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Das disciplinas à indisciplina
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E-book287 páginas3 horas

Das disciplinas à indisciplina

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Sobre este e-book

Das disciplinas à indisciplina é uma utopia. Mas, ao invés de com essa informação decepcionar o leitor, o objetivo é entusiasmá-lo. Há duas razões que embasam um convite a esta leitura, que talvez possa transformar quimeras em realidades. A primeira: sonhar é preciso e é possível. Outra: nem sempre o horizonte nos escapa. Às vezes, conseguimos chegar à ponta do arco-íris e nos encantar com o cotidiano.

Há possibilidade de transgredirmos os limites rígidos das disciplinas e conseguirmos uma educação mais transdisciplinar, e, talvez, até indisciplinar. Escolhendo óculos mais confiáveis, seremos capazes de ver como se deu/dá/dará a construção do conhecimento e, então, com uma mais consistente alfabetização científica, poderemos não apenas ler o mundo de maneira mais adequada, mas ajudar a transformá-lo para melhor.

Está proposto um desafio. Mas esse desafio oferece uma parceria com este livro, que pretensiosamente quer ajudar a fazer uma alfabetização científica que contribua para a nossa estada no Planeta.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de jan. de 2016
ISBN9788547302979
Das disciplinas à indisciplina

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    Das disciplinas à indisciplina - Attico Chassot

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE

    OFERTÓRIO

    Uma frase atribuída a Isaac Newton, Se consegui enxergar tão longe é porque me apoiei nos ombros de outros gigantes, encharca o ofertório deste livro. Se o consegui produzir é porque me apoiei nos ombros de intelectuais das mais diversas estaturas. Alguns aparecem nas referências. Elas estão incompletas. Há produções que foram trazidas para o corpo do livro e seus autores, talvez, não foram citados. Plágio? Não. Há muitos assuntos que lemos e depois não sabemos quem nos inspirou ou por primeiro os referiu. Não raro nos apoderamos de algo que nem sabemos a quem pertence.

    Este livro é uma coprodução de muitas pessoas com quem me envolvo no afã de buscar alternativas para uma mais eficiente alfabetização científica. São professoras e professores; são alunas e alunos de diferentes licenciaturas, de mestrados e doutorados; foram participantes da Universidade do Adulto Maior; são antigos e atuais orientandos; são comentadores assíduos ou eventuais do meu blogue, e, de maneira particular, muitas pessoas que, mesmo sem ligações com academia, partilharam e partilham comigo seus sabores e seus saberes. →

    → A cada uma e cada um evocados aqui sou imensamente reconhecido, e uma legião deles mereceria aparecer como coautores deste livro. A eles adito um muito especial reconhecimento.

    À Gelsa – sempre um maravilhoso catalisador – com quem partilho, também, uma continuada parceria intelectual. Isso não implica que este livro tenha recebido o seu ‘imprimatur’ em toda a sua extensão. Uma polifonia amorosa pode, de maneira mais usual, enriquecer nossas produções. Há para mim continuados desafios, devido à reconhecida estatura intelectual de minha companheira. As passadas de gigantes são exigentes para acompanhar na feitura de caminhos.

    Attico Chassot

    Morada dos Afagos, quando a natureza

    se tinta à primavera 2016

    COMO Sumário

    Um prelúdio, no qual o professor Jose Clovis de Azevedo faz um convite com um texto que transita por conceitos e concepções transversalizados pela artesania

    do cotidiano da aventura humana

    Uma protofonia, com um convite à leitura, onde se anuncia a proposta do livro e se busca abeberar-se desse magnifico diálogo escrita ↔ leitura, tentando seduzir o leitor para parcerias

    1 - Assestando óculos para ler o mundo parece ser uma exigência quando se vai dar uma partida para uma caminhada que traz a marca de possibilidades

    de múltiplos olhares

    2 - Arrumando a caixa de ferramentas, onde não se busca estabelecer atitudes hegemônicas, mas se ensaia entendermos possibilidades multiculturais, elegendo a escrita como ferramenta distinguida

