Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

A Confraria da Serpente, volume 1 : A Invasão: A Confraria da Serpente, #1
A Confraria da Serpente, volume 1 : A Invasão: A Confraria da Serpente, #1
A Confraria da Serpente, volume 1 : A Invasão: A Confraria da Serpente, #1
E-book396 páginas4 horas

A Confraria da Serpente, volume 1 : A Invasão: A Confraria da Serpente, #1

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Um suspense sobrenatural contagiante. Uma corrida em busca da verdade que vai deixar você sem fôlego até o final.

A arqueóloga Viviane Robert, é movida sem saber para dentro de uma conspiração milenar onde os adversários, os Serkys e os Guardiões, se defrontam com poderes sobrenaturais. Os Serkys são criaturas meio humanas, meio répteis que querem subjugar os homens e explorar os recursos do planeta. Os Guardiões são uma elite capaz de desenvolver dons inacretitáveis, contudo, devem desvendar os segredos contidos numa tábula de argila suméria que somente Viviane pode decifrar.

Para Viviane, a verdade vai aos poucos sendo desvendada. E se ela também fosse uma guardiã ?

Perseguida de Roma à Jerusalem, passando por Londres e pelo México, a jovem arqueóloga deverá aprender a controlar seus poderes para poder lutar contra os Serkys e impedir o retorno de suas criaturas sobre a face da terra, pois essas criaturas, os Anunnaki,  são mais terríveis ainda...

Classificado como um romance de ficção científica, fantasia, sobrenatural... E se tudo isso fosse mais que apenas  uma teoria ?....Manipulação de DNA, visita de seres vindos do espaço que se fazem passar por deuses, seres humanos que despertam para uma outra realidade... A autora expoe fatos sobre o ser humano, revelações sobre a história da humanidade que leva o leitor a se questionar : e se tudo isso não fosse apenas ficção científica ?

Explore esta história apaixonante que te levará para a época dos sumérios e babilônios  te transportando depois para um futuro não muito distante quando o homem doa sua vida à tecnologia, aceitando o microchip, a realidade virtual e uma vida dentro de cidades ultra protegidas que serão na verdade sua prisão.

Deixe que a autora te transporte para este mundo fantástico. Como Viviane, a arqueóloga, vá em busca da verdade, descubra os segredos que não querem te revelar, abra a porta do mistério, entre nos bastidores com aqueles que manipulam os cordéis dos marionetes, depois se pergunte : « E se tudo isso for verdade ? E se o mundo não for isso que imaginamos ? »

O que você pensa a respeito da teoria da Confraria da Serpente ?

IdiomaPortuguês
Data de lançamento15 de set. de 2019
ISBN9781071510131
A Confraria da Serpente, volume 1 : A Invasão: A Confraria da Serpente, #1

Relacionado a A Confraria da Serpente, volume 1

Títulos nesta série (1)

Visualizar mais

Ebooks relacionados

Oculto e Sobrenatural para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de A Confraria da Serpente, volume 1

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    A Confraria da Serpente, volume 1 - Annie Lavigne

    Da mesma autora

    ––––––––

    A Confraria da Serpente, volume 2, A Rebelião

    Young Romance, volume 1, Eu, você... e ele

    Young Romance, volume 2, Domando o meu coraçâo

    Young Romance, volume 3, A caminho de Hollywood

    Maria a menina do mar, volume 1, Na praia

    Maria a menina do mar, volume 2, Jogo de sedução

    Maria a menina do mar, volume 3, Volta para mim

    Avana, volume 1, A profecia do Druida

    Avana, volume 2. A busca dos Magos

    Avana, volume 3, O despertar do Dragão vermelho

    Capítulo 1

    A longa serpente metálica rastejava pelo campo a grande velocidade. Algumas horas antes, Viviane tinha partido de Montreal em direção a Boston: seu pai tinha lhe pedido para vir o mais rápido possível. Ele parecia preocupado, mas não quis entrar em detalhes.

    Viviane se sentia angustiada ao se aproximar da fronteira americana. Nos últimos anos, tinha se tornado difícil, para não dizer perigosíssimo, viajar para os Estados Unidos. Antes mesmo de sair da estação, todos deviam passar pela análise minuciosa do olhar vigilante dos soldados. Até mesmo o mais inocente dos viajantes se sentia culpado quando intimidado por qualquer detalhe.

