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Ladra de Coração
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E-book266 páginas4 horas

Ladra de Coração

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Sobre este e-book

Rowan Cox, antigo investigador da Bow Street, não investiga casos comuns como arrombamentos, mas o Comissário da recém estabelecida Polícia Metropolitana quer que ele capture o ladrão aterrorizando as famílias mais elegantes de Londres.  A ladra é habilidosa e astuta, totalmente diferente do que Rowan esperava quando o obrigaram a pegar o caso.  Além, de desafiá-lo em cada ação. Apenas um ganharia este jogo de apostas alta,  e Rowan estava certo que seria ele.

Em hipótese alguma, Serephina Woodford poderia permitir que Rowan Cox se aproximasse dela, tendo sido avisada sobre seus métodos rudes.  Ela está bem perto de atingir seu objetivo, e precisava persistir por mais alguns meses e prover um futuro decente para sua irmã.  Só precisava ser mais esperta do que o homem que a investigava.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de jun. de 2020
ISBN9781071543528
Ladra de Coração

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    Ladra de Coração - Camille Oster

    Ladra de Coração

    De Camille Oster

    ©Copyright 2020 Camille Oster

    Todos os direitos reservados 

    Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos são criações do autor, ou usado ficcionalmente, e qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas, locais ou eventos é mera coincidência.

    ––––––––

    Camille Oster - Autora

    http://www.facebook.com/pages/Camille-Oster/489718877729579

    Camille.osternz@gmail.com

    Instagram: camilleoster_author

    Capítulo 1


    Londres, 1838

    SILENCIOSAMENTE, ABAIXANDO-SE, Serephina Woodford deixou sua perna balançar sobre a borda do telhado. A cidade estava escura e nebulosa com as lâmpadas formando grandes círculos na rua. As ruas nunca estavam quietas, nem mesmo a esta hora da noite. Ela sentia como se pudesse ver a cidade inteira dali de cima, no alto de seu posto, invisível para todos.

    Serephina sentia-se segura ali, escondida pela névoa úmida que se agarrava em suas calças de lã pretas. Seus cabelos castanhos avermelhados estavam ocultos por seu gorro escuro e o colar - objetivo da noite - pesava na bolsa amarrada ao redor de sua cintura. Foi perigoso ir atrás desta joia, já que a casa, na qual estava, era bem guardada, mas um corpo ágil e um toque suave garantiram o item.

    Embora Serephina não estivesse orgulhosa de sua profissão, ela não podia afastar um certo senso de realização por esta noite. E seus esforços as manteriam por alguns meses durante a crítica primeira temporada de sua irmã.

    Voltando seu olhar para a rua, seus pensamentos retornaram para quando elas haviam sido colocadas para fora de casa após a morte do pai delas, deixadas nas ruas para cuidarem de si. Serephina aprendeu uma lição valiosa naquele dia - ninguém veio ajudar. Não houve nenhum cavalheiro de armadura brilhante, nenhum cavalheiro apareceu para ajudar duas jovens em apuros, e os predadores das ruas logo tiraram tudo que elas tinham.

    Engolindo em seco, ela afastou o medo persistente sobre aqueles dias, a preocupação sobre o que seria delas. Este período, a havia ensinado o quanto poderiam cair, e elas desabaram - um dia distante do despejo do casebre no qual haviam se refugiado. Os donativos recebidos eram suficientes apenas para uma ou duas refeições escassas. Algo tinha que ser feito e estava bastante claro que dependia dela. Profissões honradas não estavam disponíveis para ela, não de modo que pudesse sustentar as duas. Então que fosse uma desonrada.

    Levantando-se, esgueirou-se sorrateiramente pelo telhado até onde ela desceria, emergindo encapuzada por trás das estrebarias. Mesmo os predadores aparentavam evitar uma figura encapuzada deslizando ao longo das ruas como um fantasma, de volta aos seus aposentos decentes próximo a Mayfair. A área não era a mais elegante, mas perfeitamente respeitável para duas jovens solteiras da sociedade.  Um lugar na sociedade e a chance de Millicent casar era o que sua ocupação garantia. Garantia também a Sra. Rushmore que a ajudava com o Debut de Millicent e era outra pessoa desamparada, a manter-se afastada de passar fome em algum cortiço.

