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Castlevania
Castlevania
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E-book498 páginas6 horas

Castlevania

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Sobre este e-book

Nos tempos antigos, a paz e a prosperidade reinavam por toda a terra, e ninguém sequer questionava como seria o destino ou o que ele poderia trazer de infortúnio. As pessoas não temiam o futuro. Porém, na metade do século XIX, uma sombra se espalhou pela Valáquia, na Transilvânia, e ela se tornou o lar de muitas lendas sobre criaturas sobrenaturais, em especial uma, o Conde Drácula. Os espíritos dos depravados e dos corruptos despertaram o Príncipe das Trevas de seu sono forçado de cem anos. Capaz de se transformar em um morcego, um lobo e até mesmo em uma espiral de neblina, ele amedrontou a humanidade. Em busca da escuridão e evitando a luz, ele amaldiçoou Deus enquanto vagava pela terra caçando e sugando o sangue de jovens donzelas uma após a outra. Ele foi condenado à vida eterna. Agora que ressuscitou, a paz e a prosperidade foram completamente destruídas, e uma nuvem sombria de desespero se espalhou por todos os cantos. As hordas das criaturas das trevas percorreram as cidades e aqueles que recusaram jurar fidelidade ao Drácula sofreram mortes terríveis. Foi nesse momento que alguns heróis se levantaram, chamados pelo destino para derrotar o mal e livrar as pessoas desse pesadelo...
IdiomaPortuguês
Data de lançamento11 de mar. de 2022
Castlevania

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    Pré-visualização do livro

    Castlevania - Rfb - Senji Takai

    CASTLEVANIA

    悪魔城ドラキュラ -キャッスルヴァニア-

    [ Akumajō Dorakyura – Kyassuruvuania ]

    A Herança das Trevas

    RFB – Senji Takai

          Este livro é uma obra de ficção, baseado na livre criação artística do autor. O autor se baseou em dois jogos de video game chamados Castlevania 64 lançado em 11 de março de 1999 e sua sequência Castlevania – Legacy of Darkness, divulgado no Japão no dia 25 de janeiro de 1999. Ambos os jogos foram produzidos pela Konami. Quaisquer eventos apresentados nesse livro não tem nenhuma relação com a realidade.

    ÍNDICE

    Dedicatória        06

    Personagens       08

    Castlevania – Herança das Trevas – Parte I

    Capítulo 01 – Prólogo à Escuridão        19

    Capítulo 02 – Perigo no Lago da Névoa        32

    Capítulo 03 – As Miríades da Floresta do Silêncio        46

    Capítulo 04 – As Torres do Destino        72

    Capítulo 05 – Os Perigos da Propriedade Oldrey        113

    Capítulo 06 – Batalha Mortal nas Muralhas do Castelo       163

    Capítulo 07 – A Torre dos Duelos        180

    Capítulo 08 – Aquilo que o Demônio Procurava        196

    Castlevania – Herança das Trevas – Parte II

    Capítulo 09 – Uma Nova Batalha        221

    Capítulo 10 – A Grande Ameaça        258

    Capítulo 11 – Nas Ruínas de um Jardim Esquecido        290

    Capítulo 12 – O Inferno Subterrâneo        337

    Capítulo 13 – Cortejo Fúnebre        384

    Capítulo 14 – O Destino dos Cavaleiros Errantes        435

    Capítulo 15 – Aquilo que a Feiticeira Sempre Quis        468

    Capítulo 16 – O Confronto do Amor e da Dor        488

    Capítulo 17 – Amanhecer        523

    Termos e Nomenclaturas        562

    Referências Bibliográficas        568

    DEDICATÓRIA

    A luz e as trevas.

    Numa época distante,

    Eles travaram uma luta

    Pelo destino do mundo.

    Os anseios e as paixões.

    Tão logo acordemos,

    Sempre seremos gratos

    Pela proteção divina.

    A esperança e a vingança.

    Num castelo cheio de intrigas

    Os sentimentos tomam forma.

    Este livro é dedicado a todos que

    gostam de uma aventura sombria.

    Um desenlace de tristeza,

    Marcado por fortes laços.

    Do amor e da fraternidade.

    PERSONAGENS

    Cornell

    (コーネル Kōneru)

    Um guerreiro asceta capaz de se transformar em um lobisomem. Ele é conhecido como a Lua Azul Crescente (蒼き三日月 Aoki Mikaduki).

    Sua irmã foi capturada pelos servos do Drácula.

