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Conquiste Meu Coração - Livro 2 - Série Mulheres da Máfia
Conquiste Meu Coração - Livro 2 - Série Mulheres da Máfia
Conquiste Meu Coração - Livro 2 - Série Mulheres da Máfia
E-book617 páginas10 horas

Conquiste Meu Coração - Livro 2 - Série Mulheres da Máfia

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Sobre este e-book

Ivana Dmitriev é a caçula da Bratva que renegou as suas origens para ter uma vida normal o que ela não sabia é que ninguém consegue dar as costas para a máfia ou comandar o seu coração. Nova York não era mais o seu lar e ela teria de se acostumar com a cidade onde perdeu tantas pessoas a quem amava e continuar se mantendo firme nas suas decisões de não se envolver com a máfia, ela iria focar apenas na sua residência e ser feliz ao lado do homem que tinha conquistado o seu coração. Mas, as mulheres Dmitriev nunca tem uma vida fácil e isso não seria diferente para a caçula, Ivana irá aprender na pele que apesar de tudo, a sua vida sempre estará conectada a máfia e ela não podia fugir. E ainda teria que aprender a conviver com os seus sentimentos conflituosos para com o cunhado da sua irmã o temido e frio Ares Marino. Escolhas ruins podem machucar, sentimentos tornam as pessoas mais precavidas, mas, a solidão nos torna perversos e um coração endurecido precisa de uma boa dose de amor para voltar a bater.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de mar. de 2022
ISBN9781526043177
Conquiste Meu Coração - Livro 2 - Série Mulheres da Máfia

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    Conquiste Meu Coração - Livro 2 - Série Mulheres da Máfia - Nadine Lima da Silva

    CAPÍTULO I

      Ivana Dmitriev

                            Nova York – Agosto de 2020:

                Espreguicei-me sentindo os meus músculos protestarem, trinta e seis horas de plantão era cruel para qualquer pessoa, mas, esse era o tratamento dado aos residentes, mas, eu não podia reclamar, eu estava fazendo a minha residência em um dos melhores hospitais do mundo, o Presbyterian Memorial, o melhor hospital de Nova York, com os melhores professores e um dos poucos hospitais do mundo que tinha a especialização que tinha escolhido seguir, eu queria ser uma respeitada cirurgiã fetal.

    — Você está aqui. – Falou Yuri apertando os meus ombros e eu quase gemi com aquele gesto carinhoso, aquilo era como ir ao céu e voltar, meus ombros estavam me matando. — Pensei que estaria assistindo a cirurgia do ano. Todos estão ansiosos para ver o poderoso chefão realizando a sua milésima cirurgia.

    — Cirurgia neurológica não é a minha praia, por mais que eu tenha que passar por todas as áreas. – Disse virando-me para o encarar. — E você não sabe quando uma emergência espetacular pode acontecer, com todos os residentes assistindo a cirurgia eu tenho mais chances de pegar algo que nunca vi na minha vida. Você sabe, tudo acontece em Nova York.

    — Você é esperta pequena! – Exclamou ele sorrindo. — Já que não quer presenciar o deus na sala de cirurgia, eu irei tomar o seu lugar. Coma alguma coisa, temos mais dose horas de plantão pela frente e não queremos que você desmaie em cima de um paciência, todos ainda estão pegando no pé da pobre Simons por conta da sua última trapalhada.

    — Não irei pular nenhuma refeição. – Garanti apertando a sua mão. — Vá ou não irá conseguir pegar um lugar para assistir a cirurgia tão prestigiada.

                Ele beijou os meus lábios demoradamente e saiu correndo, eu chequei se não tinha nenhuma ambulância a caminho e comprei um café, o sono não era incomodo e não era um dia cheio na emergência, mas, como eu era a única residente no local, todos tiravam proveito da situação. Saí do hospital na intenção de comprar café, o do hospital não era tão bom quanto o que era vendido pelo ambulante na frente o único problema era passar pelo beco que tinha ao lado, aquele lugar era apavorante.

    — Obrigado. – Agradeci pegando o café e tomando um gole generoso sentindo a cafeína entrar nas minhas celular me dando animo para continuar com aquele plantão exaustivo, eu deveria diminuir o café, mas, ele era a única coisa que me mantinha acordada e com ânimo para continuar a minha rotina exaustiva.

                Estalei o pescoço e andei a passos lentos de volta para a entrada de ambulâncias, aquele era o local mais fácil de sair sem ser notado. Mas, não cheguei ao meu destino, quando fui puxada com brusquidão para dentro de uma vã e um saco preto foi colocado na minha cabeça fazendo gritar, aquilo não podia estar acontecendo comigo, depois de tantos anos tentando fugir da violência, no primeiro mês na cidade eu era sequestrada por um bando de lunáticos.

    — Eu não tenho nada. – Sussurrei quando senti algo ser pressionado contra a minha barriga e eu conhecia o toque de uma arma. — Sou apenas uma residência do primeiro ano, não tenho dinheiro ou qualquer objeto de valor, apenas o meu celular e o bip do hospital. Por favor, não façam nada contra mim, se é dinheiro que vocês querem eu darei.

    — Apenas fique quietinha boneca. – Rosnou o homem fazendo-me fechar os olhos com força e apertar as minhas mãos, eu tinha que me manter calma e lembrar do que Nalla sempre tinha me instruído a fazer naquelas situação, eu nunca poderia falar sobre a minha identidade para ninguém, mesmo que eles me torturassem, eu precisava ser forte. — Aprecie a viagem, ela não vai ser longa, logo estaremos no nosso destino e você receberá as ordens diretamente do chefe.

