamos nos reunir lá fora.

    Eu—eu não vou— Adeline gaguejou, juntando suas cartas e colocando-as de volta em sua bolsa. Eu, me apresentar tal qual um animal enjaulado em um show de ciganas de segunda categoria.

    Adeline se acomodou menos comedida cruzando os braços. A mulher, mesmo com a ajuda dos outros instrutores, jamais conseguiria forçar a saída dela para executar algum talento em esportes.

    Ninguém pensa que você seja um animal enjaulado Senhorita Adeline, a diretora insistiu enquanto as outras alunas se enfileiravam para sair do recinto. Eu lhe garanto que este processo irá me auxiliar a garantir que sua estada em minha escola seja benéfica e aprazível a todas, não somente a você.

    Adeline ergueu o queixo, dando o seu melhor para apontar o nariz para baixo diante da mulher, apesar dela ser bastante mais alta que ela.

    Faça como lhe aprouver Miss Emmeline disse com um suspiro. Entretanto, ficará sozinha em seus aposentos durante um certo período.

    Adeline sorriu cinicamente satisfeita com a comoção que causara durante sua primeira hora.

    Vou informá-la, contudo, que a solidão e solitude não são coisas que cabem a jovens meninas suportar por muito tempo. Você é nova em Canterbury, sozinha e sem o benefício de uma amiga, sua estada aqui não será tão prazeirosa sob estas condições.

    O sorriso de Adeline falseou diante do olhar aguçado da diretora. Isto é uma ameaça?

    A mulher mais velha sacudiu a cabeça, lhe depositando um olhar piedoso. "Não, minha querida,

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