    Ada

    (エイダ Eida)

    A irmãzinha de Cornell é alegre e animada, e acabou sequestrada para ser usada como um sacrifício para que o diabólico Conde Drácula possa ser ressuscitado por completo.

    Reinhardt Schneider

    (ラインハルト・シュナイダー

    Rainharuto Shunaidā)

    Ele é o herdeiro dos Belmont, o antigo clã de caçadores de monstros. Ele está condenado a se opor às forças do Conde Drácula. Empunhando o chicote sagrado de seus ancestrais, o jovem assassino de monstros começa a sua jornada.

    Carrie Fernandez

    (キャリーヴェルナンデス

    Kyarī Verunandesu)

    Uma jovem maga descendente do clã Belnades. Sua mãe adotiva a protegeu na tentativa de evitar sua morte por condenação à magia pela inquisição religiosa. Ao ficar sabendo da ressurreição do Drácula, ela partiu para o castelo dele para detê-lo.

    Henry Oldrey

    (ヘンリーオルドレー

    Henrī Orudorē)

    Um jovem cavaleiro sagrado que foi salvo por Cornell quando era pequeno.

    É incumbido pela Igreja

    de salvar as crianças aprisionadas no castelo

    de Drácula.

    Actrise

    (アクトリーセ Akutorīse)

    Uma bruxa ambiciosa que está fascinada com os poderes de Cornell e de Carrie e almeja a beleza eterna. Seu objetivo é ressuscitar o Conde Drácula.

    Gilles de Rais

    (ジルドレ Jirudore)

    Um vampiro aristocrático que serve o Conde Drácula diretamente. Planeja ressuscitar seu mestre usando todos os meios disponíveis.

    Ortega

    (オルテガ Orutega)

    Amigo de infância de Cornell. Ortega é um homem-fera e um mestre nas artes marciais.

    A rivalidade saudável que tinha com o amigo torna-se sua obsessão por poder e ele acaba trilhando o caminho das trevas.

    Renon

    (レノン Rinon)

    Um vendedor demoníaco que oferece diversos tipos de magias e armas para os aventureiros no castelo do Drácula. Parece que está ajudando os heróis, mas seus objetivos são obscuros.

    Rosa

    (ローゼ Rōze)

    Uma linda mulher, que acabou sendo infectada por um vampiro. Outrora uma criada no jardim de rosas do castelo, hoje, sua alma tem lutado contra o sangue demoníaco. Apaixona-se por Schneider.

    Morte

    (デス Desu)

    Uma vil criatura conhecida como o Ceifador Sinistro (死神 Shinigami). Ele existe desde os tempos imemoriais e se disfarça entre os integrantes da corte do Drácula.

    Charles Vincent

    (チャーリー・ビンセント 

    Chārī Binsento)

    Ele se autodeclara um caçador de vampiros, mas todos que o conhecem sabem o quanto lhe falta experiência. É um admirador do clã Belmont e decidiu aventurar-se no castelo do Drácula para resgatar as crianças e derrotá-lo.

    Malus

    (マルス Marusu)

    Um jovem misterioso que alega ter sido raptado de um vilarejo na Transilvânia e levado ao castelo do Drácula. É um violinista prodígio e tem uma forte admiração por Carrie.

    Drácula

    (ドラキュラ Dorakyura)

    O terrível Conde Drácula

    almeja manchar a sagrada

    terra da Transilvânia para

      poder ressuscitar por

    completo. Ele se diverte

    com o sofrimento de todos

    e se disfarça para observar

      as ações de seus lacaios.

    CAPÍTULO 01

    Prólogo à Escuridão

    A Transilvânia é um país que está em paz há cem anos, e os camponeses e aldeões começaram a limpar suas mentes das memórias dos tempos em que as terras eram dominadas pelo caos e pelas sombras, e quando os mortos-vivos andavam pela terra.

    Porém, há quem lembre que o malvado Conde Drácula volta a cada século para atormentar a terra, trazendo consigo as forças do Inferno. Assim, uma noite, o Rei das Trevas se levanta e retorna ao seu majestoso castelo, o legendário Castlevania, sua casa ancestral chamando seus lacaios para purificar o mundo da raça humana.

    O povo clama por um herói – alguém que os defenda dos desejos malignos do conde. Felizmente, eles não precisam ir muito longe, pois dentro da terra da Transilvânia a linhagem dos Belmont ainda vive.

    O problema é que ninguém sabe ainda quem herdou seus propósitos de expurgo dos demônios e quem é o atual usuário do lendário chicote chamado Vampire Killer. Ninguém sabe em quem confiar. Se é que há alguém disposto a se levantar para combater o mal.