                Respirei fundo para controlar a minha ansiedade, chorar não iria adiantar, criminosos como aqueles não tinha pena de crianças, imagine de uma mulher adulta e histérica, que era para o que eu estava a ponto de me tornar, pelo menos assim não sobreviveria a ponto de conhecer o chefe, se os seus subordinados eram rudes o chefão deveria ser um monstro. Eu poderia tentar alcançar o meu celular no bolso do jaleco, mas, isso poderia piorar a minha situação, eu precisava ficar calma e pensar nas possibilidades de fuga, estávamos em um carro em alta velocidade e tinha uma arma apontada para a minha cintura, um tiro daquela distância poderia atravessar o meu corpo com isso atingiria todos os órgão da região abdominal, eu morria antes do socorro chegar. Eles iriam sentir a minha falta no hospital e acionariam a polícia que tinha uma chance de me achar, Nalla iria colocar a todos a minha procura, pelo menos eu teria alguma chance de sobrevivência se me fingisse de louca.

                Gritei quando o carro parou com violência e eu bati a minha cabeça com força no banco da frente, senti o sangue escorrer pelo meu rosto, eu tinha machucado o supercílio para ter tanto sangue, aquele era o ponto mais sensível do rosto e o que mais sangrava, alguns centímetros para a direita eu poderia ter morrido. Fui arrastada do carro, eu não conseguia identificar aquelas vozes, nem o local onde estávamos, mas, era pelo menos uma hora de carro do hospital. Entramos em um local com pouca iluminação e um cheiro terrível, descemos pelo menos três lances de escadas até eu ser jogada no chão nos pés de um homem com sapatos italianos e caros, eles estavam tão polidos que eu podia me espelhar neles.

    — Seus imbecis eu disse que não era para machucá-la. – Rosnou uma voz conhecida puxando o saco com brusquidão e fazendo com que eu o encarasse e quase chorasse de alívio ao ver Ares Marino parado na minha frente, mas, algo me intrigava. Qual o motivo de ele ter me raptado? Esperava que ele não estivesse em guerra com Nalla pela segunda vez ou eu seria uma mulher morta. — Levante-se Ivana Dmitriev, preciso da sua ajuda. Desculpe os meus soldados, mas, eles não sabem como tratar uma mulher, eu apenas pedi para que eles lhe trouxessem até o esconderijo em segurança e não que a assustassem dessa maneira. Per favore, venha comigo.

                  Ele estendeu a mão na minha direção e eu peguei ainda assustada, seu sorriso fez com que um arrepio percorresse o meu corpo. Ele arrastou-me por outro corredor e abriu uma porta deixando-me ainda mais assustada quando vi que aquilo era uma sala de cirurgia, bem pré-histórica, mas, ainda assim uma sala de cirurgia.

    — Por que mandou com que me sequestrassem? – Perguntei com medo da sua resposta, as minhas mãos estavam tremendo e tudo que eu queria era voltar para o hospital e esquecer aquela situação desagradável, Ares me dava um pouco de medo, principalmente depois do que houve com a sua família e ele se afastou de todos se tornando ainda mais obscuro. — Eu não negaria um pedido vindo do Dom da Casa Nostra, pelo menos se ele fosse pedido de uma maneira delicada, quase infartei no caminho até o seu esconderijo.

    — Você não viria se soubesse o motivo. – Respondeu ele pegando um lenço e pressionando contra o meu ferimento, aquilo era doloroso. — Prepare-se, Apolo chegará em breve e pelo que Alvin me informou o meu estado não é dos melhores, terá que estar preparada para a cirurgia assim que eles chegarem.

    — Como? – Perguntei arregalando os seus olhos e segurando o seu braço quando ele se virou para sair. — Como assim cirurgia e Apolo? O que está acontecendo aqui?

    — Apolo foi ferido em uma emboscada, parece que recebeu dois tiros e não pode ser levado para o hospital da máfia, pois, ele está sendo vigiado pela polícia e não queremos que mio fratello acabe preso assim que sair da sala de cirurgia. – Falou ele encarando-me com aqueles olhos azuis e gelados que conseguiam fazer com que qualquer pessoa corresse. — Não quer que os seus sobrinhos visitem o pai em um presidio federal? Com todos os assassinatos que o meu irmão tem nas costas ele iria direto para o corredor da morte, Nalla ficaria tão depressiva se isso acontecesse. Sabemos que a saúde mental da sua irmã não é das melhores.

    — Eu não posso fazer uma cirurgia. – Avisei histericamente, sentindo o suor escorrer pela minha nuca. — Eu tenho apenas uma mês de residência, nunca peguei em um bisturi na minha vida, apenas quando tive aula de anatomia em cadáveres.

    — Não deve ser muito diferente. – Disse ele colocando a mão no meu ombro. — Você tem duas escolhas Ivana ou faz a cirurgia e salva o meu fratello ou deixa-o morrer naquela mesa e explica para a sua irmã e sobrinhos que nem ao menos deu uma chance para que Apolo fosse salvo. A escolha está nas suas mãos, decida rápido, ele chega em um minuto e eu não tenho mais ninguém a quem recorrer, a vida do seu cunhado está nas suas mãos.

    CAPÍTULO II

       Ivana Dmitriev:

                Ele saiu batendo a porta com força e eu apoie-me na pia respirando com dificuldade, aquele homem era maluco, como ele me colocava em uma situação como aquela? Minhas mãos estavam tão geladas quando eu comecei a lavá-las, seu eu matasse Apolo, minha irmã me mataria, se eu deixasse com que ele morresse nunca mais conseguiria olhar nos olhos dos meus sobrinhos e falar que eu não tinha feito nada para salvar a vida do pai deles.

                Eu não podia fazer aquilo, minha licença iria ser cassada de alguém soubesse o que eu estava fazendo, eu era apenas uma residente, nunca tinha feito uma apendicectomia, imagine pegar um paciente baleado, o máximo que eu tinha visto daqueles casos nos dias que eu estava no hospital era como os médicos agiam quando eles chegavam, os residentes nem ao menos tinham a chance de se aproximar. Entrei na sala de cirurgia e coloquei as luvas e o jaleco que estava num canto, tinha uma mulher de meia idade que me encarou de cia abaixo antes de voltar a arrumar os instrumentos.

