Lucro com dignidade
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Lucro com dignidade - Marco André Ferreira da Silva
2008
CAPÍTULO 1
REFERENCIAL TEÓRICO
Dilemas de dignidade no âmbito das organizações
No dicionário de filosofia de Abbagnano o termo dilema, do latim dilemma e do grego dilemma (que significa premissa dupla
) é empregado por gramáticos e lógicos a partir do séc. II para indicar raciocínio difícil de solucionar¹⁶. No dicionário de Português Michaelis dilema é uma situação embaraçosa entre duas soluções fatais, ambas difíceis ou penosas¹⁷.
Dificuldades em identificar dilemas podem gerar riscos para gestão, com preços a serem pagos, tendo em vista a segurança e a reputação do negócio¹⁸. Os gestores apresentam falta de repertório das possibilidades e consequências morais de suas decisões e a habilidade de imaginar estas consequências e soluções. Alguns gestores focados em lidar com o seu papel na organização falham em considerar regras morais simples¹⁹.
O conteúdo situacional onde ocorrem os dilemas pode estar influenciado pelos sistemas de pensamento que geram dilemas gerenciais e que surgem dentro de um sistema com elementos interdependentes, subsistemas e redes de relacionamento e padrões de interação²⁰. Werhane sugere que o executivo deve suspender o julgamento e compreender uma situação, procurando compreender o modelo mental ou o esquema dominante da situação, e visualizar os possíveis conflitos morais ou dilemas que podem aparecer no contexto ou nos resultados do esquema dominante.
O executivo com capacidade de lidar com paradoxos e dilemas relacionados aos stakeholders da organização tem condições de construir credibilidade e lidar com as questões de integridade, liderança e estratégia corporativa em relação que é fundamental para a gestão de empresas nos dias de hoje²¹.
O indivíduo entre a subjetivação e objetivação: a origem dos dilemas
Para buscar o entendimento de dilemas, precisamos compreender a relação deste indivíduo com a sociedade. Para Berger e Luckmann, o conhecimento social é produzido nos cotidianos informais de sociabilidade, que podem ser entendidos como núcleos de informação socialmente construídos²². A maior parte das informações que estão nesses núcleos é do senso comum, do cotidiano, e tem papel fundamental na educação do indivíduo. Este conhecimento do indivíduo é construído considerando tanto aspectos objetivos, como subjetivos na construção social da realidade²³. Nesse sentido, os autores sustentam que as condições materiais e objetivas se entrelaçam com as condições subjetivas. Ou seja, o indivíduo está envolvido num constante processo educacional da moral e das regras de negócio, porém se relaciona e contribui para construção de um conhecimento social que considera suas subjetividades, história, linguagem e relações sociais num verdadeiro entrelaçamento entre aspectos objetivos e subjetivos em seu cotidiano. A realidade se apresenta a nós na vida cotidiana como um mundo intersubjetivo, o indivíduo participa deste mundo junto com outros²⁴.
Berger e Luckmann posicionam o conhecimento social na experiência cotidiana. A experiência cotidiana do executivo não é diferente daquela apontada por estes autores, pois o executivo, como indivíduo, traz na sua experiência cotidiana, na sua historicidade e educação, conteúdos sociais que não foram construídos dentro da empresa somados, evidentemente, àqueles conhecimentos adquiridos dentro da empresa²⁵.
Berger e Luckmann se dedicam a discutir os processos de socialização vivenciados pelo indivíduo, distinguindo entre a socialização primária, em que o indivíduo se torna membro de uma sociedade, e o processo de socialização secundária, o qual introduz um indivíduo já socializado em novos setores do mundo objetivo. Toda a construção social do conhecimento do empresário na experiência em conviver com seus pais na infância e na adolescência, na relação com o trabalho e com a comunidade, até sua relação com os filhos, interagindo com uma sociedade em rede e ao mesmo tempo se relacionando com a instituição empresa, constitui o repertório para o empresário representar seu papel. Desta forma, podemos considerar que não é possível reduzir o executivo à sua experiência empresarial, mesmo sendo esta a maior parte do seu espaço cotidiano²⁶.
