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A face mais íntima de Deus
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A face mais íntima de Deus
E-book263 páginas4 horas

A face mais íntima de Deus

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Sobre este e-book

Para os cristãos deste século, marcado por crescente globalização cultural, surge uma nova e muito urgente indagação: Em que o Deus Supremo, afinal, se distingue das divindades de todas as outras religiões? Tal fato tem se tornado cada vez mais merecedor de discussões, porque se a imagem de Deus – onipotente, infinito, santo, eterno e onisciente – já tinha sido mencionada pelos filósofos pagãos da antiga cultura grega, nasce, então, o seguinte questionamento: onde se encontra aquilo que é especificamente novo na concepção bíblica de Deus? Esta obra nos chama para voltar, a partir de novas perspectivas, às fontes que nos falam de Deus, para que cada vez mais e mais pessoas sintam-se tocadas pela Sua verdadeira face mais íntima.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento13 de mar. de 2014
ISBN9788534938174
A face mais íntima de Deus

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    A face mais íntima de Deus - Renold Blank

    Rosto

    Índice

    1. Redescobrir um Deus capaz de encher o vazio dos corações humanos

    2. Somos chamados para voltar, a partir de novas perspectivas, às fontes que nos falam de Deus

    3. O Deus da Bíblia se distingue desde o início fundamentalmente de todas as outras divindades das religiões da Mesopotâmia

    3.1. Um Deus que tem poder, embora não se situe do lado dos poderosos

    3.2. Um Deus que não se fixa por dentro de um Templo

    3.3. Um Deus que não exige primordialmente cerimônias cúlticas em seu louvor

    4. Os textos da Revelação apresentam um Deus que, com vigor, se posiciona contra toda opressão de pessoas humanas. Com isso, porém, incomoda muito aqueles que querem dominar

    5. Deus quer que o ser humano tenha uma vida ampla, plena e repleta de felicidade

    6. Se Deus defende os fracos, então todos os seus seguidores deveriam fazer o mesmo

    7. Deus, desde o início, se faz conhecer como go’el, isto é, como defensor daqueles que não têm mais nenhum defensor

    8. O contexto religioso em que Jesus se move

    8.1. Lei, pureza e sacrifícios que se tornaram opressivos para o povo

    8.2. Jesus recupera o cerne libertador daquilo que é a intenção da Torá

    8.3. A repreensão endereçada a uma instituição sacrossanta

    9. A maneira pela qual os Evangelhos apresentam a atitude de Jesus em relação ao Templo deve ser interpretada como Revelação teológica que vale para todas as religiões

    10. Críticas neotestamentárias do sistema religioso também têm significado universal e se dirigem a toda e qualquer religião e Igreja

    11. Em Jesus, Deus revela que uma ordem oposta a Deus até pode ser justificada recorrendo a Deus

    12. Vistos da perspectiva da Revelação, as atitudes e o agir de Jesus devem ser compreendidos como atitudes e agir do próprio Deus

