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Teoria, Pesquisa e Aplicação em Psicologia – Processos Comportamentais
Teoria, Pesquisa e Aplicação em Psicologia – Processos Comportamentais
Teoria, Pesquisa e Aplicação em Psicologia – Processos Comportamentais
E-book407 páginas5 horas

Teoria, Pesquisa e Aplicação em Psicologia – Processos Comportamentais

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Sobre este e-book

Teoria, pesquisa e aplicação em Psicologia: processos comportamentais é um livro voltado para aqueles já inseridos na análise do comportamento e também para os que têm curiosidade em conhecer seus métodos, seus conceitos e suas possibilidades de aplicação. A amplitude das áreas mostra a aplicabilidade desse modelo nas mais diferentes situações, incluindo as possibilidades de intervenções clínicas e sociais, derivadas de métodos de investigação próprios aplicados às questões psicológicas no seu sentido mais amplo: tudo o que fazemos, sentimos, pensamos e falamos. Aqui queremos dar andamento a novas ideias e mostrar as vantagens dessa análise para a resolução dos problemas humanos. Ao estudante iniciante, uma ótima oportunidade de conhecer mais de perto, tendo um material diversificado que pode complementar os conteúdos de pesquisa e aplicação.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento24 de set. de 2018
ISBN9788547315955
Teoria, Pesquisa e Aplicação em Psicologia – Processos Comportamentais

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    Teoria, Pesquisa e Aplicação em Psicologia – Processos Comportamentais - Cristiano Coelho

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição - Copyright© 2017 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO MULTIDISCIPLINARIDADES EM SAÚDE E HUMANIDADES

    AGRADECIMENTOS

    Pareceristas ad hoc que atuaram como avaliadores dos capítulos de Teoria, pesquisa e aplicação em Psicologia: processos comportamentais. Agradecemos imensamente a competente colaboração dos colegas listados, que solidariamente contribuíram de modo decisivo para a qualificação desta obra.

    Prof.ª Dr.ª Elisa Sanabio Tavares Heck

    Prof. Dr. Fábio Leyser Gonçalves

    Prof. Dr. Hernando Borges Neves Filho

    Prof. Dr. Jorge Mendes de Oliveira-Castro Neto

    Prof.ª Dr.ª Michela Rodrigues Ribeiro

    Prof.ª Dr.ª Roberta Maia Marcon

    ________

    Prof. Dr. Lauro Eugênio Guimarães Nalini

    Prof. Dr. Cristiano Coelho

    Organizadores

    APRESENTAÇÃO

    Um trabalho a muitas mãos voltadas a um complemento de ideias e perspectivas sempre é gratificante. Não apenas para quem o faz, mas certamente para aqueles que podem usufruir do fruto desse trabalho. A Coleção Teoria, Pesquisa e Aplicação em Psicologia foi concebida para diferentes leitores. Ela pretende, ao mesmo tempo, contribuir para a disseminação de conhecimentos atuais e cientificamente embasados, produzidos por pesquisadores de diferentes instituições, que ao longo dos anos têm se dedicado em contribuir com o refinamento de teorias, precisão nos processos de avaliação e intervenção, e na produção de pesquisas que colaborem para o conhecimento e para a resolução dos problemas humanos.

    Pesquisadores da psicologia e áreas afins terão à mão uma visão de diferentes áreas e fazeres da psicologia, que a caracterizam como uma disciplina independente, mas que também dialoga com diversas áreas do conhecimento, em uma relação em que os dois lados se retroalimentam. Esperamos que as interpretações e as análises encontradas no conjunto da coleção possam auxiliar na busca de novas soluções, novas discussões, novas pesquisas, novas interlocuções.

    Estudantes de diferentes níveis e professores poderão conhecer métodos e dados atuais, que certamente complementarão suas leituras básicas, ao contatarem situações nas quais os conteúdos tratados em sala mostram-se questionados ou aplicados. Os docentes terão acesso à conhecimentos atuais voltados para casos específicos e ao mesmo tempo relacionados a outros conteúdos próprios de suas disciplinas.

    Profissionais poderão encontrar novos meios de intervir, avaliar e questionar. Os textos contribuirão para eles se atualizarem, pois serão instigados a conhecer mais, conforme sua especialidade de atuação envolva a busca de bem-estar, o desenvolvimento de mudanças no comportamento de indivíduos ou grupos, o avanço na própria atuação, ou apenas o interesse pelo que alguns dos pesquisadores renomados têm produzido nas áreas específicas de seus conhecimentos.

