O navio negreiro e outros poemas
De Castro Alves e Kris Barz
()
Sobre este e-book
As atrocidades do sistema escravista ganham vida nestes poemas e transmitem toda a sensação de dor e privação das vítimas desse sistema.
Leia mais títulos de Castro Alves
O Navio Negreiro Nota: 5 de 5 estrelas5/5Pequenos textos de grandes autores brasileiros Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEspumas Flutuantes Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Relacionado a O navio negreiro e outros poemas
Ebooks relacionados
Iracema: Conteúdo adicional! Perguntas de vestibular Nota: 3 de 5 estrelas3/5Os escravos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTarde Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNo Urubuquaquá, No Pinhém Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNelumbia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCoração das trevas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTil Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEspumas flutuantes Nota: 3 de 5 estrelas3/5O Ateneu Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLira dos vinte anos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHORTO - Auta de Souza Nota: 4 de 5 estrelas4/5Clara dos Anjos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPara querer bem Nota: 5 de 5 estrelas5/5O cortiço Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO pó das palavras Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Moleque Nota: 0 de 5 estrelas0 notas7 melhores contos de Machado de Assis Nota: 0 de 5 estrelas0 notasReunindo cordéis, colecionando memórias: Juazeiro do Norte narrada pela Coleção Centenário (2011) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasParem de Nos Matar Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBox O melhor das irmãs Brontë Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCordel pouso para a educação e pra cultura Nota: 5 de 5 estrelas5/5Contos de piratas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAutos e farsas de Gil Vicente Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRegresso a casa Nota: 0 de 5 estrelas0 notasQuincas Borba: Edição anotada, com biografia do autor e panorama da vida cotidiana da época Nota: 4 de 5 estrelas4/5Contos Nota: 5 de 5 estrelas5/5Os Lusíadas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasViagens de Gulliver Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMemórias de um sargento de milícias Nota: 0 de 5 estrelas0 notasObras-Primas da Literatura Brasileira Nota: 5 de 5 estrelas5/5
Poesia para você
Pra Você Que Sente Demais Nota: 4 de 5 estrelas4/5Eu tenho sérios poemas mentais Nota: 5 de 5 estrelas5/5Tudo que já nadei: Ressaca, quebra-mar e marolinhas Nota: 5 de 5 estrelas5/5Se você me entende, por favor me explica Nota: 5 de 5 estrelas5/5Alguma poesia Nota: 4 de 5 estrelas4/5o que o sol faz com as flores Nota: 4 de 5 estrelas4/5meu corpo minha casa Nota: 5 de 5 estrelas5/5Tudo Nela Brilha E Queima Nota: 4 de 5 estrelas4/5Todas as flores que não te enviei Nota: 5 de 5 estrelas5/5Sonetos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSede de me beber inteira: Poemas Nota: 4 de 5 estrelas4/5Poesias para me sentir viva Nota: 4 de 5 estrelas4/5O Profeta Nota: 5 de 5 estrelas5/5Desculpe o exagero, mas não sei sentir pouco Nota: 5 de 5 estrelas5/5Marília De Dirceu Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs palavras voam Nota: 5 de 5 estrelas5/5Reunião de poesia: 150 poemas selecionados Nota: 4 de 5 estrelas4/5Para não desistir do amor Nota: 5 de 5 estrelas5/5Antologia Poética Nota: 5 de 5 estrelas5/5Jamais peço desculpas por me derramar Nota: 4 de 5 estrelas4/5Bukowski essencial: poesia Nota: 5 de 5 estrelas5/5Melhores Poemas Cecília Meireles (Pocket) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasWALT WHITMAN - Poemas Escolhidos Nota: 3 de 5 estrelas3/5Coisas que guardei pra mim Nota: 4 de 5 estrelas4/5Laços Nota: 5 de 5 estrelas5/5Os Lusíadas (Anotado): Edição Especial de 450 Anos de Publicação Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAristóteles: Poética Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Odisseia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTodas as dores de que me libertei. E sobrevivi. Nota: 4 de 5 estrelas4/5
Categorias relacionadas
Avaliações de O navio negreiro e outros poemas
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
O navio negreiro e outros poemas - Castro Alves
CASTRO ALVES
O NAVIO NEGREIRO
e outros poemas
Sumário
O século
Ao romper d’alva
A visão dos mortos
A canção do africano
Mater dolorosa
Confidência
O sol e o povo
Tragédia no lar
O sibarita romano
A criança
A cruz da estrada
Bandido negro
América
Remorso
Canto de Bug-Jargal
A órfã na sepultura
Canção do violeiro
Súplica
O vidente
A mãe do cativo
Manuela
Fábula
Estrofes do solitário
O navio negreiro
Lúcia
Prometeu
Vozes d’África
Saudação a Palmares
Jesuítas e frades
Frades
O voluntário do sertão
O derradeiro amor de Byron
Adeus, meu canto
Momento histórico
Momento literário
Créditos
Des fleurs, des fleurs! je veux en couronner ma tête pour le combat. La lyre aussi, donnez-moi la lyre, pour que j’entonne un chant de guerre... Des paroles comme des étoiles
flamboyantes, qui en tombant, incendient les palais et éclairent les cabanes... Des paroles comme des dards brillants qui pénètrent jusqu’au septième ciel, et frappent l’imposture qui s’est glissée dans le sanctuaire des sanctuaires... Je suis tout joie, tout enthusiasme, je suis l’épée, je suis la flamme!…
H. HEINE
O século
Soldados, do alto daquelas pirâmides quarenta séculos vos contemplam!