    13. As opções fundamentais de Jesus são as opções fundamentais de Deus

    13.1. Deus opta preferencialmente pelos pobres

    13.1.1. Na sua opção pelos pobres, Deus assume a causa dos perdedores, e não a dos vencedores

    13.1.2. Na sua opção pelos pobres, Deus concretiza a sua opção pelos injustiçados

    13.2. Deus opta pela justiça e é contra toda opressão

    13.3. Deus opta pela misericórdia e é contra todo legalismo

    13.4. Deus opta pelo serviço e é contra o poder

    13.5. Deus opta pela vida

    14. Em Jesus, Deus se revela como defensor também daqueles que foram rejeitados pelo sistema religioso

    15. Jesus Cristo e a necessária mudança da nossa perspectiva antropológica

    15.1. Redescobrir a Revelação como base para a reflexão antropológica

    15.2. A Kenosis de Deus implica também a Kenosis do homem

    15.3. Assumir a perspectiva de Deus

    15.4. Recorrendo à imagem de um Deus todo-poderoso, é possível justificar toda aspiração humana pelo poder

    15.5. A imagem do Deus todo-poderoso não desafia muito o ser humano

    16. Por que Deus, em Jesus Cristo, não se manifestou como cientista, general, ou pelo menos como grande artista?

    17. Natal, ou a Revelação de um Deus do qual ninguém precisa ter medo e que por causa disso pode ser amado

    17.1. No evento de Natal, Deus se manifesta a nós como ele realmente quer ser conhecido

    17.2. O Natal revela que Deus não se interessa pelos mecanismos de prestígio e de poder

    17.3. Deus quer ser amado em vez de temido!

    17.4. Um Deus que se manifesta como criança pode ser amado, mas essa criança também pode ser rejeitada e pisada

    17.5. Deus, que se manifesta humildemente como criança, identifica-se de maneira plena com as pessoas

    18. Em Jesus, Deus nos revela a sua humildade

    18.1. Um Deus humilde não corresponde à imagem habitual de Deus

    18.2. Um Deus humilde corre o risco de ser crucificado

    18.3. Um Deus humilde que opta preferencialmente pelos vencidos desafia todos os nossos sistemas

    18.4. Um Deus humilde que opta pelo servir questiona toda e qualquer estrutura que se baseie em atitudes de poder

    Deus se põe a serviço dos homens

    19. Em Jesus, Deus chama também o sistema religioso à conversão

    20. Um Deus que não se manifesta como vingador e juiz liberta as pessoas do medo e dos complexos de culpa

    21. A Revelação de Deus em Jesus Criston desmascara o agir de todos os sacrificadores de todos os tempos como falso

    21.1. Impulsos inconscientes de agressividade e sua projeção em Deus

    21.2. O resultado de uma mentalidade sacrifical é a formação da imagem de um Deus vingador

    21.3. A imagem de um Deus que exige sacrifícios, outra consequência de projeções humanas

    21.4. O mecanismo de projeção possibilita esconder a raiz da violência

    21.5. Como desvelar diante dos sacrificadores a verdade sobre o seu agir violento?

    22. O Deus que se revela nos textos bíblicos está do lado das vítimas e não dos sacrificadores

    22.1. Os sacrificadores não querem admitir que a sua perspectiva é falsa

    22.2. Com a sua atitude na cruz e diante da cruz, Deus quebra o círculo vicioso da violência e da vingança

    23. Pela ressurreição de Jesus, Deus-Pai ratifica e confirma toda a vida e toda a mensagem de Jesus

    23.1. A cruz, sinal de vergonha e de derrota

    23.2. Pela morte na cruz, a mensagem de Jesus perdeu, para os seus contemporâneos ortodoxos, toda e qualquer credibilidade

    23.3. Os textos bíblicos não falam de uma autorressurreição de Jesus, mas de um agir de Deus-Pai no Jesus morto

    23.4. Ressuscitando Jesus, Deus-Pai confirma que ele é como Jesus, seu filho, o tinha descrito

    24. A ressurreição de Jesus se torna ato de rebeldia de Deus contra todos os sistemas que geram morte

    24.1. O imaginário cristão é marcado pela cruz

    24.2. O fato de a cruz ter se tornado o signo central da religião cristã trouxe profundas consequências para a autocompreensão daqueles que se chamam cristãos e cristãs

    24.3. A cruz, por si mesma, não é o fim último da mensagem cristã, ela deve ser vista sempre relacionada à ressurreição

    24.4. Ressuscitando Jesus, Deus revela que ele é contra a morte dos crucificados

    24.5. Ressuscitando Jesus, o próprio Deus rejeita os valores dos crucificadores e confirma as opções do seu filho crucificado

    24.6. A ressurreição de Jesus se torna ato de rebeldia de Deus contra todos os sistemas que geram morte

    25. O significado escatológico da ressurreição de Jesus

    25.1. A ressurreição de Jesus se torna sinal de esperança através de toda a história humana

    25.2. Ressuscitando Jesus, o próprio Deus-Pai confirma que a sua fidelidade continua para além da morte

    25.3. Pela ressurreição de Jesus, Deus comprova diante de todos que ele de fato é capaz de ressuscitar os mortos

    25.4. A ressurreição de Jesus se torna prova e base para a fé em nossa própria ressurreição

    25.5. Ressuscitando Jesus, Deus-Pai confirma tudo aquilo que Jesus tinha dito e feito; isso implica também a promessa de que Jesus nos vai ressuscitar

    25.6. Ressuscitando Jesus, este está sendo comprovado como Cristo e Filho de Deus. Com isso, porém, também é capaz de justificar os pecadores

    25.7. Ressuscitando Jesus, o próprio Deus comprova que chegou o fim do mundo antigo e o começo do novo mundo, chamado de Reino de Deus

    1.