    3 - Religião e Ciência: uma comparação necessária, e exigente, pois dentre os seis óculos antes trazidos antes, estes dois são aqueles que mais

    podem distorcer leituras

    4 - Acerca de cinco revoluções paradigmáticas que marcaram/marcam a modernidade no mundo Ocidental

    5 - Por que no Oriente não houve revolução científica? não seriam os livros sagrados das três religiões abraâmicas que garantiram a ortodoxia também da Ciência no Ocidente?

    6 - Olhares sobre o nosso século 20, que marcado pela (des)humanidade nos exige viver incertezas

    7 - Escola & Universidade: dois artefatos culturais que foram nossos lócus de saber, mas necessariamente não serão fontes para as gerações futuras

    8 - A escola mudou ou foi mudada? quando parece que a resposta supera a questão de voz ativa ou voz passiva da pergunta

    9 - Das disciplinas à Indisciplina, onde, no capítulo que é título do livro, ensaia-se uma possível revolução paradigmática

    10 - Uma pesquisa de catalisada pela indisciplinaridade a qual alicerçada na crença trazida no capítulo anterior se conjuga a teoria com a prática

    UM PRELÚDIO

    Um olhar sobre a obra e um convite a ela

    Jose Clovis Azevedo*

    Um olhar sobre a obra. Se a prefácios títulos conferíssemos, esse seria o eleito para o anúncio deste livro. Foi assim que expressei o sim à mensagem em que respondi ao convite para prefaciá-lo. Alguém poderia perguntar por que o convite e por que eu o acolhi. Embora isso possa ser de pouca importância aos leitores, quando olhado na sua particularidade, considerado no conjunto da obra apresenta-se vulnerável a afetos e cumplicidades, na dimensão do acadêmico e das proximidades pessoais. Explicitando um pouco mais: no ano de 2000, eu vivia uma experiência instigante na direção da Secretaria Municipal de Educação e sabia da existência do conceituado professor Attico Chassot, mas com quem não havia tido a oportunidade de estabelecer relações mais próximas. O professor Attico era mais um entre outros acadêmicos que se sabia serem importantes, mas nada além dessa referência genérica.

    Em outubro daquele ano, recebi o catálogo da Feira do Livro, o grande evento cultural da cidade de Porto Alegre, que ocorre todos os anos no final da primavera. Fui logo procurar os títulos da Educação e lá estava uma obra que vinha ao encontro das inquietações intelectuais que me fustigavam naquele momento. A experiência na gestão da Rede Municipal de Educação desafiava-me. Passei a viver a transição – dos limites como professor da Educação Básica – para a necessidade de uma compreensão mais rigorosa das epistemologias, dos fundamentos ontológicos do conhecimento. Aquele título fez-me pausa na lista. Tratava-se de Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. O texto discutia uma questão que era colocada pela realidade do meu trabalho. Ou seja, de como fazer ciência ou como construir conhecimento sem renegar os saberes das experiências vividas pelas pessoas reais, nos contextos reais. Não perdi a oportunidade. Fui à feira, comprei o livro e cumprimentei pessoalmente o autor, sem imaginar o quanto iríamos partilhar e conviver.

