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Diana Carter E O Segredo Da Ibis
Diana Carter E O Segredo Da Ibis
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E-book241 páginas3 horas

Diana Carter E O Segredo Da Ibis

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Sobre este e-book

Um incêndio no Museu do Cairo. Uma misteriosa mensagem dentro de um livro. As chamas, a maldição do faraó, a tatuagem, a coruja. O mistério que se esconde por baixo das cinzas e do pó, viajando pela história do Egito Antigo e chegando às mãos de Diana Carter Anne. Quer saber como isso termina? Acompanhe essa aventura e mergulhe no passado da ibis. Classificação: +14
IdiomaPortuguês
Data de lançamento22 de fev. de 2018
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    Diana Carter E O Segredo Da Ibis - Sara M. De Queiroz

    Os Arquivos de Diana Carter

    –O Segredo da Ibis -

    Agradecimentos aos meus pais, familiares e amigos, pelo suporte, apoio, inspiração e motivação. Amo a todos e dedico esta obra para cada um de vocês .

    2

    INTRODUÇÃO

    No dia 4 de novembro de 1922, Howard Carter, grande arqueólogo inglês e apaixonado por egiptologia, descobriu a tumba do Faraó Tutancâmon, dando um enorme passo no estudo da história antiga.

    *****

    No dia 5 de abril de 1923, George Edward, o 5.º Conde de Carnarvon e financiador da expedição de Carter, morre por uma possível infecção, causada a partir da picada de um mosquito.

    *****

    ‚Para qualquer coisa que você possa fazer contra esta minha morada do Oeste, o mesmo será feito contra sua propriedade. Eu sou u m excelente sacerdote leitor, extraordinariamente instruído em feitiços secretos e em toda a sorte de magia. Qualquer pessoa que entre impura nesta minha tumba, depois de ter comido as abominações que os bons espíritos abominam, ou que não tenha se purificado como deveria, eu o agarrarei como um ganso [torcendo seu pescoço], enchendo-o de terror, fazendo-o ver fantasmas na terra. Mas para qualquer um que entre nesta minha tumba sendo puro e pacífico com relação a ela, eu serei seu arrimo protetor no Oeste, na corte do grande deus.‛ Antiga inscrição egípcia traduzida ao português.

    ‚Quanto àqueles que invadirem minha tumba (...) Saltarei sobre eles como sobre um pássaro; o grande deus julgará seus atos.‛ Antiga inscrição egípcia traduzida ao português.

    * ****

    3

    ‚Acho que ligando o nosso caso atual das visitas às tumbas, foi fácil estabelecer uma ligação direta no que pode ter acontecido aos arqueólogos que visitaram a tumba há tempos. Estou muito certo que pelo ao menos em alguns destes casos antigos, o fungo Aspergillus niger pode ter desempenhado esse papel.‛ David Silverman.

    *****

    ‚Quando a ibis surgia, todos já sabiam: Algo ruim aconteceria.‛ Lenda popular.

    *****

    ‚Eles correm atrás dos próprios rabos, e insistem em acreditar em algo que simplesmente nunca aconteceu. Poderiam investir todo esse tempo não para estudarem sozinhos e depois contarem essas mentiras para o povo, e sim, para ensinar o povo a estudarem e encontrarem a verdade.‛ Uma anotação dos escritos do jornalista Marcos Carter . (Pai de Diana)

    *****

    Você, que não tem medo do escuro, está convidado a viajar pelas sombras do passado e pelos perigos do presente. Sua bagagem é somente a fome por aventuras e a sede pelas respostas. Não crie expectativas.

    A autora.

    4

    CAPÍTULO 1

    ‚A morte vai atacar com seu tridente aqueles que perturbarem o repouso do faraó.‛

    Era o que estava escrito no pedaço de papel amassado e em perfeita caligrafia que achei dentro de um dos muitos livros que Martim havia levado para a expedição. O vento quente que entrava pelas brechas da tenda espalhava meus pensamentos e me deixava confusa quanto aos sentidos e a fantástica história que poderiam estar por trás daquela simples passagem.