    – Como foi a noite? – A Sra. Rushmore perguntou enquanto Serephina entrava quietamente pela entrada de serviço da casa da cidade delas.

    – Boa, respondeu. – Não incomodei sequer um rato–

    –Bom. Verei Turner pela manhã. –

    Serephina assentiu, chegando mais perto do fogão para aquecer seu corpo gelado. –Como está Millicent? –

    –Aconchegada na cama, sem dúvida, sonhando com seus pretendentes. –

    –Vou me recolher - falou Serephina, aparentando o cansaço na postura e sentindo o frio da cidade em seus ossos. Havia a possibilidade de ser morta, ou despencar dos telhados que escorregavam traiçoeiramente, mas não podia se permitir parar, pelo menos até que Millie estivesse casada.

    Retirou-se para seu quarto, despiu as roupas de lã que haviam absorvido toda a friagem da névoa da cidade, e as pendurou em frente ao fogo. Caiu na cama, apoiou o rosto nas mãos e respirou fundo para tentar aliviar as tensões e preocupações que sentia. Ela odiava fazer o que fazia. Moralmente, não se sentia bem, mas não tinha escolha, um destino ruim pairava sobre elas constantemente.

    Aproximando-se do fogo, agachou-se em frente a lareira, deixando que aquecesse seus membros ainda frios. Fechou os olhos grata pela noite proveitosa.

    Amanhã, a costureira viria para tirar as medidas de Millie para outro vestido de baile. Ela sabia que parecia ridículo passar por todo perigo e esforço por vestidos de baile, mas Millicent tinha que se casar e este era o único jeito de assegurar um bom casamento.

    Tecnicamente, Serephina ainda estava em idade para casar, mas quase uma solteirona. Seu próprio debut não tinha sido organizado propriamente. Eles não tinham dinheiro e seu pai estava muito envolvido na bebida para fazer algo sobre isso. Na época, sentira-se desolada, mas suas prioridades agora eram outras. Agora, tudo havia mudado. A importância do vai-e-vem da sociedade, que antes lhe parecia significativa, se extinguira quando percebeu quão precária a situação delas era. Elas não mereciam ser descartadas - Millicent não merecia.

    Serephina daria tudo para voltar a situação de como eram antes - mesmo elas não tendo quase nenhum dinheiro e que terminasse todas as suas noites cuidando de um pai bêbado e desolado. Naquela época, ela ainda não entendia a completa brutalidade do mundo. A situação era lastimável, mas ela ainda tinha a ilusão que voltariam ao estado natural e correto no qual o mundo era feliz e elegante. Agora, sabia muito do mundo para se iludir que isso pudesse ser verdade.

    *

    Olhando pela janela da carruagem alugada, Serephina sorriu pelo claro entusiasmo de Millicent sobre a noite. Estavam a caminho da casa de Lorde Jutherey - um grande evento anual que era uma parte importante da temporada.

    –Você acha que ele estará lá? – Perguntou Mills, torcendo as mãos.

    –Quem? –

    –Capitão Heresworth. –

    –Você gosta dele? –

    –Ele é bonito.  Tem olhos bonitos e mãos elegantes.  Você não acha? –

    –Você pode conseguir alguém melhor–, desdenhou a Sra. Rushmore.

    –Ele tem um posto e a família dele é bem conhecida na Cornualha –Millicent afirmou seriamente. A Sra. Rushmore bufou e Millicent ficou rubra de raiva. –Riqueza não é tudo! – Virando, Millie ergueu a cabeça, ignorando a presença da Sra. Rushmore.

    Agradou Serephina saber que Millicent acreditava nisso, e faria o possível para assegurar que Millicent tivesse um futuro em que fosse amada e protegida. Nunca antes tinha visto Millie defender um homem que tivesse encontrado nos bailes. Sra. Rushmore visava apenas as questões práticas -  uma consequência talvez do estado de penúria a que sua vida chegou desde que o marido a abandonou. Se Millie acreditava que se casaria por amor, Serephina a apoiaria, desde que ele não fosse totalmente inapropriado. Serephina não estava certa se acreditava em amor, mas Millicent era sensata e boa em julgar caráter. Se Millicent gostava desse homem, era provável que fosse alguém decente.

