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Imagem-Duração e Teleaudiovisualidades na Internet
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Imagem-Duração e Teleaudiovisualidades na Internet
E-book207 páginas2 horas

Imagem-Duração e Teleaudiovisualidades na Internet

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Sobre este e-book

Imagem-duração e teleaudiovisualidades na internet trata de um momento da história recente da televisão no qual várias emissoras de TV off-line intentaram que sua programação fosse assistida pelos espectadores no mínimo para saber as horas. Nessa fase, tais emissoras inseriram em seus panoramas "relógios" de marcar o "tempo passando". Foram muitos os formatos desses graphics e os modos como eles foram montados nas telas, associando-os às emissoras, aos programas, a certos eventos etc. Foi também aí o boom dos reality shows, o que contribuiu para que a TV parecesse estar sempre transmitindo os acontecimentos do mundo da vida em tempo real. As imagens veiculadas pela TV nessa fase foram assim associadas a imagens-duração: imagens de uma programação em fluxo incessante, assim como é incessante o fluxo dos acontecimentos em nossa cotidianidade.

Como a realidade dos mundos televisivos é, no entanto, uma realidade tão somente televisiva, os tempos enunciados pelas emissoras foram tratados neste livro como tempos reality, como os shows reality; e os tempos montados graficamente ou sugeridos pelas montagens no écran foram tratados como "figuras do tempo", o que permitiu perceber que a TV criou/inventou entendimentos do "tempo passando" menos relacionados ao senso comum e mais a uma ideia de tempo que é propriamente televisiva.

Esse modelo entrou em crise quando as emissoras de TV ensaiaram sua inscrição na internet, na segunda fase que o livro analisa. O então estágio da técnica e a inexperiência das emissoras resultaram na emergência on-line de figuras anacrônicas do tempo reality no momento em que as emissoras migravam para suas plataformas de vídeo imagens de seus programas com o graphic praticado off-line: imagens de arquivo em tempo real!
IdiomaPortuguês
Data de lançamento14 de nov. de 2018
ISBN9788547317577
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    Pré-visualização do livro

    Imagem-Duração e Teleaudiovisualidades na Internet - Suzana Kilpp

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição - Copyright© 2018 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO

    APRESENTAÇÃO

    O livro Imagem-duração e teleaudiovisualidades na internet é um relato crítico advindo de uma série de estudos sobre a TV, iniciados em 1996¹ e pontuados especialmente pelas pesquisas "Devires de imagem-duração" (2007 a 2010), "Audiovisualidades de web TVs" (2012 a 2015) e "Interfaces contemporâneas da TV: paradigmas durantes em telas de dispositivos móveis" (2015 a 2018), todas realizadas na Universidade do Vale do Rio dos Sinos com o apoio do CNPq e da Fapergs.

    O recorte teve como foco os construtos televisivos de tempo, ou figuras de tempo, que a TV inventou em determinado momento de sua evolução criadora para instaurar a imagem-duração como a imagem que lhe condiz como espécie.

    As questões aqui trazidas à consideração do leitor foram provocadas por lacunas percebidas nas teorias da comunicação e relativas à televisão em suas dimensões audiovisuais precípuas. A meu ver, tais lacunas decorrem em parte de uma relativa jovialidade das epistemologias do audiovisual², mas também porque ele, o audiovisual, vem proliferando e se sofisticando nas mídias e fora delas, até agora muito mais rapidamente do que o pensamento científico a seu respeito.

    Muitas vezes cogitei abandonar a temática aqui tratada em face do desafio de pensar as práticas televisivas desde a perspectiva do tempo. O tempo é entendido por vários estudiosos como essencial para a compreensão da imagem de TV, mas a noção de tempo é muito complexa para ser tratada sem alguma dificuldade por qualquer pesquisador em qualquer área de conhecimento. Os riscos foram/são imensos, e ainda não estou convencida de ter dado conta totalmente do desafio, ao menos no tanto que desejava e acreditava ser possível, pois, como o leitor verá, entre o tempo real, o tempo pensado e o tempo construído pela TV há verdadeiros abismos cognitivos que requerem paciência e ousadia do pesquisador, e que, ainda assim, se bem-sucedido, o colocarão no centro de um bombardeio de críticas e elucubrações – que devem, sim, ser colocadas, até para que se avance nessa questão espinhosa.

    Embora alguns recortes das pesquisas já tenham sido publicados, nenhum desses recortes encontra-se aqui nos mesmos termos: todos foram modificados, às vezes radicalmente. Além deles, há outros recortes, inéditos.