    Ajeitei-me na almofada empoeirada e ergui o papel frágil contra a luz que penetrava da entrada da tenda. O calor fazia minha testa suar e grãos de areia estavam constantemente em cima de meus sapatos pretos.

    – Até morto apronta, rei Tut? – Falei em voz baixa, tentando interpretar a frase. Um costume meu.

    De repente, o lugar ficou mais iluminado e os ventos do deserto adentraram com mais força e, infelizmente, fizeram o papel sair de minhas mãos e ir diretamente para minha testa. Demorei alguns segundos para reconhecer o homem alto e de ares de explorador que entrara na tenda, devido à sombra que surgiu quando ele empurrou os panos para os lados, com uma força surpreendentemente desnecessária.

    – Você gosta de mexer nas coisas dos outros, garota do batom vermelho? – Martim se abaixou um pouco para andar pela tenda e chegar até mim. Depois se agachou para melhor caber ali dentro.

    Lancei um de meus sorrisos sarcásticos para ele e tirei o papel do rosto. E estava, infelizmente, úmido, devido ao suor que escorria pela minha testa.

    – E você gosta de interromper os outros enquanto se concentram em suas atividades? –Abaixei os olhos, ignorando sua presença.

    5

    – Então, a sua atividade é mexer nas minhas coisas. – Ele se apoiou no joelho bem na minha frente.

    Ergui o rosto e mostrei para ele a expressão de uma pessoa que segura firme a língua para não falar palavras obscenas. Afinal de contas, eu não podia ser grosseira com o historiador famoso que estava bancando minha viagem para o Egito, e que me deu uma boa matéria para trabalhar nas férias.

    – Eu já revirei a gaveta de roupas íntimas do presidente, professor Rodrigues. – Balancei a cabeça. – Faço isso para obter informações mais detalhadas sobre algo. –Me levantei da almofada, que devia ser vermelha, mas estava marrom (por causa da terra), e devolvi o pedaço de papel ao livro, onde o encontrei. Martim se levantou também .

    – Então tá... Mas poderia ter me chamado para... – ele abaixou mais ainda a cabeça, espiando o livro que eu estava segurando. – Debatermos juntos a maldição do Faraó.

    Voltou a olhar para mim, me lançando um sorriso que é comumente utilizado por alguns homens para atrair mulheres com carência amorosa.

    Entreguei o livro para ele, com um sorriso que deveria parecer simpático, e limpei o suor do rosto com um lenço que encontrei em cima de uma pequena mesa cheia de papéis e com duas lamparinas sujas. Sem me importar muito se era dele ou não. – Desculpe, mas você estava ocupado com um cara que segurava aquela grande câmera e vi, também, que ele pegava teu monóculo do bolso esquerdo do teu casaco, enquanto vocês conversavam sobre o documentário da expedição. E, além disso, eu estava querendo entender o que exatamente tenho que escrever na matéria.

    Ele fez uma expressão de estranhamento, enfiando a mão discretamente no bolso, ao mesmo tempo que fingia não acreditar em mim. Sempre suspeitei que aquele cara fosse o responsável pelo desaparecimento dos monóculos dos historiadores.

    – E aí? Achou? – Eu sorri.

    6

    Ele balançou a cabeça, ainda com a mão no bolso, provavelmente xingando mentalmente o cinegrafista.

    – Como você ...

    – Passei por vocês quando vinha para cá.

    Tirei o pó da minha blusa, que um dia já foi branca, e prendi meus cabelos volumosos. Ele repousou o livro sobre a mesa, ainda parecendo surpreso com o que eu dissera.

    – Não se preocupe, ele vai deixar o monóculo dentro da bolsa da câmera. Quando ele estiver dentro da tenda, você recupera de volta o que é seu. E não, eu não quis mexer nas suas coisas com má intenção. – Olhei para ele naquela posição engraçada (ele não cabia na tenda, era muito alto), e não pude deixar de sorrir. – Muito nervoso você está. – Bati no peito dele, o que o fez soltar um gemido. – Como andam as explorações? – Me estiquei para pegar minha pequena câmera no outro lado da mesa e a pendurei no pescoço.