    Todos estão nas trevas, porém mesmo assim há aqueles que partiram em uma jornada através dos campos escuros até o castelo do Lorde das Trevas. Cada um travou seu caminho através de legiões de zumbis, morcegos gigantes e até mesmo diante da própria Morte, mas no final, poucos conseguiram se aproximar do vil aristocrata e pôr um fim em sua onda de terror e marginalização.

    Já houveram tantos confrontos para pôr fim a tirania do conde, mas nenhuma apresentou um resultado definitivo. O mundo está permeado por guerras.

    Qual foi o preço?

    A salvação de poucos? O repovoamento pelos humanos? A extinção de criaturas sombrias e desconhecidas? O geocentrismo ilustre? O fim do paganismo?

    É difícil responder.

    Tudo o que os antigos sabem é que o terrível Lorde das Trevas lança uma maldição de morte sobre todos os aventureiros que se atrevem a enfrentá-lo, sem se importar com a longa e perigosa jornada deles no futuro próximo.

    Ou seria um futuro sombrio?

    Era difícil dizer.

    [...]

    Um grito corta o silêncio da floresta.

    Uma mulher corre desesperada pela floresta em busca de ajuda. Ela grita sem parar, correndo o mais longe possível da ameaça que a persegue implacavelmente.

    Um homem-fera, com feições leoninas, se aproxima.

    A mulher vira para trás e olha aterrorizada aquele monstro sorridente. O grito dela é cortado por garras ferozes, e tudo o que se pode ver é o seu sangue jorrar, manchando as folhas das árvores.

    A lua brilha branca nos céus.

    E o vento frio sacode as folhas daquele lugar triste e solitário. Tem início a caça às virgens de Valáquia após tantos anos em que o mal permaneceu adormecido.

    [...]

    Já passa da meia-noite.

    Passos podem ser ouvidos nos corredores de um estranho castelo ao norte. Uma fortificação antiga ressurge das sombras, cujo silêncio é cortado pelos portões que começam a se abrir.

    A horda de criaturas da noite está aguardando o tão sonhado momento. Um século já se passou.

    Enquanto isso, um misterioso homem pálido com feições diabólicas resolve subir as escadarias do castelo até a torre mais alta, onde as luzes estão acesas.

    Ele parece contente e seu respiro pode ser ouvido como um sussurro sinistro. Em questão de minutos, ele já alcança as escadarias da torre e ele resolve subi-las rapidamente com uma lamparina acesa em mãos.

    A noite está lívida e o vento muito gelado, mas aquele estranho homem não sente nada, exceto curiosidade em ver o que estava se passando naquela torre de menagem.

    É claro que aquele homem tinha suas excentricidades e se deliciava com cenas de horror dos prisioneiros do castelo.

    A noite estava perfeita. Do alto da escadaria, aquele homem se divertia em ver dois irmãos se digladiando para ver quem sobreviveria primeiro à mordida dos vampiros sedentos por sangue no jardim.

    Ao virar-se, algo chamou a atenção de seus olhos vermelhos. Algumas crianças tentavam escapar de seus perseguidores na ala leste. O tapete azul do corredor foi tingido de vermelho com a marcha vampiresca.

    Embora aquele homem estivesse acostumado a ver aquilo, ele não entendia o porquê de as vítimas terem o costume de se esconder em armários nos quartos. Era o lugar mais óbvio onde os perseguidores sanguinários as localizariam.

    Apesar de estar longe, aquele homem de olhos vermelhos e presas salientes enxergava bem no escuro e escutava perfeitamente os últimos momentos das vítimas humanas do castelo.

    Os vampiros não se contentavam com apenas uma gota de sangue, e na opinião daquele homem, aqueles vampiros de classe inferior perdiam tempo demais com uma única presa.

    O castelo não era mesmo um ambiente seguro.

    Alguns adultos e crianças conseguiram escapar para uma vila¹ próxima, onde estava o último reduto de humanos daquele castelo sombrio. Apesar da barricada, Gilles de Rais, o homem que se deslumbrava com o cenário de horror, não se atreveu a mover um pé daquela escadaria.

    Algo estava para começar, mas ainda podia esperar um pouco mais. Ele queria ver mais humanos agonizando e entrar em êxtase com o cheiro de seu sangue. A tentação era grande. Ao fechar os olhos, ele via o quanto as crianças fugiam assustadas das criaturas do castelo.