Esse conhecimento e experiências são baseados na dinâmica da relação do objetivo e do subjetivo na experiência cotidiana, onde, por exemplo, as rupturas das identidades ou o restabelecimento dos ciclos de contato advém, muitas vezes, a partir de situações que criam condições para novas ressocializações com forte carga afetiva²⁷. O empresário se relaciona com sua função como objeto, ao mesmo tempo em que projeta o seu mundo subjetivo e experiências históricas nesse relacionamento.
Sobre a realidade objetiva, Berger e Luckmann assinalam que as instituições são partilhadas e construídas no curso de uma história²⁸. Nesse sentido, o empresário é o sujeito da construção dessa realidade e não apenas influenciado por ela.
A cristalização das instituições, segundo Berger e Luckmann, ocorre da seguinte forma: padrões de conduta; apropriação da conduta do outro fazendo dela modelo padrão de condutas reciprocamente tipificadas; situação social duradoura com ações individuais entrelaçadas (reciprocamente tipificadas); e existência de instituições históricas experimentadas como independentes dos indivíduos que corporificam instituições que adquirem realidade própria na condição de fato exterior e coercitivo²⁹. Berger e Luckmann afirmam que […] os significados institucionais devem ser impressos poderosa e inesquecivelmente na consciência do indivíduo por meio de um processo educacional ou por meios coercitivos
³⁰.
Por outro lado, a história do indivíduo e por causa da imperfeição da socialização³¹ existe espaço para subjetivação do indivíduo que pode se deparar com uma percepção divergente da tipificação institucional. Berger e Luckmann apontam que a objetividade do mundo institucional é construída e produzida pelo homem, portanto exposta à subjetividade do indivíduo³². À luz de Berger e Luckmann quanto mais for cristalizada a institucionalização e o propósito das instituições e isto estiver em desacordo com o que o indivíduo pensa, maior será a chance para emergir o dilema.
Para Berger e Luckmann o indivíduo amplia a sua capacidade de enfrentar a complexidade do mundo à medida que amplia sua capacidade de conviver com o pluralismo cultural, normalmente encontrado em ambiente de rápida mudança social³³. Para estes autores, o pluralismo ajuda a diminuir as resistências do conservadorismo ou definições tradicionais da realidade. Diante do pluralismo, o indivíduo pode se sentir à vontade com a diversidade social, pois tem o seu repertório ampliado para lidar com o mundo social³⁴. Portanto, a meu ver, a convivência como pluralismo cultural e social amplia a capacidade de lidar com os dilemas.
Outro motivo para o surgimento do dilema na escolha estratégica pelo empresário é a velocidade das transformações sociais que mudam as nossas identidades pessoais, abalando a ideia que temos de nós mesmos como sujeitos integrados. Hall argumenta que as identidades modernas estão sendo descentradas
³⁵, fragmentadas pelo processo de globalização. A crise de identidade
para o autor faz parte de um processo mais amplo de deslocamento de estruturas e processos das sociedades da era industrial fordista, abalando os quadros referenciais que ofereciam aos indivíduos uma ancoragem no mundo social.
Portanto, o dilema pode se apresentar na busca de ser um sujeito integrado a partir de um processo de defesa do seu self e autoestima. Por um lado temos as forças de descentramento³⁶ por outro lado, a tensão da busca da integração do self como defesa do ego. Nesses momentos são identificados os dilemas, pois o indivíduo é confrontado com abordagens e direções diferentes a respeito do mesmo evento.
Se considerarmos as indicações de Hall, o deslocamento de estruturas referenciais do indivíduo baseadas no fordismo, parte da identidade do indivíduo, é uma realidade decorrente da globalização³⁷. O indivíduo, dentro de um processo dinâmico de busca por novas referências e defesa do ego e identidade, irá enfrentar dilemas e terá que lidar com questões do tipo: Qual a melhor escolha para que tanto a organização que ele representa quanto as pessoas e comunidades e pessoas impactadas sejam dignamente consideradas? A direção desta questão está voltada para a organização, as pessoas e as comunidades envolvidas, mas também como defesa do ego do indivíduo enquanto empresário. Por exemplo: se o empresário acredita que deve contribuir para maximizar a riqueza do acionista a qualquer custo e surgirem pressões sociais para que ele considere os impactos sobre os stakeholders em suas escolhas e isso afetar a empresa, ele pode se ver em um