    — Serei sua instrumentadora. – Avisou-a enquanto eu engolia a cedo. — Não temos muitos utensílios, então use apenas o necessário. Tudo que você tem que fazer é deixá-lo estável para que seja transferido para um hospital, não tente nada radical ou o senhor irá arrancar a sua cabeça, o senhor Apolo é o seu irmão preferido e eu já vi pessoas morrerem por menos do que isso. Boa sorte.

                Eu precisava mais do que sorte para sobreviver a essa situação. Pessoas entraram correndo e um Apolo pálido foi colocado sobre a maca, reconheci apenas o rosto do segurança dele, a enfermeira o amarrou na cama deixando-me assustada e eu comecei a cortar as suas roupas para ver onde ele tinha sido alvejado, um do lado direito do peito e pela sua respiração rasa com certeza tinha perfurado um dos pulmões e ele precisaria de um pneumotórax e eu não sabia como fazer aquilo, não em uma pessoa viva. O outro tiro tinha sido apenas de raspão, em um dos seus braços, apenas alguns pontos e ele estaria novo em folha.

    — Onde está o anestesista? – Perguntei encarando-a e vendo-a negar. — Eu não posso fazer uma cirurgia sem uma anestesista. Preciso pelo menos fazer um pneumotórax para o deixar estável. Ele precisa estar pelo menos sedado para que isso acontecer, isso é impossível, eu não posso fazer isso, não irei matar o marido da minha irmã.

    — Temos apenas duas doses de adrenalina. – Avisou ela fazendo-me arregalar os olhos. — Ele está perdendo sangue demais doutora, é melhor começar ou irá fazer o seu pneumotórax em um cadáver e se isso acontecer com certeza será a próxima a morrer, então comece de uma vez e pare de bancar a mesquinha quanto mais espera mais a chance de ele sobreviver se esvai.

                Me aproximei dele e fechando as mãos em punhos e arregalei os olhos quando mãos se fecharam sobre o meu punho e aqueles olhos me encaram.

    — Não me deixe morrer. – Sussurrou ele apertando o meu punho. — Não me deixe morrer, não me importo com a dor. Faça.

    — Preciso de um tubo de 15 mm. – Avisei pegando o bisturi e encarando a enfermeira. — Não me importo onde você vai encontrá-lo e esterilizado. Aguente firme Apolo, isso vai doer pra caralho.

                Ele correu para pegar o tubo e eu apertei o bisturi medindo como os professores tinham ensinado era entre as costelas nove e dez, apertei o local antes de respirar fundo e comecei a cortar o local, ele gritou e apertou as mãos no lençol, ele iria desmaiar antes que eu terminasse então isso me deixaria mais tranquila para continuar. Peguei a tesoura e comecei a inserir o tubo sentindo confiante por ele ter desmaiado, a quantidade de sangue que jorrou nos meus pés e jaleco fez com que eu ficasse calma quando percebi que a sua respiração tinha melhorado, eu não tinha o matado. Fixei o tubo com esparadrapo, pois, pelo menos isso tinha e peguei o fio para dar os pontos no seu braço.

                 Percebi que tinha um kit de intubação, eu poderia colocá-lo em ventilação mecânica até que os malditos paramédicos chegassem, sua respiração ainda estava fraca e se ele tivesse uma parada o que eu rezava para que não acontecesse se ele ficasse sem respiração alguma sequela poderia surgir daquela situação e a culpa seria minha e eu não conseguiria viver com aquilo. O entubei e mandei com que a enfermeira começasse a bombear oxigênio para que os seus pulmões não fossem ainda mais danificados.

    — Parada. – Avisou a enfermaria fazendo com que eu pulasse sob a maca pra fazer massagem cardíaca. — Não temos carrinho de parada, terá que conseguir o reviver apenas com massagem.

    — Vamos Apolo. – Rosnei sentindo os meus braços começarem a doer, soquei o seu peito com força, vendo que o seu coração tinha voltado a bater, mas, ainda estava sem simetria, ele não conseguiria voltar sem pelo menos um choque, eu já tinha visto situação como aquela na emergência e nem podia pedir para que a enfermeira trocasse comigo para que eu tentasse fazer qualquer coisa, pois, ela precisava bombear o oxigênio. — Vamos seu imbecil, Nalla e os meus sobrinhos precisam de você e eu não vou falar a eles que eu lhe matei, já tenho que conviver com duas mortes a sua não será a terceira.

                Encarei em volta e pulei da cama pegando o bisturi e cortando os dois fios que tinha ali e puxando-os para perto da maca.

    — O que está pensando em fazer sua maluca? – Perguntou a enfermeira me encarando, ela deveria achar que eu estava bem louca e estava certa, pois, se aquilo não desse certo eu iria eletrocutar Apolo e a mim. Esse seria o final perfeito para aquele drama no qual eu me encontrava. — Não irei deixar com que faça isso com o senhor Apolo, continue a sua maldita massagem os paramédicos chegaram em breve e eles tem todos os equipamentos que precisam para o ressuscitar.

    — Não irei falar para os meus sobrinhos que eu não fiz o meu máximo para salvar a vida do pai dele, não iria encarar a minha irmã e avisar que eu matei o seu marido sem ter esgotado as minhas opções. Então aplique a maldita adrenalina ou será em você que eu irei testar a minha invenção – Ameacei encarando-a e vendo-a arregalar os olhos. — Afastasse, pois, eu não irei deixar com que esse maldito italiano morra nas minhas mãos, essa não será uma culpa que eu irei carregar.

                Ela aplicou a adrenalina e eu encostei os fios fazendo com que o seu corpo pulasse da cama, aquilo com certeza iria deixar uma cicatriz, mas, o seu coração voltou a bater lindo e ritmadamente, senti as minhas pernas fracas e desabei no chão. Agora eu entendi o que os médicos falavam que os residentes precisavam aprender antes de fazer qualquer procedimento de nível médio ou avançado.

