Alma e Psicologia Pré-Científica: Uma Reflexão Histórico-Epistemológica
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Sobre este e-book
A psicologia, na atualidade, abrange uma ampla diversidade de abordagens e práticas, algumas reconhecidas pelos meios acadêmicos e muitas outras ainda buscando o seu reconhecimento, cada qual com seu objeto e metodologia de estudos, que muitas vezes se assemelham, mas não raras vezes parecem não ter nada em comum, chegando até mesmo a se contradizerem.
Toda essa diversidade e fragmentação da psicologia torna impossível responder, de maneira uniforme, às questões aqui colocadas. O próprio conceito de psicologia, enquanto "ciência da alma", tornou-se sem sentido, uma vez que a psicologia moderna constituiu-se em uma "psicologia sem alma", e os inúmeros objetos estudados por meio das diversas metodologias não ajudam a dizer com precisão o que faz um psicólogo.
A alma e os demais temas tratados pela psicologia desde a Antiguidade, e que ainda são objetos de interesse da psicologia moderna, sofreram modificações ao longo da história, fruto dos diferentes entendimentos que diversos pensadores tiveram a esse respeito, de acordo com o modelo de pensamento vigente em cada período da história.
Apesar de não ser possível responder a tais questões, podemos compreender a razão desse fenômeno de fragmentação da psicologia moderna pelo estudo do conceito de alma oriundo dos povos primitivos e, posteriormente, de alguns dos filósofos gregos da Antiguidade, dos pensadores cristãos da Idade Média, dos empiristas europeus e, finalmente, dos pensadores que constituíram a psicologia moderna, elevando-a ao status de ciência a partir da segunda metade do século XIX.
Esta obra, a partir desse estudo, contribui para a compreensão sobre o processo de fragmentação da psicologia atual, e constitui-se também em uma fonte de consulta para alunos de graduação em Psicologia ou mesmo para profissionais da área que queiram aprender um pouco mais sobre um tema tão antigo, e ao mesmo tempo tão atual, que é a alma humana.
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Alma e Psicologia Pré-Científica - Antonelli de Alvim Braga
Editora Appris Ltda.
1ª Edição - Copyright© 2018 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.
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COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS
AGRADECIMENTOS
Agradeço, inicialmente, Àquele que, independentemente de como é representado ou nominado (Deus, Pai Criador, Força Superior, Consciência Cósmica, Energia Superior, Criador, Grande Arquiteto do Universo etc.), atribuo a minha existência e todo o potencial de criação que há em mim.
Aos meus queridos pais, Marlene de Alvim Braga e Carlos Alberto Bhering Braga (in memórian), por terem me dado tudo o que eu precisei – com muito amor e carinho – para que eu me tornasse uma pessoa capaz de construir uma vida com retidão e amorosidade na busca da minha felicidade.
Aos meus queridos irmãos, Carlos Ronan, Flávio, José Alberto e Mariana, por todo o aprendizado, amor, carinho e apoio na nossa convivência.
À Kênia, minha amada esposa e companheira de todas as horas, sempre me apoiando na minha caminhada, e ao meu amado filho, Kim, presente de Deus e motivo de muita felicidade e orgulho, pelo amor e apoio incondicionais de vocês.
Aos professores doutores Thommy Akira Goto, André Luis Masiero e Ronny Francy Campos, pela preciosa assessoria no desenvolvimento desta obra, sem a qual não teria sido concretizada.
Aos professores doutores Sibélius Cefas Pereira, Gerson Pereira Filho, Rafael Mascarenhas Dalle e Davidson Sepini Gonçalves, por terem cedido obras dos seus acervos particulares, obras essas que foram fundamentais no resultado da minha pesquisa.
Ao professor e amigo Clodoaldo Coutinho Piragibe da Fonseca, por todo o apoio ao longo da minha carreira na Universidade.
À professora Dr.ª Ellika Trindade, pela gentileza em prefaciar esta obra.
Aos meus amigos do lado de cá
, que sempre torceram por mim, e especialmente aos amigos do lado de lá
, pela proteção, ajuda e as orientações de sempre!
À Editora Appris e a toda a sua equipe, por essa oportunidade e pela competência e carinho dispensados em todas as etapas para a publicação desta obra!
A todos, a minha profunda gratidão!
Dedico este livro a todas as pessoas a quem manifestei a minha gratidão, bem como a todos que se interessam em conhecer sobre o tema aqui tratado e, especialmente, a duas almas – companheiras desta e de outras jornadas
–, sem as quais a minha vida não tem sentido:
Kênia (minha esposa) e Kim, (meu filho).
Boa leitura e boas reflexões!
APRESENTAÇÃO
Não se conhece completamente uma ciência enquanto não se souber da sua história.
Auguste Comte
Esta obra consiste em um estudo histórico-epistemológico, portanto hermenêutico ou interpretativo, acerca do conceito de alma, a partir da concepção da ideia que tiveram sobre ela os povos primitivos, e posteriormente alguns dos filósofos gregos da Antiguidade, dos pensadores cristãos da Idade Média, dos empiristas europeus e, finalmente, dos pensadores que constituíram a psicologia moderna, elevando-a ao status de ciência, ocorrido na segunda metade do século XIX.
Um estudo histórico constitui-se em descrever fatos históricos que ocorreram em um determinado período da história, seguindo a linearidade do tempo por meio das datas. Por sua vez, um estudo epistemológico constitui-se em conhecer a maneira como se deu a construção de um determinado conhecimento, atendo-se menos aos detalhes históricos e mais à construção do pensamento em torno do objeto estudado, no caso desta pesquisa, a alma. Portanto, um estudo histórico-epistemológico, como o que aqui se apresenta, constitui-se em relacionar ambos os aspectos anteriormente citados, respeitando suas características próprias.