    Essa produção envolve uma preocupação com o humano, o social, com o bem-estar em uma diversidade teórica que, em vez de ser um problema, mostra-se consonante com o que mais caracteriza objeto de estudo, teoria e métodos da psicologia: sua complexidade. Uma complexidade que se embate, mas que ao mesmo tempo permite caminhar para a busca de soluções às questões humanas, seja em relação aos processos comportamentais envolvidos, à busca da superação do adoecer, à promoção do bem-estar em diferentes contextos ou à sua aplicação à compreensão e intervenção em contextos sociais. A coleção divide-se em três obras, cada uma concentrada em um conjunto de princípios que envolvem aspectos teóricos ou campo de atuação, possibilitando diálogos entre diferentes atuações e a interlocução entre diferentes fazeres.

    Teoria, pesquisa e aplicação em Psicologia: processos comportamentais tem como foco apresentar um conjunto de conhecimentos próprios ou derivados do Behaviorismo Radical, com conhecimentos produzidos e aplicados a partir da Análise do Comportamento. Com ela, o leitor poderá conhecer ou se aprofundar na aplicação da análise para questões teóricas, de produção e aplicação de conhecimento em diversos âmbitos, que vão desde pesquisas básicas a aplicações em situações de intervenção em contextos individuais ou em grupos. Aos que já têm conhecimento dos métodos da Análise do Comportamento, um convite a conhecer um pouco mais; aos que ainda não tiveram a oportunidade de se alimentar dessa fonte de conhecimentos, uma oportunidade de ampliar sua perspectiva quanto às possibilidades e aos métodos de pesquisa e intervenção nesse modelo.

    Prof. Dr. Cristiano Coelho

    (Organizador da Coleção)

    PREFÁCIO

    Teoria, pesquisa e aplicação em Psicologia: processos comportamentais é contribuição resultante de esforço editorial do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia (PSSP), da Escola de Ciências Sociais e da Saúde (Eciss) da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás), com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg). Consoante aos objetivos e diretrizes da linha de pesquisa em Análise e Evolução do Comportamento do PSSP, a obra buscou reunir estudos que mostrassem a diversidade temática e a riqueza de perspectivas da produção científica contemporânea em Análise do Comportamento, nesta oportunidade com as contribuições de professores/pesquisadores e profissionais radicados no Centro-Oeste – CO, incluso o Distrito Federal (DF) –, Norte (NO) e Nordeste (NE) do Brasil. Em 11 estudos, 19 autores filiados a cinco instituições de ensino superior, uma secretaria de estado e um consultório particular discorrem sobre epistemologia behaviorista, análise conceitual de conceitos mentais, terapias comportamentais, depressão, controle do comportamento alimentar, economia comportamental e comportamento do consumidor, e treinamento de habilidades motoras.

    No Capítulo 1, Radical Behaviorism as a naturalistic, reflexive epistemology, Júlio Cesar de Aguiar argumenta que o Behaviorismo Radical é uma epistemologia naturalística reflexiva que, para interpretar o comportamento de cientistas, faz uso dos princípios desenvolvidos pela ciência por ela própria fundamentada, ou seja, a Análise do Comportamento. De início, a partir de interpretação behaviorista radical do pensar, do conhecer/saber e do solucionar problemas, Aguiar expõe como a proposta skinneriana pode ser interpretada como uma epistemologia naturalística. Em seguida, interpreta o conceito funcional de ciência proposto por Skinner, que estaria relacionado à evolução, por seleção natural, dos comportamentos verbais lógico e científico efetivos na modificação do ambiente a favor dos grupamentos sociais humanos, a partir da identificação de contingências da natureza. Por fim, Aguiar explica a natureza reflexiva da epistemologia behaviorista radical, definida pela capacidade do modelo de explicar o seu próprio processo de desenvolvimento como prática cultural científica, numa composição articulada de três partes: o objetivo prático de controlar comportamentos, a comunidade verbal científica e as regras de segunda ordem.

