Meditações além dos sentimentos comuns: Os cotidianos e os transcendentes
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Meditações além dos sentimentos comuns - José Sutil Fogaça
Pedro, tomando-O à parte começou a repreendê-Lo. Mas voltando-Se a ele, olhou para os seus discípulos e repreendeu a Pedro: Afasta-te de Mim, Satanás, porque teus sentimentos não são os de Deus, mas os dos homens
(Mc 8, 32-33).
Meditações além dos
sentimentos comuns
(os cotidianos e os transcendentes)
Os modos habituais de buscar o sentido do viver detêm-se nos falsos consolos oferecidos pelas conquistas mundanas.
As obrigações de um modo comum respondem aos retornos desvinculados dos compromissos, dos envolvimentos e tudo o que cerca a existência. Os desejos tramitam entre os alcances seduzidos pelos empenhos de um si mesmo ególatra, e as solicitações oriundas dos exercícios profissionais, sociais, fogem do melhor fazer sem perceber que o prosperar inveraz abriga os indecoros dos mesmismos, dos repetitivos inócuos capazes de excluir o desafio, a intransferível necessidade de permanecer atento aos zelos de dar conteúdo e testemunho ao que se faz, produz, e não se tornar objeto de serviço e sede de desprendimento fraterno.
Ouvi certa vez de alguém logrado à conquista do projeto profissional de ensejar aos semelhantes um bem-estar colocado acima dos comuns desejos de colher os retornos financeiros e afiançar para si o logro da verdadeira prosperidade residida no exercício da competência e não nos falsos merecimentos de um poder pessoal cultuado a um si mesmo vazio, pretensioso e vulgar.
A dor passa a consistir em indesejável transtorno, em sentencioso castigo e em um afligir incomplacente.
Não posso desobrigar de citar o texto de S. Marcos, no capítulo 8, versículos 32-33, em que S. Pedro reprova Jesus no revelador ato da Sua Paixão:
Pedro, tomando-O à parte começou a repreendê-Lo. Mas voltando-Se a ele, olhou para os seus discípulos e repreendeu a Pedro: Afasta-te de Mim, Satanás, porque teus sentimentos não são os de Deus, mas os dos homens.
Introdução
Estes escritos não nasceram de desejos e preocupações de me ocupar com este ou aquele modo e exprimir ideias e pensamentos, e sim de me colocar próximo dos compromissos exigentes da verdade escondida em nós, apropriadamente, ao uso da individualidade a administrar os consentimentos comprazidos a jeitos específicos de ser assim ou assado e enriquecer a nossa presença com uma privacidade inegociável e ensejar-nos a posse de uma comodidade permissiva de, no dito do psicólogo Karl Roger, sermos gente, pessoa.
Preocupa-me afastar dos enlevos infelizes de tornar-me o fruto exclusivo dos merecimentos encomendados pelas presunções de tornar-me o eixo das considerações aqui esposadas, considerando que me compete filiar aos acenos descidos do Alto, concedendo-me o privilégio de tornar-me alvo das locuções migradas das presenças do Criador!
O documento pontifício editado pelo santo padre papa Francisco, por meio do documento apostólico Evangelii Gaudium, exibe a presença de uma atitude evangélica relevante nos dar mostras da ingente necessidade de renovação da Santa Igreja carecida da transcendência do olhar penetrante, dirigido para a prática da evangelização brindada pela alegria do cooperar espontâneo na tarefa de levar Jesus no coração das gentes e mostrá-Lo ao mundo.
Ele dirige-se a todos nós, de um modo especial aos Sacerdotes, convidando-nos a abraçar a causa da Igreja em saída
, por ele recomendada a realizar uma transformação missionária estendida em todos os cantos da terra.
Chamam-me a atenção os sábios versículos redigidos no documento nas sequências opinativas de S.S., de várias maneiras ajustadas ao seu espiritual privilégio de doutrinar e conduzir ao bom termo a nau da Igreja. Assim:
A paróquia não é uma estrutura caduca, precisamente porque possui uma plasticidade, pode assumir formas muito diferentes que requerem a docilidade e a criatividade missionária do Pastor e da comunidade.