    A porta da residência da vila não abria. A barricada foi muito bem feita, então os sobreviventes tinham que contornar a casa e entrar pelo fundo. As crianças gritavam, e sem querer atraiam a atenção dos vampiros sedentos por sangue.

    Os adultos queriam entrar na casa, mas tudo estava trancado. Seus gritos de horror foram ouvidos pelas crianças que haviam conseguido entrar por uma bifurcação atrás de uns arbustos. Elas tapavam os ouvidos enquanto outras batiam desesperadamente na porta de quartos em quartos.

    Quando perceberam que não podiam se esconder nos quartos, elas desceram as escadas. Gilles de Rais não precisava se preocupar em perder aquele espetáculo por conta das muralhas e outras torres auxiliares do castelo. Nada bloqueava sua visão tão aguçada quanto de uma águia.

    Ele sabia muito bem que as crianças sobreviventes estavam correndo em direção à cozinha. Elas fecharam a porta completamente e nenhuma luz adentrou o local. Para o deleite dele, as crianças que já estavam na cozinha se recusavam a abrir a porta para as outras que acabaram de se aproximar.

    O bate-boca atraía a atenção dos outros vampiros e em alguns instantes, as crianças que estavam no corredor bem como aquelas que estavam na cozinha experimentaram a sensação do escuro. A mesma sensação de impotência, que os cadáveres dos adultos nas mãos dos vampiros, haviam tido.

    A luz se apagou para todos eles. Ninguém foi poupado.

    Giles de Rais continuava subindo a escadaria. O escuro da noite era iluminado apenas pela tocha que tinha em mãos. A lua estava coberta por nuvens densas. Aquele homem estava realmente intoxicado com o cheiro de sangue e o deleite das demais criaturas da noite.

    Porém, o que estava para acontecer no alto da torre era sua maior expectativa.  Assim que ele se aproximou, os portões da torre se abriram sozinhos. Ele resolveu se apressar ainda mais e caminhou pelo tapete vermelho no salão interno da torre, onde diversas outras lamparinas já estavam acesas.

    O ritual estava prestes a começar.

    Giles se aproxima de um altar no centro da torre. Ele cumprimenta com o olhar uma mulher misteriosa com um vestido preto adornado com joias brilhantes. Seu rosto esboçava um sorriso de desdém enquanto ela segurava firmemente um cajado com uma safira em sua ponta.

    O homem se aproximou do altar e um pouco mais adiante havia mais alguém. Era uma criatura bizarra. Ela vestia um longo capuz negro e segurava uma foice. Ao dar um passo, asas negras surgiram em suas costas e ela avançou em direção ao grande sarcófago, onde a jovem capturada na floresta estava desacordada, e gravemente ferida.

    A jovem estava recuperando a consciência e ao ver o rosto daquela criatura, ela ameaçou gritar ainda mais alto do que havia feito na floresta. O capuz caiu para trás e ela notou que aquele era o rosto sombrio da criatura.

    Uma caveira viva, sorridente, que balançou a foice em um rápido movimento, e mais sangue jorrou em cima daquele caixão. Tanto a mulher quanto o homem estavam maravilhados com aquela cena horrível, e o interior do caixão começou a brilhar. Algo implodiu dele.

    Nenhuma outra criatura poderia encabeçar aquela cerimônia diabólica senão a própria Morte. Naquele momento, ela era a única capaz de concretizar o ritual, o qual muitos haviam falhado, gerando sacrifícios desnecessários.

    A torre de menagem daquele castelo era um palco circular. As criaturas das trevas, não apenas do castelo, mas também de todos os cantos do mundo se sentiram inquietas. Após terminar de recitar algumas notas necromânticas, a Morte enfim se contentou com o término do ritual.

    – Um corte divino... – Antes que Gilles de Rais terminasse a frase, a Morte o encarou.

    O cadáver da jovem donzela se desintegrou completamente. Seus ossos se transformaram em pó. A energia vital de seu corpo foi drenada completamente. E uma forte luz azul preencheu o local enquanto Gilles de Rais percebeu o quanto a Morte queria que todos ficassem em silêncio.

    Alguns morcegos começaram a voar para longe. Todos os presentes observavam maravilhados o ritual das trevas ser bem sucedido. A vil criatura de asas negras resolveu fazer um aceno. Ela abaixou a foice e se ajoelhou para cumprimentar aquele, que um dia foi reverenciado como Príncipe da Antiga Valáquia. O maior de todos os seus guerreiros da Transilvânia estava de volta para cumprir sua vingança contra a humanidade.