    Tudo aquilo fazia parte das medidas de segurança adotadas para prevenir atentados terroristas. Os soldados armados patrulhavam os lugares públicos, as ruas estavam sendo monitoradas pelos sistemas de vigilância dos satélites, as casas e apartamentos também estavam sob a vigilância das centrais de segurança. Mesmo com todo aquele aparato, as pessoas ainda viviam com medo; inseguras, caminhavam olhando desconfiadas, suspeitando de tudo e de todos.

    Viviane apalpou sua bolsa e se sentiu aliviada ao constatar que não havia se esquecido de sua pistola semiautomática Glock 26. Ela nunca se separava de sua arma. Já fazia alguns anos que os dirigentes de todos os países tinham facilitado o acesso da população às armas de fogo.

    A lei marcial tinha sido instaurada em países da América do Norte e Europa, onde as forças armadas tinham sido destacadas. Foi solicitado a todos os cidadãos que obedecessem ao toque de recolher. Ao cair da noite, soldados do exército e da polícia circulavam pelas ruas em carros blindados à procura de contraventores.

    Em resposta a essa repressão houve um aumento da violência. Nas grandes cidades onde a atuação das forças armadas e da polícia era mais incisiva, os confrontos eram mais frequentes e sempre sanguinários.

    Depois dos acontecimentos de 11 de setembro de 2001, a mídia tinha contribuído muito para instaurar um clima de medo. Quanto aos governantes, eles tinham outorgado mais poderes às agências de serviço secreto e departamentos de segurança. Sob o pretexto de proteger a população contra os terroristas, foram tomadas medidas extremas, visando secretamente garantir às autoridades um domínio total sobre os cidadãos.

    Pela janela do trem, a moça observava as grandes árvores desnudas. Sentia prazer ao ver a luminosidade daquele dia, que embora ensolarado, não guardava a luminosidade dos dias radiantes, mas trazia a reconfortante e suave luminosidade dos dias que já anunciavam o inverno. Ela, que havia crescido dentro de alguns hectares de neve, num lugar chamado « Quebec », adorava o inverno.

    Desviando a atenção da paisagem, ela se pôs a folear uma revista científica que estava ali jogada, esquecida sobre o banco ao seu lado. Sua atenção se voltou sobre um artigo que dizia que dentro dos próximos meses, a terra estaria sujeita a importantes transformações climáticas atribuídas à destruição do meio ambiente.

    Destruição do meio ambiente, transformações climáticas... Tudo isso hoje faz parte de nosso cotidiano, pensou Viviane.

    Os limites ecológicos planetários tinham sido ultrapassados. Por causa do aquecimento global, as inundações eram cada vez mais frequentes, bem como as secas. A frequência e a potência dos tsunamis também eram maiores e os tremores de terra eram constantes. Os países menos atingidos acolhiam agora milhares de refugiados climáticos.

    Os cientistas estavam certos, eles tinham razão, mas como reverter essa situação?

    Viviane fechou os olhos. Ela não queria pensar em nada daquilo. Ela detestava escutar previsões apocalípticas. Aquele assunto estava em voga nos horários nobres dos telejornais que queriam aumentar a audiência e alimentar o clima de terror já existente no seio da população.

    ––––––––

    Viviane respirou fundo. A escuridão dentro da qual ela mergulhava naquele momento lhe dava prazer. Imagens mentais de repente foram surgindo...

    Pessoas vestindo togas pretas entoavam em coro palavras numa língua antiga. Num palco diante deles, ela via a silhueta de uma pessoa usando uma capa vermelha. O rosto estava dissimulado por um capuz.

    Enquanto as aclamações iam se fazendo mais intensas, suas mãos iam puxando lentamente o tecido escarlate que caia sobre suas costas, revelando suas feições. Ela tinha um semblante de porcelana, lunar, branco e brilhante, tinha cabelos vermelhos como sangue e olhos sombrios como o inferno.

    A criatura abriu a boca e sorriu, expondo uma carreira de dentes afiados...

    Um grito de horror ecoou pelo vagão. Os passageiros se voltaram olhando para Viviane. Quem era aquela louca? Iria ela se levantar e abrir fogo?