                 Ainda estava jogada no chão quando os paramédicos chegaram e o levaram falando que eu tinha feito um ótimo trabalho em manter o paciente vivo até que eles chegassem, eu quase o mandei para a puta que pariu, mas, não tinha formas para nada, nem para o xingar. Levantei-me meia hora depois quando os soldados entraram para fazer a limpeza da sala, joguei o jaleco, máscara e luvas no lixo e saí a passos largos daquele local, meu uniforme estava sujo de sangue, as minhas mãos ainda tremiam e eu estava vendo tudo vermelho.

    — Bom trabalho. – Elogiou Ares levantando-se e andando na minha direção. — Teve uma hora que eu pensei que você não fosse conseguir, eu realmente não teria nenhum tipo de piedade de você e acho que sua irmã iria lhe odiar pelo resto da sua vida, mas, pensa rápido, será uma ótima médica Ivana Dmitriev.

                Ele estava brincando comigo, aquele sorriso de canto de lábio me deixou tão irritada, que eu apenas fechei a minha mão em punhos e o soquei com todas as minhas forças e eu continuaria o batendo se os malditos soldados não tivessem me contido, eu iria arrancar as suas bolas e fazer com que ele as comesse. Ele deu uma gargalhada enquanto colocava a mão no seu nariz que sangrava e me encarou com os olhos furiosos, eu poderia ter ficado com medo dele, porém, a adrenalina que estava correndo pelo meu rosto não iria fazer que eu me sentisse acuada apenas por conta dos seus olhos gelados.

    — Você tem sorte de ser irmã de Nalla ou eu irei cortar o seu pescoço por conta desse soco. – Avisou ele limpando o rosto e apertando o meu rosto com força fazendo-me encará-lo. — Você tem uma ótima direita Ivana, porém, nunca mais faça isso ou posso não estar de bom humor e deixar com que saia viva. Agora suma da minha frente e não fale para ninguém o que aconteceu neste local ou terá muito mais a perder do que eu.

    — Cortei a sua garganta com o bisturi se me colocar em uma situação como está novamente, nunca mais me procure para salvar ninguém Ares Marino. – Rosnei acariciando os meus braços quando os soldados me soltaram e levantei a minha cabeça. — Sua única sorte que a pessoa naquela sala era Apolo e eu não iria conseguir encarar os meus sobrinhos se tivesse o deixado morrer nas minhas mãos, porém, coloque-me em uma situação como está outra vez e eu irei matar você invés de salvar o paciente. E mande com que os seus cachorros me levem de volta para o hospital, pois, se eu perder o meu emprego por culpa sua, eu irei infernizar a sua vida pelo resto dos seus dias.

                 Saí batendo os pés com força, aquele maldito italiano achava que tinha o mundo aos seus pés, mas, eu não iria deixar com que ele comandasse a minha vida ou brincasse com a profissão que eu tinha lutado tanto para conseguir no lixo. Nunca mais deixaria com que Ares Marino me manipulasse daquela maneira.

                Entrei no carro e respirei fundo colocando as mãos no rosto, minha cabeça estava latejando e o carro parecia andar mais devagar que o normal, quase mandei com que o maldito motorista andasse com mais rapidez. Entrei no hospital pela porta dos funcionários e agradeci por todos estarem eufóricos com aquela cirurgia do diretor e não prestarei atenção em mais nada, tomei um banho e coloquei um uniforme novo jogando aquele o lixo, arrumei o meu jaleco e o crachá e fiz um curativo no meu supercilio e voltei para a emergência.

    — Pequena onde você estava? – Perguntou Yuri abraçando-me e fazendo com que eu sentisse um nó se formar na minha garganta, eu não podia chorar ou iria deixá-lo preocupado e não podia contar para ele o que tinha acontecido, já que ele iria ficar furioso por eu ter feito algo tão perigoso e eu não queria que ele mexesse com alguém como Ares Marino, eu sabia do que aquele homem era capaz e queria distância dele. — E que corte é esse no seu supercilio, você não estava com isso quando eu deixei você na emergência.

    — Eu fui tirar um cochilo e bati no beliche quando o celular apitou avisando que tinha uma emergência. – Menti escondendo o meu rosto no seu peito, eu não gostava de mentir para ele, mas, essa era a melhor opção naquele momento. — Não é nada sério nem precisou de pontos, vou ficar bem dentro de alguns dias não se preocupe. Mas, me conte como foi a cirurgia, todos estão comentando sobre isso e eu não tive a chance de ir dar uma espiada.

                Ele começou a tagarelar esquecendo do meu ferimento e fazendo com que eu ficasse aliviada por perceber que ninguém tinha notado a minha ausência. Foquei no meu trabalho pelas horas que tinha de plantão, assim eu não ficava pensando em Apolo e no que poderia ter acontecido com ele, mas, chequei o meu celular milhares de vezes para ter certeza de que Nalla não tinha me ligado ou mandando qualquer mensagem informando sobre a sua morte, eu iria surtar até o final daquele dia ou iria voltar naquele maldita lugar e matar Ares Marino.

    — Eu pensei que esse plantão nunca fosse acabar. – Sussurrei quando senti a brisa suave do verão bater nos meus cabelos quando saia abraçada com Yuri do hospital. — Estou sentindo dores até em partes do meu corpo que eu pensei que não doía. Esses plantões duplos estão me deixando exausta agora eu entendo quando as pessoas favam que residente não tem vida social.

    — Podemos ir comer alguma coisa e depois eu levo você em casa. – Propôs ele entrelaçando as nossas mãos. — Abriu um restaurante perto do meu apartamento, escutei os vizinhos comentando que a comida é ótima e assim eu vou poder aproveitar um pouquinho a minha noiva, já que parece que faz séculos que nós não conseguimos nos encontrar, sendo que trabalhamos juntos.

    — Podemos deixar isso para amanhã? – Perguntei encarando. — Estou tão cansada que tudo que eu quero é um banho e a minha cama e pense pelo lado bom, teremos o dia de amanhã inteiro para curtir juntos a cidade, irei mostrar Nova York para você como eu prometi.