Napoleão
O século é grande e forte.
V. Hugo
Da mortalha de seus bravos
Fez bandeira a tirania
Oh! armas talvez o povo
De seus ossos faça um dia.
J. Bonifácio
O século é grande... No espaço
Há um drama de treva e luz.
Como o Cristo — a liberdade
Sangra no poste da cruz.
Um corvo escuro, anegrado,
Obumbra o manto azulado,
Das asas d’águia dos céus...
Arquejam peitos e frontes...
Nos lábios dos horizontes
Há um riso de luz... É Deus.
Às vezes quebra o silêncio
Ronco estrídulo, feroz.
Será o rugir das matas,
Ou da plebe a imensa voz?...
Treme a terra hirta e sombria...
São as vascas da agonia
Da liberdade no chão?...
Ou do povo o braço ousado
Que, sob montes calcado,
Abala-os como um titão?!...
Ante esse escuro problema
Há muito irônico rir.
P’ra nós o vento da esp’rança
Traz o pólen do porvir.
E enquanto o ceticismo
Mergulha os olhos no abismo,
Que a seus pés raivando tem,
Rasga o moço os nevoeiros,
P’ra dos morros altaneiros
Ver o sol que irrompe além.
Toda noite — tem auroras,
Raios — toda a escuridão.
Moços, creiamos, não tarda
A aurora da redenção.
Gemer — é esperar um canto...
Chorar — aguardar que o pranto
Faça-se estrela nos céus.
O mundo é o nauta nas vagas...
Terá do oceano as plagas
Se existem justiça e Deus.
No entanto inda há muita noite
No mapa da criação.
Sangra o abutre — tirano
Muito cadáver — nação.
Desce a Polônia esvaída,
Cataléptica, adormida,
À tumba do Sobieski;
Inda em sonhos busca a espada...
Os reis passam sem ver nada...
E o Czar olha e sorri...
Roma inda tem sobre o peito
O pesadelo dos reis!
A Grécia espera chorando
Canaris... Byron talvez!
Napoleão amordaça
A boca da populaça
E olha Jersey com terror;
Como o filho de Sorrento,
Treme ao fitar um momento
O Vesúvio aterrador.
A Hungria é como um cadáver
Ao relento exposto nu;
Nem sequer a abriga a sombra
Do foragido Kossuth.
Aqui — o México ardente,
— Vasto filho independente
Da liberdade e do sol —
Jaz por terra... e lá soluça
Juarez, que se debruça
E diz-lhe: Espera o arrebol!
O quadro é negro. Que os fracos
Recuem cheios de horror.
A nós, herdeiros dos Gracos,
Traz a desgraça — valor!
Lutai... Há uma lei sublime
Que diz: "À sombra do crime
Há de a vingança marchar."
Não ouvis do Norte um grito,
Que bate aos pés do infinito,
Que vai Franklin despertar?
É o grito dos Cruzados
Que brada aos moços — De pé!
É o sol das liberdades
Que espera por Josué!...
São bocas de mil escravos
Que transformaram-se em bravos
Ao cinzel da abolição.
E — à voz dos libertadores —
Répteis saltam condores,
A topetar n’amplidão!...
E vós, arcas do futuro,
Crisálidas do porvir,
Quando vosso braço ousado
Legislações construir,
Levantai um templo novo,
Porém não que esmague o povo,
Mas lhe seja o pedestal.
Que ao menino dê-se a escola,
Ao veterano — uma esmola...
A todos — luz e fanal!
Luz!... sim; que a criança é uma ave,
Cujo porvir tendes vós;
No sol — é uma águia arrojada,
Na sombra — um mocho feroz.
Libertai tribunas, prelos...
São fracos, mesquinhos elos...
Não calqueis o povo-rei!
Que este mar d’almas e peitos,
Com as vagas