    Ou seja, no livro Imagem-duração e teleaudiovisualidades na internet – cujo formato permitiu mais desenvoltura e aprofundamento das pequenas e rápidas teses veiculadas anteriormente em artigos (mais restritivos em foco, tamanho e desenvolvimento) –, há um conjunto das reflexões mais largas feitas sobre o tempo na TV, autenticado como construto da imagem-duração propriamente televisiva. Antecipa-se que o conceito de duração atualiza noções basilares de Henri Bergson, autor que têm inspirado grande parte das pesquisas que venho realizando.

    Mas abordo também o abalo que a imagem-duração sofreu quando os conteúdos televisivos começaram a migrar para as plataformas de vídeo na internet e nos dispositivos móveis, e pelo surgimento das chamadas web TVs.

    No atual estágio da técnica, os conteúdos televisivos estão dispersos em inúmeras telas, o que me obrigou a refletir sobre os paradigmas de TV (a imagem-duração) que ainda duram em interfaces contemporâneas de TV.

    Todas essas questões problemáticas me levaram a cogitar sobre uma duração, mais larga, a que chamo de tele-audiovisão, da qual a mídia TV seria apenas uma de suas atualizações hoje existentes.

    Em muitas páginas há imagens capturadas das transmissões off-line e on-line. Elas têm rastros do estágio da técnica, e precisam ser mostradas assim, com a qualidade de definição que era possível obter a cada momento do processo: elas são documentos históricos das profundas mudanças ocorridas na TV quando ela foi abalroada pela digitalização do sinal e pela migração de seus conteúdos para a internet.

    Suzana Kilpp

    PREFÁCIO

    OU

    CINCO FRAGMENTOS DE UMA CONSTELAÇÃO INACABADA

    1. Leio o livro de Suzana Kilpp em formato de arquivo do tipo PDF, sigla que, ironicamente, quer dizer printable digital format. A versão impressa, no entanto, neste momento, não me é acessível, embora o presente prefácio provavelmente ganhe seus primeiros leitores não suspeitos (à parte a própria autora, o editor, o revisor etc.) somente quando as páginas forem impressas e encadernadas. Afinal, a galáxia de Gutemberg ainda vive a ponto de deixar seus vestígios nas interfaces gráficas digitais, reluzentes e cada vez mais talentosas em fazer com o software aquilo que Suzana faz questão de enfatizar quando pensa a televisão como ocultadora das técnicas em áreas de opacidade.

    Então chego ao texto de Suzana, do qual devo dizer coisas a respeito, procurando guiar ou provocar o leitor, de forma sadia e não sádica, eu espero, a ir ao encontro da pesquisadora e seu objeto. Ao fazê-lo, o leitor talvez se depare com o sentimento que me perpassa quando leio este livro: as coisas estão mostradas, não exatamente ditas. Voltaremos a isso.

    ***

    2. Quando este livro de Suzana Kilpp chegar à sua mão, caro leitor, muito provavelmente a televisão brasileira terá abandonado definitivamente o sinal analógico, que será desligado para que finalmente – pasmem – tenhamos a tal TV digital em nossos lares. O que chama a atenção nessa alteração é a efusiva, constante e quase paranoica campanha (tanto nos espaços de publicidade como nos de jornalismo) que as emissoras da chamada TV aberta (tais como Globo, Band, SBT e Record) fazem para que a população tome providências para que ninguém fique de fora dessa mudança. Isso me fez pensar sobre o quanto a televisão precisa de nós, telespectadores. E para nos dizer isso, ela (a TV) precisou de alguma forma falar um pouco sobre alguma coisa que não é relacionada ao seu teor conteudístico, ela precisou dar a ver – usando recursos de roteiro, edição, presença de seu star system etc. – algo que reside na sua opacidade (o jeito que o seu sinal chega até a nossa casa), pois até pouco tempo atrás praticamente não nos importávamos sobre o que seria uma transmissão deste ou daquele tipo (pelo menos até a chegada para alguns da TV a cabo). As emissoras abertas de tevê, ao que parece, querem alguma coisa conosco (ou seria de nós?).

    Mas o que a Suzana quer com a tevê?