                Ele concordou e me deixou no apartamento e seguiu para casa. Joguei a minha bolsa no sofá e os sapatos no meio do quarto e joguei-me na cama sentindo o colchão macio e gemi com aquele contato delicioso, eu estava realmente exausta que poderia dormir os meus dois dias de folga. Coloquei a banheira para encher e deixei com que o meu corpo dolorido aproveitasse aquele luxo.

    — Quem diabos está me ligando a essa hora? – Resmunguei enrolando-me no roupão e saí do banheiro em busca do meu celular e gemi quando vi que era um número desconhecido, se fosse telemarketing querendo vender alguma coisa e atrapalhando o meu banho, eu iria ficar muito puta. — Alô, eu não estou interessada em comprar nada ou assinar qualquer plano, então por favor, deixe-me voltar para o meu banho e não volte a me ligar.

    — Eu realmente posso imaginar essa cena, deve estar deitada na sua banheira com muita espuma a sua volta e aproveitando uma taça de vinho. – Falou aquela voz pastosa fazendo com que eu apertasse o celular com força, ele estava de brincadeira comigo. — Mas, eu não liguei para imaginar você nua, por mais que isso alegre o meu dia. Pode se considerar uma médica Ivana Marino, conseguiu salvar o seu primeiro paciente em uma situação extrema. Agora aproveite o seu banho, queria poder esfregar as suas costas, porém, o dever me chama e infelizmente eu não poderia lhe proporcionar esse prazer. Boa noite Ivana.

                Eu joguei o celular com força no colchão e rosnei sentindo o sangue correr com mais velocidade pelas minhas veias.

    — VÁ PARA O INFERNO ARES MARINO. – Gritei extravasando toda a raiva contida naquele dia. — Vá para o maldito inferno e me deixe em paz.

    CAPÍTULO III

    Ivana Dmitriev:

                Demorei cinco dias para descobrir para qual hospital Apolo tinha sido internado e mais dois para ir visitá-lo, por mais que Nalla tivesse me informado que ele estava fora de risco e no quarto, eu queria ver por mim mesmo os estragos que eu tinha feito. Pensei em lhe levar flores, mas, eu não queria que o seu quarto parecesse uma floricultura ou um enterro, então comprei chocolates. Andei pelos corredores a passos largos, eu tinha que voltar para o Presbyterian em duas horas para o meu plantão da noite.

    — Minha salvadora. – Brincou ele quando eu entrei no seu quarto, ele nem parecia aquele corpo pálido que tinha vindo a mim a seis dias. — Me conte o que eu posso fazer por você? Lhe darei a lua se me pedir.

    — Nunca mais apareça entre a vida e a morte no hospital que eu trabalhar ou deixe com que o maluco do seu irmão me sequestre. – Respondi sentando-me na poltrona e ouvindo-o gargalhar, parece que o seu humor estava de volta. — Desculpe-me pelas cicatrizes e pela dor que teve que suportar, espero que não tenha feito nada errado e piorado a sua situação.

    — Meu corpo tem mais cicatrizes do que você imagina Ivana. – Falou ele sorrindo e segurando a minha mão. — Salvou a minha vida e eu nunca poderia lhe agradecer apropriadamente por isso. Eu que deveria me desculpar pelo modo que Ares a tratou, ele esqueceu todos os bons modos depois que perdeu Ester e as crianças. Desculpe-me pela maneira que foi tratada, irei garantir que isso não volte a acontecer.

    — Obrigado. – Agradeci sentindo aliviada e esperava que ele cumprisse aquela promessa, pois, eu não tinha saúde mental para aguentar outra cirurgia como tinha sido a sua, acho que nunca mais teria coragem de segurar em u bisturi na minha vida. — Onde está Nalla? Pensei que ela não iria sair do seu lado um segundo.

    — As crianças precisam da atenção da sua mamma, mais do que eu preciso da minha esposa ao meu lado. – Respondeu ele abrindo um fraco sorriso, eu sabia o quanto ele estava descontente com aquilo, Apolo e Nalla eram inseparáveis. — Não quero que Dante me veja desta maneira, então é melhor que ele pense que eu estou viajando e Ares prometeu a sua irmã que passaria a noite comigo.

    — Então eu estou de saída, pois, não quero ter o desprazer de encontrar com o seu irmão. – Falei levantando-me e vendo-o sorrir. — Melhore logo Apolo, esse quarto de hospital não combina com você.

                Ele concordou e eu me despedi pegando a minha bolsa e arrumando o meu quimono antes de sair do seu quarto a procura do meu celular, Yuri tinha prometido que me mandaria notícias, estávamos em plantões separados naquele dia e eu queria saber como tinham sido as coisas no hospital naquele dia para me preparar para a noite, pois, tudo acontecia durante os turnos noturnos. Trombei com alguém e pedi desculpa tentando continuar o meu caminho sem encarar a pessoa, mas, a mão forte no meu braço fez com que eu parasse e fosse encurralada na parece fazendo-me arregalar os olhos ao ver Ares Marino parado na minha frente com o seu odioso sorriso de canto de lábios e aqueles olhos gelados pregados em mim.

    — Então a pequena ratinha resolveu sair da toca. Cansou de ter medo do lobo mal? – Perguntou ele fazendo-me fechar as mãos em punhos, acho que ele tinha se esquecido o quão potente era o meu soco. — O gato comeu a sua língua piccola Ivana? Seus pais não lhe ensinaram que você deveria responder aos meus velhos? Oh! Às vezes eu me esqueço que você é uma russa e não tem uma educação prestigiada, podemos tirar isso pela sua irmã. Ivan não soube criar bem as suas filhas.

    — Não critique o meu nana. – Rosnei empurrando-o e ele apenas gargalhou arrumando o seu paletó, porém, seus olhos estavam apenas mais obscuros, mostrando o quão irritado ele estava com a minha resposta desrespeitosa. — Não tenho motivos para responder a você Ares Marino, então mantenha distância ou eu irei falar para Nalla o que me obrigou a fazer e minha irmã não ficaria nem um pouco feliz em saber que colocou a vida do seu marido nas mãos de uma residente que nunca tinha segurado um bisturi.