    O Salão de Lorde Jutherey estava quente e lotado. A Sra. Rushmore logo começou a fazer seu trabalho, apresentando-as a quem ela conhecia, e ela conhecia muitas pessoas. Aparentemente, a Sra. Rushmore havia sido uma beldade em seus dias, antes de se ver presa em um casamento ruim.

    O cartão de dança de Millicent logo começou a encher, nada de incomum, já que ela era uma jovem bonita, ainda assim ela procurava ansiosa pelo Capitão Heresworth. A Sra. Rushmore havia sutilmente revelado o montante do dote de Millicent para notórias fofoqueiras que logo espalhariam - o dote que Serephina vinha construindo consistentemente nos últimos nove meses. Nada extraordinário, pequeno, mas não constrangedor.

    Serephina deixou Millicent com a Sra. Rushmore e foi buscar um refresco para elas, se desculpando enquanto abria caminho pelo salão de baile.

    –Eu gostaria que Lorde Jutherey não fosse tão generoso com seus convites, – uma idosa disse de forma arrogante, seu rosto empoado franzido de forma desaprovadora. –Precisa ter limites. Todos primos pobres do país estão aqui. Tira um pouco o brilho da noite. Os olhos da mulher passearam pelo vestido de Serephina, que não era novo, nem última moda. A mulher bufou como se Serephina provasse seu ponto de vista. –Ele é um bom homem, mas sem discernimento. Há pessoas chegando a pé. Por que devemos sofrer sendo expostos a tais companhia?

    Serephina se arrepiou de raiva. A riqueza não fazia uma pessoa de valor, ela queria dizer para a velha senhora, mas ficou calada. Serephina estava aqui por Millicent e não seria bom para sua irmã ser alvo de fofocas. Ela não estava em posição de trocar farpas com esta mulher, que provavelmente era influente na sociedade, e dificultaria as coisas para Millicent. Serephina não tinha dúvida que a mulher era vingativa.

    Notando as feições da senhora e o bracelete de rubi chamativo que ela usava, Serephina afirmou que achara seu próximo alvo. A Sra. Rushmore saberia quem era a mulher.

    Capítulo 2


    PARANDO EM UMA BARRACA, Rowan comprou um sanduíche de presunto. A garota da barraca sorriu para ele que deu uma piscadela antes de dar uma mordida no sanduíche enquanto descia a rua barulhenta e movimentada em direção à central de polícia, desviando-se das carroças que circulavam em Charing Cross.

    A estação central era nova com salas amplas e painéis de madeira escura. Bem mais elegante que o antigo quartel, ele não se sentia à vontade aqui e parecia mútuo. Os policiais mantinham distância.  Ele tirou seu chapéu, abrindo espaço pela sala de reuniões, na qual o superintendente realizava a reunião da manhã. Homens de uniformes azul escuros passavam apressados por ele, enquanto ele caminhava para sua mesa, que dividia com outro antigo investigador da Bow Street. Não confiavam neles. Eles eram vistos como representantes do sistema antigo e corrupto, mas eles eram necessários.  Embora os policiais fossem bons em manter a ordem, eram ineficientes em solucionar crimes. Aos poucos, seus serviços vinham sendo mais utilizados e os homens estavam se acostumando a vê-los ao redor. Eles ainda não haviam sido oficialmente ligados à Polícia Metropolitana, mas o processo estava em andamento.  Ele conhecia todos os antigos investigadores que trabalhavam ali.  Eles haviam sido colegas por anos com seu antigo empregador.

    Os investigadores eram eficientes em encontrar criminosos, mas não tinham os recursos permitidos à Metropolitana.  Estes novos policiais e a população acreditavam que os investigadores eram todos corruptos, fechando os olhos aos crimes quando era conveniente. Para combater isto, um ato do Parlamento colocou em prática a uniformização do comportamento da força policial perante a população de Londres.

    Ele odiava ficar em sua mesa, preferia estar nas ruas, procurando por respostas, seguindo pistas e prendendo os culpados. Ele era um homem das ruas, ele cresceu nas ruas e era onde se sentia confortável.

    –Cox, –o superintendente Stephenson bradou. –Estão querendo sua presença. –

    Levantando-se Rowan vestiu seu gasto paletó verde escuro e saiu da sala que dividia com McPherson, acreditando que seria questionado sobre seu progresso no assassinato de Allerson - o corpo do escriturário júnior da alfândega foi encontrado flutuando no rio Tâmisa, apunhalado no coração.

