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Éden - Parte 2: Éden
Éden - Parte 2: Éden
Éden - Parte 2: Éden
E-book197 páginas2 horas

Éden - Parte 2: Éden

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Sobre este e-book

Você sobreviverá à uma nova praga? 

Anjos: eles estão entre nós. Eu sei. Há um preso dentro de mim. Mas a imagem que você provavelmente tem desses "ajudantes de Deus" é errada, posso garantir. Eles são uns maníacos idiotas. 

Anna Meisner acorda, nua e com medo, amarrada a uma cadeira em um quarto escuro. À frente dela está sentada uma mulher que é a sua cara. Com lágrimas nos olhos, a mulher coloca uma arma na cabeça e se mata. Anna não é encontrada até dias depois e em estado de hipotermia, à beira da morte. Mas quando ela acorda no hospital, ela descobre que o policial não a vê como vítima, mas como suspeita. É o começo de uma série de eventos catastróficos do qual ela não tem escolha a não ser fazer parte. É esse o fim da humanidade? 

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento22 de ago. de 2018
ISBN9781547540662
Éden - Parte 2: Éden

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    Éden - Parte 2 - J. Sharpe

    Éden

    Parte 2

    ––––––––

    J. Sharpe

    Tradução

    Iolanda Cândido

    Copyright © 2016 por Zilverspoor e J. Sharpe

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, distribuída ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, incluindo fotocópia, gravação ou outros métodos eletrônicos ou mecânicos, sem a prévia permissão do editor, exceto no caso de breves citações incorporadas em revisões críticas e outros usos não comerciais permitidas pelas leis de direitos autorais. Para solicitações de permissão, escreva para o editor, endereçado Atenção: coordenador de permissões, no endereço abaixo.

    Zilverspoor

    www.zilverspoor.com

    Holanda

    Parte 2

    Um futuro solitário

    -16-

    Dias atuais – três meses depois

    ––––––––

    Estou no chão, dentro de um vazio cinzento, onde o tempo foi banido, a neblina se enrola em tufos ao meu redor e, o som mal consegue penetrar o ar pra alcançar meus ouvidos. Meu corpo treme de medo, minha boca seca. No mundo real, suor escorre pelo meu corpo – eu posso sentir daqui.

    Eu sei que esse mundo das sombras não é real. Já estive aqui antes – pra falar a verdade, eu visito este lugar pelo menos três vezes por semana. É como se meu cérebro tivesse só alguns vídeos disponíveis pra me mostrar enquanto durmo, e não tem interesse algum em escolher qual deles antes de eu ir dormir.

    Eles estão vindo. Agora, eu já posso ouvir suas risadas estranhas, seus passos. Eu me encolho numa bola, procurando em vão uma maneira de sair e alcançar Adam, mas eu sei que estou sozinha aqui. Talvez essa seja a parte mais assustadora.

    As seis crianças saíram da névoa nebulosa. O mundo dos sonhos coloriu suas figuras com traços ainda mais assustadores. Seus olhos vermelhos brilharam no nevoeiro e os sorrisos em suas bocas eram largos demais para os rostos. Aqueles sorrisos são muito largos, como se o canto de suas bocas estivessem muito abertos. As crianças pararam ao meu redor em um círculo, me circundando, me fechando.

    – Você é uma de nós agora.

    As palavras ecoam em torno de mim, vindo em minha direção de todos os lados, aparentemente repetidas pelo vazio que me cercava, porque as crianças não falavam – só olhavam pra mim com aqueles sorrisos macabros.

    Um deles deu um passo em minha direção. Eu quero gritar, mas parecia congelada.

    – Mate o bebê! Mate o bebê! Mate o bebê!

    As palavras me envolvem como uma espécie de mantra. Aperto meus olhos, na esperança de me acordar. Por um segundo, acho que funcionou, porque as vozes diminuíram. Mas a temperatura cai constantemente ao ponto de congelar, me dizendo que ainda era prisioneira da minha própria imaginação.

    Um calafrio me percorreu, desta vez causado pelo frio. Abro meus olhos, encarando o vazio, onde posso ver minha respiração quente no ar frio como  fumaça. Olho pras minhas mãos. Todo o calor se esvaiu delas. Elas pareciam cinzas e mortas ao toque.

    Vozes – atrás de mim, implorando.

    – Por que você não voltou pra nós? Por que nos deixou?

    Eu me viro e vejo um carro surgindo da neblina. O para-brisa quebrado. Minha mãe e meu pai me olhando com desaprovação.

    Uma garota sai de trás do carro. Reconheci minha irmã na hora. Ela está arrastando a perna esquerda e está coberta de sangue.

    – Estou tão sozinha. Volte pra mim.

    Eu choro e grito, rastejando para trás. Não fui longe. O chão virou areia movediça, lentamente me sugando. Luto contra isso, o tempo todo sabendo que era inútil. Meus pés são engolidos, assim como minhas mãos e costas.