    — Garota não brinque comigo. – Avisou ele apertando o meu rosto com força e puxando-me para perto dele, deixando-me nervosa, eu não sabia o motivo daquele homem mexer tanto com as minhas emoções. — Eu posso fazer da sua vida o meu inferno particular se abrir a sua boca grande e contar para alguém o que aconteceu a seis dias, não irá medir forças comigo Ivana, não sou alguém que tem piedade de uma garotinha mimada apenas porque ela é cunhada do mio fratello. Então mantenha a sua boca fechada e os olhos abertos, pois, ninguém sabe quando um acidente pode acontecer, seu noivinho pode aparecer morto em uma vala qualquer. Não queremos que isso aconteça, não é Ivana?

                Neguei arregalando os meus olhos e sentindo a sua respiração ainda mais perto do meu rosto deixando-me apavorada, eu já tinha ouvido histórias sobre Ares Marino, mas, nunca imaginei que ele fosse tão estupido e inescrupuloso como estava sendo comigo.

    — Boa garota. – Disse ele dando dois tapinhas no topo da minha cabeça como se eu fosse uma cachorrinha que ele estava adestrando. — Agora suma da minha frente, cansei de gastar o meu inglês com você. Olhos abertos e boca fechada, mantenha isso sempre na sua mente Ivana.

                Ele largou o meu rosto e seguiu o seu caminho fazendo com que eu soltasse a respiração presa dentro dos meus pulmões, aquele maldito infeliz iria ter a lição que merecia e eu esperava que fosse logo, pois, ele não tinha o direito de interceptar uma pessoa e falar aquelas barbaridades. Ainda estava tremendo quando entrei no táxi e pedi para que ele fosse para o Presbyterian, os hospitais e clínicas da máfia eram afastados do centro da cidade para que a polícia não tivesse acesso imediato e se tivesse alguém poderoso sendo atendido tivesse a chance de escapar antes de algo grave acontecer.

                O vestuário estava vazio, então eu troquei de roupa rapidamente e sentei-me em uma das macas onde os residentes se encontraram e peguei o meu celular, ainda tinha vinte minutos até o meu turno começasse. Respondi as mensagens de mamãe avisando-a que estava tudo bem e que ela não precisava se preocupar com a minha saúde, pois, eu estava ótima e ela deveria vir me visitar logo.

                Por mais que eu não gostasse do plantão noturno aquele foi mais tranquilo do que todos que eu já tinha feito, acho que por ser um dia de semana as pessoas não faziam estripulias e acabam parando na emergência do hospital mais próximo, bem que em noites movimentadas era mais fáceis acontecerem os casos mais surreais do mundo e você aprendesse mais do que um mês em qualquer especialidade. Espreguicei-me e suspirei sentindo o sol bater no meu rosto quando eu caminhei a procura de um táxi.

    — Senhorita Dmitriev. – Chamou Andreas fazendo com que eu lhe encarasse sorrindo, por mais cansada que eu estivesse ele não tinha culpa do mal humor então eu não deveria descontar toda a minha frustação sobre o segurança da minha irmã. — Senhora Nalla pediu para que eu a levasse até a casa dos Hamptons, parece que ela tem algo de extrema urgência para tratar com a senhorita.

    — Não podemos deixar isso para outra hora Andreas? – Perguntei vendo-o negar e revirei os meus olhos, aquilo só podia ser uma brincadeira do destino. — Okay, iremos aos Hamptons, pelo menos eu tenho duas horas para dormir até chegar na casa da minha querida irmã.

    CAPÍTULO IV

     Ivana Dmitriev:

                 Ele escoltou-me até o carro e abriu a porta para que eu entrasse, esperava que o assunto que Nalla tivesse para tratar comigo fosse realmente urgente ou eu iria socá-la, não consegui pregar os meus olhos durante todo o caminho pensando nas milhares de possibilidades do que seria o assunto que Nalla tinha para tratar comigo, ela nunca mandava com que Andreas viesse pessoalmente ao meu encontro, ele era o seu braço direito, nunca saia do seu lado e isso estava me deixando nervosa.

    — Ela está no escritório. – Avisou Abigail sorrindo. – Prepare-se, ela acordou de mal humor.

                Suspirei e andei a passos largos até o escritório entrando sem bater, se ela tinha me chamado deveria estar a minha espera, então não precisávamos seguir todas as regras de etiqueta. Ela me encarou com uma sobrancelha arqueada e apontou para a cadeira a sua frente. Fiz a sua vontade de vi ela jogar um envelope na minha frente como se mandasse com que eu abrisse. Um nó se formou na minha garganta quando vi do que se tratava e ela abriu um sorriso sarcástico quando percebeu o meu nervosismo.

    — Eu prometi a mim que não iria gritar ou me estressar antes de ouvir uma explicação razoável sobre essas fotos. – Falou ela batendo as mãos na mesa e debruçando-me para e encarar com aqueles olhos azuis assassinos, ela era mais assustadora do que Ares Marino quando queria e eu estava realmente frita, pois, se abrisse a minha boca aquele filho da puta iria querer a minha cabeça e se mentisse para Nalla ela arrancaria os meus olhos com as unhas. — O que diabos você estava fazendo com Ares Marino? Por que ele está tão próximo de você? Espero que não tenha aberto as pernas para ele Ivana ou eu irei matar os dois.

    — NALLA! – Exclamei sentindo as minhas bochechas queimarem. Tudo bem que quem visse aquelas fotos por uma ótica diferente poderia pensar que estávamos tendo um caso, ele estava realmente próximo demais. — Você está tirando conclusões precipitadas, eu estava apenas conversando com o seu cunhado, ele estava me contanto sobre como Apolo conseguiu sobreviver a uma cirurgia clandestina, eu sou uma médica fico curiosas com esse tipo de coisas. Nunca tive qualquer pensamento romântico em relação a Ares Marino e irei continuar desta maneira, eu estou noiva e nunca faria uma coisa dessas com Yuri ele é o homem da minha vida.