    Um homem grisalho e de barba se levantava de seu caixão. Sua pele era ainda um tanto mais flácida comparada à de Gilles de Rais. Ele estava vestindo um longo terno cinza azulado sob uma capa azulada com um forro vermelho. Aquele homem era um vampiro com uma faixa pendurada até o ombro até a cintura e ele calçava botas grandes e pesadas. A pele dele era mesmo mais azulada do que a dos demais vampiros. A face da sabedoria pairava naquele rosto enrugado e com cicatrizes.

    Porém, suas presas eram mais afiadas e seu aspecto ainda mais nobre. Em seu sorriso, ele mostrou os caninos ferozes e enfim, seus servos fieis viram chamas surgirem de suas mãos.

    – O tesouro que busquei durante séculos enfim está aqui. – O Anjo da Morte, o Ceifador Sinistro se pronunciou enquanto aquela figura imponente saía do caixão.

    A luz azul se dissipou e os servos ficaram contentes com aquele sinal. Gilles De Rais mal pôde conter a alegria ao ver seu mestre vivo uma vez mais. Essa era a ordem que seus servos aguardavam. O sinal foi dado. Já era tempo das hordas malignas avançarem pela Transilvânia.

    Assim que o Lorde das Trevas ergueu as mãos, seus servos finalmente compreenderam que aquele era o símbolo do início da marcha contra os humanos.

    Uma longa guerra começou.

    Ninguém sobreviveria ao massacre e as hordas das trevas já aterrorizavam os vilarejos mais próximos do castelo e mal esperavam poder ampliar seu poderio para cruzar a fronteira e invadir os países vizinhos.

    [...]

    Ao fechar os olhos, o Conde Drácula fez sinal para seus servos o deixarem sozinho na torre de menagem. Gilles de Rais foi o único autorizado a ficar. Drácula o incumbiu de uma importante missão.

    Enquanto planejava os detalhes com ele, a Morte solicitou que a bruxa misteriosa o acompanhasse, pois ela ainda tinha assuntos pendentes a tratar com alguns invasores, que foram capturados e resistiam às trevas com o pouco de forças que tinham.

    Enquanto isso, o conde já podia sentir que as aldeias mais próximas estavam em chamas. Suas hordas haviam se preparado há muito tempo e eram eficientes. As outrora casas com telhados rústicos e suas chaminés desmoronavam diante do fogo, que consumia a palha das casas incansavelmente. O cenário era desolador.

    Os gritos de desesperos dos humanos que ali viviam foram silenciados há algumas horas pelos homens-caveira, uma horda de esqueletos humanos trazidos à vida pelos poderes sombrios do Lorde das Trevas.

    Eles assumiam uma identidade violenta quando se erguiam dos túmulos. Atiravam pedaços do próprio corpo nas vítimas para desacordá-las ou impedir sua fuga, e então quando elas estavam vulneráveis o bastante, eles a agrediam sem parar.

    Os pobres aldeões estavam atirados nas ruas. Mortos. Havia sangue por todo o local. As janelas e as portas quebradas. Tudo estava sendo consumido pelas chamas. E de repente, um homem surgiu das sombras da floresta mais próxima.

    Ele era forte. Tinha um físico invejável. O que mais chamava a atenção eram seus cabelos brancos. Algo atípico para os moradores daquela região, cujos cabelos oscilavam entre preto, meio grisalho ou castanho. Ele tinha olhos azuis como o mar gelado e suas roupas eram muito finas. Apropriadas para um lutador. Um guerreiro ágil.

    Ele já havia sentido que algo estava errado ao cruzar o cemitério local. Os túmulos haviam sido violados. Ele havia notado que a terra havia sido escavada se dentro para fora. Os caixões estavam abertos. As lápides reviradas.

    Ao sentir o cheiro de sangue, ele adentrou o vilarejo, destruindo os homens-caveira sem muitas dificuldades. Seus movimentos eram sutis, mesmo diante daquele banquete hediondo. Os homens-caveira tentavam derrubá-lo, mas em vão.

    – ADA! ADA! – Aquele homem gritava desesperado. – ONDE VOCÊ ESTÁ, ADA?

    Sim. Aquele pobre homem estava à procura de alguém. Alguém que ele conhecia. Alguém muito preciosa, mas ao sentir o cheiro de sangue dela, ele ainda esperava encontrá-la com vida. O problema é que em meio aquele caos, não havia nenhum sinal dela.

    – ADA! ME RESPONDA!

    Os homens-caveira continuavam saltitando de emoção por conseguirem cumprir as ordens de seu mestre, que ainda não havia se revelado. Porém, aquele pobre homem resolveu ignorá-los por um instante e parou em frente a uma casa em particular.

