Consumo Cultural nas Práticas Juvenis

De Cleusa Albilia de Almeida

Esta obra é fruto das inquietações que tiveram início desde a pesquisa de mestrado da autora, no desejo de entender as manifestações juvenis. O foco é a procura da compreensão da intervenção dos jovens como fãs e consumidores da cultura pop, assim como os compartilhamentos nas redes sociais. No período de pesquisa foram feitos vários movimentos com a intenção de entender as práticas das juventudes e sua relação com os meios de comunicação. O primeiro deles foi conhecer a cultura nipônica na cidade da pesquisa: Cuiabá-MT. Um estado com raízes tradicionais que, no entanto, é muito acolhedor às diversas manifestações culturais. O segundo movimento concentrou-se na relação da cultura nipônica com seu objeto de pesquisa em foco. Para isso, foi fundamental o diálogo com pesquisadores que investigaram o crescente apego à cultura de animes e mangás: Hirata (2012), Urbano (2011), Matta (2012), Brito (2012), Ueta (2013) entre outros autores que auxiliaram nessa reflexão e inserção na cultura pop. O terceiro movimento foi o de se lançar a campo. Assim, as rodas de conversas – que abriram vários horizontes – e o pensar a cultura juvenil – no sentido de que esse estado não é estático, pois está em constantes mudanças – contribuíram para o desenvolvimento dos caminhos propostos.

• Idioma: Português
• Editora: Editora Appris
• Data de lançamento: 12 de mar. de 2020
• ISBN: 9788547321512

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COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS

Este desafio vencido, eu dedico a todas as pessoas que, de perto ou de longe, estiveram ao meu lado, dando-me todo apoio e conforto. Sem citar nomes, deixo a todos a letra da canção Tocando em frente, composição de Renato Teixeira, que se tornou um clássico na voz de Almir Sater.

Ando devagar por que já tive pressa

E levo esse sorriso por que já chorei demais

Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe,

Só levo a certeza de que muito pouco eu sei

Nada sei.

Conhecer as manhas e as manhãs,

O sabor das massas e das maçãs,

É preciso amor pra poder pulsar,

É preciso paz pra poder sorrir,

É preciso a chuva para florir

Penso que cumprir a vida seja simplesmente

Compreender a marcha e ir tocando em frente

Como um velho boiadeiro levando a boiada

Eu vou tocando dias pela longa estrada eu vou

Estrada eu sou.

Conhecer as manhas e as manhãs,

O sabor das massas e das maçãs,

É preciso amor pra poder pulsar,

É preciso paz pra poder sorrir,

É preciso a chuva para florir.

Todo mundo ama um dia todo mundo chora,

Um dia a gente chega, no outro vai embora

Cada um de nós compõe a sua história

Cada ser em si carrega o dom de ser capaz

E ser feliz.

Conhecer as manhas e as manhãs

O sabor das massas e das maçãs

É preciso amor pra poder pulsar,

É preciso paz pra poder sorrir,

É preciso a chuva para florir.

Ando devagar porque já tive pressa

E levo esse sorriso porque já chorei demais

Cada um de nós compõe a sua história,

Cada ser em si carrega o dom de ser capaz

E ser feliz.

AGRADECIMENTOS

São tantos! Creio que incontáveis...

Agradecerei a um elenco de pessoas, a ordem não significa a importância, todos e todas tiveram seus momentos e, como bons colaboradores, deram-me o suporte do qual eu precisava para um determinado momento.

Ao Universo e as todas as oportunidades que tive ao longo desta pesquisa, que muito me fizeram parar e agradecer a Deus, sempre presente.

Aos meus familiares: papai, Manoel Concizão, ou somente Concizão, como o próprio nome sugere, muito claro e preciso em todas as suas falas de incentivo, de colaboração, para eu não perder o foco; à mamãe, Ana Gregória, por todo apoio, carinho e alegria compartilhada. Aos meus irmãos: Horlando – o primogênito –, que nos inspira sempre por tanta determinação e persistência; Cristóvão, o que sempre me incentivou a crescer e ser grande como ele. Aos poucos, Cris, estamos cumprindo cada meta; Genésio, pela coragem e fala de ânimo em todas as ocasiões de vitória e de recomeço; Edu, pela disciplina em arriscar pelos sonhos. A entrada de sobrinhas e sobrinhos na minha vida é alguma coisa que não consigo explicar, mas sei que é um sentimento bom e motivador, pois temos a quem ofertar nossas conquistas. Meus queridos, obrigada por serem um motivo a mais no meu viver: Adiel, Natally Fernanda, Isabella, Lucas Henrique, Gabriel Roger e Mateus Felipe – eu amo muito vocês! Agradeço às minhas cunhadas, por me possibilitarem ter e viver esse momento: Naty e Rita, obrigada!