    — Eu me casei com Apolo por um contrato e não apaixonada por aquele filho da puta escroto. – Rosnou ela assustando-me. — E hoje eu não vivo sem ele, então mantenha distância de Ares, ele não é homem para você Ivana, continue a sua vida pacata com Yuri e tenha o mínimo contato com o meu cunhado, pois, desde que ele perdeu a família Ares se tornou uma pessoa sombria e amargurada, ninguém sabe do que ele verdadeiramente é capaz de fazer e não quero ter que você se torne a segunda Sasha na minha vida, já perdi uma irmã, não perderei a segunda, então não faça nada de errado ou eu não terei piedade de você e lhe casarei com Ares se suspeitar que os dois estão tendo pensamentos inapropriados e não me importarei com os seus sentimentos, os de Yuri ou qualquer pessoa, pois, eu não irei enterrar você.

    — Não se preocupe, não tem a mínima possibilidade de eu me envolver com alguém como Ares. – Garanti apertando a minha bolsa. — Posso ir ou precisa de mim para mais alguma coisa? Estou acordada a 14 horas, preciso de um banho quente e dormir.

    — Andreas vai acompanhar você até a cobertura. – Avisou ela fazendo-me concordar, sabia que negar não iria fazer com que ela mudasse de ideia. — Desculpe-me se insultei você, apenas não quero perder mais ninguém Ivana e não sabe do que um homem é capaz quando está apaixonado ou se sente ameaçado e eu conheço o temperamento de Ares, não brinque com ele ou irá se arrepender e eu não quero que você veja a única a sair machucada dessa história, pois, ninguém irá culpa-lo a culpa sempre será da mulher, ele é o Dom, ele faz as regras, ele dá ordens e ele é o rei dos italianos e você é apenas a caçula de Ivan Dmitriev e por mais que eu tenha o poder sobre a Bratva, não conseguirei lhe salvar se cair nas mãos dele.

                Anuí e saí do seu escritório com as mãos geladas, Nalla está certa sobre uma coisa, eu tinha que cortar qualquer relação com Ares Marino, ele era perigoso tanto para a minha saúde mental, quanto em relação aos meus sentimentos, eu sabia que aquele homem tinha sido a primeira pessoa que por quem eu tinha nutrido sentimentos românticos a anos atrás quando ele foi traído pela primeira esposa, mas, era algo de uma menina ingênua e sem experiência, alguém que não compreendia como as mulheres dentro da máfia eram subjugadas e descartáveis, eu não queria aquilo para a minha vida, eu não iria me tornar a minha mãe que sofreu por anos com um casamento sem amor e por mais que Nalla tivesse encontrado o amor ao lado de Apolo, eu não queria ter que viver seguindo aquelas regras machistas e inescrupulosas.

                Dormi durante toda a manhã e boa parte da tarde, estava tão exausta que tudo que eu queria fazer era ficar curtindo a minha cama, mas, tinha prometido que jantaria com Yuri naquela noite, tínhamos que ter um tempo apenas para nós, a corria do hospital poderia acabar desgastando o nosso relacionamento e eu não podia deixar com que isso acontecesse.

                Tomei um banho demorado e vasculhei o meu closet em busca de algo que eu poderia usar, estava fazendo dias quentes mesmo quando se aproximava de setembro e do outono. Encontrei um conjunto de linho quadriculado, confortável e moderno, era um cropet de alças finas que deixaria os meus ombros a mostra e um short que valorizava as minhas pernas e bumbum, calcei uma sandália com salta baixo e quadrado, coloquei alguns assessórios e deixei os meus cabelos soltos, peguei uma bolsa e um dos meus quimonos eu era apaixonada por eles. Sai ao apartamento mandando uma mensagem para Yuri avisando que eu o encontraria em frente ao prédio.

    — Você está linda. – Elogiou Yuri e eu senti as minhas bochechas esquentarem e ele sorri. — Por isso eu adoro elogiar você, fica ainda mais graciosa corada, não sei como depois de tantos anos de relacionamento você ainda fica envergonhada quando eu a elogio.

    — Apenas não me acostumei com os seus galanteios. – Resmunguei entrelaçando as nossas mãos e puxando-a. — Aonde iremos nesta noite? Você está tão misterioso esses dias senhor Petrova.

    — Consegui uma reserva no restaurante mais badalado da cidade. – Respondeu ele sorrindo e apertando a minha mão. — O Dio del Mondo dizem que é o melhor dos melhores, o chef é muito premiado e os boatos é que ele é o playboy mais badalado da cidade, saí com uma mulher a cada dia, mesmo estando namorando uma top.

                Por que os Marino estavam monopolizando a minha vida nos últimos dias? Isso era algum castigo de deus? Sorri para Yuri e deixe com que ela continuasse a tagarelar enquanto caminhávamos na direção do restaurante, se ele tivesse falado que iriamos ali eu tinha colocado uma roupa melhor, eu sabia as pessoas que frequentavam o restaurante de Aquiles eram apenas a alta sociedade novaiorquina, nós iriamos ser expulsos por eu estar vestida daquela maneira.

                A recepcionista me olhou de cima a baixo como se eu estivesse em desacordo com o local e eu fingi não ter visto dos seus olhares, nem dos demais frequentadores, todos deveriam estar pensando que eu era uma acompanhante de luxo e isso era vergonhoso e eu queria apenas um local para me esconder e sair apenas quando o restaurante fechasse. Yuri sorriu e puxou a cadeira como se não estivesse reparando naqueles olhares ou se não desse bola para eles, eu realmente queria ser um pouco como ele, suspirei quando o metre nos entregou a carta de vinhos, eu não deveria beber por mais que estivesse de folga no dia seguinte, sabia o quanto o vinho me dava ressaca, mas, não queria estragar aquela noite, meu noivo tinha a preparado com tanto carinho.