    Duas instigantes elaborações de natureza conceitual são encontradas nos capítulos 2 e 3. No Capítulo 2, Responsabilidade e imputabilidade: uma análise conceitual à luz das lições de G. Ryle – elaborado por Ariela Oliveira Holanda, Eileen Pfeiffer Flores e Jorge Mendes de Oliveira-Castro Neto –, e no Capítulo 3, O conceito de racionalidade: seus usos na linguagem ordinária, análise do comportamento, economia e análise econômica do Direito – de autoria de Paulo Roberto Cavalcanti e Jorge Mendes de Oliveira-Castro Neto –, os autores analisam, sob a égide da filosofia da linguagem do britânico Gilbert Ryle (1900-1976), respectivamente, os conceitos de responsabilidade e imputabilidade e racionalidade. Na filosofia da linguagem ryleana, a constituição e posicionamento conceitual adequados de uma questão (tal como, por exemplo, a pergunta para a qual se busca resposta em uma pesquisa empírica) deve passar por consideração à geografia lógica dos conceitos nela envolvidos, o que consiste, por um lado, em revelar a lógica das proposições em que o uso dos conceitos em jogo é aceitável e, por outro, mostrar proposições outras nas quais os conceitos são incompatíveis. Em ambos os capítulos, os autores empreendem a análise dos conceitos mencionados com precisão e perícia, tornando evidente como cuidados no âmbito conceitual podem favorecer significativamente o esclarecimento da lógica de uso dos conceitos nos diferentes domínios onde operam e, com isso, viabilizar a construção de referenciais teórico-conceituais parcimoniosos e relevantes interdisciplinarmente, úteis de fato a uma melhor interpretação dos fenômenos para os quais os conceitos são propostos para capturar. Em ambos os capítulos, os autores exemplificam a inequívoca utilidade da análise conceitual ryleana na formulação de questões empíricas interdisciplinarmente substanciais, integradoras, no caso, dos conhecimentos da Psicologia (em especial, a Análise do Comportamento), da Economia e do Direito.

    Os capítulos 4, 5, 6, 7 e 8 abordam temas relativos aos cuidados e melhor entendimento dos processos de saúde humana, sentido amplo. No Capítulo 4, "O uso do self do terapeuta na terapia comportamental", Maria de Fátima José de Almeida Vieira e Luc Marcel Adhemar Vandenberghe apresentam a autorrevelação pelo terapeuta, intervenção clínica específica, com uso inicial nas terapias humanistas, definida como interação em que o terapeuta revela algo de si próprio para o cliente. Vieira e Vandenberghe apontam para a reconhecida relevância da autorrevelação no âmbito da psicologia clínica, apresentando as concepções teóricas que justificam a intervenção elaboradas por terapeutas humanistas, feministas, comportamentais e cognitivo-comportamentais. Visando à contribuição empírica, os autores questionam, contudo, o caráter normativo predominante nas produções dos profissionais daqueles campos clínicos. Essas seriam mais caracterizadas por prescrições aos terapeutas sobre como deveriam construir relacionamentos curativos e como deveriam utilizar a própria pessoa e os próprios sentimentos nas suas atuações do que por busca de compreensão de como ocorre a prática da autorrevelação pelos terapeutas, como esses se relacionam com essa possibilidade e como isso repercute sobre a visão que têm sobre a sua atuação clínica. Com o objetivo de contribuir para cobrir essa lacuna, Vieira e Vandenberghe examinaram depoimentos pessoais de dez terapeutas comportamentais goianos, visando à examinar, a partir de modelo conceitual próprio e procedimento assentado na Grounded Theory (modificação construtivista), a prática da autorrevelação tal como vivida concretamente pelos profissionais nas suas atuações clínicas. O interessante e competente esforço de pesquisa clínica que termina realizado evidencia que o modelo proposto por Vieira e Vandenberghe indica que o uso da autorrevelação requer do clínico autenticidade e consciência do processo terapêutico com foco nas necessidades do cliente, deixando claro que não é possível avaliar a intervenção de forma simplista, linear e nos termos de dicotomias tais como certo ou errado, útil ou não útil, ético ou não ético, visto que deve ser o contexto definido pela terapia e sessões específicas o parâmetro para avaliar e compreender o uso da autorrevelação.