    As pessoas olharam para ela por alguns segundos, inquietos, mas não o suficiente para se levantarem e irem até ela para verem se estava tudo bem. Eles simplesmente voltaram ao que estavam fazendo, seguindo viagem.

    Será verdade! Disse ela consigo mesma. Não posso deixar de tomar os meus remédios...

    Durante a infância, Viviane sempre teve visões. Ela conseguia também aumentar, a seu bel prazer, suas percepções sensoriais, sua audição, sua visão, e conseguia também ler o pensamento alheio. Sobre esse assunto, havia consultado vários especialistas: médicos, psicólogos, pedopsiquiatras... Todos se debruçaram sobre o seu caso e como não conseguiram encontrar nada que justificasse, tinham concluído que se tratava de sonhos enquanto acordada, devaneios que podem ocorrer em períodos de stress.

    Fosse qual fosse o motivo, a pequena Viviane tinha aceitado tomar os medicamentos para abrandar aqueles fenômenos que lhe causavam tanto embaraço. Ela não queria ser diferente dos demais. Ela não queria que os outros conhecessem o seu segredo.

    Até amanhã à noite estarei de volta. Isso não deve demorar...

    O trem entrou na estação e parou vagarosamente. Viviane pegou sua bolsa, uma bolsinha a tiracolo cinza de náilon que ela atravessou no ombro, e desceu do trem. Três policiais armados com metralhadoras e vestidos com colete a prova de bala se aproximaram dos passageiros que desciam do trem e friamente ordenaram que se dirigissem imediatamente ao posto de controle. Eles pareciam estar tensos, com os nervos à flor da pele, e isso deixou Viviane preocupada.

    Será que tinha tido algum alerta contra bomba? Isso era agora corriqueiro dentro dos transportes públicos. As explosões aconteciam diariamente e esses atentados eram reivindicados por diversos grupos que queriam a todo custo fazer valer os seus direitos, fazer ouvir as suas causas. E causas é o que não faltava pelo mundo. Centenas eram os problemas não resolvidos, muitas eram as situações insustentáveis e inúmeras eram as injustiças sociais.

    Mas os governantes se faziam de surdos e as pessoas, elas também, começaram a perder a sensibilidade e passaram a ignorar a miséria humana. Não pensar em tudo aquilo era a única maneira de preservar um semblante de felicidade, mesmo que ilusória.

    Viviane passou pelo detector de metal e carimbou seu passaporte. Quando percebeu a presença de seu pai na plataforma, acelerou o passo, sorridente.

    Alto, magro, bem barbeado, com os cabelos castanhos penteados de lado, Laurent Robert andava sempre muito bem vestido. Sempre muito discreto, se vestia com muito bom gosto. Naquele dia estava vestindo calças e pulôver pretos, o que contrastava com sua pele muito branca.

    O pai de Viviane era um homem conhecido e reconhecido como um dos poucos cientistas capazes de decifrar a escrita cuneiforme das tábuas de argila sumérias e babilônicas descobertas no século XIX no Iraque, antiga Mesopotâmia.

    Quando as forças armadas americanas entraram no Iraque em 1991, uma unidade especial foi destacada para o museu de arqueologia de Bagdá. Lá eles se apossaram de inúmeras tábuas de argila. O mais importante projeto de Laurent Robert era agora traduzir esses milhares de pequenos pedaços de terra cozida, um tesouro arqueológico que tinha sobrevivido ao tempo para revelar a historia da Suméria e da Babilônia.

    Viviane, que sempre se orgulhou muito de seu pai, tinha decidido seguir os seus passos. Ela tinha acabado de terminar seu doutorado em arqueologia, onde se especializou no estudo das civilizações da Mesopotâmia: Os povos sumérios e acádios (incluindo assírios e babilônios). Ela sabia, assim como seu pai adotivo, decifrar as escrituras cuneiformes.

    Laurent Robert não era na verdade seu pai biológico. Depois da morte trágica de seus pais num acidente automobilístico, seus parentes não quiseram ficar com a guarda de uma pequena órfã, mas Laurent Robert, um estranho, veio em seu auxílio. Porque aquele homem solteiro quis adotar uma criança era algo que Viviane nunca tinha questionado, ela simplesmente reconhecia naquele homem um pai, uma pessoa que o destino pôs em seu caminho e que lhe proporcionou uma infância feliz, longe dos orfanatos.