    Ele sentia o cheiro de sua irmã vir daquela casa, mas não pôde se aproximar muito, pois as chamas já haviam consumido toda a madeira, e ela desabava aos poucos. Embora sentisse que era o seu dever entrar naquela casa em chamas, o homem de cabelos brancos preferiu não fazer isso.

    Apesar de tudo, ele sentia o cheiro de sua irmã se afastar cada vez mais e ele tinha urgência de encontrá-la após anos sem retornar para o vilarejo. A busca dele por uma cura para a doença que enfrentava não havia trazido nenhum resultado.

    E agora que voltou, ele era obrigado a encarar a dura realidade. Sua irmã havia sido capturada por forças das trevas, e tudo o que restou de lembrança foi um pingente, um colar em formato de lua com uma safira em seu centro.

    Aquele era o presente que ele havia deixado para Ada antes de partir em busca da cura. Ele tinha certeza que após ver as lágrimas de tristeza dela naquele dia, ela jamais deixaria o pingente para trás; mesmo se estivesse em perigo.

    Ele sabia qual era o único lugar para o qual ela havia sido levada.

    [...]

    O nome daquele homem preocupado era Cornell. Ele era conhecido como a Lua Azul Crescente. Através da magia dos antigos, este guerreiro homem-fera obteve um corpo físico quase imortal e um poder que ultrapassa o das feras e outras criaturas da noite.

    Os homens-feras, escolhendo viver harmoniosamente com os humanos, selaram seus enormes poderes mágicos para impedir que fossem usados descontroladamente. No entanto, por meio de um severo treinamento ascético, Cornell adquiriu a arte de liberar o poder selado do homem-lobo, sobretudo em dias de lua cheia como aquela.

    Após um ano de viagens, Cornell aprimorou-se e correu de volta para sua aldeia apenas para descobrir que os espíritos malignos haviam incendiado a aldeia. Sua irmã caçula se chamava Ada e ela foi levada pelos espíritos malignos.

    Ele sabia que devia salvá-la. Porém, algo o incomodava desde que começou a correr pela floresta. Havia outro cheiro muito familiar. Alguém que ele conhecia. Em meio aquele turbilhão, o cheiro de sangue de uma mulher podia ser sentido, e o vento carregava as folhas marcadas com seu sangue.

    A princípio, Cornell usou seu olfato apurado de homem-lobo para rastrear o cheiro do sangue de sua irmã, e alegrava-se ao perceber que aquele sangue que viu na floresta sombria não era o de sua irmã. O ano é 1844. Muitos guerreiros já haviam enfrentado o demônio. Nenhum retornou para contar a história. Agora, a verdade que foi envolta na escuridão das trevas será revelada porque chegou a vez de Cornell enfrentar essa batalha, mesmo sozinho.

    CAPÍTULO 02

    Perigo no Lago da Névoa

    Os sentidos apurados de Cornell o conduziram a uma colina próxima à aldeia em chamas. A fumaça podia ser vista ao longe, mas ele estava mais fascinado, e também preocupado com aquilo que estava a sua frente a alguns quilômetros.

    O vento dissipou a névoa que cobria aquele lago turvo. Os humanos capturados morriam afogados enquanto eram tragados para o fundo dele. As criaturas das trevas levavam seus cadáveres para um estranho e solitário castelo, localizado em uma ilhota no meio daquele lago.

    A luz brilhava intensamente vermelha nos céus.

    Cornell sabia que não podia fazer nada por aqueles pobres humanos, mas não podia desistir. Ada ainda estava viva e seu cheiro vinha de uma embarcação ancorada a caminho do castelo. Cornell se apressou e pegou o primeiro barco que viu.

    Ele deu um impulso para poder fazer o barco se mover em direção àquela misteriosa caravela. Ele notou que havia criaturas das trevas nela. As tochas estavam acesas e ele precisava se apressar.

    De repente, ele sentiu o barco ficar mais pesado.

    – Meu senhor, recomendo que não faça isso. A água agitada poderá atrair coisas inimagináveis.

    Cornell não sentiu a presença daquele homem. Ele não exalava nenhum odor. Sua voz era suave e seu corpo estava coberto por um longo capuz acinzentado.

    – Você vai ficar no meu caminho? – Cornell não estava com bom humor.

    – Oh, não! Eu vim ajudá-lo! – O misterioso homem respondeu e num estalar de dedos, um remo surgiu em sua mão e ele começou a navegar.