    Resgatar esse momento é colocar em história a trajetória acadêmica do professor Attico, de um lado, e de outro os encontros que os caminhos que trilhamos nos proporcionaram. Na apresentação de Alfabetização Científica, o autor afirma: Imaginar o contexto em que foi escrita uma determinada obra é um dos exercícios que se faz quando buscamos interpretar o texto. Assim, atrevo-me a procurar um fio condutor que tece textos em contextos que se sucedem entrelaçados, renovados, nutridos por uma postura epistêmica aberta à diversidade da construção humana. Tal trajetória é emblemática de um filósofo militante ou um intelectual orgânico, na acepção de Gramsci, para quem a filosofia tem o sentido transformador. Aquele sentido afirmado por Marx em sua crítica à filosofia alemã, que se limitava a interpretar o mundo, quando deveria preocupar-se em transformá-lo. A propósito, na página 18 de Alfabetização Científica o Chassot desvela-se ao afirmar: Como de ensinador de Química transformei-me em um educador preocupado para que homens e mulheres pudessem melhor entender a Ciência que é usada para descrever o mundo. [...] Este ensino de Ciências tem um objetivo apenas: alfabetizar cientificamente aos homens e mulheres para que consigam não apenas entender o mundo em que vivem, mas mudá-lo e, sonhadoramente, mudá-lo para melhor.

    Foi essa postura científica, comprometida ética e politicamente, que o autor comprovou em outro encontro que a história nos concedeu. Nos primeiros anos do século, a participação popular conquistou a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), cuja implantação me coube coordenar, com a delegação outorgada pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Nessa tarefa difícil e conflituosa, foi fundamental a atuação técnica, política e solidária do professor Attico, quando no exercício de suas funções como conselheiro do Conselho Estadual de Educação. A UERGS era um projeto de grande alcance social e, na sua origem, colocava-se como tarefa produzir conhecimento a partir das identidades culturais, étnicas e históricas que alicerçam a construção do nosso Estado. A formalização da UERGS dependia em grande parte de autorizações do CEED, cuja composição de representação de diferentes interesses não tinha compreensão fácil nem vontade política garantida para legitimar uma Universidade que se propunha pública, gratuita e comprometida com a produção do conhecimento em diálogo com os saberes populares. A liderança dessa compreensão expressou-se na voz e na ação do conselheiro professor Attico, coerente com sua visão de Ciência e sua sensibilidade social.

    A sua concepção de uma Ciência comprometida com os saberes populares e com um conhecimento para um mundo melhor foram credenciais para sua entrada no programa de pós-graduação do IPA, em 2007. Nos anos seguintes, trabalhamos juntos e, de forma solidária, dividimos duas disciplinas a cada ano. Não dividindo tarefas, mas as compartilhando numa ação docente solidária, na busca de uma coerência com a necessidade de romper com as práticas disciplinares e com uma concepção de Ciência elitista e excludente. Nossos encontros de sábados pela manhã, batizados pelo professor Attico como a confraria sabática, foram marcados por discussões e aprendizados, em que a indisciplina foi o exercício do sonho possível. O ensaio da Revolução do século XXI: da disciplina à indisciplina. Do conhecimento formal, ritualizado e das certezas para o mundo das possibilidades, descortinado pelo impulso do combustível das incertezas. Sonhar é preciso e é possível. Como pondera Galeano, quando diz que a utopia é como o horizonte, quanto mais se anda na sua direção mais ele se distancia. Então, ele pergunta: para que serve a utopia?; e responde: para que continuemos a andar. Talvez não alcancemos o horizonte, mas mestre Attico aposta que podemos chegar à ponta do arco-íris e nos encantar com o cotidiano.

    Das disciplinas à indisciplina é uma conversa que traduz ciência em vida. Por isso é uma ruptura com o paradigma científico dominante. E, enquanto obra, é uma continuidade renovada e atualizada da Alfabetização Científica. A citação de Lord Kelvin Só se pode falar a respeito do que se pode medir é uma ideia força que catapulta a crítica ao positivismo, ao racionalismo cartesiano e ao mecanicismo newtoniano, fontes da chamada Ciência moderna, que impôs o método da verdade comprovada, da certeza, do expurgo das subjetividades e dos saberes forjados na aventura cotidiana da construção da vida.

