A Farsa do Velho da Horta: Adaptação
De Gil Vicente
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A Farsa do Velho da Horta - Gil Vicente
A FARSA d’O VELHO DA HORTA
Personagens
Um Velho
Uma Moça
Um Parvo, criado do Velho
Mulher, do Velho
Branca Gil, uma Alcoviteira
Uma Mocinha
Um Delegado
Soldados
Sumário
Prefácio
Livro
Eis o argumento desta farsa: um Velho rico e honrado tinha uma horta e, andando por ela, para espairecer, e tendo o seu hortelão saído, veio uma bela moça em busca de hortaliça. Vendo-a, o Velho logo se apaixonou. Para tê-la, contratou uma Alcoviteira de nome Branca Gil, gastando toda a sua fortuna. A Alcoviteira foi castigada e a moça casou-se honradamente com um jovem rapaz. A presente peça foi representada ao mui sereníssimo Rei Dom Manuel, o primeiro deste nome em Portugal, era do Senhor de 1512.
(Entra o Velho pela horta, rezando)
VELHO
Pai Nosso que estais no Céu
Protegei minha rocinha,
Que não vá p’ra o beleléu,
Nem minha alface e cenoura,
Nem a salsa e cebolinha,
Nem meus cheiros da lavoura…
Oh Nosso Jesus Cristinho,
Protegei minha hortinha,
E que chova o ano inteirinho,
Pra que não falte abobrinha,
Nem chuchu, nem couve-flor…
Protegei também,