    ***

    3. Quando conheci minha colega de universidade e parceira de muitos (entre) atos acadêmicos, Suzana Kilpp (para mim, Suzana), nós estávamos em uma reunião de professores, coordenada por mim, praticamente um estreante na gestão acadêmica, mal saído do mestrado. Sem perder tempo, Suzana me perguntou com seus muitos anos de docência no ensino superior: e tu, o que fazes nesta reunião?; com uma boa dose de desconfiança, mas, ao mesmo tempo, com uma legítima preocupação em entender as razões que me colocavam ali. Uma pergunta simples, direta, mas densa, tal como as questões que Suzana endereça para a televisão ao longo deste livro: o que tu fazes aqui, tevê?, o que tu fazes com o tempo?, o que aconteceu contigo neste lugar chamado internet?.

    Mas uma pergunta que também me acompanha até hoje e atualizo-a aqui, tal qual pede a fenomenologia bergsoniana, tão presente na pesquisa de Suzana (e se entrelaça com sua própria vida): o que faço neste prefácio? Esboço de resposta: meu nome é Watson, o caro Watson, parceiro de Sherlock Holmes, aquele dos livros de Conan Doyle (e fartamente presente no cinema e na televisão).

    ***

    4. Para que não caiamos no apagão analógico, a televisão precisa revelar um pouco das suas camadas invisíveis. Suzana, por sua vez, nas três pesquisas que nos apresenta neste livro, convida-nos a produzir (ou ao menos, acompanhá-la enquanto relata seus procedimentos, reflexões e resultados) um desvio em nosso olhar habituado sobre a televisão, seja como espectadores/usuários ou, principalmente, como sujeitos atentos pela dimensão da pesquisa de audiovisual no campo da comunicação (falar de ou sobre a televisão é sempre tema farto, seja no almoço em família, no Twitter ou na academia). Quando colocamos o termo televisão no Google Scholar, nessa plataforma para busca de livros, artigos e patentes dessa entidade que assombra a internet, encontramos 326.000 resultados em páginas em português³. Não é pouco, portanto, o que se tem discutido sobre essa mídia maledeta (a própria Suzana já se referiu a ela nesse termo em alusão a expressões, quem sabe, produzidas nas sempre recorrentes sessões de condenação da mídia que nos massacraria com uma programação alienante, antiética e golpista). De tão amaldiçoada que é sua fama, a televisão recebe no trabalho de Suzana o melhor antídoto em tempos – ressuscitados – de extremos e opostos: pensá-la para além de seu teor conteudístico ou, ainda, olhando para sua superfície, sua interface, e percebendo sua densidade, sua memória. Esse pensar, porém, transborda no livro por meio da inspiração que Suzana traz de outro autor-parceiro, Walter Benjamin. Convocado pela autora ao longo da sua trajetória de pesquisa e docência – e neste livro essencialmente para pensar a técnica e a tecnocultura –, o autor também inspira Suzana nos seus modos de dar a ver os procedimentos de investigação, na medida em que suas reflexões se movimentam mediante o mostrar, muito inspiradas, a meu ver, na frase [n]ão tenho nada a dizer. Somente a mostrar.

    Para ver as pesquisas, portanto, o leitor terá a missão de ler as imagens dos diversos écrans (da tevê clássica, da web e do celular) e desvendar as montagens propostas por Suzana no arranjo das pesquisas da tevê off-line (inspiradora da proposta de imagem-duração – aquela tevê cujo sinal de transmissão foi/será desligado!) em direção às teleaudiovisualidades na internet.

    ***

    5. Toda vez que você ler um currículo de Suzana Kilpp, vai se deparar com uma trajetória menos convencional de formação, para dizer o mínimo. Graduação em Farmácia, registro de socióloga, mestrado em História, doutorado em Comunicação. Autora de livros de ficção e não ficção (fica a cargo do leitor distingui-los). Teatro. Universidade. Pós-graduação, grupo de pesquisa, docência e gestão. Suzana é uma autora que, para discutir, propor e mostrar as figuras do tempo na tevê, foi disciplinada em dizer sim ao estranho/estrangeiro (oui a l’étranger) de que fala Derrida. O processo de habituar-se e desabituar-se na pesquisa é uma preciosa lição que atravessa as reflexões da autora.

    E do que deve tratar uma pesquisa? O que deve ser um processo de problematização? O que pode ser especulado e inventado nesse âmbito e, importante, desdobrado e construído enquanto metodologia? Ao revelar questões que recorrentemente ficam na opacidade da pesquisa, será que Suzana não apenas seria generosa ao leitor, mas, ao entrelaçar o estágio da técnica que incide sobre seus materiais empíricos com o estágio da pesquisa, daria a ver sua própria contribuição para a ideia de

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