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O Caminho das Pedras: Percursos Metodológicos de Pesquisa em Educação
O Caminho das Pedras: Percursos Metodológicos de Pesquisa em Educação
O Caminho das Pedras: Percursos Metodológicos de Pesquisa em Educação
E-book243 páginas3 horas

O Caminho das Pedras: Percursos Metodológicos de Pesquisa em Educação

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Sobre este e-book

Esse livro marca a experiência complexa que é encontrar os meios e modos para construir uma pesquisa, afinal, entramos na academia com uma hipótese a provar. E aí descobrimos que o grande problema é o como fazer isso. O livro apresenta as dificuldades para construir um instrumento de pesquisa, encontrar sujeitos dispostos e disponíveis a contar suas histórias, entrar nas instituições vencendo suas resistências e burocracias. Trata ainda das dificuldades com a documentação nem sempre organizada como se gostaria. O Caminho das Pedras... é uma reflexão sobre o percurso que os nove pesquisadores trilharam para conseguir terminar a empreitada. Mas é, sobretudo, uma história de sucesso.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento31 de ago. de 2018
ISBN9788546213986
O Caminho das Pedras: Percursos Metodológicos de Pesquisa em Educação

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    O Caminho das Pedras - Neusely Fernandes Silva-speakes

    pesquisa.

    Prefácio

    Uma pessoa ser convidada para fazer um prefácio de alguma obra é sempre fator de distinção a quem se convida e confiança de quem faz o convite, tornando tal atividade plena de responsabilidades aos envolvidos.

    Assim, começo agradecendo duplamente o convite, por ter sido a pessoa escolhida para tal tarefa e por ser a primeira a ter acesso ao trabalho, para além de seus autores e colegas.

    Um prefácio tem, para quem o faz, a responsabilidade de introduzir os leitores a obra escrita, seja ela individual ou coletiva. É por meio deste pequeno texto que os leitores têm contato, inicialmente, com o conteúdo que vem a seguir. Esta, portanto, é minha intenção.

    Escrever algo que resuma, de certa forma apresentando um trabalho, tem várias facilidades e, ao mesmo tempo, dificuldades. Os textos que compõem esta coletânea, de fato, contêm ambas as perspectivas, tanto para mim quanto para os leitores. As facilidades advêm do elemento de base dos estudos, qual seja, a escola presente nos textos e em toda minha vida profissional. Assim é que a leitura dos estudos, sobre esse grande tema, tem a possibilidade de nos ligar e nos levar, cada vez mais, junto a essa realidade por aspectos diferenciados, posto tratar-se de coletânea. Penso que os leitores terão essa mesma perspectiva.

    Ao percorrer os textos vem, para nós, a dificuldade, qual seja, a exigência de variados mergulhos nesse universo escolar dada a diversidade de seus focos que só aparentemente são conhecidos e esperados. Eles nos fazem parar para pensar no decorrer de seu desenvolvimento.

    São descritas diferentes ações, em diversificados ambientes e indicam as necessidades e os impactos das decisões para a continuidade na particularidade de cada um. São textos com as perspectivas da História e das Ciências Sociais, abrangendo a sala de aula; o ensino médio por meio da Filosofia; a direção da escola; a educação especial; o ensino privado; e alguns textos de cunho teórico e de metodologia, todos ajudando o leitor a mergulhar no universo da pesquisa: esse, o grande eixo da obra. Com redação de cunho acadêmico, são trabalhos carregados da seriedade necessária sem perder a condição de individualidade e de agrado ao leitor, sobretudo em um meio de divulgação ampla como é um livro.

    Os leitores certamente vão se beneficiar de todos os textos e, posso dizer que, só ao final da leitura, compreendi – não sei se é só para minha compreensão – o significado do título: O Caminho das Pedras: percursos metodológicos de pesquisa em educação. Realmente, pesquisar em educação não é só identificar por onde se anda, mas é como realmente caminhar em solo pedregoso, em que cada um escolhe ou decide qual caminho tomar ao pisar sobre as pedras, às vezes com ajudas. Mas, de fato, não há dois estudos iguais, e nem pode haver, dadas as diversificadas circunstâncias e histórias de cada um ao se dedicar à pesquisa. Contudo, pode-se aprender com cada um dos estudos aqui relatados, com o modo pelo qual cada um escolheu para pisar sobre as muitas pedras.

    Alda Junqueira Marin

    Araraquara, maio de 2018.

