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E-book157 páginas35 minutos

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Sobre este e-book

Lúcio Pessôa transita a carreira nesse ir e vir de almas imagéticas, ruas caóticas, invólucros rompidos, tragos intragáveis. Brinca com a imagem, objeto do artista, o parto que o poeta vivencia a cada parir – sim, o poeta é a alma doi(í)da do artista. Esse seu Eu Tono brinca de nasceres e morreres, Entre Dedos e Lábios, com os não dizeres presentes no Teatro e na prosa anteriores, na vida, no vazio do olhar de quem pensa, alinhavando com fios de nada que preenchem tudo. Há reflexões naquele sopro que move a camisa no Varal ou que acalenta o juízo num mirar por sobre um prédio, Oculto, flores naquela lembrança de nódoa invisível, nos sonhos inacabados de quem ainda se equilibra num viver de alma em um mundo-cachorro de carnes e ossos. Amar dói. Do verbo ao pó. Amar pela palavra é utopia extrema de quem brinca de escrever. Brincar às vezes também dói. Dores ungem. E o amor atemporal do poeta Lúcio atraiçoa tanto quanto amar nessas bandas de cá. Traições bem-vindas que nos remetem para dentro. Dores do poeta que abastecem o ânimo a cada ida-e-vinda. [EU]TONO talvez resuma esse meu enxerimento em tentar definir o indefinível. O parto. O teletransporte labiríntico. O parir que mata e o morrer que revive. Ele brinca tão profundamente com o objeto do artista, a imagem, nasceres e morreres que desejo a você ao final desta leitura em Roda-Gigante. Cangaço incansável. Mordaça. O fim. (sem fim...).
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento1 de jul. de 2019
ISBN9788530008789
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    [eu]TONO - Lúcio Pessôa

    www.eviseu.com

    PREFÁCIO

    DESFAZENDO O MUNDO PONTO A PONTO

    PARA TECER UM LUGAR NOVO

    JONATAS ONOFRE

    [Músico e Poeta]

    Sempre me causou estranheza a expressão à guisa de prefácio na abertura de diversos livros que atravessaram meus passos de leitor. Na verdade, a feitura de um prefácio já está por si só condenada ao confinamento na clausura da anormalidade. Um prefácio talvez só não seja mais inútil que um poema.

    Nós, que vivemos de capturar inutensílios, não temos do que não reclamar. Nós. Quero dizer: nós, leitores, poetas, toda essa gente estranha e inconformada. Quaramos no deserto mais inclemente, a inutilidade mais necessária à sobrevivência de tudo o que for vida e canto. E nos resta querer sempre reclamar do estado absurdo das coisas desse mundo, e não se furtar às oportunidades que nos chegarem com ventos iguais a esse que a poesia de Lúcio Pessôa sopra. Isto que percorre as linhas passa para lá da classificação prefácio. É confissão de leitor. É roteiro que faz/desfaz as várias viagens, os desconfortos.

    Tem feitio de introito o que espero estar a dizer com algo de clareza? "(T)alvez, intua apenas alguns / dessa forma que / sobrepõe as ideias e as horas", o poema atravessado de véus aninha-se num colo Oculto para desconfortar a mim: leitor que se espojou nas pedras e desdenhou muitas vezes das plumas. Alguma sintaxe dura, o verso desfigurado de fora para dentro, a solidez da coisa – substantivo se espraiando em areais.

    Tudo parece desvanecer, fragilizar. Brisas cuidam para que nenhum lance de escada permaneça apontando sempre para baixo com seus tropeços de ameaça, mas o mesmo ar bailador irrompe vez ou outra num remoinho, abrindo repentinamente furiosas escarpas. Há esse oscilar constante entre o que é um convite à peripécia das nuvens e o que exige o gesto incontornável de debruçar-se "sobre tuas farpas" – tuas farpas oh poema: pavilhão de rocas girando pelo avesso até desfiar-me (como suplica o poeta no segundo cântico, Varal).

    Não quero estabelecer insinuações sobre claro/escuro. Longe passaremos de qualquer perspectiva dualista ao modo barroco, ainda que reconhecendo as mesmas lembranças interioranas de quem conheceu o casario singelo de Igarassu – PE, e ao mesmo tempo sentiu o langor paquidérmico dos conventos maneiristas. Espelhos esvaziados, imagens que se abrem em outras figuras, personas "atravessando silêncios/sob disfarces sintomáticos". A metáfora do novelo que sempre volta e recorre. As tensões entre título e corpo de texto – hora muito evidente, hora subterrânea (quase imperceptível). Não a dualidade rasa, mas a sombria Relatividade que se revela numa "brevidade eterna, (que) depena à pinça, num pleno aceno para depois seguir desfazendo altares e cachos" erigindo o Pueril que cresce como uma espécie de salvação (é mesmo possível a crença, a religiosidade do "cheiro das borboletas no mundo das carnificinas?) que suspende a alma pesada do poeta sobre mares de dentes afiados / ansiosos pelo despencar dos" excessos dessa voz que insiste em circundar uma fé.

    O poeta se vê obrigado

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