                A comida de Aquiles era divina, eu morreria comendo aquilo pelo resto dos meus dias a o único problema é que a minha melhor amiga era apaixonada por ele e o cunhado caçula da minha irmã era o maior canalha que existia na fase da terra. Quase engasguei-me com a comida quando senti aqueles olhos gelados sobre mim, aquilo só poderia ser uma brincadeira, aquele homem estava me seguindo apenas para estragar a minha vida, ele levantou a taça como se estivesse fazendo um brinde silencioso e eu apertei com força os talhares.

    — Está tudo bem Ivana? – Perguntou Yuri puxando-me de volta para a realidade. — Você parece tensa? Aconteceu alguma coisa? Eu fiz algo que lhe desagradou?

    — Não. – Respondi tentando sorrir, mas, os olhos de Ares sobre mim me davam arrepios. — Estou apenas pensando na minha escala. Desculpe-me por isso, não deveria pensar nessas coisas quando estamos apenas nós dois, mas, estou um pouco aérea com tudo que aconteceu desde que saímos de San Petersburg. Acabei de estragar o nosso jantar?

    — Não, você tem todo o direito de estar preocupada, eu ainda me sinto um pouco desorientado nessa cidade. – Respondeu ele segurando a minha mão e sorrindo, fazendo com que eu me sentisse mais calma. — Sabe que pode me contar todos os seus problemas, eu nunca irei me cansar de ouvir você Ivana Dmitriev.

                Sorri e voltei a prestar atenção na minha comida enquanto o ouvia falar sobre os pontos turísticos que tinha conseguido visitar naquele dia. Quando ele pediu as sobremesas eu avisei que iria ao toalete, precisava jogar um pouco de água no rosto e me acalmar. O banheiro estava vazio, pelo menos ali eu não precisava me preocupar com os olhares zombeteiros, apoiei-me na pia e suspirei encarando-me no espelho, prendi os meus cabelos em um coque desleixado e joguei uma boa quantidade de água no rosto e no pescoço para conseguir controlar a minha ansiedade e não surtar na frente do meu noivo, ele não precisava saber o que eu estava enfrentando nos últimos dias.

    — Contenha-se Ivana. – Mandei encarando a reflexo no espelho e respirando fundo antes de desfazer o coque, se as pessoas já estavam me encarando com os cabelos arrumados se eu aparecesse com aquele ninho de passarinhos eu iria ser expulsa. — Ele não pode fazer nada com você, está ficando paranoica, volte para o salão e aja como se não tivesse acontecido, ele não é um monstro de sete cabeças para que você esteja tão assustada. É apenas Ares e ele não vai criar confusão em púbico.

                Respirei fundo e coloquei um sorriso bonito no rosto e saí do banheiro como se nada tivesse acontecido, apenas não esperava que fosse praticamente sequestrada pela segunda vez por Ares Marino, ele me jogou dentro da dispensa deixando-me apavorada, aquele homem enorme parado na minha frente num local totalmente escuro, as únicas coisas que eu conseguia enxergar eram os seus olhos azuis gelados pregados em mim, estava me sentindo em um filme de terror, agora só faltava ele tirar uma faca de dentro das roupas e me matar, não teria provas ou câmeras, só esperava que ele não me jogasse em uma vala qualquer como uma indigente, eu pelo menos merecia um enterro descente se não fosse em San Petersburg que eu fosse enterrada ao lado Sasha, isso já deixaria a minha alma em paz.

    — Por favor, não me mata. – Pedi apertando as mãos no meu short quando ele se aproximou mais fazendo com que eu desse passos para trás batendo com as costas na cabeça e os seus braços me prenderam deixando-me ainda mais apavorada eu iria desmaiar dentro de alguns minutos se ele não se afastasse. — Eu juro que não irei falar nada para ninguém, apenas não me mate.

    — Você é engraçada. – Falou ele pegando uma mecha do meu cabelo e cheirando deixando-me arrepiada, aquilo era ainda mais sinistro do que pensar que ele iria me assassinar naquela dispensa minúscula e sumir com o meu corpo. — Eu gostaria de aprender mais sobre você Ivana Dmitriev, me parece ser uma caixinha de surpresas. Ouvi dizer que visitou a sua irmã nesta manhã, espero que Nalla não venha encher o meu saco ou eu não irei ter outra conversa com você. Sabe o que acontece com quem traí a minha confiança? Perde a cabeça e o seu lindo corpinho nunca mais será encontrado.

    — Você é um maldito sádico. – Sussurrei empurrando-o, mas, aquele homem era uma muralha e não mexeu um único músculo. — Meu noivo irá ficar preocupado se eu não aparecer nos próximo cinco minutos, então saia da minha frente e desapareça da minha vida Ares Marino, pois, a sua presença me deixa em pânico e isso vai fazer com que eu infarte antes de completar 25 anos e se isso acontecer, eu irei voltar para infernizar a sua vida de todas as maneiras que eu conseguir.

    — Não se preocupe, eu lido muito bem com fantasmas, eles fazem parte constante da minha vida. – Murmurou ele no meu ouvido cheirando o meu pescoço, aquele homem iria me enlouquecer antes que eu morresse de infarte por sua culpa. — E você é bonita, pelo menos daria uma linda fantasminha, iriamos nos divertir juntos, pelo resto dos meus dias e quem sabe da eternidade. Buu.

                Gritei ouvindo a sua gargalhada invadir o local e soquei o seu peito diversas vezes sentindo as lagrimas começarem a deslizar pelo meu rosto, eu nunca deveria ter me envolvido com aquele homem, minha vida estava perfeita, eu fazia residência no melhor hospital da cidade, tinha um noivo que me amava e não precisava me envolver com a máfia, até aquele maldito italiano se colocar no meu caminho, fazer com que eu quase matasse o meu cunhado e agora estava infernizando a minha vida por conta de um segredo que eu nunca contaria para ninguém, pois, isso acabaria com a minha carreira e eu lutei muito para consegui-la.

                Ares segurou os meus punhos com força puxando-me para perto de si e eu senti a sua respiração bater no meu

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