    Capítulo 1:

    A fundamentação teórico-metodológica da pesquisa: terceiros anos do ensino fundamental: castelos de areia da sala de aula

    Alexandre José Cruz

    Sendo produtos históricos da atividade humana, todos os universos socialmente construídos modificam-se, e a transformação é realizada pelas ações concretas dos seres humanos. (Berger; Luckmann, 2012, p. 151)

    O processo de orientação e a busca pela consolidação da metodologia da pesquisa

    Para discorrer sobre o primeiro item deste capítulo, eu recorro à pesquisa realizada por Mazzilli (2009) que buscou compreender em que consistem as orientações e teses, focalizando principalmente a fala dos professores doutores orientadores de dois programas de pós-graduação de duas universidades brasileiras. A partir dos enunciados dessa pesquisa, eu me posicionarei como orientando, para deixar registradas aqui as minhas impressões sobre o processo de orientação que possibilitou a elaboração da metodologia da minha pesquisa com clareza.

    Mazzilli (2009) diz o seguinte sobre um dos destaques feitos pelos professores sobre o processo de orientação de teses:

    Um dos pontos destacados pelos entrevistados é que, seja qual for a modalidade de orientação adotada, o processo de orientação implica fortemente relações pessoais com o orientador e orientando, sujeitos diferentes em suas histórias e formações, fator de reconhecida importância desde o início da orientação e da inserção do aluno no programa. (Mazzilli, 2009, p. 76)

    Esse ponto de interação evidenciado por Mazzilli (2009) é da maior relevância, uma vez que a minha graduação e o mestrado foram realizados na Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), e o doutorado em outro programa, com estrutura, funcionamento e linhas de pesquisas muito diferenciados.

    O que não me fez um estranho no ninho no programa Educação, História, Política e Sociedade (EHPS), da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, foi o fato de ter sido, no primeiro semestre de 2012, aluno ouvinte. Sem dúvida, foi um período de descoberta, reconhecimento e adaptação ao novo programa de pós-graduação, cujo ingresso oficial ocorreu no início do segundo semestre deste mesmo ano, após um rigoroso processo de seleção.

    Sobre o processo de orientação individual na universidade, Mazzilli (2009) disse o seguinte:

    A principal atividade que ocorre na orientação individual, de acordo com os entrevistados, é a análise pelo orientador da produção escrita do aluno, principalmente nos períodos que antecedem a qualificação e defesa, a produção de textos para publicação ou para a inscrição de eventos. (Mazzilli, 2009 p. 79)

    No período que ingressei como aluno ouvinte do programa até a minha defesa (em julho de 2016), a produção da minha escrita foi analisada nas aulas dos professores pesquisadores do programa; artigos foram escritos e avaliados pelas comissões processantes dos eventos científicos e tantas outras situações que exigiram a minha responsabilidade, presença e compromisso acadêmico.

    Em específico, a metodologia da minha pesquisa, ainda sob o ponto de vista da produção individual, foi produzida principalmente nas reuniões de orientação, em que textos eram indicados para que opções teórico-metodológicas fossem pensadas e testadas para a realização do meu trabalho científico.

    Este foi um ponto de atenção na realização do meu trabalho, pois se caracterizou na necessidade da busca dos referenciais teóricos e da metodologia que dariam a base científica para a realização da pesquisa.

    Para Mazzilli (2009), existem pontos de tensões no processo de orientação:

    Um aspecto que gera tensões no processo de orientação é equilíbrio entre as expectativas dos alunos em relação a um acompanhamento mais diretivo do orientador e a postura dos orientadores na busca por promover a autonomia do estudante na realização do seu trabalho. (Mazzilli, 2009 p. 79)

    Essa foi a principal característica do meu processo de orientação: de um lado, a professora/orientadora muito segura com relação às minhas buscas e, do outro lado, o doutorando ansioso para encontrar o caminho teórico-metodológico do seu trabalho.