    Ele ficou calado por um tempo, hesitou um pouco e mexeu na bandana xadrez.

    – Tem certeza que ele... – ele fez um gesto com as mãos, voltando a falar do cara que pegou seu monóculo.

    – Esquece isso.

    Ele suspirou, e deve ter ficado ainda mais estressado do que estava ante s.

    – As explorações estão longe do que eu esperava conseguir nesse calor infernal. –Ele limpou o rosto com o mesmo lenço que eu havia usado e arrancou um cigarro do bolso.

    Revirei os olhos, já sentindo o cheiro forte da fumaça. Mas, logo esqueci das reclamações dele e da fumaça quando saí da tenda.

    Contemplava a beleza de tudo aquilo que se estendia à minha frente: aquele lugar incrível de ventos quentes e solo repleto de mistérios. Eu estava muito animada com a expedição. Estávamos no último dia de escavações. Tudo estava uma correria desde o primeiro dia em que chegamos, quando participamos do 7

    encontro da Imprensa e História no Museu do Cairo, para um planejamento de cada dia de pesquisa e para fazer longas entrevistas com os historiadores e exploradores e nvolvidos. Martim podia parecer irritado com o andamento da expedição até aquele momento, mas eu estava muito contente em estar ali. Era uma ótima oportunidade para aprender com aqueles historiadores famosos e me promover.

    Comecei a descer do ponto alto onde estávamos e dobrei as mangas da camisa, como quem vai trabalhar com barro. Tirei do bolso traseiro da bermuda meus óculos escuros e os pus no rosto. Martim marchava ao meu lado, com os olhos apertados e usando um chapéu de explorador. Parecia observar atenciosamente a situação atual das pesquisas e o trabalho de toda a equipe que viera conosco. Mas, claramente, não estava satisfeito com o que tínhamos conseguido.

    Muita gente estava envolvida no projeto e sempre tinha serviço para ser feito, como a datação dos objetos encontrados ou a escavação. Havia mesas e tendas espalhadas por um longo espaço de terra e uma equipe de historiadores, professores, cientistas e jornalistas; onde estávamos: eu, que fui chamada por Martim, e outras nove pessoas, de um canal fechado, e ainda trouxeram muitas câmeras e uma tenda somente para o equipamento deles.

    – Nós conseguimos um bom material, Martim. Seu tio vai adorar.

    – Eu sei que conseguimos, mas você entende que ele sempre espera mais de mim do que de qualquer um daqueles amigos exploradores que ele tem, com trabalhos mais relevantes do que tudo que eu já tenha feito em toda a minha vida. –Ele fazia gestos com as mãos e falava apressado, engolindo letras.

    – O quê? Ele quer que você desenterre o marido da Luzia? – Ironizei. – Você está indo bem com a expedição. E muitas pessoas vão te aplaudir no evento do museu. Se aquelas autoridades te aplaudiram na cerimônia de abertura, aposto meu livro favorito de

    8

    Júlio Verne, que vão fazer isso hoje à noite. E, além disso, você tem René. – Brinquei.

    Ele soltou uma risadinha fraca e continuou me seguindo com seus passos largos. Depois de um caminho de subidas e descidas e de constante entrada de areia em nossos pés, tínhamos chegado a maior tenda, que ficava mais próxima da pirâmide e onde estava a maior parte dos equipamentos, empilhados em quatro mesas de madeira de cabriúva, formando duas fileiras que preenchiam quase todo o espaço que havia. Eu me impressionava com a quantidade de coisas que ocupavam as mesas. Isqueiros, charutos, bebidas, livros, documentos, chapéus, pincéis, e até umas pás de mais ou menos um metro.

    – Srta. Carter! Professor Rodrigues! Bom ver vocês! – A voz era a mais animada possível. E o sorriso que nos recebeu revelava que alguém estava gostando das descobertas do dia, e que não parecia sofrer muito com o sol.