    –Entre, Sr.Cox, – pediu o Superintendente quando o viu na porta de sua bagunçada sala. –Houve outro arrombamento em uma das casas em Mayfair.–

    –Ladrões roubam todos os dias, –afirmou Rowan. Geralmente, invasão de domicílio não era sua área, achava muito trivial em comparação aos casos que ele investigava.

    –Sim, mas esse roubo foi na casa de Lady Chemsford. O comissário está aborrecido. Não foi roubo de ocasião. Esses roubos foram cuidadosamente planejados e executados, com peças específicas selecionadas, peças valiosas. O ladrão levou apenas elas. –

    Isso despertou a curiosidade de Rowan. Ladrões, geralmente, carregavam tudo que viam, antes de fugirem e desaparecerem nas ruas. Não importava, ele estava muito ocupado para tratar de roubos de casas, mesmo que o ladrão fosse mais inteligente que a maioria. Ele tinha um assassinato para solucionar. –Estou trabalhando no caso Allerson, Senhor. –

    –Assunto infeliz. Espero que esteja fazendo progresso. –

    Estou, mas, nesse ponto, preferia não ter distração. –

    Bem, infelizmente, você terá que aguentar uma. Pessoas importantes estão aborrecidas, e quando aborrecidas elas causam problemas.

    Rowan sabia que as tentativas e erros da Polícia Metropolitana eram uns dos tópicos favoritos na Câmara dos Lordes, e, eles eram homens poderosos que não gostavam de ter suas propriedades ameaçadas, mesmo em tal escala, apenas um pequeno crime.

    –Mas...–Rowan tentou argumentar.

    –É uma ordem, Sr. Cox. –

    –Como quiser, – retorquiu Rowan e ergueu-se, amaldiçoando internamente o Comissário que considerava adequado utilizar seus recursos limitados caçando um lunático que assombrava os poderosos.

    Irritado, voltou para sua mesa, na qual suas anotações sobre o caso Allerson estavam espalhadas. Passando a mão pelos seus cabelos louro-escuros, percebeu que precisava de um corte. Colocou suas anotações do caso atual em uma pasta, e abriu uma nova, escrevendo na frente dela Roubos em Mayfair. Ainda era um uso inadequado de recursos, pensou, enquanto arquivava a pasta de Allerson em sua gaveta.

    Mcpherson entrou na sala. –Cox–disse ele como cumprimento. McPherson era um tipo bruto, seu nariz quebrado diversas vezes em lutas enquanto prendia suspeitos. Eles dois haviam passado por muitas coisas. Rowan tinha uma cicatriz de bala que ainda incomodava, sem mencionar uma desconfiança saudável das pessoas. Qualquer um podia cometer um crime. Em qualquer classe social havia desumanidade e crueldade, até mesmo aqueles que aparentavam inocência podiam revelar uma malícia que podia confundir. Poucas pessoas o podiam confundir atualmente. Pais podiam vender suas crianças, amantes matar seus companheiros por arroubos de raiva e ciúmes infundados, mas frequente, dinheiro era a razão do crime, como nos roubos. Ele não pegava tudo, pensou, recostou em sua cadeira e acendeu um charuto, piscando quando a fumaça acre fez arder seus olhos. O ladrão era seletivo – por isso ele era esperto. Se as peças roubadas fossem memoráveis, então, dificilmente, seriam vendidas inteiras. Seria muito fácil de reconhecer. Provavelmente, derreteria o ouro e partiria as gemas, e venderia separadamente. Ele faria assim.

    Saindo de sua sala, pediu ao sargento no balcão para juntar todas as notas relevantes do caso de roubos de domicílio e o policial retornou quase meia hora depois com cerca de uma dúzia de arquivos. Pegando-os, Rowan saiu do prédio e desceu a rua até a cafeteria que geralmente ia, pediu um café para Mary, a garçonete irlandesa que atendia a clientela que frequentava a cafeteria.

    Quando Mary trouxe seu café, pagou e deu a gorjeta. A garota sorriu para ele antes de se afastar. Ela o servia todos os dias, mas mal se falavam. Ela tinha medo dele por causa de sua profissão.

