A sociedade da insegurança e a violência na escola
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A sociedade da insegurança e a violência na escola - Flávia Schilling
CIP-Brasil. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
S361s
Schilling, Flávia, 1953-
A sociedade da insegurança e a violência na escola [recurso eletrônico] / Flávia Schilling. – 1. ed. – São Paulo: Summus, 2014.
recurso digital
Formato: ePub
Requisitos do sistema: Adobe Digital Editions
Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-323-0966-2 (recurso eletrônico)
1. Violência na escola 2. Juventude e violência 3. Livros eletrônicos I. Título.
14-12085 CDD:371.58
CDU: 37.064
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A SOCIEDADE DA INSEGURANÇA E A VIOLÊNCIA NA ESCOLA
Copyright © 2004, 2014 by Flávia Schilling
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Editora executiva: Soraia Bini Cury
Assistente editorial: Michelle Neris
Coordenação da Coleção Novas Arquiteturas Pedagógicas: Ulisses F. Araújo
Capa: Alberto Mateus
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SEJA LÁ COMO FOR, fico imaginando uma porção de garotinhos brincando de alguma coisa num baita campo de centeio e tudo. Milhares de garotinhos e ninguém por perto — quer dizer, ninguém grande — a não ser eu. E eu fico na beirada de um precipício maluco. Sabe o que que eu tenho de fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair no abismo. Quer dizer, se um deles começar a correr sem olhar onde está indo, eu tenho que aparecer de algum canto e agarrar o garoto. Só isso que eu ia fazer o dia todo. Ia ser só o apanhador no campo de centeio e tudo. Sei que é maluquice, mas é a única coisa que eu queria fazer. Sei que é maluquice.
J. D. Salinger,
O apanhador no campo de centeio
Sumário
Capa
Ficha catalográfica
Folha de rosto
Créditos
Dedicatória
Apresentação
Nós, apanhadores no campo de centeio...
O contexto: A sociedade da insegurança
Medos à solta
A matemática da violência
Segurança!!!
Mais alguns números
Os detentos brasileiros
Violência e punição
Em busca do espaço público — Outros significados de segurança e de esperança
A violência na sociedade da insegurança
Silêncio! A gramática da violência
A violência é multidimensional
Violência: definições possíveis
A violência tem história — A história da violência
A violência é falada na linguagem das epidemias — A gramática da violência
A violência compreendida como fruto da criminalidade
O aumento da população carcerária e da violência
O desafio de ser alguém na vida
— Agressores e vítimas nos crimes urbanos
Retratos da violência
A geografia da violência
E as meninas, onde estão?
Hannah Arendt — A importância de diferenciar poder de violência
A violência nas/das escolas: a escola é o céu ou o inferno?
Afinal, para que serve a escola? História
Mas a escola é apenas isso? A construção da educação como um direito humano
A educação na sociedade da insegurança
Promessas
Violência na/da escola: algumas observações
Duas pesquisas sobre o tema
Pesquisas acadêmicas sobre o tema
As violências presentes na escola da sociedade da insegurança
A violência da discriminação está na escola
A desistência de ensinar e de aprender
A violência da indiferença está na escola
A violência intrafamiliar está na escola
A violência domiciliar
A violência social está na escola
A violência da criminalidade está na escola
Ações possíveis
Desemparedar a palavra — Gramática da não violência
Em busca do espaço público — Outros significados de segurança e de esperança
Referências
APRESENTAÇÃO
Desatar
Reatar
Nós
Neste pequeno livro, inicialmente publicado em 2004, discutimos a relação entre violência e escola. O mote proposto, nesta Apresentação — desatar e reatar nós
—, expõe a perspectiva dada ao tema. Tal perspectiva, dez anos depois, ainda é muito pertinente. Trata-se de tentar desatar
alguns nós
(amarras) que nos mantêm presos a determinado modo de ver o problema. Porém, afrouxar ou desamarrar nossos nós
é pouco: o desafio é, com um olhar sóbrio sobre o que nos acontece, tentar o exercício de reatar
os nós, em todos os sentidos. O sentido de recriar os laços que nos permitam viver juntos (na sociedade, na escola, na cidade) e o sentido de nos criarmos como nós
, como coletividade que consegue construir narrativas sobre a história que vivemos.
Desejaríamos que os temas abordados neste livro tivessem sido superados. A violência, narrada naquele então, deveria ter cedido. Gostaríamos de ter outras histórias para contar. Mas, infelizmente — mesmo que tenha havido mudanças significativas em algumas áreas, com outras esperanças —, o assunto ainda mantém sua atualidade.
Pela primeira vez em nossa história, lidamos, no Brasil, com nossa face violenta — esse tema permeia a fala das pessoas no cotidiano, aparece de modo espetacular na mídia, perpassa os discursos políticos, provoca ações de políticas públicas, produz pesquisas, debates. A sensação é de que a violência tomou conta do mundo.
Aparentemente, estaríamos vivendo um momento histórico em que encaramos a face violenta da sociedade, com seus preconceitos de classe, de raça, com sua violência estrutural. Há dimensões da violência que deixam de ser invisíveis; há tipos de vitimização coletiva e individual que começam a ser vistos. Verifica-se a existência de conflitos coletivos, sociais e familiares que resultam em respostas violentas. Há um esforço para quebrar o silêncio que envolve essas questões — que não são mais vistas como da vida privada ou secreta, e sim como questões políticas e públicas.
Se há avanços no debate, se começa a haver a desnaturalização de algumas práticas que nem sequer eram vistas como violentas, ainda há um longo caminho a percorrer.
Temos novas leis; esforços nas escolas objetivam uma convivência com igualdade e tolerância; tenta-se mudar as cidades para que estas sejam espaços de encontros e de vida. Mas ainda resta muito a fazer.
Nós, apanhadores no campo de centeio...
Espera-se, nestas páginas, desenvolver sobre o tema um pensamento que nos auxilie a agir como apanhadores no campo de centeio
que somos (professores, educadores, pais e mães, adultos), superando a sensação de isolamento e de solidão que nos invade nesta contemporaneidade que parece viver em "tempos