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E-book167 páginas47 minutos

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Sobre este e-book

"Um trabalho de arte abriga uma posição. Em qualquer um há algo de astromancia. Apoia-se numa eletiva afinidade que se deixa borrada quando desponta. E, como o nascimento solicita a 'carta', a partir da forma absolutamente anterior que se dá entre alguma coisa e outra coisa a ocorrer ao além, em certeiro momento de certa conjugação, um trabalho de arte se transveste assim de algo que oferece os rastros ástreos, da última e da primeira aparição, nos quais se perde de vista o caso, no outro do céu também" – escreve após um gole de café, cruzando, infelizmente, as pernas, impetrando, de imediato, o arranjo da posição
IdiomaPortuguês
Data de lançamento6 de mar. de 2023
ISBN9786588686126
Consonante
Autor

Marcus Alexandre Motta

Marcus Alexandre Motta é mestre em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1991) e doutor em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1997). Atualmente é professor adjunto 40 horas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de História, com ênfase em Historiografia da Cultura, atuando principalmente nos seguintes temas: crítica, Fernando Pessoa, cultura e história, teoria literária e arte contemporânea.

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    Consonante - Marcus Alexandre Motta

    rosto_mdnrosto_mdnrosto_mdn

    para Dorinha (a Lua é vizinha)

    Diego Gonçalves Carvalho

    para Marta Rodriguez

    (ela, ela, sem mais)

    Marcus Alexandre Motta

    106 palavras e mais uma

    mapa

    Um trabalho de arte abriga uma posição. Em qualquer um há algo de astromancia. Apoia-se numa eletiva afinidade que se deixa borrada quando desponta. E, como o nascimento solicita a ‘carta’, a partir da forma absolutamente anterior que se dá entre alguma coisa e outra coisa a ocorrer ao além, em certeiro momento de certa conjugação, um trabalho de arte se transveste assim de algo que oferece os rastros ástreos, da última e da primeira aparição, nos quais se perde de vista o caso, no outro do céu também – escreve após um gole de café, cruzando, infelizmente, as pernas, impetrando, de imediato, o arranjo da posição.

    passa

    Passara por aqui mais uma vez. Veio lá do profundo. Elevado. Corteja. Não vira a face. Todos os dias. Passos largos. Ninguém o observa retornar. Houve vigílias e mais vigílias. Horas e horas e, quando as cabeças viraram para outro lado, brota novamente. Vinha do mesmo cavado da rua dos inteiros dias. Nenhuma pessoa jamais o vira regressar. Vinha do mesmo modo e no mesmo andar. Só um dia quase descontinuou. Retardou-se apenas naquele dia. Numa porta, sentada no degrau, a mãe esverdeada embala o bebê já ido. Arca os braços. Leva-o. No outro dia, volta. Um pouco mais. Os braços… indiferença, lamentos e algum além.

    rio

    Imagino a insegurança dos remos imolando o corpo neles. Estou abatido. Minguado em palavras e sem poder fazer juras. Após chegar àquela margem, não me fiz aliciado. Deixei o desembarque. Retornei aos remos. Se ele disse a verdade, as correntezas que percorri sem gosto ou prazer, talvez, tenham me posto a girar no redemoinho à beira da margem. Todas as saídas se fazem de entradas neste rio. A vivacidade disso é a dupla maneira no meio disso, na qual a vida vai abrolhando na condenação que faz de uma outra. O redemoinho no qual vivo é velado pelo distante e se encontra na ficção daquelas águas.

    linha

    Na cópia que preparo, quero intercalar alguns laivos do meu jeitoso desespero. Nenhuma linha ficará sem tais dotes. Caso não o faça, estarei sem me servir do ato que agora estreei. Nenhuma das linhas poderá persistir sem as manchas da vergonha confessa, mesmo que pese a totalidade palpável desse fato. Se o futuro leitor tiver a surpresa de que a cópia se desenvolve culturalmente, acerque-se, pois, da ideia de que qualquer clareza se faz, aqui, de insignificante, para que possa despertar no meu lugar. Breve é o depois, depois. Isso que é, vagamente, dilatação ditosa. E, já, a proeza insigne é contraída: inédita cópia. Desforço velho.

    face

    Respondeu antes. Respondeu. Todos escutaram. Ninguém duvidou de que a resposta cabia em cada pergunta no pensamento de cada um. Um rumor percorreu o espaço. Saiu pela janela. Atravessou as ruas e ingressou em cada edifício, zumbindo. Saiu por todas as janelas e se foi para outra cidade, para outra, a viajar o mundo e entrar pela janela daquela sala, encontrando-se na voz de cada um. No poente, quando a calma desce, os ouvintes, no cavado das carnes, ao ficarem nus, antes de se deitarem, hão de escutá-la novamente. A reza será estranha. O vaso está infecundo; a face, na noite, é a ferina falta prescrita.

    Rumarei para o mais alto píncaro das montanhas da imaginação. Residirei por lá, bispando. Ajuntarei as mãos em forçoso nó. Fecharei os olhos. Escutarei os batéis que trafegam no rio muito abaixo. Quando cansar, vou arrastar-me entre as folhas caídas da única árvore, cujos frutos desapareceram na

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