    Cornell tentou se equilibrar na polpa do barco. Era difícil distinguir se aquele homem estava sorrindo ou se estava assustado. O rosto dele estava coberto pelo capuz. Cornell não tinha muita opção caso quisesse invadir a embarcação das criaturas vis. Se algum monstro o capturasse em água, ele não teria chances e sua missão de resgate seria perdida.

    A viagem de barco seguiu sem muito diálogo. Cornell não queria detalhar os motivos de sua viagem, e por sua experiência, quanto menos informações desse, maior seriam suas chances de se infiltrar em território inimigo.

    Por mais que custasse acreditar, ele sabia que havia adoradores do demônio por todo o lugar. O barqueiro talvez fosse um dele, afinal ele surgiu como em passe de mágica e Cornell se sentia desconfortável perto dele.

    – Esse é o máximo onde poderei guiá-lo. – O barqueiro disse e apontou para uma corrente no casco da embarcação.

    Cornell reparou o quanto aquela caravela era antiga. A madeira estava podre, mas apesar dos furos nas laterais, ela ainda se mantinha firme no meio daquele lago enevoado. A névoa começou a ficar mais forte, e Cornell se agarrou a corrente e começou a subi-la.

    Ao olhar para trás, ele notou o barqueiro fazer um aceno e desaparecer em meio à névoa. O remo dele bateu no bote e fez um ruído, cortando o silêncio daquele local. Cornell notou que inúmeras bolhas brotavam da superfície do lago e não quis esperar para ver do que se tratava.

    Ele subiu rapidamente e entrou na embarcação. Não havia ninguém na popa. Tudo estava em silêncio. As chamas nas tochas das pilastras ardiam, e tudo o que Cornell podia ouvir eram os mosquitos sendo chamuscados.

    Era assim que ele se sentia, um mosquito atraído em direção a luz. Porém salvar Ada era tudo o que importava. Gritar não seria bom, pois as criaturas das trevas poderiam ficar atiçadas em matá-la. Cornell procurou vasculhar aquela caravela o mais rápido possível e em silêncio.

    Ao se aproximar da cabine, Cornell sentiu algo se aproximar. Era um vulto estranho, mas ele preferiu dispersá-lo apenas com as mãos. Novos vultos começaram a se ajuntar perto dele, e então ele subiu no mastro para ter uma visão melhor do que estava acontecendo.

    Era uma horda de fantasma, atraída pelas luzes das tochas daquela caravela. Seja quem fosse o responsável por acendê-las, Cornell sabia que tal pessoa não queria ninguém zanzando em sua embarcação.

    O incrível era que ele não conseguia farejar ninguém por perto. O cheiro de peixes mortos atrapalhava seu olfato. Talvez o motivo fosse o forte nível de acidez daquela água. Cornell tentava afugentar os fantasmas com suas garras.

    À medida que saltava pelos mastros, Cornell acionava as alavancas que encontrava e acidentalmente acabou acionando mais do que deveria. A embarcação começou a se mover e isso atraiu atenções inesperadas.

    Ao descer para o convés, o rapaz sentiu um cheiro forte de lodo misturada a sal se aproximar. Eram diversos cheiros. Da superfície do lago, diversas lanças brotaram e Cornell notou que os homens-peixe haviam cercado a embarcação.

    Cornell sabia que eles tinham guelras ao invés de brônquios. Porém, era incomum eles mergulharem para fora daquela maneira. Alguma coisa estava perturbando seu sono e Cornell desconfiava que era a embarcação.

    Os homens-peixe eram uma espécie incomum de comportamento menos hostil e que protegiam catacumbas e dutos subterrâneos. Encontrá-los no meio daquele lago era estranho, mas Cornell precisou combatê-los.

    Quanto mais demorava em matá-los, mais eles se amontoavam no convés para cercá-lo. Cornell correu em direção às portas da cabine e se trancou lá dentro.

    Quando ia cruzar o corredor, ele foi surpreendido por um dos homens-peixe, que conseguira entrar pela janela. A criatura expeliu um ácido de seu estômago, e Cornell desviou a tempo. Havia uma única porta adiante e Cornell precisou forçar sua saída.

    Após matá-lo com suas garras, Cornell arrombou a porta e foi parar na dispensa, onde havia algumas caixas. O lugar fedia a mofo e Cornell aventurou-se sem pestanejar pelas vigas. Algumas estavam podres e ele fez de tudo para não cair, mas outros homens-peixes já haviam armado uma emboscada.