    – Bonne journée, professor Marriette. – Eu disse, devolvendo seu sorriso e sua simpatia.

    Era um homem alegre, baixinho e com lenço xadrez no pescoço. Usava roupas apertadas com muitos botões, que o faziam andar de um jeito engraçado, balançando os quadris a cada passo. Um pequeno espaço sem cabelos em sua cabeça revelava a grande experiência em arqueologia que possuía. Suas mãos pequenas apertaram as nossas mãos e ele ainda deu um beijo nos nossos rostos. Fazia isso sempre que nos via.

    – Bonjour, professor. – Martim falou, tentando parecer simpático também, mas sua decepção estava explícita no rosto e até na maneira como se movimentava.

    – O que foi, meu amigo? – René bateu em seu ombro, sem deixar a alegria sair de seu rosto.

    – Está triste porque foi assaltado em pleno debate sobre o documentário que farão sobre a expedição.

    – Assaltado?

    – Não é por causa disso... – ele soltou um suspiro.

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    – Levaram o monóculo dele.

    – Pelos deuses... – René coçou os olhos. – Vraiment*? – C’est ça**. – Eu disse.

    – Não é isso, professor. É só que estamos lentos. Muito investimento e poucas descobertas incríveis. Quase nenhuma, para ser mais exato. – Ele olhou para mim e depois abaixou o rosto, tirando suas luvas de couro.

    – Mas ele realmente foi assaltado.

    René riu alto, o que fez Martim observá-lo com desprezo. Dava para ver que aquela aventura estava muito entediante para ele. E, provavelmente, sua cabeça estava cheia de pensamentos ligados às coisas horríveis que seu tio poderia dizer quando visse os resultados da expedição. Não o culpo. O tio realmente pedia muito dele, esperava muito de seus trabalhos. E essa pressão, com certeza, mexia com o psicológico dele. Ele estava sempre querendo mais, com um desejo insaciável por novas descobertas. Nada parecia satisfazê-lo. E isso estava começando a me incomodar. Dirigi-me a uma das filas de mesas e observei alguns documentos, enquanto René falava algo motivador para Martim com aquele sotaque francês inconfundível. Deveria haver algo ali que me ajudasse com o artigo ou me fornecesse alguma informação sobre aquela frase no pedaço de papel velho que encontrara no livro sobre a maldição do Faraó.

    Foi quando vi, entre os muitos livros de capas douradas e cheias de detalhes, um de capa pouco chamativa, e embaixo de muitos outros, intitulado de Antropomorfia Histórica. ‚Tão isolado‛, pensei. Eu o folheei, atraída pelo conteúdo e pela simplicidade da capa, observando lenta e atentamente os muitos desenhos dos deuses egípcios. Haviam muitas anotações passando por cima dos textos impressos, e pareciam ser bem antigas.

    (*Vraiment: de verdade, é mesmo, em francês. **C’est ça: isso mesmo, direito, certo.)

    10

    Aquele livro provavelmente pertenceria a René, de alguém de sua família de exploradores ou algum amigo do passado. Continuei as observações, e algo ainda mais inusitado chamou minha atenção: exatamente no meio do livro, havia um pedaço d e papel rasgado escrito Ammon 2911. Por alguns segundos, tentei relacionar a palavra a algum conhecimento sobre história do Egito. Infelizmente, não sou muito boa em história antiga, então nada de útil me veio à mente. Mas havia mais. A continuação que, para o meu azar, estava coberta por uma mancha escura e densa. A lgum símbolo ou palavra que certamente ajudaria na compreensão completa do que fora escrito. Suspirei, ‚Não, Diana... Nem tudo está perdido‛. Pois aquela caligrafia eu já havia visto em outro lugar. Não entendia o que significava o número ou a palavra, escritos no papel; mas estava certa de que a caligrafia me era familiar. Não podia simplesmente perdê-lo de vista. Tirei-o de dentro do livro e enfiei-o no bolso da bermuda, discretamente. Ainda dei uma última olhada nas páginas, procurando por algo que completasse o sentido da frase, alguma anotação ou algo do tipo. Mas não havia mais nada lá. Só mais desenhos e riscos, cobrindo os textos originais.