Aos meus amigos e minhas amigas. Corro o risco de me esquecer de alguém: Dannielle Almeida, Antônia, Ana Paula, Natália Ledur, Evanil, Josiane, Juliana Velasco, Marisa, Fábio Júlio, Neura, Maria Felipa, Mirella, Daniel, Wuldson, Valter Albano, Joel, Luís Augusto, Jonnes, Ivone Gourlat, Rosana, Iury, Diva e Gonçalves.

Aos meus professores da Unisinos e, em especial, à minha querida orientadora Adriana Amaral, além da admiração pelas publicações, agora quero seguir também publicando para chegar bem perto dela. Agradeço também à Prof.ª Denise Cogo, que teve uma contribuição fundamental com suas orientações. E agradeço igualmente minha eterna orientadora Prof.ª Lúcia Helena Possari, muito obrigada por sempre estar ao meu lado, falta-nos agora a última meta. Sou grata, a todos os professores que foram parte da banca de qualificação e da minha defesa. Eterna gratidão!

Agradeço, de modo muito particular, ao grupo Kazejin, que me possibilitou experiências que me tiraram da zona de conforto e me colocaram num lugar privilegiado para tecer a minha tese, e, mais ainda, romper com muitos preconceitos.

Agradeço ao meu amigo Wuldson Marcelo, que pacientemente leu e releu muitas vezes o trabalho. Muito obrigada, meu Wuld!

Ao amigo de muitas datas: o conselheiro Valter Albano, que me dispensou dias do trabalho, para que eu tivesse maior tempo para finalizar a pesquisa, a escrita e a defesa. Muito obrigada! Nossa amizade é uma canção que nunca sai de moda.

As amigas Ana Paula e Natália Ledur, que sempre me acolheram em suas casas, todas as vindas para orientação curtas e longas. Obrigada pela acolhida e paciência. Estão no meu coração!

Ao meu querido amigo-irmão Cristóvão, sem muitas palavras, mas sei que essas vitórias, e outras tantas que virão, têm o formato do seu coração, que nunca para de acreditar em mim. Muito obrigada. Só falta mais uma etapa e nós sabemos qual é... Te amo, meu irmão!

