Itinerários de Pesquisa na Formação Docente em Biologia
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Itinerários de Pesquisa na Formação Docente em Biologia - Marlécio Maknamara
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO ENSINO DE CIÊNCIAS
A cada discente de licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Federal de Sergipe.
AGRADECIMENTO
Ao Departamento de Biologia da Universidade Federal de Sergipe, pela viabilização do projeto formativo de que tratamos nesta obra.
APRESENTAÇÃO
Há anos a Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Federal de Sergipe preocupa-se em garantir experiências investigativas na formação inicial de quem ensinará Ciências e Biologia. As reformulações curriculares desse Curso ocorridas em meados dos anos 2000 expressam isso também ao consolidarem disciplinas especificamente voltadas às investigações em ensino. Tais disciplinas passaram a introduzir os/as licenciandos/as na diversidade de orientações teórico-metodológicas e de procedimentos das inúmeras pesquisas em ensino de Ciências e de Biologia no Brasil.
Este livro traz uma amostra do que realizamos a frente desse contexto em que a pesquisa não figurou como elemento acidental da formação docente. Visando a colaborar com a iniciação e o aprofundamento acerca das pesquisas na área, partimos de possibilidades investigativas em ensino de Ciências e Biologia e buscamos estimular análises sobre diferentes elementos das práticas pedagógicas naquelas disciplinas escolares. Uma consulta a documentos oficiais da referida instituição e a meu acervo pessoal referente ao trabalho lá desenvolvido também dá a ver uma intensa produção de materiais e de estratégias formativas nesse período: instruções para leitura e fichamento de textos resultantes de investigações, roteiros de elaboração de projeto de pesquisa, material instrucional, normatizações, encaminhamento de discentes à orientação, planejamento e execução das defesas de monografias, comunicações e debates com orientadores/as...
Esperávamos também dinamizar e potencializar o acompanhamento da orientação de pesquisa em ensino naquele curso. Vários dos/as orientadores/as que assumiram esse processo dividem aqui autoria com aqueles/as que, outrora discentes, hoje também já orientam pesquisas em ensino. Todo esse esforço institucional e colaborativo está expresso do primeiro ao último capítulo deste livro. Foi por acreditarmos na potência do trabalho coletivo e da articulação de práticas de formação que conseguimos produzir o que aqui trazemos como amostra (obviamente parcial, incompleta e provisória). O que resultou e reverberou dessas intenções de trabalho poderá ser melhor avaliado por cada leitor/a. Boa leitura!
Prof. Dr. Marlécio Maknamara
Primavera de 2017
Em comemoração aos 45 anos da Biologia/UFS
PREFÁCIO
Compreender a teia que envolve a formação de professores de Ciências e de Biologia nos leva a tentar desatarmos diversos nós que formam essa trama, em que, ao isolarmos um fio, afastamo-nos, ao mesmo tempo em que nos aproximamos da reflexão de vários percursos que envolvem a formação do educador dessa área.
A peculiaridade das Ciências Biológicas, estabelecida no século XIX como uma ciência autônoma, com identidade própria em meados do século XX e atualmente na busca da consolidação de sua autonomia, vem afastando-se da herança das ciências físicas, que originariamente foram o seu suporte. O positivismo das Ciências Biológicas, seus conteúdos técnico-científicos ainda estabelecem a base dos conhecimentos escolares da disciplina Biologia no ensino básico e permeiam os cursos de formação de professores de Ciências e de Biologia nas instituições de ensino superior no país. Afastar o olhar dessa visão a partir das necessidades formativas de um educador que atuará no nível básico é um estimulador desafio aos que se apropriam dos referenciais teóricos para a pesquisa na área de Educação.
O presente livro que chega ao leitor é uma grande contribuição dos pesquisadores em ensino das Ciências Biológicas da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Essa instituição, já com grande experiência na formação de profissionais nessa área, quando desde a aprovação do seu curso em 1969 e sua implantação no ano de 1972, já passou por diversas reformulações curriculares até chegar aos anos 2000, perseguindo uma definição de perfil para bacharelandos e licenciados. Essas definições vêm a partir das necessidades explicitadas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de licenciatura, trazendo elementos para discussão sobre formação de professores. E este livro nos conduz em vários fios da trama formativa dos licenciandos-pesquisadores-professores no ensino de biologia.
O livro inicia-se com uma reflexão oportuna sobre o que já se produziu na prática da pesquisa em formação de professores. O capítulo Itinerários de pesquisa na licenciatura em Ciências Biológicas da UFS
, dos autores Adryene S. Lopes, Ariel de S. Graça, Egival L. A. Guedes, Rubiana P. Custódio, Thayane K. S. de Jesus e Marlécio Maknamara, utiliza diversas monografias produzidas no referido curso como uma forma de introduzir os licenciandos na prática da pesquisa. Essa iniciativa deveria permear a prática da formação dos pesquisadores para a área de ensino nos cursos de licenciatura no nosso país.
