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O Pergaminho Lázaro
O Pergaminho Lázaro
O Pergaminho Lázaro
E-book150 páginas2 horas

O Pergaminho Lázaro

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Sobre este e-book

JONAS COBOS TRAZ UMA INTRÉPIDA AVENTURA QUE O FISGARÁ DESDE A PRIMEIRA PÁGINA

O PERGAMINHO LÁZARO
Londres. 2016
Patrick Stromfeld, escritor e palestrante, durante sua passagem por Londres se vê envolvido numa obscura trama de assassinatos e conspirações em torno de um antigo documento conhecido como o "Pergaminho Lázaro". Nele se encontra a chave para decifrar um segredo guardado há mais de dois mil anos e que pode provocar o ressurgimento do mais cruel e perverso assassino em massa que se conheceu na história da humanidade. 

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento11 de jun. de 2018
ISBN9781547529537
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    O Pergaminho Lázaro - Jonas Cobos

    O Pergaminho Lázaro

    Jonas Cobos

    Primeira Parte

    A estatueta

    ––––––––

    Camden Town, 29 de abril de 2016.

    Patrick não pisava as ruas do extravagante bairro londrino há anos. Contudo, sempre que regressava às terras britânicas fazia o possível para arrumar umas horas livres a fim de se perder em meio às vistosas barracas das feiras ao ar livre. Deteve-se alguns segundos a admirar uma extensa coleção de calças texanas; era possível encontrar em algumas barracas as mais respeitadas marcas por um preço tentador para qualquer transeunte. Dentre a variedade, chamou-lhe a atenção uma calça com tiras de couro caindo de ambas as pernas, como as que os índios vestiam nos velhos filmes de faroeste. Por alguns segundos, ele se perguntou que efeito surtiria essa calça no público que assistisse à sua próxima conferência sobre escrita criativa. Deixou escapar uma risadinha divertida.

    Ainda com aquilo em mente, continuou a cascavilhar as tendas e barracas de ambulantes, enquanto o trânsito de pessoas aumentava à medida que se aproximava o meio-dia. Das barracas de comida, começava a sair fumaça de gordura acompanhada pelo pregão dos atendentes a oferecer bocados de comida aos que passavam, pois quem os provasse facilmente se deixaria cativar por aquela mostra de petiscos de todas as partes do mundo.

    Esquivando-se de uma mulher obesa que tinha ficado encantada por uma barraca de comida asiática, Patrick desviou sua atenção para uma tenda com bugigangas de todo tipo. Nela havia relíquias que iam desde tapetes persas supostamente autênticos até as lendárias tigelas tibetanas, sem descartar modernas camisas de souvenir que estampavam uma foto de Camden Town. À esquerda, viu pufes coloridos de tamanho grande que pareciam ser capazes de tragar uma pessoa por inteiro.

    Sobre uma mesinha de estilo árabe, dispunham-se ninharias velhas, como uma série de estatuetas em diferentes motivos e tamanhos. Em meio ao monte, chamou-lhe a atenção a figura de uma esfinge dourada, uma excelente peça para sua pequena, embora volumosa, coleção de recordações de todos os lugares que visitava como parte de suas excursões acadêmicas. Não dava para muito o que ganhava na vida de escritor, por isso via-se obrigado a complementar a renda com as conferências sobre escrita criativa e a arte de escrever livros.

    Tomou a estatueta entre as mãos e – com surpresa – comprovou que, apesar de sua aparência, na realidade, ela não era de metal, mas de barro ou algo parecido. Um objeto em seu interior fazia um ruído. Talvez se tratasse de algum lingote de metal inserido ali a fim de convencer incautos de que realmente se tratava de uma estatueta de metal maciço. Já se dispunha a deixá-la sobre a mesa quando, de repente, ela lhe escapou dos dedos. Em consequência, a bugiganga se partiu em pedaços ao mesmo tempo em que revelava sua verdadeira natureza: gesso.