    Aquela pequena órfã de cabelos curtos que tinha sido adotada por Laurent com a idade de quatro anos tinha se transformado numa linda mulher. Vinte e cinco anos tinham se passado e ela agora desfilava com seus cabelos longos, loiros e brilhantes. Dentro daquele jeans e daquela blusa branca por baixo de um colete de couro, ela tinha um estilo meio rock, meio chique.

    -Viviane, até que enfim você chegou! Disse ele abraçando-a, visivelmente aliviado por vê-la.

    Ela se perguntava o haveria de tão urgente a ser dito. Teria ele feito uma importante descoberta arqueológica que deveria permanecer em segredo?

    Capítulo 2

    Na véspera, Viviane tinha saído com amigos para comemorar: ela tinha acabado de ser contratada como assistente de pesquisa de um famoso arqueólogo francês que realizava escavações num sítio arqueológico na região da Mesopotâmia, mais precisamente na Síria.

    Hoje à noite, eu vou me divertir, disse ela para si mesma enquanto delineava os longos cílios diante do espelho. Afastando dois passos, a moça se mirou no espelho e virando de um lado para o outro fez balançar a saia do vestido preto que ia até os seus joelhos. Satisfeita com a imagem refletida, pegou sua bolsa de mão e saiu apressada. Ela estava atrasada, como sempre.

    Ao entrar no bar lounge, que ficava no centro de Montreal, ela logo avistou sua amiga Nellie e as duas foram diretamente ao balcão pedir uma marguerita.

    -Esta noite vamos comemorar! Disse sua amiga. Porque todos nós sabemos que...

    -Que eu vou ter muito trabalho por lá, terminou de dizer Viviane. Meu patrão é um francês dotado de muito talento, mas é também um viciado em trabalho.

    E para ela isso também era bem verdade. O trabalho estava à frente de tudo em sua vida. Durante aqueles anos de estudo e doutorado, ela tinha dedicado todo o seu tempo às pesquisas, o que lhe valeu a estima de numerosos professores e permitiu que ela conseguisse um emprego muito cobiçado.

    Seus amigos se reuniam quase todas as quintas-feiras. E todos compareciam religiosamente, mas ela comparecia duas vezes a cada três encontros. Muitas vezes preferia ficar refugiada em casa assistindo uma boa série policial na TV. Mas naquela noite seus amigos tinham conseguido tirá-la de seu refúgio. Ela não teve como recusar. Ela estava prestes a partir para a Síria. Dentro de cinco dias estaria partindo e só estaria de volta dentro de quatro meses.

    Viviane pegou seu copo e as duas moças foram ao encontro de seus amigos que já estavam reunidos ao redor de uma mesa.

    -Vincent me falou outra vez sobre você, cochichou Nellie ao seu ouvido enquanto caminhavam em direção à mesa. Olhe para ele! Ele não parece estar caidinho por você?

    Viviane não respondeu nada. Ela cumprimentou todos e foi se assentar ao lado de Vincent.

    Ela tem razão. Ele parece estar caidinho por mim, pensou ela observando-o.

    Vincent Martin era amigo de um de seus amigos. Ele se juntou ao grupo alguns meses antes e estava sempre ao lado dela puxando conversa. Ela achava Vincent um pouco chato porque ele sempre falava do mesmo assunto: conspiração e sociedade secreta. Vincent acreditava que o mundo estava sendo controlado por uma organização poderosa e enraizada e ele tinha sempre provas do que dizia. Ele sempre encontrava provas na internet para sustentar suas teorias. Eram teorias malucas sobre uma conspiração mundial.

    Mas ele até que é simpático e bem bonitão também; parece realmente gostar de mim, pensou consigo mesma tentando se convencer. Esta noite vou deixar ele me paquerar...

    Aquela não era a primeira vez que Viviane tinha pensado assim.

    Sim Viviane, hoje você não vai para casa sozinha, repetia sempre consigo mesma, mas até o final da noite ela já tinha mudado de ideia e isso sempre deixava o pobre Vincent esperançoso de poder um dia acompanhá-la até em casa e quem sabe receber o convite para mais um copo.