    – Tenho uma surpresa para você, filho. – René chegou perto de onde eu estava, tirando minha concentração, e pegou um vaso que parecia feito de ouro, com detalhes pretos em relevo, que estava do lado de onde eu havia tirado o livro de Antropomorfia. – Sabemo que é isso?

    Deixei o livro em um lugar separado, para que eu pudesse estudá-lo melhor depois, e me voltei para eles.

    – Um vaso? – Brinquei, me apoiando na mesa.

    – C’est ça! – Ele gritou aos risos. – Mas não é um vaso qualquer.

    Martim franziu a testa e levou a mão à cabeça. E René abria cada vez mais o sorriso de ‚olhem o que eu tenho aqui!‛. Com certeza queria que ficássemos com os olhos arregalados, o que não aconteceu com Martim, de início.

    11

    – Este vaso – segurou com cuidado o objeto que era um pouco maior que uma mão (uma mão normal, não a de René) – foi utilizado para guardar órgãos dos antigos faraós mumificados.

    – Não brinca! – Sorri sem acreditar no que estava vendo , erguendo rapidamente a câmera.

    – Não brinco, senhorita! – Ele riu, balançando as pernas.

    Foi um pouco complicado tirar uma boa foto com René se mexendo o tempo todo, mas ele logo percebeu isso e eu pude capturar uma imagem de qualidade. E ainda mais com um sorriso leve se formando no rosto de Martim também. Ele parecia ter encontrado finalmente algo um pouco mais interessante para mostrar, além de pedras com inscrições em hieróglifos, de dentro das pirâmides.

    – Quando o encontraram? – a pontei.

    – Os homens passaram a noite explorando a tumba de Menés e... bam! Aqui está ele! – ele ficou tão feliz que eu estava ficando com medo de o vaso cair de suas mãos pequenas.

    – Passaram a noite na tumba? – fiquei ereta e pus as mãos na cintura, olhando fixamente para René, e questionando-o sobre o trabalho que estava sendo imposto para os homens.

    – Não se preocupe. Eu não os obriguei a nada. E nenhum dos historiadores que estão chefiando obrigou-os também.

    ‚Eles têm muito vigor para trabalhar ...‛

    Martim pegou de repente o vaso das mãos de René, erguendo-o para a altura dos olhos e analisando cada curva. Foi um gesto meio agressivo, mas eu realmente espero que René tenha compreendido aquilo como fome por objetos de valor histórico. – Então deve ter mais desses. – falou Martim, quase que sussurrando.

    – Ah, se tem! – René, ansioso pelas novas descobertas, suspirou e se virou para observar o vaso com Martim. – Os órgãos não ficavam em um lugar só.

    12

    Voltei aos livros, ficando de costas para eles, e revirei alguns papéis antes de pegar novamente o livro sobre Antropomorfia.

    – E quando procurarão os outros vasos? – Perguntei, já com o livro em mãos.

    René estava prestes a me responder quando ouvimos gritos e uma agitação incomum de outras partes do acampamento. Corremos para fora da tenda, confusos e desnorteados, e vimos três homens montados em cavalos negros invadindo nosso espaço de exploração, voando por entre as muitas tendas e quase passando por cima dos trabalhadores. Três cavaleiros quase que totalmente cobertos (somente via-se seus olhos), se aproximaram da tenda maior: a nossa. Quanto mais chegavam perto, mais inquietos ficávamos. Martim colocou a mão por dentro do casaco e, com certeza, estava pegando no objeto mortal que sempre tinha guardado.

    – Martim... – falei baixo, lançando para ele um olhar de reprovação.

    Não queria que arranjássemos problema ali só porque Martim não conseguia se controlar.

    Os homens chegaram mais perto. Perto o suficiente para ficarmos a apenas dois metros de seus cavalos robustos. No entanto, tentar descrever o que sentiam ou o que queriam naquele momento era impossível, pois

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