    — Vai ter que pagar por ela! — exclamou a voz do dono do estabelecimento, que surgia repentinamente por dentre várias cortinas.

    Uma mulher obesa, trajando um vestido floreado e extravagantes óculos de sol, olhou-o com reprovação da entrada da tenda, onde tinha parado para interrogar um homem em seus quarenta anos com a cabeça raspada que também lhe lançou um olhar acusador. Envergonhado, Patrick catou os pedaços maiores da estatueta que terminaram de se destroçar em suas mãos. Do bloco de gesso restou apenas um cilindro de metal. Tal como havia imaginado, era o objeto que dava peso à antiguidade.

    Sem tentar responder ou dissuadir o dono, Patrick reconheceu sua culpa; prontamente guardou os restos da escultura na sacola de compras e lhe pagou três libras esterlinas. O dono da tenda pegou rapidamente o dinheiro e, sem contestar, tornou a desaparecer por detrás do cortinado e dos tapetes pendurados no teto.

    Sem mais delongas e ainda com o rubor de vergonha no rosto, Patrick retomou o passeio pelas ruelas e vitrines de Camden Town. Passados um tempo e o rubor, decidiu se sentar numa das barracas de comida mexicana e pedir um par de tacos dos quais deu cabo rapidamente. Sua cabeça só tornou a pensar na estatueta alguns dias depois.

    * * *

    Sua estadia em Londres chegava ao fim. Depois do café da manhã continental no restaurante do hotel, um pequeno, embora luxuoso, estabelecimento situado em Leinster Square, ele dedicou a hora seguinte para preparação da bagagem, ato que realizava por costume na manhã do dia anterior à volta aos EUA. Somente quando estava por concluir essa tarefa, seus olhos pousaram sobre a sacola de compras que ainda continha os restos da malograda estatueta. Ele a recolheu e examinou os restos com a esperança de fosse possível reconstruí-la. Alguns fragmentos eram pequenos demais para que pudesse arrumá-la. Examinou o cilindro de metal. Na parte superior percebeu uma linha fina que percorria toda sua circunferência, fora isso, não viu nenhuma outra marca, o que parecia confirmar a teoria de que a função dessa peça de metal não era outra senão dar peso à estátua. A ranhura, contudo, pareceu-lhe um detalhe inútil. Sendo um homem lógico, Patrick começou a apalpar o metal com mais cuidado. Instintivamente, tratou de girar o que parecia ser uma tampa no sentido dos ponteiros do relógio sem resultado algum. Já estava prestes a desistir quando lhe ocorreu experimentar o giro em sentido contrário. Para sua surpresa, a tampa cedeu, desenroscando até se separar do cilindro.

    Patrick arqueou as sobrancelhas louras, admirado, não apenas por descobrir a natureza do objeto, mas também por encontrar um rolo de papel amarelado escondido no seu interior. Com bastante cuidado, retirou o achado. Ao apalpar com os dedos o material, percebeu que precisava ser cuidadoso. O estado de precariedade do documento o fez pensar que se despedaçaria ao retirá-lo por completo de modo que decidiu extraí-lo com toda paciência.

    Fora do tubo metálico, transferiu o rolo para o criado mudo ao lado da cama e o abriu. Ajudado por alguns pedaços da estátua que usou como peso de papel, conseguiu impedir que o documento se enrolasse de novo. Era um texto escrito numa língua que ele não soube decifrar. À primeira vista, descartou a possibilidade de que fosse egípcio e, portanto, tê-lo achado escondido em uma esfinge não parecia estar relacionado com o seu possível significado. Também descartou que fosse sumério ou babilônico, já que, embora os símbolos não se parecessem com o alfabeto latino, não eram cuneiformes.

    Um dos cantos se soltou. A deterioração do rolo de papel o convenceu de que se achava diante de um autêntico documento antigo. Patrick sorriu ao pensar que era a primeira pessoa que o via em milhares de anos. Ocorrendo-lhe a ideia de que poderia acabar por estragá-lo completamente, principalmente antes que pudesse ao menos averiguar de que se tratava o tal vestígio, pegou o telefone celular e tirou várias fotos de diferentes ângulos, cuidando que o texto escrito ficasse legível em cada imagem.