    Por outro lado, este não foi um percurso solitário, ocorreram encontros e discussões coletivas, também mensurados por Mazzilli (2009):

    De fato, orientações coletivas constituem-se em espaços que podem propiciar uma aprendizagem que se engendra a partir das interações que estabelecem entre si, sujeitos promovidos de diversidades sociais e culturais, pela mediação da linguagem, através de uma atividade comum, como concebe a teria sócio histórica de Vygotsky. Uma relação que tem por cenário uma determinada cultura, na qual os sujeitos simultaneamente, promovem transformações e são transformados. (Mazzilli, 2009 p. 80)

    Sob este prima, os encontros coletivos ocorreram em diversos espaços, seja durante as aulas em que todos buscavam preciosidades e achados para as suas pesquisas, já que os professores sempre foram receptivos em contribuir com cada um dos alunos, o que foi constatado pelas rápidas e ou demoradas conversas mantidas com os colegas nos corredores da universidade, no horário do almoço nos restaurantes situados nas cercanias da instituição ou no bandejão situado dentro dela, na tão conhecida prainha da PUC, ou nas raras conversas que ocorreram na mesa de bar.

    É possível afirmar que, antes mesmo da qualificação, vivenciava a pesquisa com intensidade. Portanto, há de se considerar os grupos de pesquisas e estudos organizados pelo programa e também eventos promovidos por ele e pela representação discente, no percurso dos quatro anos do meu doutoramento.

    A metodologia da pesquisa

    É indiscutível que a revisão bibliográfica está presente em todas as pesquisas realizadas no EHPS, uma vez que ela ajuda os alunos a situarem o seu trabalho e saberem com rigor tudo o que foi produzido sobre o tema da sua pesquisa, seja pelas dissertações, teses ou artigos publicados pelas principais agências de fomento e sítios que agregam as principais revistas científicas do país; um bom exemplo é a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). O levantamento bibliográfico é relevante, pois ele ajuda na seguinte forma:

    (...) iluminar o caminho a ser trilhado pelo pesquisador, desde a definição do problema até a interpretação dos resultados. Para isso deve servir a dois aspectos básicos: (a) contextualização do problema dentro da área do estudo; e (b) A análise do referencial teórico. (Alves, 1992, p. 54)

    Já a revisão da literatura, possível a partir do levantamento bibliográfico, serve a duas possibilidades bem pontuais:

    (...) (a) aquela que o pesquisador necessita para o seu consumo, isto é, para ter clareza sobre as questões teórico-metodológicas pertinentes ao teme escolhido e (b) aquela que vai efetivamente, integrar o relatório do estudo. Quanto mais eficiente for pertinente a primeira, mais funciona e focalizado será a segunda. (Alves, 1992, p. 54)

    Na minha pesquisa, foram verificadas as publicações correlativas ao ensino fundamental no banco de dissertações e teses da Capes, em que se constatou a produção de 10.324 dissertações, sendo 732 profissionalizantes e 1.816 teses focadas no terceiro ano do ensino fundamental. Em seguida, todas essas pesquisas foram filtradas com vistas somente para aquelas realizadas sobre o terceiro ano do ensino fundamental, em razão de ser um meio de ciclo no ensino fundamental I, e por ser a etapa chave para o desenvolvimento desta pesquisa. Ao final, foram localizadas a, partir dos descritores terceira-série-ensino-fundamental e 3ª-série-ensino-fundamental, 119 dissertações e 27 teses. Diante desse levantamento realizado, principalmente com relação às pesquisas realizadas sobre o terceiro ano do ensino fundamental, à luz da Lei n. 9.394/96, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no fim de 2013 e início de 2014, não se pode dizer que inexistiam estudos sobre o terceiro ano, pois eles demonstram preocupações com focos diversificados. Entretanto, verifica-se que os focos em geral são pouco articulados com outros aspectos, quer sejam os da própria série, quer sejam de outros componentes curriculares. Quando são sobre práticas de professores (poucos), não se reportam a outros fatores; se são sobre os alunos, também não estabelecem relações. Mas, de todo modo, há de se reconhecer que é uma série/ano que preocupa os pesquisadores e, por isso, a busca por conhecimentos sobre essa etapa de escolaridade.

    No portal de periódicos da Capes, foram encontrados 255 trabalhos, mas foi possível validar apenas 42 artigos em razão dos demais focalizarem o ensino fundamental II.

    No conjunto das leituras, além das teses e dissertações e artigos de revistas, alguns estudos foram decisivos, principalmente as contribuições da tese de Guilherme (2007), que relata especificamente o núcleo, o 2º e 3º anos, relativos a essa etapa. Marin et al. (2009) divulgam as perspectivas de professoras sobre o significado das séries escolares nessa faixa da escolaridade, assim como o estudo de Simão (2011) e um capítulo de Marin e Nascimento (2010) que comentam os índices de reprovação entre 2000 e 2008, apesar das medidas criadas de implantação dos ciclos e do regime de progressão continuada no estado de São Paulo.