    No Capítulo 5, Abordagem funcional para a esquizofrenia, Ilma A. Goulart de Souza Britto, reconhecida pesquisadora dos processos comportamentais patológicos, argumenta a favor do entendimento behaviorista radical sobre a conduta gravemente disfuncional. A autora o faz em contraposição aos modos de abordar e conceituar as patologias mentais características da psiquiatria clássica, em particular a abordagem à esquizofrenia. Britto aponta para a ilogicidade de argumentos circulares pseudoexplicativos que, a partir da observação de um conjunto de sintomas tomado como base para um determinado diagnóstico (por exemplo, simplificadamente: "João permanece o tempo todo no seu quarto, no escuro, delira e fala de modo desconexo. João é esquizofrênico), o termo diagnóstico usado (esquizofrênico") tem seu status conceitual original, meramente descritivo, abolido, e termina reificado e apresentado como nome de coisa-processo no indivíduo, admitido como explicação causal dos sintomas observados (dado o exemplo, "João permanece o tempo todo no seu quarto, no escuro, delira e fala de modo desconexo PORQUE é esquizofrênico"). Britto, adicionalmente, tem o cuidado de apresentar o entendimento behaviorista radical sobre o lugar das variáveis biológicas na explicação de padrões disfuncionais de conduta. Segundo a autora, analistas do comportamento, ao mesmo tempo que apontam para a inegável importância do substrato biológico na configuração de tais processos, o posicionam tal como o fazem para os comportamentos-problema, ou seja, como consequência funcional das contingências ambientais históricas e situacionais que, respectivamente, envolveram e envolvem o indivíduo acometido com o transtorno. Assim, da leitura de Britto depreende-se que, vista a esquizofrenia à luz da dinâmica das interações do indivíduo com as contingências ambientais, abre-se o frutífero caminho para intervenções terapêuticas eficazes na desconstrução de relações disfuncionais, construção de relações funcionais e, assim, o desejado abrandamento do quadro esquizofrênico.

    O Capítulo 6, intitulado Terapia de aceitação e compromisso: análise das produções brasileiras, de autoria de Juliana Lima Lobato e Maria de Nazaré Pereira da Costa, é um levantamento cuidadoso da produção brasileira sobre um dos mais expressivos modelos terapêuticos da terceira onda da Terapia Comportamental norte-americana: a Terapia de Aceitação e Compromisso (em tradução livre para o português do nome inglês "Acceptance Commitment Therapy, cuja abreviação, inclusive no Brasil, se dá com a sigla ACT"). Lobato e Costa, de início, familiarizam o leitor com o modelo de intervenção a partir da apresentação das principais características da ACT. A partir da caracterização, as autoras descrevem o levantamento da produção brasileira no período entre 2000 e 2014, considerando cinco categorias de produtos: a) livros publicados no Brasil, b) artigos publicados em meio eletrônico, c) capítulos dos livros da coleção Sobre Comportamento e Cognição, d) textos publicados em sites ou blogs criados por analistas do comportamento ou destinados a pessoas que possuam interesse na Análise do Comportamento e, e) anais e programações dos encontros da Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental (ABPMC). Indo além da descrição quantitativa das informações obtidas sobre autores, instituições e localização geográfica das produções, Lobato e Costa buscaram, também, identificar de que forma a ACT tem sido incorporada à prática clínica analítico-comportamental no país – se como modelo de intervenção analítico-comportamental ou cognitivo-comportamental –, e quais similaridades e diferenças entre a ACT e outros modelos de terapia analítico-comportamental utilizados no Brasil são verificáveis nas produções. Sem deixar de, com honestidade intelectual, apontar para as limitações do estudo, Lobato e Costa afirmam que os resultados do levantamento sugerem não só interesse renovado de analistas do comportamento brasileiros pela ACT como a condução de intervenções nela baseadas a problemas e contextos variados, práticas essas realizadas por profissionais da Análise do Comportamento que começam a considerar o modelo compatível com o referencial teórico-conceitual da disciplina. O interesse, contudo, não se reflete no quantitativo de produções, e a tendência está manifesta, ainda, em poucos estados brasileiros, com destaque para São Paulo (SP), Paraná (PR) e Goiás (GO). Lobato e Costa concluem o estudo afirmando que, dada a ênfase dos proponentes da ACT na necessidade de produção de evidências empíricas para suporte às intervenções baseadas no modelo e a promoção do seu desenvolvimento, esforços na direção da construção de uma base de evidências válidas para o contexto nacional deve ser meta da comunidade terapêutica aderida à proposta no Brasil. Segundo as autoras, essa base nacional de evidências permitiria aos terapeutas comportamentais brasileiros interessados na ACT ir além das referências internacionais já disponíveis, adequando os processos de intervenção à realidade da terapia comportamental no País, o que, adicionalmente, viria a ser contribuição brasileira ao desenvolvimento internacional do modelo.