Sumário

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I

O ESTADO DA ARTE: A CULTURA POP ESTUDADA EM MT E OUTROS ESTADOS

CAPÍTULO II

JUVENTUDE – CONSUMO – CULTURA POP JAPONESA

2.1 MÍDIA E SUBJETIVIDADE NO OLHAR DE FREIRE FILHO

2.2 JOVENS INSERIDOS NA CULTURA POP

2.2.1 Entendendo as práticas de fãs e otakus

2.2.2 Entendendo o fanzine

2.2.3 Fan art

2.2.4 Fanfiction

2.2.5 Fan film

2.2.6 Filk music

2.2.7 Anime music vídeo

2.2.8 Fansubbing

2.2.9 Scanlation e cosplay - entrelaçado de fãs em ação

2.2.9.1 O filho do consumo: cosplay

2.2.9.2 Efetivando o consumo: Cosplayers

2.2.9.3 Cosplayers e suas performances: de chapa e cruz

2.2.10 Otakus – identidade da cultura pop japonesa

CAPÍTULO III

DE REPENTE EU ESTAVA NA CULTURA NIPÔNICA

CAPÍTULO IV

RESULTADO DE OBSERVAÇÃO E CONVERSAS NAS RODAS JUVENIS CUIABANAS

4.1 CONSUMO CULTURAL

4.2 A INTERAÇÃO DA CULTURA POP COM AS MÍDIAS

4.3 MEIOS DE COMPARTILHAMENTOS

CAPÍTULO V

MATERIAIS E MÉTODOS – ESTUDO DE CASO: GRUPO KAZEJIN

5.1 GRUPO KAZEJIN – UMA AMBIÊNCIA DA CULTURA POP NIPÔNICA

5.2 SHONEM

5.3 SHOUJÔ

5.4 KODOMO

5.5 JOSEI E SEINEN

5.6 HENTAI

5.7 CASOS A PARTE CONTADO PELO PRÓPRIO LÍDER

5.8 APRESENTAÇÃO DOS LÍDERES DE SETOR DO GRUPO KAZEJIN 

5.8.1 Lendário Otaku (Kakashi)

5.8.2 안녕하세요 Vitória Antunes ^^

5.8.3 Kuroneko

5.8.4 Hyakki

5.9 FESTIVAIS DA CULTURA NIPÔNICA EM CUIABÁ – O JAPÃO ESTÁ MAIS CHAPA E CRUZ

5.10 RUFANDO O BOMBO: FAZENDO O REGISTRO DO EVENTO

5.11 EVENTOS NIPÔNICOS: PERFORMANCE FORTALECIDA COM O FESTIVAL DO JAPÃO 1

5.12 2º FESTIVAL DO JAPÃO CUIABÁ - MT 2012

5.13 1° PARTICIPAÇÃO DOS COSPLAYERS NA CORRIDA DE REIS 

5.14 3º FESTIVAL DO JAPÃO EM CUIABÁ – MT

5.15 EVENTO QUE FOI UMA MATERIALIDADE DA OBSERVAÇÃO DESTA PESQUISA – MASTER NERD

CONSIDERAÇÕES FINAIS

UM OLHAR REPAGINADO PARA PENSAR A CULTURA JUVENIL

REFERÊNCIAS

ANEXO

ENTREVISTA INDIVIDUAL

INTRODUÇÃO

A cultura juvenil é um desafio em constante movimento e todo trabalho que se insere nesse campo requer o gosto pelos jovens e ao mesmo tempo interesse em trabalhar com o objeto sempre em mudança. E por acreditar na força de transformação que os jovens fazem na sociedade e na promoção da cultura.

Este trabalho é fruto de longa data de sonhos e utopias entrelaçadas com a cultura juvenil, o primeiro passo nesse sentido foi dado durante as pesquisas feitas no mestrado, quando acompanhei um grupo de fãs da Saga Crepúsculo, onde pude entender a Transmidiação do livro para as telas de cinema e posteriormente nas outras plataformas midiáticas. Foram tempos de muitos desafios e ao mesmo tempo afirmação das inúmeras possibilidades dentro do campo juvenil.

Na condição de permanecer no mesmo campo de interesse ingressei no doutorado com o desejo de continuar no diálogo da comunicação e suas interfaces e os jovens em outras práticas culturais que me pareceu interessante pesquisar e aprofundar as próprias inquietudes que ainda estavam sem respostas. Nessa direção, a pesquisa deixou-se guiar pela pergunta: Como se dá o processo de construção do projeto Cosplay, levando em consideração a necessidade de repercutir, no Facebook, Blogs, Fanpage e também nos grupos de WhatsApp, tendo como o principio a interação e a interatividade.

Tal inquietação parte do princípio de que na sociedade contemporânea os cidadãos, sobretudo os jovens, são grandes consumidores de produtos midiáticos, entre os quais está a informação. Mas até que ponto os jovens têm acesso aos meios de comunicação de massa e como utilizam as informações veiculadas pela mídia? Desse modo, o objetivo geral é analisar o processo de construção de cidadania por jovens que se apropriam das redes sociais, na espacialidade do Facebook.

De maneira mais específica, a pesquisa perseguirá os seguintes objetivos: medir o grau de acessibilidade aos meios de comunicação de massa no contexto juvenil; identificar as lógicas interacionais que funcionam como mediações na recepção e consumo de informações midiáticas em comunidades periféricas e centrais; e investigar os desdobramentos sociais do consumo de informações midiáticas entre os jovens.

É preciso aprofundar a reflexão a respeito de como as juventudes compõem outras facetas de construção de cidadania. A noção de cidadania deve ser compreendida, conforme Varela (2005, p. 66), como espaço social de participação, autonomia, crítica/criação, tendo em vista que a participação abrange uma gama diversa de processos que se refletem nas formas de sociabilidade. As formas e os níveis de participação vão desde a comunicação dos silenciados até os processos mais orgânicos e ampliados de participação. Ou seja, nesta pesquisa compreendemos a noção de cidadania enquanto possibilidade de ação dos sujeitos (MATA, 2006, p. 13).

No Capítulo I, O estado da arte: a cultura pop estudada em MT e em outros Estados, investigo as produções acadêmicas relacionadas ao tema e como essas pesquisas contribuíram para o desenvolvimento da minha dissertação, dando ênfase nos aspectos que, de alguma forma, orientassem os caminhos a serem percorridos, ainda que estes me fossem desconhecidos.

No Capítulo II, Juventude – Consumo – Cultura Pop Japonesa, apresento alguns conceitos e, concomitantemente, o tensionamento inerente ao meu propósito de busca como objeto