    Redescobrir um Deus capaz de encher o vazio dos corações humanos

    Perguntando às pessoas na rua sobre como imaginariam Deus, geralmente ouvem-se respostas como "Deus é onipotente; Deus é Senhor; Deus é eterno, infinito e maior que tudo o que se pode imaginar".

    Os mais bem informados ainda lembram que Deus é criador, característica que por sua vez tem muito a ver com o seu poder. E há outros que mencionam a onisciência e às vezes até o amor. Com isso, chegamos, em geral, ao fim do repertório, e os poucos que pensam saber ainda mais explicam que Deus é Pai e lembram que ele se revelou em Jesus Cristo. Depois disso, normalmente, as pessoas se calam. Mas, no seu silêncio, perdoura a indagação não expressa se atrás de tudo aquilo que foi dito talvez não houvesse mais...

    E, nas profundezas não vocalizadas de tantos olhos questionadores, sente-se o anseio de que de fato pudesse ser mais.

    Desejo inconsciente e instantaneamente reprimido pelos chavões interiorizados de longa data, decorados e repetidos desde criança e ouvidos em tantas e tantas lições de catequese.

    Há de fato relativamente poucos fiéis que, além dos estereótipos correntes, ainda conhecem outros conteúdos sobre como Deus é. Estes, em geral, mencionam como fonte do seu saber a própria Bíblia, os livros de piedade e também as celebrações litúrgicas.

    Do Deus todo-poderoso se fala muito nas liturgias e também na formação dos fiéis. Até o Credo da Igreja católica menciona tal característica em lugar predominante. Sendo assim, os cristãos e as cristãs que baseiam a sua imagem de Deus nesse fundamento com certeza não estão errados.

    Constatamos, porém, que a maioria das pessoas se contenta com esse saber sobre Deus. Assim vivem com a segurança de uma fé oficialmente sancionada; e o fato de os seus corações ficarem vazios, apesar da onipotência de Deus, apresenta-se para muitos como consequência inevitável da existência humana. Mesmo cientes da onipotência de Deus, não preenchem os seus corações, e, por causa disso, há muitos que deixam esse Deus todo-poderoso lá no céu dele. Eles se lembram de Deus quando precisam da sua onipotência para resolver problemas, mas, além disso, preferem buscar outras fontes para encher o vazio dos seus corações. Estão buscando canções melhores, em lugares muito distantes, enquanto têm tão perto de si aquela única melodia, capaz de satisfazer todos os anseios do seu coração entristecido. Mas eles não o sabem.

    Há outros, é verdade, que deveriam saber melhor, porque conhecem os textos respectivos. Mas também no meio deles se fala demais de um Deus do poder, da sua autoridade, da sua glória e de seu domínio. Parece que, no psiquismo de muitos, religião e fascínio pelo poder ficam interligados por algumas afinidades secretas.

    Os peritos em interpretação de textos canônicos, além disso, reagem perplexos quando se chama a atenção deles para o fato de que a sua tradicional caracterização de Deus como todo-poderoso não é muito diferente da maneira pela qual praticamente todas as outras religiões também apresentam os seus deuses.

    Portanto, as denominações de Deus como onipotente, onisciente, santo ou eterno em nada são exclusivas da religião cristã. Pelo contrário, têm lugar na maioria das religiões.

    Os deuses supremos do Egito foram venerados a partir dessas características, da mesma maneira como Marduk, o deus astral supremo da Babilônia, ou Zeus, da antiga cultura grega. Todas essas divindades e muitas outras ainda foram consideradas pelos seus adeptos como todo-poderosas. Nos tratados do filósofo grego Aristóteles, encontramos, além disso, longas reflexões sobre a eternidade da divindade. E que Deus é o Alfa e o Ômega não é em nada uma fórmula do cristianismo primitivo, tal como muitos cristãos atualmente imaginam. Quem a usou foi o filósofo pagão mencionado, e este, como se sabe, viveu no século IV a.C.