    O autor aprontou sua caixa de ferramentas, colocou seus óculos seis vezes para olhar a construção humana do conhecimento sobre diferentes ângulos. Olhou e acionou as ferramentas, lendo muitas versões, explicações, tratados e fórmulas, escrevendo o que viu pelos seus óculos. Enxergou a Ciência através do senso comum, do pensamento mágico, do mito, da religião, dos saberes primevos e dela própria, da Ciência.

    Sem perder o rigor das análises, o texto foi construído com as lentes de quem aprendeu a capacidade de perceber as dimensões múltiplas do real, a grandeza do simples e as possibilidades de muitas verdades contidas em fenômenos não percebidos ou não valorados pela Ciência tradicional. Assim, as avaliações sobre o senso comum, os mitos, a religião e o pensamento mágico desconstituem as suas dimensões mais obscurantistas, mas sem o preconceito e a arrogância da Ciência verdade, e com a admissão de possibilidades de verdades nessas dimensões. Essa postura pode ser percebida claramente quando do tratamento do senso comum. Ao contrário do desprezo da epistemologia tradicional pelo senso comum, o texto busca as possíveis qualidades que se podem encontrar ou extrair do senso comum, tal como se podem buscar contribuições importantes nos sabres primevos.

    Ao tecer laços com os saberes da vida, o texto nos permite várias interlocuções. Podemos ter uma breve prosa com Gramsci, que considera que todo senso comum tem um núcleo racional, o bom senso, de onde pode partir a construção de um conhecimento mais elaborado da realidade. Na mesma direção, mestre Attico afirma que senso comum é um conhecimento solidariamente construído e merecedor de valor. Pode ser o ponto de partida para estabelecer os nexos da atividade intelectual com a vida concreta, com a filosofia, com a Ciência e com o saber popular. O caminho percorrido e construído pelo texto nos incita a outras paradas, em que podemos estabelecer breves conversas. Podemos encontrar com Boaventura Souza Santos e ouvi-lo criticar a ciência moderna, dizendo da importância do conhecimento praticado na vida: o senso comum, o conhecimento vulgar e prático com que no cotidiano orientamos as nossas ações e damos sentido à nossa vida. No entanto, alerta da dimensão conservadora e prepotente que pode conter o senso comum, mas interpretado pelo conhecimento científico pode estar na origem de uma nova racionalidade. Uma racionalidade feita de racionalidades. Mas ainda posso imaginar outro diálogo, quando Boaventura afirma que toda experiência social produz conhecimento e isto pressupõe uma ou várias epistemologias.

    Este trabalho tem a virtude da coragem, ao contrapor-se à tradição e ao estabelecido, ao fazer de determinadas práticas científicas um entulho epistêmico. Simultaneamente, abre o espaço para o pensamento livre das amarras dos preconceitos e das tristezas. Isso nos faz cair na tentação para mais um pequeno descanso à beira da estrada. Inevitável, a partir da ideia de indisciplina, conversar um pouquinho com o indisciplinado Espinosa. A sua indisciplina é evidente. Dividia os homens em duas categorias: os livres e os não livres. Os livres são os que têm paixões vindas da alegria, que liberam e aumentam o potencial humano. Os homens não livres são os governados pelas paixões vindas da tristeza. As paixões vindas da tristeza cerceiam o potencial do ser humano. Espinosa aponta três tipos de não livres: o tirano, o escravo e o sacerdote. O tirano estabelece seu poder servindo-se das paixões tristes. O escravo é dominado pelas paixões tristes e necessita do tirano. O tirano precisa da tristeza das almas para triunfar e as almas tristes necessitam de um tirano.... O sacerdote é o homem que se entristece pela condição humana e com as paixões do homem, e quando sorri, é um não riso; enquanto o homem livre domina as paixões tristes e eleva as paixões surgidas da alegria, sendo, por isso, senhor de sua potência de agir. Dispensando Espinosa e retomando a caminhada, ficamos com as paixões das fontes de alegria.