    Eles eram especialistas em caçar em cardumes, relativamente inteligente, ainda mais com uma artilharia de machados de combate e escudos. Por mais que Cornell os atacasse com suas garras afiadas, atingi-los mortalmente era complicado por conta de seus escudos.

    – Devo avisá-los de que como peixes no jantar – Cornell os ameaçou à medida que eles o cercavam.

    Todos os homens-peixes silvaram para ele em fúria e o ameaçaram com seus tridentes. Todos os oito homens-peixes avançaram com tudo sem compreender o que Cornell havia falado. De repente, numa fração de segundos, um relâmpago tomou conta do local, e os monstros foram afugentados para longe. Alguns caíram no convés; outros atravessaram os anteparos e foram parar em outras áreas da embarcação. Cornell havia entrado em frenesi e uivava sem parar.

    Aos poucos, ele voltava ao normal, embora o processo ainda fosse um tanto vagaroso.

    – Vocês querem mais? – O homem-lobo perguntava um pouco ofegante.

    Era estranho ele estar tão cansado. A batalha mal havia começado. Quando deu por si, outros cinco homens-peixes surgiram e avançaram ferozmente. Cornell viu-se encurralado em pouco tempo e percebeu que havia uma porta próxima que provavelmente o levaria aos conveses inferiores.

    Os homens-peixes eram realmente territorialistas, mas vendo-os caçar em cardumes tão ferozmente daquela maneira era muito suspeito. Alguma coisa estava acontecendo e o lago inteiro parecia estar dominado por um tipo de força misteriosa. Algo muito obscuro.

    Era uma energia maligna tão poderosa que Cornell sentia preencher aquele lago, que um dia foi cercado por peixes e aves, mas que agora exalava um cheiro podre muito forte, o qual fazia os homens-peixes se sentirem à vontade. Aquele confronto inesperado fazia Cornell acreditar ser um invasor de lares.

    Visto que ele seguiu o rastro dos malfeitores da aldeia até aquele ponto, o homem-lobo não se sentia culpado por ter que matar os homens-peixes. Eles até podiam ser homens-feras, mas de certo modo, Cornell sentia um frenesi. Algo excitante e que o deixava cada vez mais sedento por sangue.

    Lutar sozinho tinha suas vantagens. O homem-lobo começou a concentrar energia em suas mãos e à medida que os oponentes apareciam, ele as disparava em forma de uma lâmina lunar. Os homens-peixe ergueram seus tridentes e pararam de súbito. Eles estavam assustados com a nova habilidade do homem-lobo. Precisavam de tempo para pensar em um contra-ataque ainda mais massivo.

    Cornell acreditou que eles fossem recuar, mas os remanescentes começaram a se levantar e avançaram junto com outros homens-peixes que haviam adentrado aquele convés para atacá-lo. O homem-lobo correu para a porta mais próxima e percebeu que ela levava para um beco sem saída.

    Os homens-peixe se aproximavam e nesse momento Cornell notou um buraco no corredor que dava acesso a outra área da embarcação. Ele saltou em meio à escuridão. Quando abriu os olhos, Cornell viu-se em um outro corredor e no fim dele havia uma porta entreaberta.

    Dois homens-peixes haviam saltado para dentro daquela área e Cornell avançou com tudo e quebrou aquela porta. Lutar naquele espaço estreito com duas feras segurando tridentes não seria uma boa ideia. Cornell precisava de mais espaço, e tinha que poupar energias, pois ainda haviam mais inimigos para serem abatidos.

    Além da porta destruída, havia uma grande área. Cornell percebeu que aquele era o porão de carga. Ele olhou em volta e notou diversas caixas grandes de madeira espalhadas. Quando olhou para cima, ele notou uma saída do outro lado do porão.

    Enquanto tentava encontrar um caminho para o segundo nível da embarcação, e assim poder sair daquele porão escuro e com cheiro de mofo, Cornell não ouviu mais os inimigos se aproximarem. Tudo havia ficado em silêncio repentinamente.

    Ouviu-se um estrondo e os homens-peixes começaram a sair da embarcação o mais rápido possível. Restou apenas aqueles que foram mortos por Cornell e alguns feridos, que estavam tremendo. Tudo ficou em completo silêncio.

    E então algo começou a rasgar o casco do navio. Cornell foi arremessado a alguns metros dentro do porão e quando recuperou os sentidos, ele notou uma garra gigante flexionar as presas pontiagudas e desaparecer pela fenda do casco.

    A água começou a inundar o porão. Em seguida, os homens-peixes aproveitaram a brecha para

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