    No Capítulo 7, Depressão relacionada ao trabalho: a Análise do Comportamento tem o que dizer?, Nilo de Andrade do Amaral e Kleuton Izídio Brandão e Silva apresentam a análise de um caso de depressão cuja etiologia, interpretam os autores, assenta-se nas contingências aversivas do contexto laboral (setor bancário) em que a paciente analisada (S, sexo feminino, 50 anos) trabalhara. A partir de abrangente caracterização do transtorno depressivo – que considerou a definição e sintomatologia do quadro conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais IV, a perspectiva funcional da Análise do Comportamento e as abordagens da saúde ocupacional no contexto da Psicologia Organizacional e do Trabalho – Amaral e Silva conduzem análise funcional do padrão depressivo de S. O trabalho analítico desenvolvido viabiliza o entendimento de como contingências punitivas comuns em ambientes laborais, na relação dessas com as contingências em outras esferas da vida (na família, em particular), podem favorecer de modo importante o desenvolvimento e a manutenção da depressão. Os autores argumentam que a implantação de programas eficientes de qualidade de vida no trabalho poderia reduzir os efeitos indesejáveis das contingências geradoras de depressão no contexto organizacional. De acordo com Amaral e Silva, a eficiência de tais programas decorreria do seu arranjo dos mesmos com base em intervenções que reduzissem as contingências aversivas e aumentassem as contingências de reforço positivo sob as quais trabalham os colaboradores na organização, o que repercutiria em ganhos à saúde laboral individual e da organização como um todo.

    No Capítulo 8, Efeitos dos grupos de cuidadores no emagrecimento das crianças, Doralice Oliveira Pires Dias e Sônia Maria Mello Neves apresentam estudo sobre o papel da família nas intervenções para a redução do excesso de peso e a importância dos procedimentos direcionados à idade da criança. A partir de substancial fundamentação empírica, Dias e Neves conduziram experimento cujo objetivo foi construir um programa de intervenção grupal voltado para as crianças, visando à modificação de comportamentos alimentares e no plano das atividades físicas, críticos à regulação do peso corporal. Duas funções da família em processos de intervenção – função mediadora e função participante – foram programadas em dois grupos. A partir de dados obtidos com 15 crianças (um par de gêmeos incluso) e 14 cuidadores, as funções foram avaliadas quanto à eficácia potencial sobre a redução do peso e a modificação dos comportamentos das crianças. Adicionalmente, com o uso de protocolo específico, elaborado com linguagem voltada para crianças, as autoras conduziram verificação contínua do comportamento verbal dos participantes. Os dados obtidos por Dias e Neves mostraram, corroborando a literatura existente, diminuição do Índice de Massa Corporal (IMC) das crianças nos grupos em que os cuidadores assumiram a função mediadora, supostamente por não envolver mudanças diretas no comportamento alimentar dos pais (o que caracteriza a função participante). Os dados mostraram, também, relações entre seguimento das regras estabelecidas nas sessões da intervenção e emagrecimento, sendo que as crianças que mais seguiram regras foram as que alcançaram as maiores reduções do IMC. Dias e Neves concluem sugerindo intervenções que visem a consolidar comportamentos governados por regras, a utilização de reforços contingentes aos comportamentos de regulação do peso corporal, o envolvimento da família e interações lúdicas que motivem e envolvam as crianças na mudança de hábitos alimentares e de atividade física.

