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Manchester e Outras Histórias
Manchester e Outras Histórias
Manchester e Outras Histórias
E-book37 páginas25 minutos

Manchester e Outras Histórias

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Sobre este e-book

Uma nova e emocionante seleção de contos de Miguel Botelho, a que é impossível ficar indiferente.
"A única coisa que J. verdadeiramente queria, agora como na maior parte do tempo, era fazer uma pequena pausa. Um momento de suspensão. Um esvaziamento súbito e breve. Um oceano oco e tranquilo que o envolvesse. Apenas a reverberação do silêncio. J., fechando momentaneamente os olhos, quase podia sentir uma serenidade fresca e aconchegante trepar-lhe pelo pescoço, subir pelas faces e redemoinhar-lhe nas têmporas."

IdiomaPortuguês
Data de lançamento5 de fev. de 2018
ISBN9789898575906
Manchester e Outras Histórias

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    Manchester e Outras Histórias - Miguel Botelho

    MANCHESTER 

    e outras histórias

    Manchester

    Marcia acenou-me. Eu estava sentado na fila para tirar sangue e ela, como sempre, passou a andar muito depressa. Sempre que passava por mim, sorria ou dizia adeus com a mão, sobretudo desde que lhe dei um maço de SG Filtro. Era de noite e ela estava a passar revista à enfermaria. Eu era o único que ainda estava acordado. Perguntou-me se eu estava bem e eu disse-lhe que sim, mas que não tinha tomado o Valium. Estava determinado a não tomar mais Valium. Então ela convidou-me para tomar um café. Fomos para a sala das enfermeiras e, todo o caminho, ela foi a empurrar o suporte das garrafas de soro. Era a primeira vez que eu entrava naquele lugar. Só o tinha visto pela porta entreaberta quando ia chamar alguém para me mudar a garrafa. As paredes estavam cobertas com postais ilustrados, recortes de jornais e desenhos feitos por crianças, com dedicatórias ternas. Ela tirou o chapeuzinho ridículo e o cinto, suspirou, fez os cafés, suspirou outra vez, e sentou-se na única poltrona que havia lá dentro, com os pés em cima de uma cadeira. Eu podia ter-me sentado numa das outras cadeiras, mas quis dar um certo ar de descontração e força, e sentei-me em cima da secretária. Bebi o meu café com leite. Ela puxou de um maço de Silk Cut e ia a tirar um cigarro sem me perguntar se eu queria. Eu tirei do bolso o maço recém-aberto de SG e estendi-lho. Falámos sobre marcas de tabaco e sobre teores de nicotina e alcatrão. Propus-lhe uma troca: eu dava-lhe o maço de SG e ela dava-me um Silk Cut. Desculpou-se com o regulamento e não me deu o cigarro. Eu apanhei o maço de SG de cima do braço da poltrona, tirei um cigarro, e tornei a pousá-lo. Disse-lhe que era só para agora, porque tinha outro maço, inteiro, na mesinha de cabeceira. Não teve problemas em dar-me lume. O regulamento diz que o pessoal não pode fornecer tabaco, álcool ou qualquer forma de droga não autorizada

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