    Minha irmã continua avançando, esticando suas mãos num gesto desamparado. Agora ela está tão perto que consigo ver suas veias azuis em seu rosto e braço pálidos, assim como os anéis escuros sob seus olhos.

    Meu peito vai pra baixo e, depois, meus ombros e pescoço.

    Hannah está de pé ao meu lado, suas pernas a poucos centímetros de distância.

    – Me ajude. - Eu imploro.

    Ela balança a cabeça.

    – Você sabia que ia acontecer.

    – Não tive escolha senão deixá-los pra trás!

    Em resposta, ela coloca seus pés no topo da minha cabeça e acelera o processo, me empurrando para o chão, onde a escuridão reina e um som estridente finalmente anuncia minha libertação.

    ***

    Com um grito eu acordo. O cheiro de suor frio chega ao meu nariz e me faz engasgar. Meu coração está dolorosamente acelerado. Meus olhos bem abertos, mas não ainda não conseguem se desfazer da neblina do pesadelo – minha visão ainda embaçada.

    Que diabos foi esse som?

    Eu levanto um pouco a cabeça da bolsa que foi meu travesseiro nas últimas duas noites. Com meu senso comum ainda envolto em um conjunto de pensamentos, eu faço um esforço hercúleo para separar ilusão de realidade. Colocando minhas mãos no tapete que separa meu corpo da terra, raízes e folhas no chão da floresta, eu me empurro pra cima, meu corpo tenso e minhas orelhas atentas. Olho em volta. O sol da manhã penetra através das copas das árvores que se estendem até mim como mãos protetoras. A primavera chegou há poucas semanas e as manhãs ainda são muito frias.

    Adam está deitado próximo a mim. Ele está enrolado em um suéter grosso e está usando uma touca quente, puxada até suas orelhas. O bebê, com agora três meses, claramente não ouviu nada, porque ele dormia profundamente. Me pergunto se o barulho fazia parte de meu pesadelo. Ainda assim, deslizei minhas mãos por baixo da bolsa e aperto minha mão ao redor da arma que estava lá, puxando-a. Não posso me dar ao luxo de especular se foi um sonho ou não – eu tenho que ter certeza.

    Eu ouço um farfalhar no mato não muito longe de mim. Agora eu sei de certeza que não foi apenas uma parte do meu sonho. Luca, que está deitado aos meus pés, olha pra cima e rosna. Não por medo; soa como um aviso. Coloco minhas mãos em suas costas. Com olhos brilhantes, ele olha pra mim e geme baixinho.

    Talvez passar a noite na floresta não tenha sido uma boa ideia. Deveríamos ter continuado a noite passada. Mas, honestamente, eu não poderia continuar mais depois de vinte e quatro horas de caminhada sem parar, andando com uma mochila em minhas costas, uma arma na mão esquerda e Adam numa tipoia de bebê contra meu peito. Mas agora, eu me xingava por isso.

    Estávamos sendo caçados. É por isso que evito cidades grandes e viajar de carro. É muito barulhento. Não, temos que ser discretos, ir de lugar a outro o mais silenciosamente que podíamos.

    Não podíamos confiar em ninguém.

    Levantei. Apertando as duas mãos ao redor da arma, dou alguns passos em direção ao som enquanto ficava abaixada. Um galho estala debaixo dos meus pés. Todos os sentidos estavam em alerta, preparados pra registrar a menor perturbação do silêncio.

    Pássaros voam pra longe acima da minha cabeça. Do canto do olho, vejo um coelho se afastando. É um dos poucos animais vivos que vi em muito tempo, exceto Luca, é claro. No entanto, vi um monte de animais mortos nos últimos dias. Cervos, gatos, pássaros, esquilos.

    Provavelmente era um dos poucos coelhos que ainda pulavam nesses bosques.

    Eu tenho que ter certeza.

    Luca rosna de novo. Ele levanta, andando em minha direção.

    – Não. - Digo com firmeza. - Fique com Adam.

    Luca pára, inclinando levemente a cabeça pra esquerda, me lançando um olhar questionador, então se vira pra ficar com Adam, como foi mandado. Hannah estava certa – ele é o cão mais fiel que alguém poderia desejar. E era esperto. Às vezes, tenho a impressão que ele entende tudo que eu falo pra ele.

    Vozes. Ainda fracas e distantes, mas estão ficando altas a cada segundo. Homens – e estão vindo nessa direção.

    – Falta muito? - A voz soa velha.

    – Nem ideia. - A segunda voz responde, suspirando de exaustão.

    – Bem, espero que esteja satisfeito.

    – Como é?

    Você insistiu em pegarmos um atalho. Se tivéssemos mantido nossa rota normal para o acampamento, não estaríamos aqui há horas.

    – Ah, agora é culpa minha que o carro quebrou meia milhas antes do 7-Eleven. - A voz aumentou. - Além do mais, você concordou comigo.

    – E veja aonde isso nos trouxe...

    – Ao menos pegamos dois sacos de comida. Isso alimentará o acampamento por uma semana, se não mais.

    – Se chegarmos lá.

    – Nós chegaremos lá.