    No Capítulo 9, com o título instigante de Tempo é dinheiro?, Ana Paula de Oliveira Silva e Jorge Mendes Oliveira-Castro Neto tratam experimentalmente a relevante questão da possibilidade das variáveis tempo e dinheiro afetarem o comportamento de modo semelhante. Para, especificamente, testar a proposição de que o custo de perder tempo é maior que o valor de ganhar tempo, o experimento conduzido por Silva e Oliveira-Castro objetivou comparar o preço de compra de tempo com o preço de venda de tempo e, após equalizar os valores de tempo e dinheiro, examinar se tempo afeta o comportamento da mesma forma que o dinheiro quando utilizado como reforçador em estudos experimentais. Dezessete estudantes de graduação foram submetidos, de início, à tarefa denominada Tarefa de Equalização de Valores em dois cenários e, posteriormente, a quatro condições (cenários) do Jogo do Ditador. Análises entre sujeitos e intrassujeitos foram realizadas. Nas análises entre sujeitos pode-se verificar assimetria na atribuição de preço quando um mesmo objeto é vendido e quando é comprado (endowment effect), conforme tem sido verificado em estudos da Economia Comportamental. Nas análises intrassujeitos, as manipulações de perdas e ganhos (condições do Jogo do Ditador) ou não apresentaram efeitos (dinheiro como recurso), ou apresentaram efeitos assistemáticos (tempo como recurso). Em cenários com dinheiro como recurso, todos os participantes fizeram divisões equitativas das quantias, com alocações de metade do dinheiro para si e metade para outra pessoa, independentemente de se tratar de perdas ou ganhos monetários. Com o tempo como recurso, quatro padrões diferentes de divisão de recursos foram observados nos cenários que envolveram perdas e dois padrões diferentes nos cenários que envolveram ganhos. Considerados os resultados obtidos, Silva e Oliveira-Castro afirmam ser possível supor que o tempo é afetado pela aversão à perda da mesma forma que outros recursos (endowment effect). Segundo os autores, a não observação de efeitos sistemáticos como função de manipulações de perdas e ganhos no Jogo do Ditador decorreu, provavelmente, do arranjo de contingências que o caracterizam: no jogo, as alocações feitas podem impedir a observação dos efeitos da aversão à perda, dado que outras variáveis relacionadas a consequências sociais da distribuição dos recursos podem se sobrepor aos efeitos de ganhos e perdas.

    No Capítulo 10, intitulado "Comportamento do consumidor: aplicação da matching law ao estudo do comportamento de consumo de combustível em carros bicombustíveis", Reginaldo Pedroso e Cristiano Coelho articulam, de modo consistente, os conceitos teóricos da análise do comportamento do consumidor (especificamente, do Behavioral Perspective Model), da Economia Comportamental e do estudo da escolha na perspectiva da Lei da Igualação para fundamentar análise descritiva quantitativa de um tipo de comportamento de consumo que, em anos recentes, foi viabilizado pelas inovações tecnológicas que culminaram com a fabricação de carros bicombustíveis: a escolha do combustível, se álcool ou gasolina, por consumidores nas situações de abastecimento de veículos. Concebendo o álcool e a gasolina como produtos (reforçadores) substituíveis e de demanda inelástica, e buscando verificar que variáveis determinam a escolha entre os dois combustíveis, Pedroso e Coelho, com o uso de um protocolo, coletaram dados em concessionárias (nível de consumo de automóveis bicombustíveis) e postos de abastecimento (marca e motorização de veículos, combustível escolhido e quantidade comprada, preço vigente dos combustíveis, e relatos verbais dos consumidores sobre o nível de consumos dos seus veículos). Naquela que é uma das principais análises do estudo, Pedroso e Coelho, com um modelo modificado da Lei da Igualação, relacionaram o número de consumidores que abasteceram com cada combustível e os preços dos combustíveis comprados nos diferentes dias de observação. Regressão linear revelou coeficiente de determinação (r ²) de 0,90, indicando que a escolha dos consumidores havia sido determinada pela variação do preço relativo dos combustíveis. Os parâmetros da equação empiricamente determinados indicaram elevada sensibilidade dos consumidores às variações no preço relativo dos combustíveis, ou seja, com pequenas alterações nos preços em relação ao ponto de referência de 70%, grande número de participantes abasteceu com o combustível mais favorável. Pedroso e Coelho concluem afirmando positivamente sobre a capacidade do modelo de descrever inversões das escolhas dos consumidores em relação a variações nos valores relativos de preço de combustíveis, o que permitiria prever o número relativo de indivíduos que consumiriam álcool ou gasolina em face a diferentes pares de preço desses combustíveis. Relevante conjunto de outras análises, envolvendo outras variáveis mensuradas no estudo foram conduzidas adicionalmente por Pedroso e Coelho.