Esta obra se constitui num estudo sistematizado, por meio de um recorte próprio e diferenciado, e que contribui para a compreensão do processo de fragmentação da psicologia atual. Apesar da multiplicidade da psicologia contemporânea ser um fenômeno que se iniciou após a constituição da Psicologia como ciência, no final do século XIX, o retorno ao passado remoto, bem anterior a esse período, justifica-se por ser uma maneira eficiente de compreender o presente e, provavelmente, explicar a razão dessa multiplicidade.
Por fim, esta obra se constitui também como uma fonte de consulta para alunos de graduação em Psicologia, ou mesmo profissionais da área, que queiram aprender um pouco mais sobre um tema tão antigo, e ao mesmo tempo tão atual, que é a alma humana.
O autor
PREFÁCIO
O livro que o leitor tem em mãos tem como principal objetivo apresentar e discutir a respeito de diferentes concepções relacionadas ao pensamento ocidental, relativas à alma ao longo de um percurso histórico que parte do que se conhece a respeito dos povos primitivos e alcança o contexto atual envolvendo a Psicologia enquanto campo de conhecimento científico.
Originalmente um Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Psicologia finalizado em 2008, intitulado A Evolução do Conceito de Alma na Psicologia Pré-Científica: uma reflexão histórico-epistemológica, sob orientação dos Profs. Dr. André Luis Masiero e Dr. Tommy Akira Goto, na PUC Minas – campus Poços de Caldas, foi transformado em livro sem perder seu caráter introdutório e, ao mesmo tempo, visando a traçar um panorama histórico-conceitual, de evidenciação de um processo de construção conceitual e reflexivo.
Sua relevância encontra-se em possibilitar que o leitor, aluno ou profissional da área da Psicologia ou de áreas afins, ou vinculado a um contexto fora do universo acadêmico e profissional, tenha contato com o modo como a pluralidade de concepções relativas à alma pode estar relacionada ao modo como a própria Psicologia se constituiu enquanto um campo plural.
Organizado de maneira cronológica, o livro parte dos povos primitivos e de suas concepções de mundo e de homem, evidenciando que a ideia de alma relacionava-se diretamente como o modo como os homens viviam. O texto vai conduzindo o leitor pelo período da Grécia Antiga – em que o autor, didaticamente, explicita o modo de pensar de importantes pensadores como Sócrates, Platão e Aristóteles – demarcando historicamente os períodos do pensamento referenciados no pensamento de Sócrates; passando pela Idade Média, em que o pensamento relativo à alma vai adquirindo um caráter filosófico-cristão, até chegar ao Período Moderno, momento em que a Ciência Moderna vai se constituindo e se consolidando enquanto referência.
Ao longo de todo o texto, o leitor tem a oportunidade de refletir junto ao autor a respeito do modo como os homens viviam, relacionavam-se com o mundo ao seu redor e também consigo mesmos, mostrando que novas maneiras de viver e refletir sobre o mundo vincularam-se a novos modos de pensar a respeito de si, de sua origem e do lugar ocupado nesse mesmo mundo.
Entremeando a exposição, o autor nos coloca importantes questões que, como todo exercício reflexivo, ajuda-nos a pensar, analisar e, quem sabe, modificar nossas posturas e ações.
Com base no exposto, só me resta desejar ao leitor pretencioso de um contato inicial com pensamentos filosóficos e psicológicos uma boa leitura.
O autor consegue realizar o que se propôs ao compor um texto leve, simples, de agradável leitura e, ao mesmo tempo, rico em detalhes e oportunidades de obtenção de conhecimentos, além de ser instigante e provocativo em relação ao modo como a Psicologia se constitui no contexto contemporâneo.
Prof.ª Dr.ª Ellika Trindade
Doutora e mestre em Psicologia
Psicóloga pela Fac. Filosofia, Ciências e Letras – USP Ribeirão Preto
Docente da disciplina Epistemologia da Psicologia do
curso de Psicologia – PUC Minas, campus Poços de Caldas
*Docente do curso de Psicologia (Unifae) São João da Boa Vista-SP
Sumário
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
A ALMA NOS POVOS PRIMITIVOS: O SURGIMENTO DA IDEIA DE ALMA
CAPÍTULO II
A ALMA NA GRÉCIA ANTIGA: O SURGIMENTO DO SEU CONCEITO
CAPÍTULO III
A ALMA NA IDADE MÉDIA: DOS PENSADORES CRISTÃOS AOS EMPIRISTAS DO SÉCULO XIX
CAPÍTULO IV
O LUGAR DA ALMA NA CONSTITUIÇÃO DA(S) PSICOLOGIA(S) MODERNA(S): ALGUNS APONTAMENTOS
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
[...] para a psicologia, a questão de sua essência, ou mais modestamente de seu conceito, coloca em questão também a própria existência do psicólogo, na medida em que, por não poder responder exatamente o que é, tornou-se bastante difícil para ele responder sobre o que faz.¹
Provavelmente, alguém que não seja psicólogo, ou que não esteja familiarizado com a história da psicologia, não veja sentido nessa afirmação, mas, certamente, um psicólogo ao ler esse trecho sente, no mínimo, um desconforto. A estranheza que tal afirmativa causa àquele leitor, pela falta de sentido que a mesma lhe faz, pode levá-lo a se perguntar: Como pode o psicólogo não saber responder o que é psicologia e o que ele faz?... E pode (!). Não que não haja uma resposta para essa questão, ao contrário, existem inúmeras respostas, e esse é justamente o cerne da questão – e a causa do possível mal-estar gerado nos psicólogos –, haja vista o desencontro das possíveis respostas encontradas.
Japiassu² lança uma questão bastante pertinente: "[...] será que ainda