[...] e não se torne uma estrutura complicada, separada das pessoas, nem um grupo de eleitos que olham para si mesmos.
Mas é muito salutar que não percam o contato com esta realidade muito rica da paróquia local e integrem de bom grado na pastoral orgânica da igreja particular. Esta integração evitará que fiquem só uma parte do Evangelho e da Igreja, ou que se transformem em nômades sem raízes.
[...] com o desejo de ouvir a todos, e não apenas a alguns prontos a lisonjeá-los.
O ardor de S.S. não se detém nos constrangimentos capazes de furtar de si a fidelidade pastoral, e os seus conselhos confortam-no para a prática da lealdade a da sinceridade de dizer o que melhor compartilha com o seu fervor evangélico, colocado acima dos riscos dos maus entendedores
e de tudo o que denigre o exercício das virtudes apregoadas por S.S.!
As suas exposições seguem um curso dócil, abnegado, respeitável e enérgico:
Quando a pregação é fiel ao Evangelho, manifesta-se com clareza a centralidade de algumas verdades e fica claro que a pregação da moral cristã não é uma ética estoica, é mais do que uma ascese, não é uma mera filosofia prática, nem um catálogo de pecados e erros.
[...] nalgumas ocasiões damos-lhes um falso deus ou um ideal que não é verdadeiramente cristão.
O exortar do papa Francisco não encontra espaço e solidez como o seria em uma dissertação, mas põe em marcha um entusiasmo que resvala no coração de todos nós:
O confessionário não deve ser uma câmara de tortura, mas o lugar da misericórdia do Senhor que nos incentiva a praticar o bem possível. Um pequeno passo, no meio de grandes limitações humanas. Pode ser mais agradável a Deus do que a vida externamente correta de quem transcorre os seus dias sem enfrentar sérias dificuldades.
O documento de S.S. há que ser lido e ouvido, contando com o apoio da ousadia de aprender avançar sem dar força ao esperar, mas ir e percorrer os horizontes de estender a mão:
A Igreja ‘em saída’ é uma igreja de portas abertas. Sair em direção aos outros para chegar às periferias humanas não significa correr o mundo sem direção nem sentido.
O nosso queridíssimo papa Francisco faz-se presença invariável no conteúdo exemplar dos seus ditos inspiradores, capazes de trazer Jesus mais próximo de nós indicando os caminhos da simplicidade de, antes de ler o Evangelho, aprender a ouvi-lo:
Quando se lê o Evangelho, encontramos uma orientação muito clara: não tanto aos amigos e vizinhos ricos, mas sobretudo aos pobres e aos doentes, aqueles que muitas vezes são desprezados e esquecidos, aqueles com que não têm com que lhe retribuir.
Necessitaria acrescentar incorporado a uma alegria estendida até os confins da minha alma que o enredo da exortação apostólica me encoraja a dar encaminhamento aos meus escritos, humildemente, irradiando ideias e convicções que – menos pelos meus merecimentos – vêm ao encontro do documento de S.S., porque elaboradas nas formas de reflexões colhidas dos meus anseios de proporcionar aos fiéis o gozo da naturalidade expressa nos desejos de tornar a nossa Igreja fortalecida nas raízes dos conteúdos permanecidos no âmago das exortações de Jesus.
Pois, não fará sentido abraçar o cristianismo pela metade a partir do que o culto deve preceder o testemunho!
A Santa Comunhão I
Há muito a refletir acerca da comunhão eucarística.
O tempo é uma espécie de diapasão capaz de medir a nossa capacidade de aproximar ou não dos significados de um sacramento sob todos os modos especialíssimo.
A frequência com que se pratica o ato de receber a hóstia consagrada, talvez não se transforme no móvel dos aprendizados que nos alteiem a um nível de eficácia abrangente.
Porque compete a nós cristãos conhecer os escondidos mistérios da nossa alma e tê-los conosco animados de uma inequivocidade real, concreta e dispor da prerrogativa de ceder aos estímulos acenados pela graça a operar nela, alma, abrindo-nos aos espaços a abrigar as respostas representativas do nosso modo de ser individualizado e coerente com o exercício de uma dignidade que flui e traz o gozo de uma identidade soberana a protagonizar a inédita posse da condição de filhos do Criador!