    Viviane era esse tipo de pessoa. Era uma mulher que sempre afastava os homens quando sentia uma aproximação maior. Por causa desse seu jeito distante, desse seu olhar glacial, ela tinha tido muito poucos relacionamentos amorosos. Na verdade, ela nunca esteve em uma relação amorosa por mais de três meses.

    Aquela mulher calculista que havia transformado sua vida amorosa em quase nada tinha prometido a Viviane que ela teria uma carreira promissora.

    Não, esta noite vai ser diferente.

    Ela tentava se convencer, mas ela mesma sabia muito bem como aquela noite iria terminar. Seria uma noite como todas as outras. Aquilo era mais forte que ela. Aqueles jovens executivos, aqueles empresários que suas amigas lhe apresentavam não conseguiriam nunca seduzi-la. Eles não traziam no olhar aquele brilho, e, sobretudo, não tinham aquele lado viril que ela gostava tanto nos homens. Não era culpa sua se tecia fantasias com agentes do FBI, heróis das séries e filmes americanos que ela assistia aos sábados à noite.

    Mas naquela noite daria adeus às fantasias e as boas vindas à realidade. Ela queria dar uma chance ao Vincent Martin, diretor de uma empresa de cosméticos. Talvez ele não seja tão viril como Jack Bauer, mas ele deve ter uma pele macia, pensou ela consigo mesma.

    -Você está muito sedutora esta noite Viviane, cochichou ele ao seu ouvido. Naquele momento ela voltava com sua segunda dose de marguerita, o que com certeza a ajudou a relaxar e a demorar mais algum tempo.

    Quando ela abriu a boca para lhe agradecer, seu celular tocou. Ela abriu a bolsa e se afastou da mesa tapando um ouvido para poder escutar melhor.

    -Viviane, é Laurent.

    - Papai! Tudo bem? Já está tarde. Você está bem?

    -Sim. Está tudo bem, mas preciso falar com você.

    E com isso ela teve que partir para Boston na manhã seguinte logo cedo. A pele macia ficou para outra oportunidade.

    Capítulo 3

    -Que bom te ver de novo papai! Você está bem?

    Laurent tranquilizou sua filha quanto à sua saúde, mas ela notou que ele estava com um ar muito preocupado.

    -Porque você queria falar comigo com tanta urgência?

    -Aqui não. Vamos conversar dentro do carro.

    Eles deixaram o estacionamento dentro da BMW cinza de Laurent. Mal tinham pegado a rodovia, escutaram uma forte explosão atrás deles estilhaçando os vidros das janelas do estacionamento.

    Viviane olhou para trás assustada, seu coração estava batendo a mil. Pessoas cobertas de sangue saíam do edifício em chamas, titubeando, gritando por socorro.

    -Vamos ajudá-los! Gritou ela agarrando seu pai como se isso fosse fazer com que ele parasse o carro.

    Mas o carro não parou. Ao contrário, acelerou.

    -Nós não temos tempo para isso, disse Laurent pisando fundo sem olhar para trás. As ambulâncias logo estarão aqui para socorrê-los.

    -Mas...

    Viviane não terminou a frase. Ela sabia que seu pai tinha razão. O socorro logo chegaria e além do mais, eles, como simples cidadãos, o que poderiam fazer?

    Eles permaneceram calados durante uns quinze minutos. O que sentir diante de tamanha violência, totalmente gratuita? Se apiedar diante da situação ou sentir estupefação diante daquela situação? Viviane conseguia sentir as duas coisas.

    -Então, o que está acontecendo? Porque você queria me ver com tanta urgência? Perguntou ela mais uma vez tentando tirar de sua mente as imagens do atentado.

    -Tem uma coisa que eu quero lhe dar.

    Laurent parecia estar muito ansioso. Ele olhava o retrovisor, espreitando.

    -É uma tábua de argila coberta por uma escrita cuneiforme. Essa tábua faz parte do tesouro sumeriano e babilônico que foi roubado no Iraque. Ela data da época da Suméria.

    Aquilo atiçou a curiosidade de Viviane.

    -Nunca mostrei essa tábua para ninguém. Eu a guardo comigo há alguns anos.

    Ele estacionou o carro diante do edifício que abrigava o departamento de arqueologia da universidade de Boston e se apressou em sair do carro. Viviane quis continuar a conversa enquanto caminhavam em direção à entrada do edifício, mas ele fez sinal para que ela se calasse. Enquanto caminhavam, ele olhava por cima dos ombros, nervoso.