    Pressiono minhas costas contra uma árvore e ouço com atenção enquanto meu coração pula no meu peito. Um acampamento! Isso significa que Adam e eu não éramos as únicas pessoas civilizadas nesta região – ou no mundo. É claro que eu não deveria ter me resignado com esse pensamento. Eles não podem ter matado todo mundo, certo? Quero dizer, eu sabia que o desastre – ou o que você preferir chamar esse evento – foi algo global. E, se os Caçadores vagavam por esses lados, eles devem estar ao redor do mundo todo, mas certamente existem alguns sobreviventes?

    Caçadores não precisam de acampamentos. Eles vagam por aí com um único objetivo: rastrear e matar pessoas. Não posso me permitir ter esperança. Afinal, como posso saber se esses homens falam a verdade? Talvez eles já me descobriram e isso é um jogo doentio deles.

    Não. Caçadores não jogam. Eles apenas matam.

    Algo me impele a me aproximar dos homens, perguntar aonde estão acampados. Deus, o que eu não faria pra estar entre pessoas de novo. Mas eu não me movo. Em minha mente, vejo de novo as imagens dos homens armados que percorriam as ruas no Dia D – nome que dei àquele dia fatídico – matando todos os seres vivos. Eu vejo as seis crianças que instigaram o derramamento de sangue no sótão e ainda assombram meus sonhos até hoje. Imagens de criaturas que parecem humanas à primeira vista, mas que não fazem jus a essa impressão quando se olha mais de perto. Porque eles são algo completamente diferente – e é tarde demais pra fugir.

    Como eu disse: não posso confiar em ninguém.

    Além do mais, os dois homens provavelmente chegaram à mesma conclusão. As armas penduradas nos ombros são uma clara evidência disso. Bem capazes de atirar em mim antes que eu pudesse abrir a boca pra falar. E quem poderia culpá-los? Eu faria o mesmo se chegassem mais perto do que isso.

    A voz velha falou de novo.

    – Vamos virar à esquerda aqui. Há nuvens surgindo e eu não quero ficar preso aqui quando a chuva começar a cair.

    Mais farfalhar. Passos. Eu seguro a arma ainda mais apertado e vejo os dois homens se afastando. Só quando eles desaparecem da minha vista, eu exalo, me permitindo relaxar um pouco.

    Parece que não terei que matar ninguém hoje de manhã.

    -17-

    O passado

    ––––––––

    Três dias depois que deixei o corpo dos meus pais da minha irmã, nós cruzamos para o leste na direção de uma verdadeira parede de nuvens de tempestade surgindo no horizonte, como uma debandada de búfalos. No espelho retrovisor, o sol afundou abaixo no horizonte, como se estivesse fugindo do que havia pela frente.

    Tivemos que parar logo. Viajar no escuro não me dava só arrepios, era também perigoso. O jipe era confortavelmente quente e rápido, mas também era barulhento e se destoava. Nas manhãs e tardes, as chances eram equilibradas – eu podia ver o perigo vindo tanto quanto ele podia me ver. Mas eu perdia a vantagem assim que ficava escuro, o que não era fato para meus possíveis atacantes – eles só tinham que seguir o som do motor rugindo e os gritos intermináveis do bebê. O fato do jipe se destacar era também o motivo pelo qual decidi fazer um grande desvio e dirigir pela floresta. Afinal, as chances de um assassino em série perambulando por essa floresta eram muito baixas.

    Nos últimos dias, praticamente ficamos dentro do carro para cuidar das nossas coisas. Nós comíamos aqui – da quantidade de coisas que os donos originais, felizmente, deixaram no porta mala – assim como dormíamos e viajávamos dentro do carro. Luca e eu saímos para fazer nossas necessidades e, mesmo assim, sempre mantinha um olho no carro. Adam urinava e defecava dentro do carro, na fralda, uma das poucas que ainda tinha. É claro que eu limpava ele depois, mas o fedor era difícil de se livrar.

    De acordo com as placas, nós estávamos a apenas onze quilômetros de distância do posto de gasolina. O que era algo bom, porque o jipe estava quase sem combustível. Ainda tínhamos mais 2.000 quilômetros para chegar à Keystone, Colorado, onde Steph morava de acordo com as últimas notícias. Eu sabia que a viagem provavelmente estava condenada. Eu sabia para qual cidade ir, mas além disso, não tinha mais nada – nenhuma rua ou número da casa. Como eu poderia encontrar meu irmão desse jeito?

    Lembrei da última vez que eu e Steph nos falamos. Mantivemos contato por um servidor seguro que o programa de proteção forneceu. Meus e-mails nunca iam direto pra ele – eles tinham que ser lidos por terceiros antes, pra garantir que não divulgaríamos a nossa localização de forma alguma. Isso sempre fez com que meus e-mails parecessem um relatório. Fiz uma careta. O programa de proteção à testemunha... Eu achava que minha vida era uma bagunça antes. Mas não se compara em nada com a bagunça de agora.

    Parecia que uma mão apertava meu coração. Steph queria se casar e estava pra conseguir

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