Vivenciar a nossa natureza divina supõe exercer a capacidade de desentranhar do fundo de nós os dons libertadores que, em um repente, sugerem o uso da aptidão de perceber a significativa presença de um algo mais
que nos estimula a ver as coisas de uma maneira nova, original e edificante. Exemplificando, direi que ter conosco o gosto de um doce, recomenda-nos acima de tudo a tê-lo à nossa boca, em vez de observá-lo na vitrine.
Ter à nossa mercê a presença da nossa alma não basta olhar para o nosso corpo apreciando-o nos contornos agradáveis ou não, mas acolhendo-o como um presente divino!
Se tivermos a coragem e a ousadia de abri-lo, iremos mergulhar dentro de nós mesmos e despertar-nos para a novidade de possuí-lo, a acreditar que os sentimentos se antecipam às razões e preparam as posses dos entendimentos que nos aproximam de um modo efetivo do nosso Criador!
A Santa Comunhão II
Tomai e comei, isto é o meu corpo.
(Mt 26, 27-28)
Bebei dele todos, porque isto é o meu sangue, o sangue da nova e eterna Aliança, derramado por muitos homens em remissão dos pecados.
(Mt 26, 27-28)
Como é aquilo?
As razões explicam que todo ato de comer no mais profundo sentido é o que revela a necessidade de alimentar a alma, isto é, evoca o encontro das respostas que combinam o bem-estar íntimo com as seguras sensações de um consolo sem limites que chega e permanece.
Dizendo de uma forma simples, é o desfrutar de uma agradabilidade de sobrepor-nos às seduções dadas pelos sensoriais no ter, no ser tocado pelos tatos, pelo olfato, pelo quente e pelo frio.
Daquele modo posto, poderemos compreender que, verdadeiramente, sacia o que substitui o sensório pelo sentimento nascido do coração, da alma, sabendo que o primeiro impõe limites, restringe a relação entre nós e os significados que cercam as nossas presenças e trazem os retornos que não têm sustentação e perecem.
Os sentimentos elevam-nos aos altiplanos das percepções ilimitadas, deslocam os referenciais da geometria para os dos horizontes acolhedores dos entendimentos que explicam, dizem e abrem-nos para o infinito.
Percebo, também, que a utilização das razões submete os nossos discernimentos para os imaginários que fazem das conjecturas instrumentos aliciadores das suposições a tramitar em nossas mentes e a reclamar os escondidos sustentos concedidos pelas intuições.
Mas se o manuseio dos intuitivos combina com as ponderações racionais, ainda assim o problema do conhecimento não pode alcançar as respostas esbarradas nas dificuldades dos unilaterais hábitos de concluir. Porque a verdade é, absolutamente, não manipulável, e não pode ser buscada como um mero instrumento para acatar os desejos de tornar-se objeto dos merecimentos pessoais, mas fruto e predicado do Criador!
Resulta, então, que ser contemplado com os dons que o Pai, gratuitamente, nos concede é o caminho a nos conduzir à intimidade dos mistérios irradiados da Eucaristia!
Permito-me afirmar que a prática de uma ascese sem medidas pode oferecer as respostas para os ocultos significados presentes no seio do ato eucarístico e trazer os retornos que constroem dentro de nós as convicções a regar as grandezas do sacramento da ceia do Senhor!
Em quase nada nos enriquece imaginar que a simplificada frequência ao banquete do corpo e do sangue de Jesus, por si só seria o suficiente para elevar-nos à grandiloquência do ato de aproximar-nos de Jesus em uma plenitude, apenas, franqueada aos santos, mas creditar ao nosso ser o exercício de uma humildade exigente ao ponto de excluir do nosso viver toda pretensiosidade e poder ouvir as vozes a sentenciar no nosso comum modo de ser, que estamos começando a aprender que a caminhada a perseguir os nossos objetivos prepara os adventos das situações conformadas aos acenos da graça.