    Ideias similares, aliás, encontramos também em Platão e no pensador romano Sêneca. Elas aparecem na teologia de Zaratustra, na Pérsia, mais de seis séculos antes de Cristo, e também na maioria das outras grandes religiões que se formaram fora do espaço cultural euro-mesopotâmico.

    Diante de tais fatos, aqueles que se chamam cristãos talvez estejam sendo confrontados com um problema totalmente novo. Numa época de crescente diálogo inter-religioso, eles são desafiados por indagações como: Com que direito mantemos a pretensão de achar que o nosso Deus é o Deus verdadeiro, enquanto o Deus dos não cristãos deve ser considerado um deus falso?. Os não cristãos, por sua vez, acham exatamente que o Deus deles é verdadeiro e que os deuses dos outros são falsos.

    Diante dessa situação, surge para os cristãos deste século, marcado por crescente globalização cultural, uma nova e muito urgente indagação: Em que o seu Deus Supremo, afinal, se distingue das divindades supremas de todas as outras religiões?

    A informação de que ele é onipotente, onisciente e eterno não é mais prova nenhuma da sua exclusividade. O mesmo dizem os representantes das outras religiões a respeito das suas próprias divindades.

    Numa época marcada pelo diálogo inter-religioso, tal fato se torna cada vez mais consciente. Junto com essa conscientização, porém, cresce a exigência de definir, de maneira clara e convincente, quais são os elementos específicos da própria imagem de Deus.

    A imagem de Deus presente na maioria dos cristãos e das cristãs:

    Deus é:

    - onipotente

    - infinito

    - santo

    - eterno

    - onisciente

    Problema:

    Deus realmente tem essas características!

    Mas, para saber isso,

    não é preciso necessariamente abrir a Bíblia.

    Todas elas já foram mencionadas pelos filósofos pagãos

    da antiga cultura grega,

    além disso, encontramo-nas também

    na maioria das religiões não cristãs.

    Daí surge a indagação crítica:

    Onde se encontra aquilo que é especificamente novo

    na concepção bíblica e cristã de Deus?

    As breves reflexões introdutórias mencionadas no quadro anterior já mostraram que não basta – ou não basta mais – apresentar o Deus dos cristãos a partir dessas fórmulas gerais.

    Tais fórmulas hoje não convencem mais, independentemente de terem, durante séculos, sido transmitidas pelas Igrejas e seus representantes.¹ Aliás, transmitidas com êxito, porque até hoje estão presentes, de maneira dominante, no imaginário religioso dos cristãos e das cristãs.

    Mas a onipotência e a existência eterna de um Deus se apresentam hoje para muitos mais como elementos assustadores do que atraentes, e isso, sobretudo, diante do pano de fundo do inimaginável abuso de poder, com o qual os homens estão sempre sendo confrontados, seja olhando pela história do passado, seja observando as suas manifestações na época presente.

    O fato de, no decorrer da história, terem sido acentuados insistentemente o poder, a grandiosidade e a glória de Deus tem razões que em muito ultrapassam a teologia. Elas, além do desejo de ter tal aliado ao seu lado, também abrangem a vontade de justificar o próprio poder. Além disso, elas têm a sua raiz também na vontade específica de intimidar e de provocar medo.

    A maioria dos adeptos da imagem cristã de Deus não tem mais a mínima consciência de que tais mecanismos existiam e em parte até hoje existem. Os efeitos deles atuam ainda de forma inconsciente nas pessoas, e as características assustadoras de Deus são abrandadas em cerimônias cada vez mais suntuosas. Contudo, nem desses mecanismos, em geral, as pessoas estão conscientes.

    Assim, encontramo-nos, já no início de nossas reflexões, diante de uma situação extremamente complexa. No seu centro, fica a indagação inquietante: Como será possível encontrar-se hoje e no futuro com aquele Deus do qual fala a religião cristã e cujas primeiras manifestações foram descritas nos textos bíblicos do judaísmo?

    Será que ainda é possível acreditar naquele Deus poderoso, numa época cada vez mais sensível diante dos mecanismos de poder, visíveis até nas próprias

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