    Colocando o chapéu sobre a mesa, tomou um gole da bebida rica e escura e abriu o primeiro arquivo para tomar conhecimento de todas as informações sobre o ladrão. Embora, não quisesse o caso, algo o intrigava sobre ele. Ele gostava de crimes intrigantes. Ele gostava da perseguição, reduzir os suspeitos, caçá-los e prendê-los.  Dava um senso de realização.  Mas as acusações contra os investigadores de Bow Street eram parcialmente verdadeiras; eles, ele incluído, fariam qualquer coisa para prender alguém. Faziam acordos com criminosos em troca de informações que às vezes os colocavam em situações difíceis, já que informações são mais importantes que justiça.

    As informações sobre os objetos roubados estavam bem detalhadas, com bons desenhos das peças feitos pelas seguradoras. A maioria delas estavam seguradas, e os donos foram compensados por suas perdas, mas era a imposição que incomodava. A imposição sobre a mãe do Sr. Allerson era mais urgente, mas pessoas importantes tinham espaço em todas as áreas.

    Se ele solucionasse este caso rápido, poderia voltar logo para o caso Allerson antes que a trilha ficasse fria. Ele queria fazer isso pela mulher que havia perdido seu único filho e provedor - não que fizesse muita diferença para ela, tendo que viver a partir de agora com a parca pensão deixada por seu finado marido. Saber que a justiça foi feita trazia algum conforto - mesmo que frio.

    Depois de tomar seu café, ele decidiu investigar o último arrombamento, caminhando por Mayfair através das ruas movimentadas até que ficaram mais limpas e menos populosas. Mulheres bem vestidas caminhavam em grupo sob sombrinhas, os cabelos intricadamente arrumados sob chapéus de seda. Ele nunca as entendeu, nem jamais tentou. Embora não estivessem distantes geograficamente, era como se um oceano as separasse de Whitefriars, onde ele crescera em vielas estreitas e populosas.

    Levantando os olhos, observou a fachada da casa em questão. Era grande, com quatro andares e pintada de branco. As janelas e portas do primeiro andar estavam intactas e não mostravam qualquer sinal de arrombamento. Batendo, esperou que um dos criados o atendesse.

    A grande porta preta e brilhante abriu-se e um homem idoso abriu e examinou quem era. –A entrada de serviço é nos fundos. – Falou arrogantemente. Às vezes, Rowan se perguntava se os criados das casas ricas eram mais arrogantes do que os proprietários, mas eles eram a lei, eles não entravam pela entrada de serviços.

    –Polícia, – bradou severamente. –Abra a porta. –

    O homem queria argumentar, mas o olhar que Rowan lhe deu congelou qualquer argumento que tinha. O homem abriu a porta e deixou Rowan entrar. –Lorde e Lady Chemsford estão tomando o café da manhã. Eu perguntarei se eles desejam conversar com você, disse o homem com desdém.

    –Eu verei primeiro a casa, – afirmou Rowan. –Onde estava a peça quando foi roubada e houve algum distúrbio?

    O homem moveu em direção às escadas. –Era um bracelete. Rubis, comprados no Egito. Era ...–

    –Eu vi a descrição da peça, – cortou Rowan.  –Há quanto tempo, Lady Chemsford a possuía?

    –Cerca de quinze anos. –

    –Leve-me primeiro à área de serviço. –

    De novo, não havia qualquer sinal de arrombamento. Rowan andou em volta procurando por qualquer sinal de marcas ou pegadas incomuns, mas não havia nada incomum. Os parapeitos e janelas estavam limpos. –Quando foi a última vez que estas janelas foram lavadas?

    O homem o olhou confuso e perplexo por um momento e disse que precisaria perguntar à governanta. O olhar de Rowan indicou que agora seria uma hora excelente para fazê-lo. Quando o homem desapareceu de má -vontade, relutante em deixá-lo sozinho, Rowan observou a fachada dos fundos pela janela - e de novo não notou nada fora do comum.

    –Há três semanas. – Respondeu o homem ao retornar.

    –Certo. Mostre-me o andar superior. –

    Não havia qualquer sinal no andar superior também. Se a joia não tivesse sido roubada, não haveria nada que indicasse que alguém

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