    Terminada a sessão de fotos, enrolou o documento e o devolveu ao interior do cilindro de metal. Depois, depositou-o dentro de uma de suas maletas e discou o número do telefone de seu amigo Mike Carrigan, um velho arqueólogo aposentado que, certamente, foi quem o incentivou a colecionar velhos cacarecos. O aparelho chamou sem resposta. Na terceira tentativa, acionou a secretária eletrônica.

    — Oi, Mike. É o Patrick. Vou mandar para seu e-mail fotos de um documento que encontrei. Dê uma olhada nele e me diga sua opinião sobre ele. Provavelmente se trata de uma falsificação ou de um documento sem importância, mas o fato é que estava escondido no interior de uma estátua de gesso. Assim que souber de algo, me ligue. Volto para Bangor amanhã de manhã.

    Ao terminar a ligação, enviou pelo mesmo aparelho as fotografias para o e-mail de seu amigo. Depois de alguns segundos de hesitação, decidiu também mandar uma cópia para o seu próprio e-mail. Guardou o telefone no bolso interno da jaqueta e saiu do quarto disposto a dar um passeio em Hyde Park.

    * * *

    Hyde Park é, sem dúvida, um dos parques mais bonitos que se pode encontrar no centro de uma grande cidade e Patrick estava se convencendo disso por experiência própria. Em nenhuma de suas visitas anteriores a Londres tivera a oportunidade de ir ao parque com tamanha tranquilidade. Sem outras preocupações que não a de observar os transeuntes e começar a pensar numa história para o próximo livro. Fazia alguns meses que estava cogitando a ideia de adentrar o mundo do romance histórico, mas não estava muito convencido de ser capaz de fazê-lo. Talvez as constantes censuras de sua ex-mulher sobre a qualidade de seus escritos tivessem acabado por minar sua autoestima de romancista.

    — Com licença, tem fogo? — a voz de um homem magro com um pronunciado sotaque alemão o tirou de seus pensamentos.

    — Não fumo. Deixei faz quinze anos — Patrick se limitou a responder sem lhe dar atenção, seguindo o caminho em direção ao lago do parque.

    A primavera já exibia sua presença com maior exuberância. Os esquilos do parque atravessavam a praça, frenéticos, em busca da luz do sol, algo não muito habitual em terras britânicas por ser um lugar dominado por uma capa inamovível de nuvens.

    Ensimesmado diante do plácido ambiente, Patrick se sentiu totalmente surpreendido com a investida de dois sujeitos que apareceram do nada. Cada um segurou-lhe por um braço e ambos o arrastaram para trás de uns arbustos. Ali mesmo, fora da vista do público, desferiram-lhe socos e pontapés sem pronunciar uma palavra sequer. Ainda atônito com o ocorrido, Patrick não teve como reagir ao brutal ataque. Quando caiu contra o solo, um dos agressores aproveitou para revistá-lo. Tirando-lhe a carteira, esvaziou-a sobre a relva. Fez o mesmo com o conteúdo dos bolsos da calça e da jaqueta. Enquanto isso, aturdido pelos golpes, Patrick cedia à violenta inspeção. Um dos desconhecidos descobriu seu telefone, examinou-o e também logo o descartou, atirando-o junto aos demais pertences do escritor.

    Do mesmo modo que haviam aparecido, os dois agressores desapareceram por dentre as árvores do parque. Apenas quando estavam a alguns metros de distância, Patrick pode verificar que eles estavam vestidos em trajes típicos de skinheads ou hooligans.

    Tentou se levantar, mas era cedo demais para isso. Suas costas protestaram numa dor aguda. Com certeza seus agressores calçavam botas com uma espécie de ponta de ferro. Com esforço e meio zonzo, Patrick se sentou na relva e juntou suas coisas.

    — Precisa de ajuda? — uma voz feminina áspera soou

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