O verbo encarnado revestiu-se da condição humana e, assim, fez-Se homem a partir de uma escolha voluntária e decididamente divina, outorgando a si a propriedade do Deus-homem!
A instituição da Eucaristia é o milagre da presença do Deus carne, sangue e Espírito do Indivisível Encarnado!
Ao divino Espírito Santo
Como ouso dirigir-me a Ti e constatar-me envolto pela Tua presença e saborear os gozos do Teu Ser comigo coabitado?
Tudo sabes de mim, do modo como sou, pecador, mas me asseguras as chegadas das oportunidades de acercar-me de Ti e mais saber acerca das coisas que me aproximam do conhecimento do meu Ser e conduzem-me pelos caminhos que, de antemão, não os sei mas tornado capaz de provar da Tua presença e pôr-me ao alcance dos desejos a guiar-me para o encontro do, certeiramente, necessário e empreendedor!
Muito do que, então, tenho realizado me reforçam as convicções de que Estás comigo, como Pai, Amigo, Irmão, a dar sustento às minhas necessidades de fazer sempre o melhor e atenuar as inquietações de todos os meus dias!
Porque, de repente, ocorre alimentar do meu nada e privar Contigo de um relacionamento inimaginável!
Esclarece-me, Divino Espírito, que já não posso viver sem Ti!
Se vou, pressinto que me segues. Se as angústias e as solidões me abatem, percebo as Tuas mãos deslizando sobre os meus ombros, e se me ensombreiam os caminhos, sei-Te socorrendo-me com o esmero e a infalibilidade da Tua presença!
Dás-me beber a sabedoria de permanecer atento a tudo o que faço e colher o silêncio interior no ver, ouvir, cercando-me com uma obsequiosidade sem fim, em que as mãos que estendo pertencem não mais a mim, e sim a Ti!
Se aconselho, asseguras-me a posse de uma capacidade que não obtém os escoros das minhas razões, mas a sublimidade de ver com os Teus olhos!
Se rezo, pressinto-me despido das conveniências estreitas e abrasa-me um encantamento que os sei vindos de Ti!
Os meus medos já não abrigam a necessidade de fugir, debandar, mas sim a de ceder ao jugo de uma coragem que chega, me coloca à frente dos desafios e bem decidir!
Socorre-me alimentar dos preparos que não são meus, mas Teus!
O olhar do Pai compraz-se em tudo o que, abnegado faço e a desproporção entre o meu ser e o d´Ele me excita a presença de um temor que não faz afastar-Te de mim, mas faz me contagiar com o exercício de uma humildade sem fim!
A Santa Comunhão III
A comunhão eucarística encerra em si um projeto de verdadeira transformação! A nenhum de nós, existentes, é concedida uma fácil aptidão de sustentar uma fé desobrigada da utilização dos dons divinos presentes no nosso viver e não constatar que a nossa caminhada, somente, assegura as conquistas permanentes de abrir-nos às disponibilidades que colocam a nossa alma juntinho de nós e trazem perto os horizontes descortinados ao redor de uma ousadia que, surpreendentemente, surge nos induzindo a olhar de uma maneira nova o nosso existir, as coisas a abrigar as circunstâncias, os fatos e as gentes.
Os sinais reveladores presentes nos procedimentos eucarísticos instruem-nos a conviver com um novo humanismo ensejando o convívio com o nosso modo de ser eivado de limitações a dar sustento a uma carência suscitadora das dependências sem limites.
De lá a necessidade de comer o pão que, vanguardeiramente, alimenta:
Em verdade, em verdade, vos digo, buscais-Me não porque vistes os milagres, mas porque comestes dos pães e ficastes fartos. Trabalhai não pela comida que perece, mas pela que dura até a vida eterna, que o Filho do homem vos dará. Pois n’Ele Deus Pai imprimiu em Mim o Seu sinal
(Jo, 26-27).
O que mais dizer?
Jesus Cristo
Que eu me deixe voar pelas asas dos sentimentos, das ideias e dos pensamentos que neste instante não os sei, mas que me sustentam para perseguir uma humildade que muito diz da minha pobreza e do limitado alcance que fecham os meus entendimentos, que