Comunicação na Prática: Olhares Contemporâneos
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Comunicação na Prática - Fabiana Crispino Santos
Editora Appris Ltda.
1ª Edição - Copyright© 2019 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.
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COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO
Apresentação
Se uma imagem vale mais do que mil palavras, como falar sobre as imagens? No mundo em que vivemos, acelerado, tecnológico e diariamente mais digital, as imagens ocupam um espaço cada vez maior no cotidiano. Por isso, é preciso não apenas falar sobre elas, mas também compreendê-las um pouco melhor.
Especialmente no campo da comunicação social as imagens estão em toda parte regulando e moldando os processos por meio dos quais as informações circulam e as interações são construídas. Parte justamente dessa percepção a inquietação que deu origem a este livro – a vontade de aprofundar o entendimento sobre as relações entre as imagens e a comunicação.
Dessa forma, cada um dos artigos que compõem a presente obra dedica-se a investigar algum aspecto da produção de sentido ligada ao universo imagético, com foco em uma área específica da comunicação, a saber, o cinema, a fotografia, o digital e o jornalismo.
A ideia é discutir temas como a autoria e as adaptações literárias no cinema, os efeitos do hiperestímulo urbano nos filmes, as consequências do excesso da manipulação das imagens e da produção de conteúdo audiovisual por meio de aplicativos para a sociedade contemporânea, o uso de tecnologias de vigilância no jornalismo e a importância do ensino e da prática do bom texto jornalístico para lidar com as transformações do mundo.
Assim, escrever, ler e ver se confundem e se completam em Comunicação na prática: olhares contemporâneos. Esperamos que as reflexões propostas permitam desvendar os aspectos das imagens que estão além dos olhos.
A organizadora
Prefácio
Um livro para saltar das páginas
Embora o leitor esteja diante de uma obra impressa, o livro Comunicação na prática: olhares contemporâneos parece querer saltar das páginas e percorrer conosco a experiência cotidiana no mundo contemporâneo em que somos expostos cada vez mais a imagens tanto no mundo real quanto no virtual. Ao caminharmos pela cidade, assistirmos à televisão, navegarmos pelas redes sociais, irmos ao cinema, jogarmos videogames, fotografarmos e nos deixarmos ser fotografados e filmados, somos atores e espectadores de um mundo mediado, sobretudo, pelas imagens técnicas.
Comunicação na prática: olhares contemporâneos funciona como um grande hipertexto. Os capítulos, que se propõem a abordar as imagens e suas articulações em diferentes campos da comunicação, tais como o cinema, a fotografia, o digital e o jornalismo, estabelecem uma conexão entre si, por mais distantes que, à primeira vista, possam parecer suas abordagens e os aportes teóricos utilizados pelos autores.
Estamos diante de uma obra dividida em sete capítulos, que definitivamente mais se aproxima do universo hipertextual do que da narrativa linear. Não importa a ordem sequencial aqui estabelecida, o leitor tem a liberdade de abandonar a numeração das páginas e escolher seu caminho de leitura. Seja qual for sua opção, ele estará diante de uma obra repleta de associações dentro dela mesma. Não é justamente essa falta de linearidade que marca a cultura contemporânea?
Ainda presa à ideia de sequência, embora reconhecendo aqui a liberdade do leitor para transgredi-la, apresentarei os capítulos na ordem em que estão publicados, como se espera da autora de um prefácio. Em O cinema de Pedro Almodóvar: intertextualidade, retroserialidade e autoria
, o primeiro da obra, é exemplar a abordagem da ausência de sequência temporal na obra do diretor, que caracteriza o livro como um todo. Nele, a doutora em Estudos de Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio e professora dos cursos de Comunicação Social do Ibmec, Fabiana Crispino nota como o cinema de Almodóvar cria uma grande teia entre os filmes em que se espera que os espectadores estabeleçam a conexão entre eles como obras em permanente construção.
No segundo capítulo – As relações entre afeto e memória nas adaptações cinematográficas da obra de Jane Austen
– Marcela Soalheiro, doutoranda em Comunicação Social pela PUC-Rio e professora dos cursos de Cinema do Infnet e de Jornalismo na Unisuam, e Thalita Cruz Bastos, doutora em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense e professora de Cinema e Audiovisual do Instituto Infnet, propõem analisar as dinâmicas que se estabelecem entre obras fonte na literatura e suas adaptações cinematográficas. Também aqui está presente a noção de intertextualidade entre as obras, gerando referências, trocas e interpretações múltiplas.