    Assim como na ligeira parla com Espinosa e nos nossos encontros sabáticos, o leitor, ao adentrar no texto, sentirá a leveza, o trânsito alegre de um estilo literário que transpira vida, que transita por conceitos e concepções transversalizados pela artesania do cotidiano da aventura humana, dispensando o estilo árido, tão presente em muitos textos que abordam temáticas de tal complexidade. Alegria, companheirismo, rigor acadêmico e compromisso com a ética fazem a imagem do querido colega e amigo, professor Attico Chassot. Das disciplinas às indisciplinas tem o seu jeito, a sua face. Como no verso de Fernando Pessoa, Sim sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo. Convido-os a andar. Boa viagem.

    Porto Alegre, junho de 2016.

    *Jose Clovis de Azevedo é Licenciado em História (UFRGS) e Doutor em Educação (USP), foi Secretário Municipal de Educação em Porto Alegre, Reitor da UERGS, Secretario de Estadual de Educação do Rio Grande do Sul. É Professor do Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão do Centro Universitário Metodista do IPA.

    Uma protofonia com um convite à leitura

    Vivo, uma vez mais, um paradoxo: aquilo que escrevo por último será lido por primeiro? Essa situação tenho fruído quando a generosidade de colegas me enseja a fazer a apresentação de suas produções. Agora, tenho amealhado dez capítulos, anunciados no sumário, que pretendo que se façam um livro. Sei que sou pretencioso.

    Estes textos que anuncio resultam de dezenas de falas que tenho realizado, em anos mais recentes, em todos os estados do Brasil. Eles querem continuar sumarentos diálogos, tal qual ocorrem em palestras com professoras e professores e com discentes, especialmente aqueles das licenciaturas. Ainda, no Encontro Nacional de Educação Química (Florianópolis, julho de 2016), um jovem estudante disse que ele sente em leituras o sotaque chassot. Vibrei. Contei-lhe, então, que algo que muito gratifica é quando um leitor me diz quando te leio, parece que estou te ouvindo numa aula ou numa palestra. Pretendo que isso ocorra em mais este encontro que juntos agora iniciamos.

    Aqui, em cada um dos capítulos, sonho continuar charlar – na acepção de um papear frouxo – com minhas leitoras e meus leitores. A conversação pode parecer uma arte menor. Não importa. Eu a prefiro a um douto monólogo.

    Eu procurei fazer estes escritos como quem fala a um amigo, sem mostrar erudição, sem preocupações com ideias lastreadas em herméticas teorizações. Há ideias já cinzeladas há muito; mas em sua maioria são recém-partejadas. São neonatas; pedem acalantos. Há aquelas escritas que não passam de lembranças deixadas ao longo de caminhadas... que emergem depois de uma aula ou de uma palestra. Outras são produtos da operação de chamar o sono. Há conversas com colegas. Lembro-me de Michel de Montaigne: Eu não ensino, eu conto!. Assim, este não é um livro de Ciências. Ele pretende ser um livro de narrativas sobre Ciências e também acerca dos saberes com sabores, mesmo que muitos não confiram valores distinguidos a estes.

    Enquanto fiz tessituras para cada um dos dez capítulos, assomava – com ressaibo a desestímulo –, minha pretensão a fazer um livro. Dava-me conta de que transcorrera mais de um quarto de século que escrevi meu pioneiro A Educação no Ensino de Química (Editora Unijuí, 1990). Agora, este meu décimo livro solo (não estou contando cerca de duas dúzias que organizei ou fiz parceria com capítulos) está sendo gestado em outros tempos. Mudaram-se tanto a maneira de escrever quanto – de maneira mais especial – a de leitura.

    Evoco releituras do que escrevi para apresentar a 7ª edição de Alfabetização científica: questões e desafios para a Educação (Editora Unijuí, 2016). Em nossa civilização, um dos recursos mais usados para aprendermos é a leitura. Quando um ancestral nosso fez uma

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