No capítulo seguinte, Leonardo Ferreira de Almeida e Maria Helena Zucon analisam a História e Filosofia da Ciência na formação de professores - Concepções de graduandos sobre o caráter científico da Biologia
. Os autores investigam as concepções dos alunos sobre a atividade científica e sobre a ciência, como uma tentativa de trazer a história e a filosofia da ciência para o campo da formação docente. E aí temos mais uma oportunidade de refletirmos sobre as fronteiras das ciências biológicas e outros campos do conhecimento para a formação inicial e continuada dos professores, com a noção de cientificidade e das particularidades da própria biologia. E os encantamentos dessa ciência atraem o jovem que escolhe essa área para futura profissionalização. Entretanto, ao iniciar sua graduação, a diversidade de caminhos que vão aparecendo no curso, tornam o percurso atrativo ou não.
A pesquisa de Ann Letícia Aragão Guarany, Maria Inêz Oliveira Araújo, intitulada Retenção dos licenciandos em Biologia: reflexos na formação
, leva-nos a entender como os alunos do curso de licenciatura em Ciências Biológicas da UFS são estimulados a permanecerem no curso, seja cursando disciplinas próprias da área, seja realizando pesquisa monográfica ou outras atividades que levem a uma reflexão pelos formadores dos futuros professores o quão é importante um curso que influencie e estimule a prática pedagógica dos licenciandos. E essa prática pedagógica se materializa nos diversos espaços de atuação docente, em que conteúdos programáticos se tornam polêmicos na medida em que licenciandos iniciam suas ações nos ambientes escolares, levando suas experiências formativas pessoais e confrontando-as com posições dos professores que já estão em atividade na escola.
E falar do corpo humano distanciado do corpo biológico é o que fazem Bárbara Silveira Figueiredo e Lívia de Rezende Cardoso, no trabalho Ensino de Biologia e estereótipos de corpo, gênero e sexualidade
. Em sua leitura nos deparamos com as questões que estão além do conteúdo estritamente biológico para pensarmos nas construções culturais, sociais, religiosos, dentre outros, que as autoras trazem na discussão sobre o corpo humano de maneira crítica e igualitária, e a contribuição que o curso de formação de professores pode dar ao abordar essas temáticas.
A abordagem do conteúdo fora do espaço da sala de aula é uma preocupação que permeia a formação do licenciando em Ciências Biológicas. Como realizar uma aula de campo? Temos aqui uma experiência relatada por Elaine Cristine do Amarante Matos e Ana Paula do Nascimento Prata, com o título Aulas de campo de Botânica: saberes experienciais na formação inicial de professores de Ciências e Biologia
, acompanhamos a partir da vivência da atividade com licenciandos, questionamentos de como aplicar atividades semelhantes que possam despertar o interesse dos alunos do ensino básico para a área de botânica e para o reconhecimento da diversidade vegetal.
Pensando também em atividades práticas, mas ao mesmo tempo sem sair da sala de aula, como estímulo à identificação de ecossistemas da região sergipana, em especial os ambientes cavernícolas a pesquisa Utilização de CD-rom como instrumento de aprendizagem significativa sobre a bioespeleologia sergipana
, dos autores Christiane Ramos Donato e Mário André Trindade Dantas é trazido o uso de recurso de multimídia para o espaço escolar como mais uma forma de estimular o aprendizado no conhecimento de espaços que posteriormente possam otimizar a execução de aula no próprio ambiente que os alunos tenham conhecido por meio desse recurso aliado aos textos do livro didático.
Esse indispensável recurso, o livro, é objeto de estudo de Marcus Vinicius de Aragão Batista e Alexandre Luna Cândido, em que analisam o tema Virologia em livros didáticos de Biologia do ensino médio
, a partir dos conceitos veiculados, a partir dos possíveis erros, e se é considerado o conhecimento prévio do aluno nessa área, de grande aplicabilidade no cotidiano. A pesquisa alerta para uma maior atenção na abordagem veiculada nos livros analisados e o papel do professor em conduzir o aprendizado para além dos conteúdos registrados e inserindo-os em um contexto que faça sentido e, portanto, esteja mais próximo do aluno. E o fazer-sentido
é proporcionar a vivência ao aluno? Estudar o meio em que está inserido pode também facilitar o processo de socialização por meio da discussão de conteúdos abordados em ecologia.
É bastante pertinente a pesquisa Abordagem dos ecossistemas locais de Sergipe nos livros didáticos adotados pela rede pública de ensino do município de Aracaju, SE
. Mais um trabalho, agora realizado por Thisciane Ismerim Silva Santos e Myrna Friederichs Landim, que aborda livros adotados em escolas de Aracaju, com a preocupação de identificar se a realidade local pode ser evidenciada nos textos desses livros. É uma pesquisa que aproxima a aridez dos conteúdos a uma prática que pode se materializar no que amplamente se discute como preservação ambiental e qualidade de vida. Essa consciência de pertencimento ao meio em que vivemos, a partir do conhecimento de uma Unidade de Conservação, é explorada metodologicamente por José Ronaldo dos Santos e Marlucia Cruz de Santtana no capítulo Parque Nacional Serra de Itabaiana, um laboratório natural
. Os autores orientam como realizar aula em um espaço de conservação com várias possibilidades de atividades interdisciplinares em várias áreas do conhecimento.
O último capítulo, intitulado Pesquisas em ensino de Botânica na licenciatura em Ciências Biológicas da UFS
, remete ao contexto do primeiro trabalho em que os