    Os dados de todas essas pesquisas levaram a reforçar a ideia do estudo da realidade prática dos professores do terceiro ano do ensino fundamental atual. Além disso, tais leituras foram permitindo a visualização desse cenário interno das salas de aula e a diversidade com que isso ocorre. Desse modo, a construção do objeto foi sendo delineada com mais um passo.

    O próximo passo foi o de definir referencial teórico de modo que o objeto ganhasse ainda melhor definição. Para esta etapa decisiva, optou-se pelo uso de conceitos de Gimeno (2000) por ser lúcida percepção de que, ao colocar o currículo em ação, os professores executam uma práxis constituída de sequência de tarefas organizadas e propostas aos alunos, delineando a arquitetura dessa prática, estipulando-se a questão central do estudo: quais as características observáveis da arquitetura da prática composta pelas tarefas escolares vivenciadas por duas professoras do terceiro ano do ensino fundamental e seus alunos? Qual a formação que propõe ao alunado com tais tarefas?

    Esse questionamento desdobrou-se em outros mais específicos decorrentes desse referencial. As tarefas, como unidades de análise, podem ser focalizadas na pesquisa por diferentes categorias. Dentre as categorias apresentadas pelo autor, a opção desta pesquisa foi pela categoria que focaliza o papel da mediação do ensino e mediação da aprendizagem e qualidade do processo, assim como pela quarta categoria das dimensões das tarefas acadêmicas que focaliza o papel do alunado nos processos estimulados pela tarefa, conexão da experiência prévia, tipos de aprendizagens e análise dos objetivos previstos.

    Essa definição exigiu a busca de referencial teórico auxiliar que permitiu a análise das tarefas quanto à natureza da atividade a ser realizada. Para tanto, a decisão recaiu no uso da produção de Bloom (1974) e a sua taxionomia para permitir identificar a qualidade das exigências pedagógicas, pois a sequência proposta de tipos de objetivos escolares permite identificar avanço cognitivo dos alunos.

    A partir dessas categorias de análise que compõem a arquitetura da prática, é possível pensar em questões secundárias, sobre quais são as características das tarefas; quais as características da dimensão e ocorrência da aprendizagem; e qual a formação possível, para o alunado, diante de tais tarefas.

    Esse questionamento levou a definir o campo empírico da pesquisa – um município de pequeno porte do interior do estado de São Paulo – e estipular o objetivo geral e os específicos para o estudo.

    Objetivos

    O objetivo geral do trabalho definido foi o de caracterizar aspectos fundamentais do trabalho de duas professoras do terceiro ano do ensino fundamental de um município pequeno de pequeno porte¹ do interior do estado de São Paulo, mediante a análise de exemplos de tarefas escolares realizadas sempre a partir da sala de aula, buscando identificar, sobretudo, para que e como se arquiteta o processo educativo: (a) verificar quais são os tipos de tarefas mais frequentes; (b) identificar a presença de tarefas quando comparadas as sequências; (c) identificar se há evolução cognitiva na proposição das tarefas.

    Hipóteses

    Diante do cenário que se afigura sobre o ensino fundamental, a hipótese é a de que as professoras tenham certa arquitetura da prática composta de uma amálgama com elementos descritos nessas categorias que se mesclam com as determinações jurídico-legais, suas experiências, entre elas as da formação e as condições de trabalho da instituição, o que lhes dá aspectos peculiares.

    A busca, a seleção e a escolha das escolas pesquisadas

    No mês de janeiro de 2014, foram realizadas visitas em quatro outros municípios de pequeno porte e somente no quinto é que ficou decidido realizar a pesquisa, mais especificamente nas salas do terceiro ano do ensino fundamental, das escolas municipais que foram ficticiamente denominadas de Vista da Serra e Jardim das Flores.

    A pesquisa teve início no mês de fevereiro, em que foi realizada a primeira visita na escola Vista da Serra e depois acertos da pesquisa com a direção da escola; ocorreu um processo de ambientação durante duas semanas, para tornar o pesquisador conhecido entre os professores na sala de aula. A estratégia foi manter rápidas conversas com professores durante o intervalo, apresentação do pesquisador em todas as salas de aula do ensino fundamental e, também, almoço com todos os profissionais da educação e crianças da escola nas duas primeiras semanas que

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