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Dicotomia entre o discurso e a prática pedagógica na educação a distância
Dicotomia entre o discurso e a prática pedagógica na educação a distância
Dicotomia entre o discurso e a prática pedagógica na educação a distância
E-book256 páginas3 horas

Dicotomia entre o discurso e a prática pedagógica na educação a distância

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Sobre este e-book

A Educação a Distância (EAD) quebra paradigmas ou esperamos demais dessa modalidade educativa? Remando na contramão do discurso sobre Educação a Distância que promete milagres educativos através das tecnologias interativas, Clarissa Braga apresenta neste livro as incongruências entre o discurso proferido pelos especialistas e as experiências vivenciadas por aqueles, que se aventuraram nesse campo. Ambientado na Bahia dos anos 90, onde afloraram as primeiras experiências do estado, a autora traça um panorama sobre como foi construído um discurso difícil de ser posto em prática, que inspirou e inspira educadores até hoje na prática educativa em EAD.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento11 de jul. de 2017
ISBN9788581926445
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    Dicotomia entre o discurso e a prática pedagógica na educação a distância - Clarissa Bittencourt de Pinho e Braga

    participantes.

    CAPÍTULO 1

    A CRISE DO PARADIGMA MODERNO E A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

    Neste capítulo analiso os discursos contemporâneos sobre a transição paradigmática no campo da educação e suas implicações nas propostas educativas de cursos formais para EAD. Essas reflexões são importantes na medida em que contribuem para o entendimento da complexidade das questões que envolvem uma mudança paradigmática e a simplificação contida nas expectativas que pretendem resolvê-la através da Educação a Distância.

    Inicio com uma discussão sobre o conceito de paradigma e algumas considerações sobre a crise dos paradigmas na contemporaneidade. Neste tópico, ressalto as diferentes perspectivas trabalhadas por autores que abordam o tema: Connor (1993), Harvey (2006), Lyotard (2006) e Doll (1997) consideram que a Modernidade foi superada e sucedida pela Pós-Modernidade; Touraine (2002) acredita que a modernidade sobrevive, negando parte de si mesma; Marcondes (1994), Plastino (1994) e Dauster (1994) pontuam o momento da crise, onde não é possível designar os caminhos que serão traçados doravante; Santos (1989) e Lopes (1994) acreditam que o paradigma moderno não foi superado: os embates, as discordâncias e as crises são subparadigmáticas.

    Neste contexto, foi importante fazer uma releitura de dois autores cujas obras são constantemente referenciadas e interferem nas discussões sobre modelos e paradigmas: o primeiro é René Descartes (1971), citado como o criador do método científico, cujas ideias são apresentadas sempre como contraponto para a construção de novas abordagens educativas. No entanto, as questões levantadas sobre Descartes, evidenciam apenas o seu método, negligenciando-se outras questões igualmente importantes na sua obra que levantam a possibilidade do embrião da crise paradigmática ter surgido ainda na concepção do seu legado. Por exemplo, nos capítulos Considerações acerca da ciência e Razões que provam a existência de Deus e da alma humana ou fundamentos da metafísica; Descartes (1971) já se observam questões que iriam impulsionar a crise do paradigma Moderno – conforme será discutido a seguir. O segundo autor revisitado é Thomas Kuhn (1962), cuja obra inspira a discussão sobre a crise dos paradigmas. Kuhn acredita que a Ciência Moderna se caracteriza por apresentar uma sucessão de paradigmas – que ele designa como matrizes disciplinares – cada qual com sua própria teoria e métodos de pesquisa.

    O que irei discutir é que Descartes não pretendeu criar um método científico hegemônico – o que caracterizaria a ciência moderna – e Kuhn percebeu a incompatibilidade de um projeto de um método único, que abarcasse todas as áreas do conhecimento, ao falar de matrizes disciplinares. Esses são alguns dos autores mais utilizados para a realização de uma crítica à razão moderna, o que levanta a suspeita sobre um falso problema: a crise não nasceu da tentativa de imposição de um único método, mas do contraste das disciplinas que, ao se fragmentarem, recorreram às próprias percepções de mundo e encontraram na negação do método das demais a forma de se construir e se fortalecer. Esse esforço dificultou a tentativa de reunificação da ciência fragmentada através de projetos inter e transdisciplinares. Portanto, não deveria se concluir que aquilo que é designado como método e como paradigma moderno não resolve mais as questões contemporâneas, e sim, que ele não resolve parte das questões contemporâneas, pois não se adequa mais a determinadas áreas e a determinados tipos de pesquisa.

    Essas considerações não incluem o computador na sua abordagem: tratam de uma crise metodológica nas ciências que reverbera nas formas de ensino e aprendizagem. O que se questiona aqui é a simplificação do problema e a rápida resolução pela utilização do computador, que assume a identidade requerida, respondendo a todas as angústias e questões. Por que o computador e a rede parecem se transformar na solução para a crise dos paradigmas? Por que passa a ser o caminho para a construção de um paradigma (ou paradigmas) contemporâneo

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