    Uma vez dentro do escritório, Laurent trancou a porta e baixou as persianas. Depois tirou de seu bolso uma pequena chave e abriu a última gaveta de sua mesa. De lá tirou um artefato.

    Viviane observou a escrita cuneiforme. Uma tábua intacta! Isso é muito raro..., pensou consigo mesma. Era tão raro que ela chegou a duvidar da autenticidade do artefato.

    Ela tocou com a ponta dos dedos a terra cozida. No momento em que seus dedos entraram em contato com a argila, imagens surgiram em sua mente: ela viu uma mão segurando um cálamo, um instrumento feito de um pedaço de junco, talhado obliquamente na extremidade, que imprimia no barro caracteres em forma de cunha ou de cravo.

    -Você está bem? Perguntou Laurent observando que ela tinha um olhar vidrado.

    As palavras do pai tiraram Viviane daquele torpor.

    -Eu esqueci meus medicamentos.

    -Você teve uma visão?

    Ela balançou a cabeça confirmando e se sentindo envergonhada como uma criança que acabava de fazer algo constrangedor.

    -O que foi que você viu?

    -Não vi muita coisa. Não estava muito claro. Eu vi apenas uma mão que grafava símbolos.

    Laurent sempre tinha encorajado sua filha a tomar os seus remédios para tolher aquelas visões que lhe causavam tantos constrangimentos. O preconceito podia, segundo ele, arruinar a vida de uma criança. E Viviane nunca tinha se arrependido de ter obedecido ao seu pai.

    -Amanhã já vou estar de volta e quando chegar no apartamento, vou tomar os remédios regularmente. Não se preocupe. O que dizem essas tábuas?

    Laurent resumiu para sua filha tudo o que tinha decifrado:

    -Há milênios que seres, cuja existência nós ignoramos, travam uma guerra secreta em nosso planeta. É uma guerra entre os Serkys que são membros da Confraria da Serpente e os Guardiões. Os Serkys querem dominar a raça humana e assim explorarem os recursos do planeta e os Guardiões são aqueles que tentam proteger a raça humana, livrando os homens desse jugo.

    -Os Guardiões e os Serkys... Repetiu Viviane incrédula.

    -Exatamente. A cada nova Era, o planeta Nibiru se aproxima da terra. Os sumerianos denominaram esse fenômeno cósmico como sendo a Grande Passagem. Parece que durante a Grande Passagem a humanidade tem a oportunidade de se libertar das garras da Confraria da Serpente e despertar para a realidade.

    -Papai, essa história é ridícula, disse Viviane interrompendo seu pai.

    Viviane nunca tinha dado muita atenção àquelas teorias modernas que falavam sobre a nova Era profetizando o retorno de seres iluminados sobre face da terra e o despertar espiritual do homem.

    Ela acreditava que tudo aquilo não passava de uma grande mentira, uma vigarice difundida por alguns espertinhos que queriam fazer a população acreditar que tudo iria se resolver quando os seres iluminados chegassem para iluminar a mente humana e transformar o planeta num Jardim do Éden.

    Nada iria se resolver daquela forma, pensava Viviane, mas alguns preferem acreditar em estúpidas teorias a encarar a realidade de frente: a humanidade não vai acordar nunca, pelo contrário, está cada vez mais adormecida dentro do materialismo. O planeta está doente e não vai se curar. Na verdade o planeta está ficando cada vez mais agitado, dominado pela sede humana de progresso.

    -Deixe que eu conclua Viviane, insistiu Laurent vendo-a parada, estupefata.

    Isso não pode ser verdade. Ele acredita realmente no que está dizendo...

    -A Grande Passagem tem uma ligação com um portal que os Guardiões poderão abrir. Na época do Império Sumeriano, os Guardiões esperavam com ansiedade o retorno deste planeta chamado Nibiru.

    -Uma guerra entre Serkys e Guardiões, o retorno de Nibiru, um portal... Disse ela suspirando.  Tudo isso não passa de uma farsa papai. Esta tábua não é autêntica.

    Viviane estava surpresa com a credulidade de seu pai que sempre tinha se mostrado tão racional, tão ponderado. Ela acreditava que só o homem poderia salvar o homem. Nenhum ser iluminado,

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1