    Por fim, o Capítulo 11, intitulado "Efeito de diferentes técnicas de treinamento na execução do saque do voleibol", de autoria de Marcos Paulo Gomes de Araújo e Lauro Eugênio Guimarães Nalini, apresenta estudo experimental em análise do comportamento motor (habilidade de execução motora) no contexto do esporte. O objetivo do estudo foi verificar o efeito de treinamento composto por variáveis instrucionais e técnica de ensaio encoberto sobre a execução motora do saque por cima do voleibol. Oito adolescentes iniciantes no voleibol foram distribuídos aleatoriamente em três grupos, tendo sido expostos a quatro condições experimentais: Linha de Base (LB), Treinamento Padrão (TP), Treinamento com Ensaio Encoberto Instruído (TEI) e Treinamento com Ensaio Encoberto com Modelo (TEM). Em cada condição, os participantes executaram dez saques, todas as execuções filmadas pelo experimentador. Treze avaliadores peritos em voleibol avaliaram a execução dos três últimos saques da condição LB e a execução dos três primeiros após a exposição às condições TP, TEI e TEM. Araújo e Nalini mostram que, tomados os dados em conjunto por condição experimental, análise de variância de Friedman indicou que, em 31,25% das comparações, diferenças significativas ocorreram entre as execuções em LB e aquelas pós-ensaios encobertos (em especial no TEI, mas também no TEM), mas em número bem menor entre as condições. Os resultados foram interpretados quanto: 1) ao nível de desenvolvimento dos repertórios autoperceptivo, verbal e motor dos aprendizes expostos aos treinamentos, 2) a natureza do controle que pode ser exercido pelos componentes instrucionais nas condições com ensaio encoberto e 3) a inter-relação entre variáveis verbais (comportamentos de falante e ouvinte) e perceptuais (imaginação) na relação com o desempenho motor.

    Analistas do comportamento – ou psicólogos de outras orientações, ou mesmo leigos inteligentes e interessados – que vierem a ler os onze capítulos da presente obra poderão constatar a grande riqueza de conteúdos neles contida, o que tivemos a pretensão de esboçar nas sínteses dos capítulos apresentadas acima. Modestamente, permitimo-nos afirmar com segurança que os interessados encontrarão subsídios para aprofundamento qualificado de conhecimentos teórico-conceituais, metodológicos, temáticos e de aplicação em Análise do Comportamento, assim como sugestões para trabalhos de pesquisa relevantes e atuações profissionais inovadoras. Assim, àqueles que venham envidar tal esforço intelectual, desejamos o deleite da leitura tranquila e prazerosa, que repercuta em rica apropriação de conhecimentos, inúmeras novas ideias e produtivas realizações futuras.

    Prof. Dr. Lauro Eugênio Guimarães Nalini

    (Organizador)

    Sumário

    Capítulo 1

    Radical behaviorism as a naturalistic, reflexive epistemology

    Capítulo 2

    RESPONSABILIDADE E IMPUTABILIDADE: UMA ANÁLISE CONCEITUAL À LUZ DAS LIÇÕES DE G. RYLE

    Capítulo 3

    O Conceito de racionalidade: seus usos na linguagem ordinária, análise do comportamento, ECONOMIA e Análise Econômica do Direito

    Capítulo 4

    O uso do self do terapeuta na terapia comportamental

    Capítulo 5

    ABORDAGEM FUNCIONAL PARA A ESQUIZOFRENIA

    Capítulo 6

    TERAPIA DE ACEITAÇÃO E COMPROMISSO: ANÁLISE DAS PRODUÇÕES BRASILEIRAS

    Capítulo 7

    DEPRESSÃO RELACIONADA AO TRABALHO: A ANÁLISE DO COMPORTAMENTO TEM O QUE DIZER?

    CAPÍTULO 8

    EFEITOS DOS GRUPOS DE CUIDADORES NO EMAGRECIMENTO DAS CRIANÇAS

    CAPÍTULO 9

    TEMPO É DINHEIRO?

    Capítulo 10

    COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: APLICAÇÃO DA MATCHING LAW AO ESTUDO DO COMPORTAMENTO DE CONSUMO DE COMBUSTÍVEL EM CARROS BICOMBUSTÍVEIS

    Capítulo 11

    EFEITO

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