Na sequência – que me perdoem os leitores –, Vanessa Paiva, mestre em Comunicação Social pela Uerj e professora desde 2003, discute a influência dos hiperestímulos visuais no olhar do espectador cinematográfico em Sentidos em efervescência: impactos da aceleração urbana na estética cinematográfica
. Sob a influência dos screenagers – adolescentes nascidos em frente à televisão – a autora mostra como o cinema vem incorporando a não linearidade e a aceleração em suas narrativas.
Em Baseado em fatos irreais
, Elaine Vidal, doutora em Comunicação Social pela PUC-Rio, professora dos cursos de Comunicação Social do Ibmec/RJ, em consonância com o pensamento dos pós-modernos, observa que estamos inseridos cada vez mais em um mundo de simulação. A autora alerta para o fato de o ser na sociedade contemporânea existir antes na tela que no mundo real e problematiza sobre as imagens retocadas por programas de computador usadas principalmente pela publicidade.
No quinto capítulo, Thainá Ornellas Rosa, jornalista, e Marcio Gonçalves, doutor em Ciência da Informação pela UFRJ e professor dos cursos de Comunicação Social da Facha, do Ibmec/RJ e da Unesa, discutem a efemeridade das imagens programadas para durarem 24 horas em aplicativos consumidos principalmente por jovens. A felicidade paradoxal no tempo instantâneo: identidade juvenil do produtor e consumidor de conteúdo na hipermodernidade
utiliza o conceito de felicidade paradoxal, a que expressamos, mas, de fato, não sentimos. Como não relacionar a discussão com a construção e proliferação de imagens retocadas observada por Vidal?
Os dois últimos capítulos são dedicados aos desafios que se impõem ao jornalismo em um mundo entrecortado por imagens fragmentadas. Em Novos olhares no front: drones, jornalismo e ética
, Marcio Gonçalves, autor já mencionado, e Eliana Monteiro, doutora pela Escola de Comunicação da UFRJ e professora da Facha, propõem uma discussão ética sobre o uso de imagens captadas por drones no jornalismo. Os autores notam que os dispositivos aéreos não tripulados inauguram uma nova era do fazer jornalístico, após os dispositivos móveis e as câmeras de vigilância. Mas poderá o material colhido pelos drones dispensar a produção de sentido operada pelos jornalistas?
Por fim, Experiências práticas e estéticas transformadas em palavras: em busca de um texto melhor para futuros jornalistas
, de Mirian M. M. Magalhães, mestre em Tecnologia pelo Cefet/RJ e professora da Unisuam, defende a necessidade do alargamento de horizontes no ensino do texto jornalístico. Para fazer frente às transformações no jornalismo, ela prega a necessidade de ir além, esteticamente, do modelo proposto pela pirâmide invertida.
Afinal, quem vai narrar esse admirável mundo novo? Boa leitura!
Adriana Barsotti
Doutora em Comunicação Social pela PUC-Rio
Autora do livro Jornalista em mutação: do cão de guarda ao
mobilizador de audiência (Editora Insular)
Professora do curso de Jornalismo da ESPM Rio
Editora no Projeto #Colabora.
Sumário
1
O CINEMA DE PEDRO ALMODÓVAR: INTERTEXTUALIDADE, RETROSERIALIDADE E AUTORIA
Introdução: cinema e autoria
O cinema de Pedro Almodóvar
Considerações finais
Referências
2
AS RELAÇÕES ENTRE AFETO E MEMÓRIA NAS ADAPTAÇÕES CINEMATOGRÁFICAS DA OBRA DE JANE AUSTEN
Introdução
J. Austen – história por trás da Juvenilia
Sobre Lady Susan ou Love and Friendship
Literatura e audiovisual
Love and friendship e a quebra de expectativa
Referências
3
SENTIDOS EM EFERVESCÊNCIA: IMPACTOS DA ACELERAÇÃO URBANA NA ESTÉTICA CINEMATOGRÁFICA
Introdução à ansiedade screenager
Muito lento, muito devagar
: relato de experiência
Cinema arrumadinho
Controle remoto e telas múltiplas: olhar em mosaico
Conclusões rápidas
Referências
4
BASEADO EM FATOS IRREAIS
Introdução: uma sociedade baseada em fatos irreais
Uma sociedade espetacular
A hiper-realidade na sociedade da simulação
Considerações finais: a onipresença das imagens
Referências
5
A FELICIDADE PARADOXAL NO TEMPO INSTANTÂNEO: IDENTIDADE JUVENIL DO PRODUTOR E CONSUMIDOR
DE CONTEÚDO NA HIPERMODERNIDADE
Introdução
Fotografia, Identidade e Felicidade: um Elo na História
O Homo Felix no Aqui