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Trancos Rápidos: Cinema, Intensidade Urbana e Sobrecarga Visual
Trancos Rápidos: Cinema, Intensidade Urbana e Sobrecarga Visual
Trancos Rápidos: Cinema, Intensidade Urbana e Sobrecarga Visual
E-book129 páginas1 hora

Trancos Rápidos: Cinema, Intensidade Urbana e Sobrecarga Visual

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Sobre este e-book

O que o cinema e o bonde elétrico têm em comum? Como as esteiras de produção nascidas na Revolução Industrial construíram a sociedade do espetáculo? Por que os automóveis e a montagem dos filmes têm relação direta? Serão essas metáforas simbólicas ou, mais, impactos tangíveis?

A resposta é única: modernidade.

Enquanto na virada do século XIX para o século XX a sociedade trocava a marcha rumo à aceleração acentuada graças à chegada dos bondes, dos carros e do ritmo industrial, o que se nota mais de 100 anos depois é que essa velocidade cinética é agora impulsionada por elementos que sintetizam alguns símbolos da cultura de massa contemporânea. O ciberespaço, os videogames, os videoclipes, as câmeras de vigilância, as janelas digitais e os smartphones são alguns dos exemplos que vêm sendo reproduzidos – funcionando mesmo como opção de estilo – em muitos dos filmes concebidos na virada do século XX para o século XXI.

O olhar do espectador cinematográfico tem sido constantemente convidado a realizar passeios de forte intensidade e sobrecarga. Além de exigir rapidez perceptiva e atenção em permanente processo de concentração/descontração, esse tráfego óptico pode ser o principal gerador da ansiedade sensorial em que o público está mergulhado. Em perpétua busca pelo próximo estímulo, o olhar não mais se contenta com apenas uma possibilidade de observação. Quer todas porque todas são oferecidas simultaneamente. Familiarizados com as interfaces gráficas lançadas no ciberespaço, na televisão, nos games e nos celulares, os olhos mantêm-se em franco processo de alimentação, como a se embriagar numa taça de estímulos.

Estabelecendo relações e traçando paralelos entre cultura de massa e estética contemporânea, este livro tem a intenção final de investigar as mudanças observadas na linguagem cinematográfica nesse intervalo entre séculos, bem como apontar as alterações na percepção do espectador que é moldado por estímulos sensoriais, interferências urbanas e sobrecarga tecnológica.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de out. de 2019
ISBN9788547317744
Trancos Rápidos: Cinema, Intensidade Urbana e Sobrecarga Visual

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    Trancos Rápidos - Vanessa Paiva

    adotando.

    SUMÁRIO

    PARTE 1

    O SUSTO DA MODERNIDADE:

    TEORIA E CONTEXTO

    1

    O TRÂNSITO SENSORIAL DA MODERNIDADE:

    QUANTO MAIOR O IMPACTO, MENOR O IMPACTO

    1.1 URBANIZAÇÃO SOCIAL + REORGANIZAÇÃO MENTAL 

    1.2 VISUALIDADE CINÉTICA + CONCEPÇÃO NEUROLÓGICA 

    1.2.1 Choque Sensorial + Hiperestímulo + Reorganização do Olhar 

    1.3 IMAGENS EM MOVIMENTO: PRIMEIROS IMPACTOS CINEMATOGRÁFICOS

    1.3.1 Velocidade Visual = Anestesia + Vício 

    2

    EFEITOS DA ACELERAÇÃO:

    A INCESSANTE CORRIDA RUMO AO PRÓXIMO CHOQUE

    2.1 DEBORD, O ESPETACULAR 

    2.2 BAUDRILLARD E O TEMPO 

    PARTE 2

    TUDO AO MESMO TEMPO AGORA

    3

    TELA ESTILHAÇADA: O OLHAR ANSIOSO DOS SCREENAGERS

    3.1 CINEMA ARRUMADINHO 

    3.1.1 Controle remoto e telas múltiplas: olhar em mosaico 

    4

    SUPORTES IMBRICADOS, OLHARES CONTAMINADOS: CATEGORIAS DE ANÁLISE DAS OPÇÕES IMAGÉTICAS

    4.1 TELEVISÃO & VIDEOCLIPES 

    4.1.1 Estilos em diálogo 

    4.1.2 Autorreferencialidade 

    4.1.3 Set pieces

    4.1.4 Videomania 

    4.2 ANIMAÇÕES 

    4.2.1 Animes e filtros de cor 

    4.2.2 Rotoscopia: a pintura digitalizada 

    4.3 JANELAS 

    4.3.1 Desarticulação narrativa ou desordem programada? 

    4.3.2 O olho estilhaçado 

    4.3.3 Estética da vigilância 

    4.3.4 Ciberespaço 

    5

    CONCLUSÕES POSSÍVEIS

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    PARTE 1

    O SUSTO DA MODERNIDADE: TEORIA E CONTEXTO

    CAPÍTULO 1

    O TRÂNSITO SENSORIAL DA MODERNIDADE:

    QUANTO MAIOR O IMPACTO, MENOR O IMPACTO

    Quanto maior é a participação do fator do choque em cada uma das impressões, tanto mais constante deve ser a presença do consciente no interesse em proteger-se contra os estímulos; quanto maior for o êxito com que ele operar, tanto menos essas impressões serão incorporadas à experiência, e tanto mais corresponderão ao conceito de vivência².

    1.1 URBANIZAÇÃO SOCIAL + REORGANIZAÇÃO MENTAL

    O mapeamento de abertura parte de um dos mais destacados textos do sociólogo alemão Georg Simmel, A metrópole e a vida mental³. Publicado pela primeira vez em 1902, o trabalho chamava atenção para o papel modernizador que as metrópoles tinham sobre os comportamentos e os modos de ser de seus habitantes. Simmel notou que o ritmo imposto pelo esquema industrial, que se construía então, era reproduzido, em igual aceleração e velocidade, pelo homem que habitava as cidades em crescente processo de urbanização.

    Nesses novos espaços, o cotidiano introduzia vários novos elementos na vida do ser urbano: o excesso de estímulos, a divisão entre locais de trabalho e de moradia, a separação entre os domínios do público e do privado, os diferentes círculos de conhecimento, a racionalidade, a frieza, o anonimato, a reserva, o isolamento, o cálculo, a mobilidade, a pontualidade. A essas novidades, correspondiam novos comportamentos e novos traços psíquicos.

    Em termos gerais, o autor acredita que a vida urbana excita os nervos, intensifica as áreas de atrito entre os moradores da cidade, atiça sua sensibilidade pela proximidade do convívio, pelo anonimato, pela indiferença. Facilmente cria-se um clima explosivo que pode resultar em tumulto ou violência. Nas palavras de Simmel, tudo isso forma a transição para a individualização de traços mentais e psíquicos que a cidade ocasiona em proporção ao seu tamanho⁴. Finalmente, o que o autor sustenta é que novos espaços colocam em operação novas necessidades, novas demandas, novas regras de produção, sociabilidade, sobrevivência. Como resultado, emergem novas formas de agir e de viver que dão visibilidade aos processos de transformação das formas do ser.

    Ao afirmar que pontualidade, calculabilidade e exatidão são introduzidas à força na vida pela complexidade e extensão da existência metropolitana⁵, Simmel destaca os três eixos que começavam a orquestrar o espetáculo que se montava. De maneira geral, percebe-se que racionalidade, dinheiro e tempo se demarcam como novos agentes sociais, capazes de agregar, portanto, novas nuances ao cenário descortinado. O autor está se referindo, na verdade, ao ritmo industrial imposto pelo novo esquema de produção, que estabelece o relógio de ponto como novo controlador do tempo útil do homem que, agora, transforma-se em

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